Esse vilarejo era pequeno, todo mundo morava perto, e o banheiro era comunitário, lá fora, na entrada do povoado. Depois de saírem da casa, os dois caminharam em silêncio, um atrás do outro, pela trilha de terra que levava ao banheiro. A noite estava calma, interrompida apenas pelo canto ocasional de algum animal desconhecido e pelo som abafado das solas dos sapatos raspando na estrada de terra seca. Quando estavam se aproximando do banheiro, Rubem estendeu a pedra luminosa para ela: — Amor, cuidado. — Sr. Rubem, para de me chamar assim. Aquele jeito carinhoso de chamá-la soava tão estranho que deixava Mônica desconfortável. Rubem levantou uma sobrancelha, como se perguntasse "por quê?", mas logo corrigiu: — Querida. Mônica suspirou profundamente, sentindo-se derrotada, e virou para entrar no banheiro. Quando voltou, alguns minutos depois, encontrou Rubem parado junto a um pequeno tanque de madeira, segurando um copo grande, também de madeira. — Querida, lava as mã
Mônica Ramos nunca imaginou que, no dia do primeiro aniversário de casamento, seu marido a trairia!Não, talvez ele já a estivesse traindo há tempos, e ela só descobriu agora.Afinal, pelo plano original, ela deveria estar sentada em um voo para Munique neste momento.Mas, depois de muito pensar, ela decidiu cancelar a viagem de última hora e, em vez disso, encomendou flores, bolo e vinho para fazer uma surpresa ao marido.Agora, surpresa era mesmo o que não faltava...Mônica ouviu novamente a voz da mulher:— Leo, eu já me divorciei. Quando você vai se separar daquela sua esposa? Melhor que seja logo, é melhor uma dor curta do que uma longa.— Divórcio é só questão de tempo, não tem pressa. — Respondeu Leopoldo.Ele sempre acreditou que o amor seria suficiente para manter o casamento, mas com o tempo, tudo o que tinham era um abraço ocasional, e isso começou a cansá-lo.Só que o “divórcio” ainda era uma ideia muito repentina para ele, e ele não sabia como contar a Mônica, muito menos
O Aqua Bar era conhecido como o covil de extravagâncias, o mais notório local de diversões noturnas. Homens e mulheres de todos os tipos frequentavam o local.Mônica estava sentada no balcão, já havia bebido alguns copos de uísque, e um pensamento perigoso começava a crescer cada vez mais rápido em sua mente.Ter um filho... Que diferença faria com quem fosse? Se encontrasse um homem bonito, o filho ainda seria mais bonito!Com essa ideia em mente, seu olhar vagou pela pista de dança, até que de repente fixou-se em uma alta figura não muito distante.Embora não conseguisse ver o rosto do homem, sua altura e postura destacavam-se na multidão. Ele estava praticamente cercado por várias pessoas, todas bem vestidas, e sua presença impunha respeito.“É ele!” Decidida, Mônica respirou fundo, ajeitou o cabelo e, cambaleando em seus saltos altos, começou a caminhar em direção ao grupo.— Ai, que tontura! — Na passagem, ela fingiu perder o equilíbrio e caiu direto nos braços do homem.Uma mão f
A atuação daquela mulher era tão ruim que qualquer um perceberia de imediato, mas, ainda assim, havia algo de interessante.— Tio Rubem... Tio... O olhar afiado do homem parecia atravessar Mônica, como se ele pudesse ver através de suas pequenos truques, fazendo o coração dela tremer, um pouco intimidada.No entanto, no segundo seguinte, Mônica sentiu seus pés se levantarem do chão, seus olhos se arregalaram de surpresa. Ela havia sido pega no colo, como uma princesa, por Rubem!A sensação de perda de peso a fez agarrar o pescoço dele instintivamente. O peito de Rubem era largo e quente, e todo o ar estava impregnado com o cheiro dele, fazendo seu rosto esquentar e seu coração bater aceleradamente.Tão direto assim? Não era ele quem estava se fazendo de cavalheiro alguns minutos atrás?— Ainda dói o pé? — A voz sem emoção de Rubem soou acima de sua cabeça.— Hã... — Mônica engoliu em seco. — Não... Não dói mais...Ela ficou encantada, incapaz de desviar o olhar do perfil impecável de
— Não precisa se preocupar, tem ali na mesa. — Rubem achou que ela estava falando de camisinha, e inclinou o queixo na direção do criado-mudo, onde uma elegante cesta guardava várias opções de modelos.Mônica ficou sem palavras. Agora os hotéis estavam tão atenciosos assim?— En...então eu vou tomar um banho. — Mônica tentou empurrar Rubem de cima dela, sentindo seu coração bater descontroladamente.Ela já conseguia prever o que Rubem faria a seguir.Droga, ela não era quem deveria estar no controle da situação? Como é que, no fim, ela se tornou a presa indefesa, à mercê dele?Será que Rubem estava, o tempo todo, fingindo ser um cordeirinho só para atacá-la no momento certo?Ela o olhou com desconfiança, seus olhos revelando um toque de pânico.Rubem percebeu cada nuance da expressão dela e, sem esforço, adivinhou seus pensamentos. Ele já conhecia muitas mulheres que ambicionavam o lugar ao seu lado, e provavelmente essa era a única mulher que queria desistir na última hora.Isso estav
Ao sair do lobby do hotel, o coração de Mônica ainda batia acelerado. A brisa fresca que acariciava seu rosto ajudou a clarear um pouco sua mente.Ela realmente havia passado uma noite com Rubem, essa grande figura! Não era um sonho, era a realidade!Como ela pôde fazer isso?Mônica deu um soco na própria testa e, com um suspiro de resignação, retirou a última nota da carteira e pegou um táxi.Não havia mais nada a fazer além de voltar para a casa da família Pimentel.Antes de entrar em casa, Mônica certificou-se mais uma vez de que não havia deixado nenhum vestígio suspeito em sua roupa e só então entrou.Ao entrar, Mônica encontrou a sogra na mesa de café da manhã.— Bom dia, sogra. — Ela disse, tentando manter a voz suave.— Você ainda tem coragem de voltar! — Talita Gonçalves, lembrando da discussão no telefone na noite anterior, estava cheia de raiva ao ver Mônica. — Divórcio! Vá e se separe do meu filho imediatamente!Vendo o desprezo da sogra, como se desejasse que ela sumisse d
Não podia ser verdade... Como a abotoadura de Rubem tinha ido parar na bolsa dela?Rubem era muito rico, então provavelmente nem se importaria por ter perdido uma simples abotoadura.Com esse pensamento, Mônica guardou a abotoadura de volta na bolsa e, em passos firmes sobre os saltos, entrou na empresa.Por azar, ao levantar os olhos, deu de cara com Leopoldo andando ao lado de uma mulher de curvas graciosas, os dois rindo e conversando animadamente.Mônica olhou para a mulher com mais atenção. Era a mesma que ela tinha visto na noite anterior, se enroscando na cama com Leopoldo.Ao notar Mônica, o semblante de Leopoldo mudou na hora. Em sua cabeça, ela deveria estar em Munique a trabalho, certo? Quando ela tinha voltado? Ou será que nunca foi?Nesse momento, a mulher ao lado dele sussurrou algo, fazendo Leopoldo desviar a atenção para ela novamente. Após trocarem um olhar, a mulher se afastou, entrando no elevador.Mônica notou as marcas suaves de beijos no pescoço dela, que, antes d
Quando Mônica voltou de Nova Iorque, já havia se passado meio mês.Ela tinha deixado o celular no modo de roaming, e durante esse tempo todo, Leopoldo tinha enviado apenas duas mensagens. Ambas eram respostas à mensagem que ela havia enviado no dia em que estava indo para Nova Iorque. Ele apenas disse para ela tomar cuidado.Mônica estava completamente desiludida.Antes, quando Leopoldo a traiu, ela talvez se culpasse por causa do seu problema com a intimidade. Mas agora, não era só o corpo de Leopoldo que não estava mais com ela, o coração dele também tinha ido embora.Naquela noite, quando Leopoldo chegasse, ela decidira que iria pedir o divórcio.Pouco antes de chegar ao escritório, Mônica recebeu uma ligação. Era o chefe dela, informando que um parceiro de negócios havia chegado da Suíça. No entanto, o representante só falava romanche e não tinha trazido um intérprete. A única tradutora que sabia romanche no departamento executivo estava em viagem, e a equipe de tradução pediu para