Os dias de teste na Academia Lupiére foram intensos. Selene enfrentou provas físicas exaustivas, treinamentos estratégicos e desafios que exigiam controle absoluto sobre seus instintos. Cada etapa parecia projetada para expor fraquezas, mas ela se recusou a falhar. Com determinação e inteligência, passou por todas as avaliações, surpreendendo até os mais céticos.
Quando o último teste chegou ao fim, Selene recebeu seu uniforme oficial da academia. Agora, vestida como uma verdadeira aprendiz de Luna, ela se juntava às demais alunas nas aulas rigorosas de liderança, estratégia e combate. O perigo de ser descoberta ainda rondava seus pensamentos, mas, por enquanto, ela estava dentro.
Em seu primeiro dia como aluna oficial, a manhã começou como qualquer outra. Selene se esforçava para acompanhar a aula de etiqueta enquanto Madame Megan corrigia a postura das alunas com um olhar afiado.
— Coloquem-se como Lunas. Não há espaço para hesitação ou dúvida.
Selene ergueu o queixo, ajustando-se à posição perfeita, tentando ignorar os olhares que ainda sentia em sua direção desde a cerimônia.
A porta da sala se abriu, e todas se viraram ao mesmo tempo.
Darius estava parado ali, imponente, com o olhar fixo em Selene.
— Senhorita Arctos — chamou ele, a voz firme. — Venha comigo.
Um murmúrio percorreu a sala.
— Prossiga, senhor Thornheart — disse Madame Megan, sem tirar os olhos das alunas. — Senhoritas, concentrem-se!
Selene engoliu em seco e saiu da sala, sentindo o peso do olhar de Darius em suas costas enquanto caminhavam pelos corredores da Academia.
— Algum problema? — tentou perguntar, mas ele não respondeu.
A cada passo, a tensão aumentava. Selene se perguntou se seu disfarce havia sido descoberto.
Ao chegarem à sala de Madame Irina, Darius abriu a porta e indicou que ela entrasse.
Lá dentro, Madame Irina esperava com expressão grave, ao lado de uma funcionária da administração — a recepcionista que havia lhe entregue a chave do quarto no primeiro dia.
— Senhorita Arctos, por favor, sente-se — disse Madame Irina, sem cerimônias.
Selene obedeceu, sentando-se na cadeira diante da mesa.
— O que está acontecendo?
Madame Irina lançou um olhar para a recepcionista, que parecia nervosa.
— Parece que houve um erro em sua admissão — começou Madame Irina. — Seus documentos... são suspeitos.
Selene tentou manter a calma, mas sentiu o estômago revirar.
— Suspeitos?
Darius se posicionou ao lado de Madame Irina, os braços cruzados.
— A vaga que você ocupa pertencia a outra jovem híbrida, de uma linhagem conhecida. Alguém que deveria estar aqui.
— E... ela nunca chegou — completou a recepcionista, olhando para o chão.
— Você entregou a chave do quarto a uma desconhecida, sem confirmar a identidade — repreendeu Madame Irina, com voz fria.
A recepcionista abaixou a cabeça.
— Eu achei que...
— Não achamos nada! — cortou Madame Irina.
Selene sentiu o olhar penetrante de Darius sobre ela.
— Precisamos saber de onde você vem, senhorita Arctos — disse ele. — Sua linhagem.
Ela respirou fundo, lutando para manter a compostura.
— Minha mãe era uma híbrida solitária. Morreu quando eu era criança. Meu pai… ele era humano.
Madame Irina estreitou os olhos.
— E por que ninguém conhece sua linhagem?
— Porque nós vivíamos longe da sociedade dos lobos. Minha mãe preferia assim.
Silêncio.
Darius se inclinou ligeiramente, os olhos fixos nos dela.
— E como você soube da vaga na Academia Lupiére?
Selene sentiu o suor escorrer pela nuca.
— Uma carta chegou à minha casa. Dizendo que eu havia sido selecionada.
Madame Irina trocou um olhar breve com Darius.
— Você tem a carta?
Selene balançou a cabeça.
— Não… eu a perdi durante a viagem.
— Conveniente — murmurou Darius.
Madame Irina se levantou, caminhando ao redor da sala.
— Sua situação é… incomum. No entanto, você já está aqui. E, até que tenhamos provas do contrário, permanecerá.
Darius não pareceu convencido, mas não discutiu.
Madame Irina, porém, não terminou a conversa ali.
— Senhorita Arctos, amanhã pela manhã você fará um exame de sangue — anunciou Madame Irina, a voz fria como aço. — Não há melhor forma de descobrir a verdade do que pelo sangue.
Selene gelou.
— Exame?
— Sim — confirmou Madame Irina. — As linhagens nunca mentem.
Darius observou a reação de Selene atentamente.
— É um procedimento padrão em casos como o seu — acrescentou ele.
Selene sentiu o coração acelerar.
— Claro… estarei pronta.
— Ótimo — disse Madame Irina. — Quero respostas.
Dispensada, Selene deixou a sala. Cada passo que dava pelos corredores da academia parecia ecoar como um alerta:
Seu disfarce estava por um fio. E, se o exame revelasse a verdade, tudo estaria perdido.
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A noite caía sobre a Academia Lupiére, e Selene sabia que não podia perder tempo. O exame de sangue estava marcado para a manhã seguinte. Ela precisava de respostas — ou, pelo menos, uma maneira de atrasar a descoberta de sua farsa.
Após garantir que suas colegas de dormitório dormiam, ela saiu furtivamente pelos corredores. A capa negra escondia seu rosto enquanto os passos rápidos ecoavam pelas ruas em direção à cidade baixa.
A cidade baixa era um labirinto de becos escuros e ruas estreitas, habitada por humanos e híbridos de todas as espécies. Ali, as sombras pareciam mais densas, e a miséria impregnava o ar.
Selene encontrou Fausto em sua oficina .
— Selene Arctos — disse ele, ao vê-la se aproximar. — Faz tempo que não nos vemos.
Ela parou diante dele, ofegante.
— Preciso de sua ajuda.
Fausto sorriu de forma cínica, cruzando os braços.
— Mais uma vez, hein? O que aconteceu agora?
— Meu disfarce está prestes a ser descoberto. Eles vão fazer um exame de sangue.
O sorriso desapareceu do rosto de Fausto.
— Isso é grave.
— Você tem algo que possa me ajudar? — perguntou ela, ansiosa.
Fausto balançou a cabeça lentamente.
— Nada que mude o resultado de um exame de sangue, Selene. Esse tipo de teste não mente.
Selene sentiu o chão sumir sob seus pés.
— Então estou condenada… Você tem mais daquele feromônio com ervas?
Fausto observou-a por um momento, depois tirou um pequeno frasco do bolso.
— Tenho isso.
Selene abriu o frasco, sentindo o aroma forte que preenchia o ar. Sem pensar duas vezes, levou-o aos lábios e tomou um gole.
— Isso é perigoso! — advertiu Fausto. — É apenas uma essência, um perfume! Não foi feito para ingerir!
— Não me importo — disse ela, guardando o frasco vazio.
A caminho da cidade alta, Selene começou a sentir os efeitos. Seu corpo esquentava, e a visão parecia embaçada. O ar parecia mais denso, e cada som ecoava em seus ouvidos de forma distorcida.
Foi então que ela percebeu que estava sendo seguida.
Virando-se em um beco estreito, viu três figuras emergirem das sombras. Seus olhos vermelhos brilhavam na escuridão. Híbridos de vampiros.
— Olha só quem temos aqui… — disse o primeiro, com um sorriso sinistro.
— Uma lobinha perdida na cidade baixa — zombou o segundo.
Selene tentou recuar, mas suas pernas tremiam.
— Não sou uma loba — disse ela, com a voz trêmula.
Os híbridos riram.
— estamos sentindo seu cheiro, princesinha… mas pouco importa, não precisamos que você seja. Só precisamos do seu sangue.
Selene lutou contra a vertigem, tentando se concentrar.
— Não cheguem perto — alertou, tentando soar firme.
— Ah, mas estamos com fome… — disse o terceiro, aproximando-se ainda mais.
Ela tentou correr, mas suas pernas fraquejaram. Antes que pudesse reagir, foi cercada.
— Isso vai doer só um pouco — sussurrou um dos híbridos, antes de agarrar seu braço.
Selene lutou com todas as forças, mas sabia que estava em desvantagem. Seu disfarce, sua sobrevivência — tudo parecia estar desmoronando.
— Não lute, querida — zombou um deles, passando a língua pelos lábios. — Vai acabar mais rápido.
Ela tentou puxar o braço, mas o aperto era firme demais. Seu coração batia descontrolado, e o efeito do feromônio que havia tomado deixava seus sentidos confusos. Sua visão estava turva, e o ar parecia pesado, quase sufocante.
— Por favor… — murmurou, sentindo o desespero tomar conta.
Antes que pudesse reagir, um dos híbridos avançou, as presas brilhando sob a luz fraca do beco.
Um rugido profundo ecoou nas sombras, fazendo até mesmo os híbridos pararem por um momento. O som reverberou como trovão, carregado de autoridade e ameaça.
— O que…? — um deles começou, virando-se na direção do som.
Das sombras emergiu uma figura alta e imponente. Darius. Mas não o Darius que Selene conhecia.
Ele estava transformado — seus olhos brilhavam com um tom âmbar feroz, e sua pele parecia mais escura sob a luz fraca. Os dentes expostos em um rosnado ameaçador, e as garras afiadas reluziam sob a luz fraca.
— Saiam daqui — ordenou ele, a voz gutural, carregada de poder lupino.
Os híbridos recuaram, mas não o suficiente.
— Isso não é da sua conta, lobo — disse um deles, tentando soar confiante. — Estamos com fome.
— E vocês escolheram a presa errada — disse Darius, avançando um passo.
Em um piscar de olhos, ele se lançou sobre o híbrido mais próximo, suas garras rasgando o ar. Os outros tentaram reagir, mas Darius era mais rápido, mais forte. Ele atacava com precisão mortal, um predador em plena caçada.
Selene assistia, assustada e fascinada ao mesmo tempo. A forma lupina de Darius era aterradora, mas havia algo nele que a fazia se sentir… segura.
Em poucos minutos, os híbridos restantes fugiram, desaparecendo nas sombras.
Darius permaneceu parado por um momento, respirando pesado, o peito subindo e descendo. Então, lentamente, ele se virou para Selene, os olhos âmbar ainda brilhando na penumbra.
— Está machucada? — perguntou, a voz grave e controlada.
Selene tentou responder, mas não conseguiu. Suas pernas tremiam, e ela sentiu que poderia desmaiar a qualquer momento.
Darius se aproximou devagar, ainda na forma lupina. Sem dizer nada, ele pegou seu braço e o examinou, como se procurasse por ferimentos.
Antes que ela pudesse entender o que ele faria, Darius passou as garras sobre o braço dela, criando um pequeno corte.
Selene arfou, surpresa pela dor repentina.
— O que você está fazendo? — perguntou, tentando puxar o braço.
— Volte para a Academia — disse ele, a voz voltando a ser fria e distante. — Amanhã, você fará o exame de sangue. E precisa estar pronta.
Selene assentiu, sem discutir. Enquanto caminhava de volta à cidade alta, o corte em seu braço parecia queimar, como se a marca de Darius fosse mais do que apenas um ferimento.
Era uma promessa. Uma advertência. Ele sabia seu segredo.
Selene despertou com a cabeça latejando e o corpo pesado, como se tivesse sido atropelada por uma carruagem. Sua pele ardia, especialmente o braço esquerdo, onde sentia uma dor latejante. Quando tentou se mexer, soltou um gemido baixo.— Senhorita Arctos? — chamou uma voz feminina, suave, porém insistente.Selene piscou algumas vezes até focar na mulher de uniforme da Academia, que a observava com uma mistura de impaciência e preocupação.— Levante-se. A senhora Irina e o senhor Thornheart estão esperando. É hora do exame.O coração de Selene acelerou. O exame de sangue.Ela se arrastou para fora da cama, percebendo que ainda usava a mesma roupa da noite anterior. O frasco de feromônio agora vazio estava em sua bolsa. O que eu fiz? Pensou. Sentia o corpo quente, como se estivesse febril, e cada passo parecia pesado.A funcionária a guiou pelos corredores silenciosos até o laboratório da Academia. Selene tentou ignorar o cheiro doce que exalava de si mesma, mas a intensidade do aroma e
Selene permaneceu enclausurada por dias, presa a um quarto simples e abafado, sem janelas ou qualquer forma de ventilação. O ar pesado parecia saturado pelo cheiro que emanava de sua pele, resquícios de um feromônio que ainda se recusava a desaparecer por completo. Mesmo após o fim do cio, o aroma característico dos híbridos lobo não deixou seu corpo, tornando-a ainda mais evidente entre os outros. O tempo passava em uma névoa indistinta enquanto ela tentava recuperar o controle sobre seu próprio corpo, sobre sua própria vontade. Mas o medo continuava ali, rastejando sob sua pele.Os boatos se espalharam rápido. Em pouco tempo, toda a Academia sabia da híbrida que entrara no cio, algo impensável. O espanto deu lugar ao fascínio, depois à especulação. Muitos a viam como uma aberração; outros, como um mistério a ser decifrado. Suas colegas, que antes a ignoravam ou desprezavam, agora a observavam com um misto de inveja e incômodo. Como era possível que Selene, filha de uma loba solitári
O primeiro baile do ano se aproximava, e a tensão na academia crescia a cada dia. As meninas se preparavam com esmero, escolhendo vestidos luxuosos e maquiagens impecáveis, tudo planejado para atrair a atenção dos alfas. Para elas, era uma oportunidade de conquistar aqueles que governavam o mundo e podiam mudar suas vidas com um único olhar. Mas, para Selene, a expectativa da noite era sufocante.Diferente das outras, ela não tinha a intenção de se tornar um prêmio. Era humana, e humanos não podiam se envolver com híbridos de lobo. O simples toque de um alfa selaria seu destino de forma trágica. Casar-se com um deles significaria sua morte inevitável. Essa era a regra implacável de seu mundo.Mesmo assim, não tinha escolha a não ser comparecer ao baile. Para sua sorte, desde que ingerira a essência com feromônios, o cheiro lupino não sumira, a deixando ao menos segura, já que como estava sendo extremamente observada, sair da cidade Alta para comprar mais essência, era impossível. Na
— É claro que não é humana; se fosse, Selene, você acha que estaria aqui? — Darius sorriu, um brilho desdenhoso nos olhos. Ele se aproximou com calma, mas sua presença dominadora tornava o ambiente sufocante. — Engraçado você ter tanto medo de um alfa. Nunca quis estar com um homem? Sentir prazer?As palavras a atingiram como um golpe, deixando um gosto amargo na boca. Um nó se formou em seu estômago, e, por um instante, Selene sentiu as pernas fraquejarem. Mas não podia ceder. Ele queria exatamente isso: ver sua expressão se desfazer em vulnerabilidade.— Eu… — tentou dizer algo, mas sua voz morreu antes de sair completamente. Humilhação queimava sob sua pele. Como ele ousava?— Nunca se sentiu atraída por um homem? Nem mesmo por um alfa? — Darius insistiu, a voz sedosa, carregada de desafio.Selene desviou o olhar, lutando para manter a compostura.— Eu não sou esse tipo de garota… — murmurou, esforçando-se para manter o tom firme.Ele soltou uma risada baixa, cheia de escárnio.— M
Naquela tarde, o alojamento de Selene fervilhava de animação. As garotas riam e tagarelavam enquanto pacotes luxuosos eram entregues, envoltos em fitas de cetim e embalagens sofisticadas. Cada presente parecia ser um troféu silencioso, um reflexo de status e atenção. Os olhos brilhavam de expectativa, os sorrisos eram largos, mas Selene sentia-se alheia àquele frenesi.Ao entrar no quarto, seu coração disparou ao ver a pilha de caixas sobre a cama. Não eram apenas lembranças triviais. Roupas de grife, sapatos impecáveis, joias reluzentes. Tudo parecia exagerado, excessivo. No meio de tantos luxos, algo prendeu sua atenção: um pequeno envelope repousava ao lado de uma rosa negra, tão perfeitamente preservada que exalava um perfume suave e envolvente.Com dedos hesitantes, Selene pegou o bilhete. A caligrafia era elegante, desenhada com precisão e intenção. As palavras eram simples, mas carregadas de significado:"Para a bela Selene, Que me fez esquecer o mundo por uma noite. Que esta r
Após uma semana do baile, o nome de Aiden Vasquez ainda pairava nos corredores da academia, sussurrado entre risinhos e comentários cobiçosos. Ele era um dos alfas mais influentes e desejados, e o fato de ter demonstrado interesse por Selene não passou despercebido. Era a primeira vez que ele se interessava por alguém e toda a academia estava ansiosa, curiosa para seu próximo passo.A constatação de que ele com toda certeza já havia escolhido sua luna, veio na sexta-feira à tarde, quando Selene encontrou um bilhete delicadamente perfumado em sua mesa. As palavras eram diretas, sem espaço para recusas:"Selene, Gostaria que me acompanhasse amanhã para um passeio. Aguardarei você às dez horas, próximo ao portão principal."Ela segurou o papel entre os dedos, hesitante. A ideia de aceitar o convite fazia seu coração acelerar, mas recusar Aiden Vasquez poderia ser uma afronta perigosa, madame Irina ficaria sabendo e voltaria a persegui-la. No fundo, sabia que sua escolha já estava feita.
O tempo na academia passava mais rápido do que Selene imaginava. Em três meses, ela já se sentia parte daquele mundo, tão diferente de tudo o que conhecia. Não havia mais a sensação de deslocamento ou a hesitação ao atravessar os corredores de pedra. Agora, cada canto do imenso edifício lhe parecia familiar, os rostos antes desconhecidos se tornaram comuns, e as aulas, que antes eram desafiadoras, passaram a ser parte de sua rotina.E, claro, havia Aiden.Havia um mês e meio que saíam juntos. Passeios por bosques floridos, visitas a vilarejos charmosos, tardes tranquilas sob o céu dourado do entardecer. Ele sempre segurava sua mão, seu toque leve e deliberado, como se quisesse que cada momento fosse gravado em sua pele. E naquela tarde, com um sorriso satisfeito, ele lhe prometera algo novo: uma viagem na próxima temporada. A promessa pairava em sua mente, aquecendo seu peito de um jeito que ela não queria admitir.Mas sua vida na academia não se resumia apenas a encontros românticos.
Selene caminhava pelos corredores da Academia, sentindo cada passo pesar mais do que o anterior. O ar lhe parecia denso, como se as paredes ao redor estivessem se fechando sobre ela. Seus dedos tremiam levemente, mas manteve os punhos cerrados para esconder o nervosismo. O exame de sangue aconteceria naquela manhã, e seu destino parecia selado.Ao entrar na sala onde o exame seria realizado, encontrou Darius já lá, recostado contra a parede, braços cruzados. Seu rosto estava impassível, mas Selene conseguia sentir o ar de provocação emanando dele. Raiva cresceu dentro dela. Não era justo. O que ela havia feito de tão grave para merecer ser destruída dessa forma? O tempo que passou na Academia havia sido um sonho, um vislumbre de uma vida que nunca teria na Cidade Baixa. Se fosse morrer, que fosse com a lembrança desses meses. Mas Darius precisava mesmo garantir que fosse humilhada antes?Ela se sentou na cadeira, forçando-se a respirar fundo enquanto uma enfermeira prendia o torniquet