A noite foi intensa, carregada de sentimentos e desejos que ambos reprimiram por tempo demais. Foi a primeira vez de ambos, mas, de alguma forma, seus corpos sabiam exatamente o que fazer. Cada toque, cada beijo, cada movimento parecia natural, como se fossem feitos um para o outro.Selene nunca havia pensado realmente naquele momento, não tinha expectativas, não fantasiava sobre como seria… Mas foi maravilhoso.Darius era intenso, ao mesmo tempo cuidadoso. Suas mãos percorriam cada parte de seu corpo como se quisessem memorizá-la, como se soubesse que, depois daquela noite, tudo mudaria para sempre.Ela se entregou a ele sem hesitação, sentindo o calor de sua pele contra a sua, os músculos tensos sob seus dedos, o cheiro amadeirado e levemente selvagem que a envolvia. Sentiu cada sensação como uma descoberta nova e viciante.Quando seus olhos se encontraram no escuro do quarto, Selene sussurrou, sem nem pensar nas palavras que saíam de seus lábios:— Eu acho que te amo.Darius não re
O dia do aniversário de Selene finalmente havia chegado, mas ela não poderia estar mais triste. Sua carta não havia recebido resposta, e, pior do que isso, Aiden havia confirmado presença na festa. Como aquilo não o afetara? Por que ele ainda queria estar ali?Selene sentia-se sufocada pelo vestido luxuoso que vestia. O tecido era de um azul profundo, quase negro, bordado com fios de prata que brilhavam à luz. O corpete realçava sua silhueta esguia, e a saia fluía como uma cascata ao redor de seu corpo. Seu cabelo foi preso em um penteado elaborado, com mechas soltas emoldurando seu rosto, e a maquiagem realçava seus olhos e lábios, deixando-a ainda mais etérea. Era tudo deslumbrante, digno de uma futura Luna. Mas, ao se encarar na penteadeira do quarto, Selene via apenas uma garota infeliz.Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos.— Entre. — sua voz saiu sem ânimo.Astrid surgiu na porta, seu olhar pousando sobre Selene com uma expressão neutra.— Você está linda. — disse, a
As semanas seguintes foram exaustivas para Selene. O treinamento para noivas, que no início consistia apenas em aulas de etiqueta e postura, logo se intensificou. Agora, além das intermináveis lições sobre protocolo e deveres de uma Luna, havia sessões diárias de dança, jantares formais e simulações de reuniões políticas. Tudo isso lhe causava náusea. Ela não se via como a futura esposa de Aiden, tampouco queria assumir esse papel. Mas ninguém parecia se importar com o que ela queria.A única coisa que a mantinha sã eram seus encontros secretos com Darius. Sempre que podia, escapava para vê-lo. Às vezes, dentro da própria academia, arriscando-se nos corredores pouco movimentados. Outras, em lugares mais afastados da Cidade Alta, onde o olhar de Aiden não poderia alcançá-los. Com o tempo, Selene passou a sentir que já não tinha muito a perder.Então veio o primeiro passeio oficial com Aiden após o anúncio do casamento. Ele a pegou de carro, dirigindo sem dizer uma palavra. O caminho fo
O desaparecimento de Selene foi notado antes mesmo do amanhecer. A academia Lupiére era um ambiente rigoroso, onde a ausência de uma aluna de alto escalão não passaria despercebida por muito tempo. Quando perceberam que Selene não estava em seu dormitório, os superiores foram acionados imediatamente. Aiden foi o primeiro a ser notificado.O sangue ferveu em suas veias. Algo estava errado. Muito errado. Selene nunca se ausentaria sem um motivo grave. Seu primeiro pensamento foi Darius.O céu ainda estava escuro quando Aiden chegou à casa dele. Não se deu ao trabalho de bater de forma educada. Em sua forma lupina, seus punhos cerrados golpearam a porta com força, fazendo a madeira estremecer sob o impacto. Quando não obteve resposta rápida o suficiente, a fúria o dominou e, com um único movimento violento, arrombou a entrada.Darius despertou sobressaltado, sentindo a pressão do perigo antes mesmo de entender a situação. Ainda sem camisa, avançou pelo corredor apenas para encontrar Aide
Selene puxou o capuz para cobrir os cabelos enquanto andava apressada pelas vielas estreitas da Cidade Baixa. O ar cheirava a fuligem e ao suor das pessoas que trabalhavam sem descanso. Ali, o sol parecia nunca brilhar de verdade, e as sombras dos altos muros da Cidade Alta lançavam um lembrete constante de onde ela e todos os humanos pertenciam: abaixo.A taberna Luar Pálido era seu destino. Trabalhava lá há meses, limpando mesas e servindo clientes. O dono, um velho rabugento chamado Boris, nunca a tratara bem, mas o pagamento era suficiente para manter o teto sobre sua cabeça e algo para comer.Assim que entrou, Selene foi recebida pelo burburinho das conversas. Híbridos de lobo dominavam a maioria das mesas. A Cidade Alta ficava logo além dos muros, e muitos dos que passavam pela taberna iam em direção à Academia Lupiére — um lugar reservado apenas para mulheres-lobo de linhagem pura.— Chegando tarde de novo? — rosnou Boris do balcão.— Sim, senhor — respondeu Selene, abaixando a
O dia da admissão na Academia Lupiére finalmente chegou. Selene, agora Selene Arctos, estava diante do imponente portão de ferro que separava a Cidade Baixa da Cidade Alta. O brasão da Academia, uma lua crescente envolta por um lobo, brilhava no metal negro, refletindo a luz do sol nascente.Ela vestia um vestido simples, mas elegante, e mantinha o capuz erguido para esconder parcialmente as orelhas falsas. Seu coração batia acelerado, mas ela sabia que não podia vacilar.— Documentos? — pediu o guarda híbrido que vigiava o portão.Selene entregou o envelope lacrado. O guarda abriu, analisou o conteúdo e cheirou o papel, como se esperasse identificar algum cheiro humano. Selene conteve a respiração.— Selene Arctos? — perguntou ele, olhando-a de cima a baixo.— Sim.O guarda assentiu e abriu o portão.— Bem-vinda à Cidade Alta. A cerimônia de admissão começa ao pôr do sol.Selene entrou, sentindo o peso do portão se fechando atrás dela. Era isso. Estava dentro.As ruas da Cidade Alta
O primeiro dia de lições havia começado, e Selene estava determinada a se manter discreta. Cada aula era um teste constante de postura, comportamento e controle. A Academia Lupiére não era um lugar de aprendizado comum — era um campo minado, onde qualquer deslize poderia custar caro.Logo pela manhã, Madame Irina reuniu as jovens no salão principal.— A essência de uma Luna não está apenas em sua beleza ou graciosidade. Está em sua capacidade de observar, adaptar-se e sobreviver. Hoje, iniciaremos o treinamento de estratégia e dissimulação.Selene sentiu os olhares das outras jovens sobre si — algumas curiosas, outras desconfiadas. Mas foi um par de olhos em particular que a fez estremecer.Darius Thornheart estava encostado em uma das colunas do salão, os braços cruzados, observando cada movimento. Ele parecia desinteressado, mas Selene sabia que era apenas fachada.Madame Irina continuou:— Uma Luna deve ser capaz de manipular as percepções ao seu redor, convencer um oponente e se p
Os dias de teste na Academia Lupiére foram intensos. Selene enfrentou provas físicas exaustivas, treinamentos estratégicos e desafios que exigiam controle absoluto sobre seus instintos. Cada etapa parecia projetada para expor fraquezas, mas ela se recusou a falhar. Com determinação e inteligência, passou por todas as avaliações, surpreendendo até os mais céticos.Quando o último teste chegou ao fim, Selene recebeu seu uniforme oficial da academia. Agora, vestida como uma verdadeira aprendiz de Luna, ela se juntava às demais alunas nas aulas rigorosas de liderança, estratégia e combate. O perigo de ser descoberta ainda rondava seus pensamentos, mas, por enquanto, ela estava dentro.Em seu primeiro dia como aluna oficial, a manhã começou como qualquer outra. Selene se esforçava para acompanhar a aula de etiqueta enquanto Madame Megan corrigia a postura das alunas com um olhar afiado.— Coloquem-se como Lunas. Não há espaço para hesitação ou dúvida.Selene ergueu o queixo, ajustando-se