O dia da admissão na Academia Lupiére finalmente chegou. Selene, agora Selene Arctos, estava diante do imponente portão de ferro que separava a Cidade Baixa da Cidade Alta. O brasão da Academia, uma lua crescente envolta por um lobo, brilhava no metal negro, refletindo a luz do sol nascente.
Ela vestia um vestido simples, mas elegante, e mantinha o capuz erguido para esconder parcialmente as orelhas falsas. Seu coração batia acelerado, mas ela sabia que não podia vacilar.
— Documentos? — pediu o guarda híbrido que vigiava o portão.
Selene entregou o envelope lacrado. O guarda abriu, analisou o conteúdo e cheirou o papel, como se esperasse identificar algum cheiro humano. Selene conteve a respiração.
— Selene Arctos? — perguntou ele, olhando-a de cima a baixo.
— Sim.
O guarda assentiu e abriu o portão.
— Bem-vinda à Cidade Alta. A cerimônia de admissão começa ao pôr do sol.
Selene entrou, sentindo o peso do portão se fechando atrás dela. Era isso. Estava dentro.
As ruas da Cidade Alta eram completamente diferentes da Cidade Baixa. Tudo parecia mais limpo, organizado e… poderoso. Híbridos elegantes caminhavam com confiança, ignorando a presença de qualquer humano que ousasse se aproximar.
Selene manteve a postura ereta, imitando a elegância que via ao redor. As orelhas falsas estavam firmes, e o líquido de feromônios que Fausto lhe dera mascarava qualquer vestígio de cheiro humano.
Quando finalmente avistou a Academia Lupiére, parou por um momento para admirar a construção. Era um castelo imponente, com torres altas e janelas envidraçadas que refletiam a luz da manhã como se fossem feitas de cristal. O símbolo da lua crescente estava entalhado acima da entrada principal.
Selene respirou fundo e entrou.
No saguão, outras jovens híbridas estavam reunidas, todas vestidas com trajes finos e exalando confiança. Elas conversavam em pequenos grupos, rindo e trocando olhares cúmplices.
Selene caminhou até uma mesa onde uma funcionária da Academia estava sentada, registrando as candidatas.
— Nome? — perguntou a mulher sem olhar para cima.
— Selene Arctos.
A funcionária franziu a testa e verificou a lista.
— Seu nome não está aqui.
O coração de Selene acelerou, mas ela não vacilou. Endireitou a postura e arqueou as sobrancelhas, seu tom se tornando firme e levemente hostil.
— Isso é um absurdo. Um desrespeito. Fui informada de que meu nome estava registrado. Talvez tenha sido um erro na organização? — Ela cruzou os braços. — Ou vocês costumam tratar futuras alunas desse modo?
Os funcionários trocaram olhares inseguros. Um deles limpou a garganta, desconfortável.
— Me desculpe, senhorita. Deve ter sido um erro. Aqui está sua chave. Quarto 23, ala oeste.
Selene pegou a chave com firmeza e se afastou antes que eles tivessem tempo de reconsiderar.
O corredor era decorado com tapeçarias que retratavam lobos sob a luz da lua, e o chão de mármore branco fazia ecoar seus passos. Quando encontrou o quarto 23, girou a chave na fechadura e entrou.
O espaço era pequeno, mas luxuoso. Havia uma cama macia, um armário e uma janela que dava para os jardins da Academia. Selene largou a bolsa e caminhou até o espelho.
Ela tirou o capuz, revelando as orelhas falsas.
— Agora é real — disse para si mesma.
Antes que pudesse se perder em pensamentos, ouviu uma batida na porta.
— Está aí? — chamou uma voz feminina do outro lado.
Selene abriu a porta e se deparou com uma jovem híbrida de cabelos loiros e olhos dourados.
— Olá! Sou Astrid. Parece que somos vizinhas. Você é nova por aqui?
Selene sorriu, tentando manter a confiança.
— Sim. Selene Arctos.
— Prazer em conhecê-la, Selene. — Astrid a analisou com curiosidade. — Não reconheço sua linhagem.
Selene manteve o sorriso.
— Minha mãe era uma solitária. Eu cresci fora dos grandes clãs.
Astrid assentiu, parecendo aceitar a explicação.
— Isso explica. Bom, espero que aproveite a cerimônia. É uma grande oportunidade para ser notada pelos alfas da cidade.
— Obrigada.
Quando Astrid se afastou, Selene fechou a porta e se encostou nela, soltando um suspiro.
— A primeira impressão foi boa. Agora, preciso manter o disfarce.
À medida que o dia passava, a ansiedade crescia. Quando o sol começou a se pôr, Selene vestiu um longo vestido prateado disposto no armário do quarto e ajustou as orelhas falsas mais uma vez.
— Você chegou até aqui. Não há volta — sussurrou para o espelho.
No Salão da Lua, as jovens híbridas se reuniram. O ambiente era grandioso, com um teto de vidro que deixava a luz da lua entrar. No centro, um palco onde os alfas da cidade estavam sentados em cadeiras imponentes.
Selene caminhou até seu lugar, tentando não se sentir intimidada pelos olhares que recebia.
— Seja forte — repetiu para si mesma.
A cerimônia começou, e Selene sabia que aquele seria o primeiro passo de sua jornada. Ela havia cruzado o portal. Agora, precisava sobreviver ao que viria.
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O Salão da Lua estava em completo silêncio. As jovens híbridas formavam fileiras impecáveis diante do palco, onde os alfas mais poderosos da cidade observavam com olhares afiados.
Selene manteve a cabeça erguida e a postura firme, lutando para esconder o nervosismo. Sua pele parecia queimar sob os olhares avaliadores. O mais temido deles era o de Alfa Magnus, o líder do Conselho Lupino.
Magnus se levantou, e sua presença dominou o salão. Com cabelos grisalhos presos em um rabo de cavalo e olhos âmbar que brilhavam como a própria lua, ele parecia o próprio símbolo de autoridade.
— Sejam bem-vindas à Academia Lupiére — começou ele, com uma voz grave e poderosa. — Vocês estão aqui porque foram escolhidas para se tornarem as futuras Lunas desta cidade. Cada uma de vocês tem o potencial de ser reivindicada por um alfa. Mas lembrem-se: apenas as melhores serão escolhidas.
Selene sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
— Vocês serão testadas em todas as áreas: postura, etiqueta, estratégia e força. Ser uma Luna não significa apenas ser bela. Significa ser sábia, forte e leal ao seu alfa.
Ele fez uma pausa e olhou diretamente para Selene. Por um momento, ela sentiu como se ele pudesse ver através de seu disfarce.
— Agora, a cada uma de vocês será dada a oportunidade de se apresentar e declarar sua linhagem.
Selene prendeu a respiração. Esse era o momento que mais temia.
Uma a uma, as jovens avançaram, dizendo seus nomes e a origem de suas famílias. A maioria vinha de clãs conhecidos, suas vozes cheias de orgulho.
— Astrid Stormraven, filha do Clã Stormraven — disse a garota que Selene havia conhecido mais cedo, sua voz clara e confiante.
Quando chegou a vez de Selene, ela respirou fundo e deu um passo à frente.
— Selene Arctos, filha de Kate Arctos, uma solitária.
O salão ficou em silêncio por um momento. Solitárias eram vistas com desconfiança, mas sua história não era inédita.
Magnus estreitou os olhos, como se tentasse avaliar a veracidade de suas palavras.
— Uma solitária? — murmurou um dos alfas ao lado de Magnus. — Curioso…
Selene manteve a calma, resistindo ao impulso de olhar para baixo.
— Prossiga — ordenou Magnus.
Ela deu um passo para trás e se misturou novamente às outras jovens, lutando contra o tremor em suas mãos.
Quando todas as apresentações terminaram, Magnus voltou a falar.
— A partir de amanhã, vocês começarão suas lições. Preparem-se, pois a lua revela a verdadeira essência de cada um.
Com isso, a cerimônia terminou.
As jovens começaram a se dispersar, conversando entre si, mas Selene sentiu-se isolada. Ela percebeu que alguns olhares ainda estavam sobre ela, especialmente o de um híbrido mais jovem, que permanecia encostado em uma das colunas.
Ele era alto e esguio, com cabelos escuros e olhos penetrantes. Quando percebeu que Selene o encarava, ele deu um leve sorriso antes de desaparecer nas sombras.
— Cuidado com ele — sussurrou Astrid, que se aproximou sem que Selene percebesse.
— Quem é ele?
— Darius Thornheart. Ele é perigoso.
Selene franziu a testa.
— Por quê? — Selene sentiu um calafrio. — Ele é um alfa?
— Ainda não. Mas está destinado a ser um.
Astrid se afastou, deixando Selene sozinha com seus pensamentos.
Selene olhou novamente para o lugar onde Darius havia desaparecido. Algo nele despertava seu instinto de sobrevivência.
Astrid se aproximou novamente de Selene enquanto caminhavam de volta aos dormitórios, seus passos ecoando pelos corredores da Academia. Havia algo cauteloso na forma como Astrid olhava ao redor, como se procurasse por ouvidos atentos nas sombras.
— Preciso te avisar sobre Darius — disse Astrid, em um tom baixo.
Selene franziu o cenho.
— Por que tanta preocupação com ele? Ele é só um funcionário…
Astrid balançou a cabeça.
— Ele não é só um funcionário. Darius trabalha sim na Academia, mas de uma forma diferente.
Selene parou no meio do corredor, encarando Astrid.
— Como assim?
Astrid olhou por sobre o ombro, certificando-se de que estavam sozinhas antes de continuar.
— Ele é assistente de Madame Irina. Oficialmente, ajuda nas provas físicas e nas avaliações estratégicas, mas a verdade é que ele faz muito mais do que isso. Ele é uma espécie de olhos e ouvidos do Conselho.
Selene sentiu o sangue gelar.
— Então ele espiona as alunas?
— Exatamente. Ele observa cada detalhe, cada movimento. Se alguém aqui não for quem diz ser… ele será o primeiro a descobrir.
Selene tentou manter a expressão neutra, mas seu coração batia acelerado.
— E por que ele faria isso?
Astrid deu de ombros, um toque de apreensão em seus olhos.
— Talvez para provar seu valor ao Conselho. Ou talvez ele apenas goste de desmascarar segredos.
Selene engoliu em seco, sentindo o peso das palavras de Astrid.
— Então, preciso ficar longe dele.
— Não é tão simples — respondeu Astrid, com um sorriso triste. — Parece que ele já está interessado em você.
Selene desviou o olhar, lembrando dos olhos escuros de Darius fixos nela durante a prova.
— Ótimo — murmurou Selene. — Mais um problema.
Astrid tocou o ombro dela, oferecendo um toque de conforto.
— Apenas tome cuidado. Aqui, todo mundo tem um segredo… e Darius adora descobrir cada um deles.
O primeiro dia de lições havia começado, e Selene estava determinada a se manter discreta. Cada aula era um teste constante de postura, comportamento e controle. A Academia Lupiére não era um lugar de aprendizado comum — era um campo minado, onde qualquer deslize poderia custar caro.Logo pela manhã, Madame Irina reuniu as jovens no salão principal.— A essência de uma Luna não está apenas em sua beleza ou graciosidade. Está em sua capacidade de observar, adaptar-se e sobreviver. Hoje, iniciaremos o treinamento de estratégia e dissimulação.Selene sentiu os olhares das outras jovens sobre si — algumas curiosas, outras desconfiadas. Mas foi um par de olhos em particular que a fez estremecer.Darius Thornheart estava encostado em uma das colunas do salão, os braços cruzados, observando cada movimento. Ele parecia desinteressado, mas Selene sabia que era apenas fachada.Madame Irina continuou:— Uma Luna deve ser capaz de manipular as percepções ao seu redor, convencer um oponente e se p
Os dias de teste na Academia Lupiére foram intensos. Selene enfrentou provas físicas exaustivas, treinamentos estratégicos e desafios que exigiam controle absoluto sobre seus instintos. Cada etapa parecia projetada para expor fraquezas, mas ela se recusou a falhar. Com determinação e inteligência, passou por todas as avaliações, surpreendendo até os mais céticos.Quando o último teste chegou ao fim, Selene recebeu seu uniforme oficial da academia. Agora, vestida como uma verdadeira aprendiz de Luna, ela se juntava às demais alunas nas aulas rigorosas de liderança, estratégia e combate. O perigo de ser descoberta ainda rondava seus pensamentos, mas, por enquanto, ela estava dentro.Em seu primeiro dia como aluna oficial, a manhã começou como qualquer outra. Selene se esforçava para acompanhar a aula de etiqueta enquanto Madame Megan corrigia a postura das alunas com um olhar afiado.— Coloquem-se como Lunas. Não há espaço para hesitação ou dúvida.Selene ergueu o queixo, ajustando-se
Selene despertou com a cabeça latejando e o corpo pesado, como se tivesse sido atropelada por uma carruagem. Sua pele ardia, especialmente o braço esquerdo, onde sentia uma dor latejante. Quando tentou se mexer, soltou um gemido baixo.— Senhorita Arctos? — chamou uma voz feminina, suave, porém insistente.Selene piscou algumas vezes até focar na mulher de uniforme da Academia, que a observava com uma mistura de impaciência e preocupação.— Levante-se. A senhora Irina e o senhor Thornheart estão esperando. É hora do exame.O coração de Selene acelerou. O exame de sangue.Ela se arrastou para fora da cama, percebendo que ainda usava a mesma roupa da noite anterior. O frasco de feromônio agora vazio estava em sua bolsa. O que eu fiz? Pensou. Sentia o corpo quente, como se estivesse febril, e cada passo parecia pesado.A funcionária a guiou pelos corredores silenciosos até o laboratório da Academia. Selene tentou ignorar o cheiro doce que exalava de si mesma, mas a intensidade do aroma e
Selene permaneceu enclausurada por dias, presa a um quarto simples e abafado, sem janelas ou qualquer forma de ventilação. O ar pesado parecia saturado pelo cheiro que emanava de sua pele, resquícios de um feromônio que ainda se recusava a desaparecer por completo. Mesmo após o fim do cio, o aroma característico dos híbridos lobo não deixou seu corpo, tornando-a ainda mais evidente entre os outros. O tempo passava em uma névoa indistinta enquanto ela tentava recuperar o controle sobre seu próprio corpo, sobre sua própria vontade. Mas o medo continuava ali, rastejando sob sua pele.Os boatos se espalharam rápido. Em pouco tempo, toda a Academia sabia da híbrida que entrara no cio, algo impensável. O espanto deu lugar ao fascínio, depois à especulação. Muitos a viam como uma aberração; outros, como um mistério a ser decifrado. Suas colegas, que antes a ignoravam ou desprezavam, agora a observavam com um misto de inveja e incômodo. Como era possível que Selene, filha de uma loba solitári
O primeiro baile do ano se aproximava, e a tensão na academia crescia a cada dia. As meninas se preparavam com esmero, escolhendo vestidos luxuosos e maquiagens impecáveis, tudo planejado para atrair a atenção dos alfas. Para elas, era uma oportunidade de conquistar aqueles que governavam o mundo e podiam mudar suas vidas com um único olhar. Mas, para Selene, a expectativa da noite era sufocante.Diferente das outras, ela não tinha a intenção de se tornar um prêmio. Era humana, e humanos não podiam se envolver com híbridos de lobo. O simples toque de um alfa selaria seu destino de forma trágica. Casar-se com um deles significaria sua morte inevitável. Essa era a regra implacável de seu mundo.Mesmo assim, não tinha escolha a não ser comparecer ao baile. Para sua sorte, desde que ingerira a essência com feromônios, o cheiro lupino não sumira, a deixando ao menos segura, já que como estava sendo extremamente observada, sair da cidade Alta para comprar mais essência, era impossível. Na
— É claro que não é humana; se fosse, Selene, você acha que estaria aqui? — Darius sorriu, um brilho desdenhoso nos olhos. Ele se aproximou com calma, mas sua presença dominadora tornava o ambiente sufocante. — Engraçado você ter tanto medo de um alfa. Nunca quis estar com um homem? Sentir prazer?As palavras a atingiram como um golpe, deixando um gosto amargo na boca. Um nó se formou em seu estômago, e, por um instante, Selene sentiu as pernas fraquejarem. Mas não podia ceder. Ele queria exatamente isso: ver sua expressão se desfazer em vulnerabilidade.— Eu… — tentou dizer algo, mas sua voz morreu antes de sair completamente. Humilhação queimava sob sua pele. Como ele ousava?— Nunca se sentiu atraída por um homem? Nem mesmo por um alfa? — Darius insistiu, a voz sedosa, carregada de desafio.Selene desviou o olhar, lutando para manter a compostura.— Eu não sou esse tipo de garota… — murmurou, esforçando-se para manter o tom firme.Ele soltou uma risada baixa, cheia de escárnio.— M
Naquela tarde, o alojamento de Selene fervilhava de animação. As garotas riam e tagarelavam enquanto pacotes luxuosos eram entregues, envoltos em fitas de cetim e embalagens sofisticadas. Cada presente parecia ser um troféu silencioso, um reflexo de status e atenção. Os olhos brilhavam de expectativa, os sorrisos eram largos, mas Selene sentia-se alheia àquele frenesi.Ao entrar no quarto, seu coração disparou ao ver a pilha de caixas sobre a cama. Não eram apenas lembranças triviais. Roupas de grife, sapatos impecáveis, joias reluzentes. Tudo parecia exagerado, excessivo. No meio de tantos luxos, algo prendeu sua atenção: um pequeno envelope repousava ao lado de uma rosa negra, tão perfeitamente preservada que exalava um perfume suave e envolvente.Com dedos hesitantes, Selene pegou o bilhete. A caligrafia era elegante, desenhada com precisão e intenção. As palavras eram simples, mas carregadas de significado:"Para a bela Selene, Que me fez esquecer o mundo por uma noite. Que esta r
Após uma semana do baile, o nome de Aiden Vasquez ainda pairava nos corredores da academia, sussurrado entre risinhos e comentários cobiçosos. Ele era um dos alfas mais influentes e desejados, e o fato de ter demonstrado interesse por Selene não passou despercebido. Era a primeira vez que ele se interessava por alguém e toda a academia estava ansiosa, curiosa para seu próximo passo.A constatação de que ele com toda certeza já havia escolhido sua luna, veio na sexta-feira à tarde, quando Selene encontrou um bilhete delicadamente perfumado em sua mesa. As palavras eram diretas, sem espaço para recusas:"Selene, Gostaria que me acompanhasse amanhã para um passeio. Aguardarei você às dez horas, próximo ao portão principal."Ela segurou o papel entre os dedos, hesitante. A ideia de aceitar o convite fazia seu coração acelerar, mas recusar Aiden Vasquez poderia ser uma afronta perigosa, madame Irina ficaria sabendo e voltaria a persegui-la. No fundo, sabia que sua escolha já estava feita.