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C2 — Duas semanas depois

Judy

Duas semanas já se passaram e eu não tenho encontrado tempo para quase nada. Meu pai iria precisar fazer fisioterapia e isso é caro, só as vendas que eu fazia na quitanda não daria nem para metade dos gastos que será daqui para frente. Ulisses fez um currículo legal pra mim, já que não estava tendo tempo para isso. Enviamos alguns por e-mail, mas algumas lojas não tinham isso, então hoje aproveitei o horário de almoço para fazer isso. Passei na quitanda e lá estava Ulisses, conversando com as clientes como se estivesse muito empolgado com aquilo.

— Olá, boa tarde a todos, espero que eu não esteja atrapalhando.

— Imagina, Judy. Estávamos falando sobre como você é maravilhosa e como estamos torcendo pela recuperação do seu pai. — Dizia uma das clientes fixas, todos os dias ela comprava o mesmo sabor de geleia e cinco pães de batata, sempre no mesmo horário.

— Vocês que são maravilhosas! Obrigada pelo apoio. Ulisses, posso falar com você rapidinho? Com licença. — Sorri gentilmente para minhas clientes e sair.

— Está com uma cara péssima, não vai me dar notícias ruins, por tudo que há de mais sagrado.

— Não é isso, Ulisses. Será que eu vou dar conta de tanta coisa? Eu nunca pensei em estar em uma situação dessas e olha só agora, eu estou acabada e morrendo de sono. Não que eu esteja reclamando por estar cuidando do meu pai, mas eu não fazia ideia do quão exaustivo isso é.

Eu só queria dormir uma noite inteira, era só isso. As pessoas dizem que isso depois melhora, quando ele for para casa as coisas vão melhorar, mas eu já estou cansada e não suporto mais ouvir a voz irritante daquela médica entrando na sala fazendo alarde, me deixando nervosa e pensando no pior.

— As coisas vão melhorar, você vai ver só. Por que não aceita que Ramon vá dormir uma noite com ele? Afinal de contas, eram melhores amigos e não vejo nada demais nisso. Você aproveita e descansa um pouco.

Eu não queria incomodar Ramon com isso, embora fossem amigos há muitos anos, nunca tivemos intimidade e eu só recusava quando ele se oferecia, mas eu estava realmente precisando de um descanso então, não tinha muitas escolhas, além disso precisava arranjar um emprego o quanto antes.

Ulisses estava me fazendo pensar que ele trancou a faculdade, mas eu queria tocar nesse assunto quando tivemos tempo para conversar, vejo em seus olhos que ele não está bem.

— Eu vou fazer isso, agora preciso ir resolver mais algumas coisas antes de voltar para o hospital. — Me despedi e fui entregar alguns currículos em algumas lojas que ficavam um pouco longe de casa.

(...)

Meu pai estava abrindo os olhos aos poucos, ele ainda estava muito sonolento e mal conseguia ficar acordado, o que me deixava ainda mais preocupada.

— Pai, eu estou aqui. — Segurei sua mão e o vi sorrir. Seus dedos mexeram e seus olhos abriram.

— Minha Di Lua. — Ele levou minha mão até a boca e depositou um beijo na mesma. — Senti a sua falta, minha menina.

— Eu também senti a sua falta, Lucin Delu (era assim que eu o chamava, desde criança).

Ele não parecia lúcido, pois o Lucin Delu que eu conheço não ficaria deitado após perceber que estava em um hospital. Chamei o médico e tive a pior das notícias que eu poderia ter, meu pai não sentia seu corpo, e segundo os médicos não sabem como ele levanta ou o braço, porque no momento em que eu sair da sala, ele adormeceu novamente.

Cheguei em casa e me deparei com uma bagunça terrível, pensei em ir tomar banho, mas antes eu decidi tomar coragem e ligar para Ramon, precisava de uma resposta positiva.

Ramon

Meu celular começou a vibrar sem parar enquanto eu estava em uma reunião importante com alguns sócios. Minha filha desde que voltou também não parava de me enviar mensagens, como se eu fosse seu ouvinte particular, mas a verdade é que eu não fui nada com a cara da tal Helena, ela era introvertida demais e isso me irritava de uma forma absurda.

Ao entrar no carro tive coragem de tirar o celular do terno e quando olhei tive uma surpresa, pois não era minha filha ligando, era Judy e eu estava ansioso por isso. Retornei a ligação antes de pegar a estrada e sua voz doce as fez presente novamente em meus pensamentos mesmo antes da mesma atender.

Ligação Ativa

— Me desculpe, eu não tinha visto sua ligação. Era algo importante?

— Oi, Ramon. Não era de muito importante, mas já que você perguntou, eu queria saber se ainda está disposto a passar a noite no hospital com meu pai. Eu pensei e achei que poderia, mas se não der não tem problemas.

Sua voz estava ofegante e ela estava nervosa pelo pouco que conheço Judy.

— Claro que eu posso, só me fala o dia.

— É que eu pensei que poderia ser agora? Eu sei que estou sendo chata, mas se não der pode dizer, tá tudo bem.

— Ok. Precisa de mais alguma coisa? — Perguntei e escutei ela gaguejar do outro lado, gaguejou mais um pouco e voltou a falar.

— Então tá dizendo que isso pra você não tem problemas?

— Claro que não, por que achou que teria? — Perguntei me divertindo com a sua timidez. 

Ligação Inativa

Judy desligou na minha cara e depois me mandou uma mensagem pedindo desculpa, mas tudo isso pelo celular de Lúcio.

— Achei que não iria voltar mais hoje. Eu estava falando pra Helena o quanto o senhor é um homem foda. — Vivian sabia que eu odiava essas frases da nova geração, eu detestava mais ainda quando ela falava isso perto de alguém. — Desculpa pai, eu esqueci. Bom, estava dizendo a Helena o quanto o senhor é um cara legal, pensei em sair para jantar nós três hoje à noite.

— Hoje não posso, filha. Tenho um compromisso de extrema importância hoje a noite. Andrew está disponível, por que não chama ele? Tenho certeza que ele vai gostar.

— Fala sério, pai. A gente esperou esse tempo inteiro por isso, na próxima semana já estaremos indo embora e o senhor não saiu com a gente em nenhum momento, o que houve, não me ama mais? — Seu biquinho era sempre convincente, mas não estava sendo agora.

— Ainda teremos tempo pra isso, mas hoje realmente não vai dar. Com licença meninas e me desculpem. — Helena me olhava de cima abaixo sem disfarçar e eu via quando seus olhos paravam bem focados no meu pau, isso me deixava constrangido e eu me sentia desconfortável.

Com o pouco tempo que eu tinha, tomei um banho rápido e antes de ir até o hospital, fui até a casa dela. Eu preciso saber como ela também estava, pois Lúcio sempre a cuidou bem, longe de mim querer ser seu pai, jamais pensei em tal coisa.

— Ramon! — Ao me ver percebi que suas bochechas ficaram cortadas e ela tentou cobrir seus seios com o braço. — Entra, por favor, mas não olha a bagunça.

— Eu não quero incomodar, te mandei mensagem, ou melhor, mandei mensagem no celular do seu pai e você não respondeu então, eu vim até aqui me certificar que está tudo bem.

— Claro que sim. É… eu estou bem. Desculpa, não posso te oferecer nada no momento, mas se quiser uma água eu…

— Não precisa se preocupar, eu tô legal. Bom, estou indo nessa e se precisar de mim, sabe como me encontrar. Ah, Vivian disse que viria aqui amanhã.

— Vivian! É claro. — Ela estava nervosa ao me ver e eu estranhei aquilo, poderia ser pelo motivo dela estar vestida apenas com uma camisola de seda deixando expostas todas as suas curvas?

— Tchau, Judy. Lhe dou notícias se houver alguma. — Ela acenou rápido e entrou batendo a porta com força.

Lúcio estava pálido, nem aprecia o mesmo que eu conhecia há anos. Em seu rosto tinha cicatrizes que não irão sumir nem mesmo como tempo, eram profundas e mesmo suturadas, era possível ver que elas causaram um grande estrago. Lúcio estava detonado. Os médicos me disseram que ele não tinha muitas chances de andar novamente, mas que mesmo assim precisava de bastante auxílio da fisioterapia se quisesse mexer algumas partes do seu corpo, bom, ele pelo manos ainda estava falando e a tarde que disse ao me ver me deixou feliz, por sabe que ali ainda estava o meu amigo e que sua mente ficou intacta.

— E aí, seu filho da puta. — Sorri deixando uma cair, me aproximando dele. — Achou que eu tinha morrido?

— Nem me passou isso pela cabeça, ou eu não estaria aqui agora. Você parece que tá legal, ainda está intacto e isso é bom.

Lúcio estava tentando se manter forte, mas eu eu o quão difícil deve ser estar deitado em uma cama de hospital sem poder levantar quando quer.

— Eu fiquei com medo de perder o meu irmão. — Disse vendo seu semblante entristecer.

— Eu fiquei com medo de deixar minha filha sozinha nesse mundo tão louco. Você tem falado com ela? — Judy, esse era o meu ponto fraco desde hoje.

— Falei com ela algumas vezes, mas como você sabe, ela mal fala comigo.

— É ótimo. Não quero que pense em ter alguma coisa com ela, seu filho que tem idade pra isso.

— O que te deu agora para ter esse pensamento merda? Sabe que eu nunca olhei pra sua filha, sempre a respeitei e eu só quero que ela saiba que não está sozinha. Mas, pode ficar tranquilo que com ela Vivian se dá bem, e meu filho já está em outra. — Eu me expliquei demais pra quem não tem pretensão alguma de alguma coisa? — Mas então, como você foi perder o controle?

— Estava chovendo, a pista estava escorregadia e quando fui entrar em uma rotatória, o carro que estava ao meu lado não esperou que eu passasse, colocou o carro em cima do meu e eu perdi o controle, capotei e por milagre ninguém além de mim se feriu.

— Esses filhos da mãe estão cada vez mais audaciosos. — Suspirei indignado e convicto que isso não iria ficar assim.

— Mas o que importa é que não morri. Me diz, quem ganhou a luta daquele sexta? — Era incrível como Lúcio estava lúcido e isso era um milagre acontecer, porque a maioria dos acidentes de carro quando não mata deixa sequelas terríveis. — Você foi no clube que eu disse que iríamos juntos? Tinha muita mulher bonita lá e nós poderíamos ter aproveitado muito aquele dia.

— Quem ganhou foi o time dos contras e eu não fui ao tal clube. Acho que não teria lógica eu ir sem você, qual graça teria?

— É… agora você vai ter que fazer muitas coisas sem mim. Eu estou com o corpo morto, Ramon. Apenas a minha mente funciona, ou seja, quase não adianta de nada. O que me preocupa mesmo é Judy, não vou poder abraçá-la como antes e isso está me deixando ferrado por dentro.

— Se há vida, há esperança. Essa era a frase que você me dizia sempre quando eu pensava em desistir de tudo achando que não daria conta e hoje eu quem vou repetir isso pra você. Além disso, estarei sempre aqui, ao seu lado, independente de qualquer coisa que houver.

No tempo em que estávamos conversando, o médico veio ao menos três vezes para certificar que estava tudo bem. Uma enfermidade gata veio aplicar algumas injeções nele dando intervalos de 30 minutos em cada aplicação. Lúcio era forte e eu tenho certeza que ele vai sair dessa pra melhor, assim como estarei ao lado de Judy caso ela precise de alguma coisa.

Quando Lúcio dormiu eu aproveitei para fazer o mesmo, pois meu corpo estava exausto e eu precisava ficar inteiro até amanhã. Prometo que levaria Vivian para conhecer a minha nova empresa e se eu não a levasse amanhã, era provável que ela não falaria comigo até o dia de ir embora, não tenho como negar, ela tem a minha personalidade em quase tudo, surreal.

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