Andrew
Ultimamente as coisas não estavam indo tão bem assim. Eu precisava tomar um jeito na minha vida antes que fosse tarde demais e isso envolvia Judy. Desde que disse a ela o que sentia por ela, que ela não me procura mais, sempre usa a mesma desculpa: seu pai e o meu são como irmãos, deveríamos ser assim também. E eu não conseguia aceitar isso, meu pai me mataria se soubesse disso, mas eu não mando nos meus sentimentos e por isso estava determinado em ir conversar com ela após sair do trabalho, mas como sempre, ela estava ocupada demais para me dar o mínimo de atenção.— Judy, será que a gente pode conversar? Eu juro que vai ser rápido, é só que…— Andrew, por favor, não me diga que vai continuar dizendo que está apaixonado por mim? Isso nem faz o seu tipo, está claro que deve ser algum tipo de piada comigo.É difícil alguém acreditar nos seus sentindo baseado na má fama que você tem pela cidade? Sim, muito possível.— Judy, eu não estou mentindo. Eu estou apaixonado você, ou melhor, eu sempre fui apaixonado por você e só você nunca percebeu isso.— Qual é cara, a gente sempre foi como irmãos, sempre saímos juntos e não vai ser agora que eu vou cair nesse seu Paulinho furado aí. Agora anda, diz logo o que veio fazer aqui?— Se é tão difícil acreditar em mim, não tenho mais nada a dizer. Espero que seu pai tenha uma boa recuperação. — Antes que eu pudesse entrar no carro, ela me chamou a atenção e eu sorri internamente.— Me desculpa por isso, eu não quis ser grosseira. Mas, acho que não vai dar em nada isso, porque eu te vejo como um irmão mais velho e Vivian como uma irmã mais nova, então…— Então a gente vai passar na sua casa e te levar para ir jantar hoje à noite e… eu não aceito um não como resposta.— Eu não posso confirmar nada, mas se me ligar antes para me deixar alerta eu vou te agradecer e lembre-se: somos como se fôssemos irmãos.— O bom de tudo isso é que não somos nada nisso. — Me despedi lhe dando um abraço, em seguida fui rumo a uma boate que ficava bem longe de todos que me conheciam. Eu precisava de diversão, e já que Judy não queria me dar isso, eu tive que buscar sozinho.JudyApós voltar da Quitanda, vi que tinha alguns emails e duas ligações perdidas. Fiquei esperançosa que poderia ser alguma empresa ligando, mas ao abrir os e-mails, notei que era apenas cobrança de cartão de crédito e isso me deixou mais para baixo do que eu já estava. Estava quase pegando no sono enquanto esperava dar a hora da visita do meu pai, quando despertei com o barulho do meu celular tocando. As pessoas me olhavam como se estivessem me julgando, mas eu apenas levantei e fui atender bem longe de todos.Ligação Ativa— Boa tarde Srta. Di Lua, poderia estar vindo para uma entrevista na Lancer hoje às 17hrs? — Eu não estava acreditando, minha boca fazia um O enquanto eu procurava voz para responder.— É claro que eu posso. Pode deixar que eu vou aí sim. Muito obrigada por ligar, tenha uma boa tarde.Ligação InativaEu estava explodindo de felicidade mesmo sabendo que nada era certo ainda, mas eu precisava ter fé que eu sairia bem e essa vaga seria minha.— Lucin Delu, eu senti a sua falta essa noite sem você. — Dizia segurando a sua mão.— Di Lua, não quero que fique deixando suas coisas de lado para ficar vindo aqui todos dias, eu estou bem e você sabe disso. Não vou fugir filha.— Pai… eu não vou sair e deixar o senhor aqui sozinho e eu estou me virando muito bem lá fora, saiba disso.Suspirei quando a enfermeira entrou carregando uma bandeja com algumas agulhas e curativos e eu era para essas coisas, não conseguia ver sangue e não ficar nervosa, por isso aproveitei pra ir dizer a Ulisses sobre a ligação, mas o mesmo estava chorando.— Ei, pode me dizer que caos é esse aqui na minha frente? — Como não havia nenhum cliente eu puxei a porta, deixando quase toda fechada. — Se acalma e me diz o que está acontecendo, vai. — Entreguei a ele um copo com água e açúcar, era nítido sua vulnerabilidade e isso em Ulisses não era algo normal.— Minha mãe descobriu tudo. O Maikon acabou de sair de lá e disse tudo sobre mim. — Bem, os pais de Ulisses eram cabeça dura e preconceituosos, não sabiam que Ulisses era gay e por isso ele também saiu de casa, para que não descobrissem tão cedo, mas parece que o babaca do Maikon fez esse favor a ele. — Eu estou sem chão, Ju.— Ôh meu amor, essas coisas acontecem e você não iria deixar de ser quem é por causa deles, ou iria?— Claro que não, isso não entra nem mesmo em cogitação.— Então, pense pelo lado positivo. Você está dando o que é seu e não o que é deles, mas infelizmente, é incrível como o outro se incomoda com alguma atitude do próximo. Veja isso como um avanço, Maikon só adiou as coisas, agora você não precisa mais mentir ou apresentar namoradas falsas. O que você tem que fazer é se acalmar e eles aceitarem.— Mas, Judy, eu não sei o que dizer a eles depois de hoje. Não sei como vou olhar na cara deles, mas isso é complicado.— Não há o que se explicar, Ulisses. Você vai dizer o quê? "Mãe vi um pau, sentei e gostei" ah, por favor! Vocês são adultos e não há o que se explicar, você foi escolhido para ter o desprazer de gostar de homem é não pode mudar isso, apenas aceite e vamos pensar em uma forma de agradecer Maikon. — Enxuguei suas lágrimas enquanto ele sorria fraco.— Eu não sei o que seria de mim sem seus preciosos conselhos, sabia?— Claro que eu sei disso. Não é em qualquer esquina que se entra uma Di Lua meu querido. — Disse virando e deixando meu cabelo bater em seu ombro. — Ah, quase esqueci de dizer que a Lancer me ligou dizendo que eu tenho uma entrevistas para hoje. Talvez o curso de contabilidade me ajude nessa, espero que consiga alguma coisa hoje.— Sem dúvidas você vai sim. Mas, mudando de assunto, não acha que Ramon está estranho demais esses dias? — Ramon despertava uma certa curiosidade, coisa que seu filho nem me fazia pensar, ele me fazia apenas olhando para ele, mas é claro que ninguém precisava saber disso, seria um tanto constrangedor.— Isso deve ser coisa da sua cabeça. Sabe muito bem que ele e meu pai sempre foram amigos, acho que ele só está ao lado do meu pai agora e me ajudando nisso.— Hum… não acho que seja somente isso. Pelo seu andar e seus movimentos você ficou nervosa quando eu citei o nome dele, essa nem é a primeira vez que isso acontece. Não adianta mentir para mim, você sabe que eu conheço bem.— Ulisses… — Minha cara entregava o que Ulisses estava pensando, e se eu já tivesse imagino visto Ramon sem roupa, o que teria demais nisso? — Tá bom, eu acho ele um gato, mas não passa disso. Além do mais, o cara é cheio de grana e cheio de mulher aos seus pés. Mas em compensação, Andrew agora inventou que está apaixonado, deve ser loucura achar aquele cara louco?— Louco é pouco. Quero saber o tipo de droga que ele usa para chegar a conclusões tão medíocres.Faltava alguns minutos para às 16:30 e eu tinha que correr, ou ficaria enfiada no trânsito até acontecer um milagre. Aproveitei para fugir do assunto e fui até a tal entrevista, eu precisava me sair bem, precisava que tudo desse certinho eu estaria completamente ferrada.O prédio espelhado refletia cada passo que eu dava, como eu estava de vestido, achei uma sacanagem até o piso ser de vidro também, estava deixando toda minha calcinha a mostrar e eu tive que andar fechando as pernas, ideia de merda de quem projetou isso aqui.— Boa tarde, eu tenho uma entrevista marcada para às 17hrs. — A senhora confirmou meu nome na prancheta e me olhou séria.— Está cinco minutos atrasada. Quando voltar a este lugar, venha prevenida, esse piso é uma palhaçada.— Tenho que concordar com a senhora. Desculpe meu atraso, não irá acontecer novamente. — A senhora era enjoada e a mulher que me entrevistou era arrogante, em alguns momentos eu quis sair dali e ir embora, mas o tempo estava passando e eu me ferrando.— Muito bem Srta. Se tudo der certo entraremos em contato com você. Tenha um ótimo final de semana. — Sair de lá sem muita esperança, encontrei Ulisses e de lá fomos para casa, eu não estava com ânimo para ir até o hospital e mais uma vez Ramon estava lá, como sempre muito prestativo.Ulisses Ficar responsável pela Quitanda esses dias estava sendo um alívio pra mim, mas eu tinha que enfrentar também os meus problemas. Assim como Judy, minha família também não sabe que eu fui expulso da faculdade por agredir um cara que tentou abusar da minha amiga de sala em uma social que teve como comemoração aos novatos. Eu não devo explicações para minha família, já que não dependo deles para absolutamente nada, já Judy, achava que estava me atrapalhando. — Acabei de chegar da entrevista. — E como foi lá? — Terrível. Pra piorar o chão era de vidro, ainda fui de vestido e foi uma droga, a mulher era extremamente operacional e teve algumas perguntas que eu nem fazia ideia que existiam, acho que eu nem vou conseguir… — Judy sempre trabalhou com o pai, eles moravam em uma fazenda e quando vieram para cidade, Judy comprou está Quitanda e era nisso que ela trabalhou até hoje. — Eles vão te ligar, você vai ver só. Nada disso é em vão. — Disse e a vi sorrir, mas sei que não deve e
Judy Andando de um lado para o outro eu pensando no que fazer. Eu nunca tive um encontro, nunca me interessei muito pelo fato de sair e me divertir igual as outras pessoas, eu gostava da minha paz e por outro lado eu tinha medo de me deitar com um homem, já que as experiências que eu ouvi não foram muito agradáveis. O fato de ser órfã de mãe complicava o meu lado, porque meu pai jamais sentou comigo e falou sobre coisas relacionadas ao sexo, eu o compreendo, seria estanho para mim também. Eu estava com medo, não do Ramon, mas de acontecer alguma coisa que não esteja em meus planos. — Eu acho que vou me sair bem… — Falava pra mim mesma enquanto encarava o espelho, até que ele tocou o Interfone. Suspirei fundo e abri a porta. Ele estava perfeito, essa era a palavra que o definia, eu estava vestida o mais simples possível. — Eu, vou me vestir e já volto. Pode ficar a vontade. — Disse lhe dando as costas, mas ele foi mais rápido e segurou a minha mão, o que me fez ficar nervosa de rep
Judy — Então, como foi a noite? — Ulisses perguntava me olhando e mascando chiclete, eu me arrumava para ir até o hospital. — Até que foi tranquila. — Disse sorrindo e encarando o espelho, pensando em como eu fui me deixar levar por uma boa conversa. "Sua barba cerrando a minha nuca, enquanto Ramon dizia o quanto estava esperando por aquele momento, mal sabia ele que eu também. Nossos corpos por um breve momento quase não ficaram despidos dentro do seu carro, mas eu não pude fazer tal loucura e quando voltei para a realidade, abri a porta e corri para dentro de casa, pois estávamos na porta da minha casa, e não morávamos em prédios". Mas Ulisses não iria saber disso nunca, ou não iria parar de falar nisso sempre que me visse. — É, achei que fosse me dizer alguma coisa que rolou entre vocês, porque sempre que falo dele você fica toda sem jeito e isso nem é de hoje. — Ulisses, sabe que meu pai me mataria se soubesse que a filha dele tem pensamentos no melhor amigo dele, só que pela
Judy Estava me arrumando para o meu primeiro dia de trabalho, nem sei se assim posso dizer, porque ainda irei passar por uma experiência e conhecer mais chefe, já que disseram que hoje ele estaria lá.Escolhi uma calça não tão justa, uma blusa de mangas longas, porque estava feio e um tênis salto não muito alto. Fiz um rabo de cavalo, fiz uma maquiagem básica e por fim, passei um batom nude para combinar com o dia feio que estava fazendo. Estava pronta para sair quando olhei para um retrato em que estava eu e meu pai juntos, ali eu senti saudades e desejei com todas as minhas forças para que ele se recuperasse logo e que pudesse vir para casa logo. Estava prestes a entrar no prédio e estava nervosa com tudo que estava por vir, então tomei coragem, desliguei o celular e entrei com a vara, coragem e a precisão. — Bom dia, Srta. Di Lua, espere aqui que a gerente já vai lhe auxiliar, tudo bem? — Agradeci a senhora e fui até a recepção esperar o meu chamado. Uma vinte minutos depois a
Judy Hoje eu tive um dia péssimo. Amanheceu chovendo, eu quase cheguei atrasada no trabalho, me molhei toda na volta e o carro quase quebrou. E como se tudo isso não fosse o suficiente, Ramon estava me mandando mensagens, dessa vez perguntando como eu estava e se já vi meu pai. Não o vi ainda, talvez eu irei ainda hoje vê-lo, se não for tão tarde. Ignorei suas mensagens e fui até o banheiro, eu estava precisando disso, foi um dia terrível e eu estava super cansada. — Boa noite minha flor, trouxe pizza e algumas coisas pra jantar. Sei que está cansada, então… — Ulisses estava com sua mochila nas costas e um monte de besteiras super gostosas. Eu pedi pra ele vir dormir comigo e ele veio, eu não poderia ter um amigo melhor na vida. — Eu te amo, sabia? — O encarei e ele ficou sem graça, jogando um travesseiro em mim. — Trouxe um vinho pra gente também, a vida anda bem tensa. Merecemos ser felizes também. Mas, vai me contar qual é a sua com o coroa gato? — Como eu estava pensando, ele
Ramon Tudo me dizia que ela estava com vergonha de mim. Seu jeito tímido, sempre tirando o cabelo do rosto e pondo atrás da orelha eram sinais de que ela estava prestando atenção nas coisas que eu estava dizendo. Conversamos sobre Lúcio, sobre como foi seu primeiro dia de trabalho e como ela estava se sentindo. — Eu estou me esforçando para dar o melhor para o meu pai, mas às vezes sinto que vou fraquejar. Sei lá, tenho medo de conseguir dar conta de muitas coisas. — Ela sorria sem graça e levou a taça de vinho até seus lábios, dando uma leve saboreada. Eu herdei as empresas do meu pai, portanto já nasci digamos que rico. Lúcio teve uma vida instável, mas não tão boa assim. Quando ele tinha 12 anos eu o conheci, o tempo passou e com 20 anos ele era um homem bem sucedido, por seu mérito. Não quis trabalhar comigo, mas aceitou a minha ajuda para conseguir um bom emprego. Tirou a mãe de Judy das drogas, mas após seu nascimento ela teve uma parada cardíaca e veio a óbito. Mas, nunca lh
Judy — Bom dia, Srta. Di Lua. Hoje o chefe está de bom humor e solicitou uma reunião com todos os funcionários às 14hrs. — Obrigada por me avisar, Mary. Mary foi uma das poucas pessoas que continuou falando comigo após o meu primeiro dia. O restante se achavam superiores aos novos contratados, o que me dava um pouco de receio. Passei o dia tentando me concentrar em tudo que estava fazendo, anotei cada recado, cada vírgula e ponto para que não me prejudicasse no futuro, na hora do almoço liguei para Ulisses. Quando saí ele ainda dormia, não estava se sentindo bem contudo que vinha acontecendo com ele, mas o seu ex-namorado babaca não perde por esperar. Ligação Ativa— E aí, já tomou café? — Perguntou ouvindo seu riso abafado do outro lado. — Parei para almoçar agora, mas já tomei café sim. E você, como está se saindo aí? — Suspirei tentando não deixar que nada me abalasse, mas a verdade é que, eu não estava em um clima muito legal. Minha menstruação estava perto e meus hormônios
Ramon Judy estava com o rosto vermelho e parecia não estar racionando direito o que estava acontecendo.— O assunto que tenho a conversar hoje é de extrema importância para todos vocês. Ano passado estávamos migrando a empresa para um espaço maior. Contratamos novas pessoas, assim como perdemos algumas também. Aqui somos mais que uma empresa, somos uma família. Contudo, a mudança para o novo espaço, terão duas semanas de férias, contudo, continuaram recebendo e nada será descontado. Não haverá interrupções nas férias, mas o trabalho será maior desde então. Nosso gerente cuidará de todos os mínimos detalhes, mas hoje só queria dizer a vocês que conseguimos atingir o percentual de 70% a mais nos lucros, comparado ao valor líquido do que atingimos no ano anterior. Ah, quase esqueci, quero desejar boas-vindas a todos os novos integrantes, espero que aqui encontrem o que precisam. Vê-la ali me deixou sem muita ação. Planejei a semana inteira essa reunião e deveria ter sido algo sério, ma