- Non è quello che ho chiesto. Rispondi alla domanda – o homem desenrola um italiano impressionantemente bom, e eu só sei disso porque estive com os melhores professores de idiomas."Não foi isso que eu perguntei. Responde a pergunta"- Che cazzo ti aspetti che faccia? – ele continua."Que porra você espera que eu faça?"Eu paro quando percebo que estou próxima demais. A porta da sacada está parcialmente fechada, deixando apenas uma fresta. Eu posso ver o terno cinza escuro do homem, seu cabelo castanho, mas não seu rosto. Ele está de costas para mim, segurando o celular em uma mão enquanto a outra está fixa no parapeito da sacada.- No, la risposta è no."Não, a resposta é não"Eu deveria ir embora antes que meu sumiço se torne suspeito. No entanto, algo na postura deste homem me faz lembrar de Bruce Campbell. E algo estúpido em minha mente quer ficar aqui para descobrir se é ele.Eu nunca o ouvi antes. Eu estava atordoada demais para prestar atenção naqueles sussurros no armário. Ma
LEBLANC...Elliot Donneli é um político comum, tão corrupto e mesquinho quanto qualquer outro. Mas ele montou um bom personagem, tanto que chegou à presidência. Às vezes, ele dá uma gota de água aos pobres e ganha o amor deles. Porque para quem sempre teve nada, qualquer coisa é muito.O senador Mares não é diferente. As cédulas de dinheiro são tudo que preenchem sua mente. Nos cinco minutos de conversa que tivemos, percebi que ele me venderia seus próprios filhos se eu fizesse uma proposta.– A taxação de impostos é um absurdo – Mares comenta.Quando eu verifiquei a vida de Angelic, cheguei ao nome de Vicenzo Mares, seu namorado, ou coisa do tipo. Ele está entrando na política, provavelmente porque seu pai tem um legado. Tive que averiguar a vida do senador, para entender o quebra–cabeça todo. Casado, pai de três filhos, investidor e, a título de curiosidade, pedófilo.– Eu preciso fazer uma ligação. Com licença – digo. Antes da resposta deles, me afasto.Caminho até o jardim da mans
Ela sabe. Este é o dom de toda pessoa aventureira: a capacidade absurda de observação. Ela sabia que não estava conversando com um padre da diocese. Todavia, não posso deixar de me perguntar em que momento ela descobriu que era eu, o suposto Bruce Campbell, dentro do confessionário.– Eu não sei do que a senhorita está falando – minto.– Meu pai contratou você para me vigiar?Ela dá um passo à frente. Sua aproximação me permite sentir seu perfume. Não é inovador, mas é doce e feminino. Eu confesso que esperava algo mais marcante vindo de Angelic, mas não estou necessariamente desapontado.– Talvez – respondo, depois bebo um gole de água.– Se eu fizer alguma besteira, você vai correr para contar para ele?– Se você fizer alguma besteira, como eu ficarei sabendo?– Eu pensei que você fosse deus – ela ergue uma sobrancelha, sarcástica, e o sarcasmo é a forma mais medíocre de humor.– Você quer saber se estou sendo pago para vigiar você? Tente a sorte. Faça alguma besteira – desafio.Vej
ANGELIC...O barulho no jardim me faz acordar. Os funcionários estão organizando a área externa após a festa de ontem. Coloco o travesseiro sobre a cabeça e tento continuar dormindo, mas é impossível. Desisto.Mesmo contragosto, levanto da cama e visto o robe sobre a camisola. Minha cabeça está latejando, em partes por não ter dormido o suficiente, mas não posso negar que, noite passada, fiquei rolando de um lado para o outro na cama, sem conseguir dormir, pensando na conversa que tive com Bruce.Eu sabia, desde o momento em que entrei na sala do confessionário, que o Padre Bee não estava do outro lado da tela. A respiração do Padre é suave e pesada, com espaços curtos entre as expirações. E, mesmo assim, eu me confessei. Eu queria, desesperadamente, me confessar para alguém que não fosse contar meus pecados para meu pai depois.Após escovar os dentes e lavar o rosto, desço para o primeiro andar. A mesa já está posta com o café da manhã, porém Margot e Elliot ainda não desceram. Fecho
Nova Iorque está longe de ser uma das cidades mais quentes do mundo, mas, pelo amor de Deus, desde quando o sol está tão próximo da Terra?Este deve ser meu terceiro mergulho dentro de dez minutos, e a cada segundo a água parece estar menos fria. Eu mal consigo me concentrar na aula de Pontes e Grandes Estruturas.Eu subo as escadas da piscina e saio da água, depois caminho até a mesa sob guarda-sol. Skyla está digitando em seu Macbook, mas não parece estar minimamente interessada na atividade. Diga-se de passagem, ela está mais interessada no professor desta matéria.Existem poucas pessoas na lista verde de Elliot e, felizmente, Skyla é uma delas. Talvez pela posição social de sua família, já que meu pai vê negócios em todas suas relações. Mas, de qualquer forma, eu fico feliz em saber que minha amizade com ela é aceita.- Pontes e Grandes Estruturas - ela zomba - A única coisa que eu vou construir é uma casinha para meu cachorro.- Seu professor acha que isso é importante para sua v
Um som vindo da cozinha é ouvido. Não tenho certeza, mas creio que tenha sido um copo de vidro sendo estilhaçado no chão. Neste instante, Bruce balança a cabeça, como se estivesse saindo de um devaneio.- É melhor você se vestir - ele finalmente diz.Eu poderia pegar a toalha que ele estende para mim e correr para o quarto, porque é o que uma menina religiosa faria. Mas, de alguma forma, a rouquidão de sua voz e o olhar que ele acabou de destinar a mim me prendem. Eu pego a toalha de sua mão e volto a envolver meu corpo.Ele desvia o olhar para as portas de acesso ao jardim, como se as plantas lá fora fossem mais interessantes do que a pessoa diante dele. E para reforçar o afastamento entre nós, Bruce dá um passo atrás.- Obrigada - digo.Só quando estou vestida, na medida do possível, ele volta a me encarar. Desta vez, Bruce olha para meu rosto, mas não exatamente para meus olhos.- Não por isso.Caminho em direção às escadas, mas paro. Aquela parte de mim que morreria por uma gota d
LEBLANC...Quando saio da residência do presidente, Peter, o motorista, já está com o Tesla estacionado sob a marquise. Ele sai do carro quando eu me aproximo e estende o cartão–chave. Assim que pego o cartão e entro no carro, sinto o celular vibrar no bolso da calça. É um número desconhecido, mas levando em consideração que eu o passei apenas para uma pessoa na América, sei quem é.– Detetive – saúdo.– Sr. Campbell – Kevin Pierce murmura.Ouço o barulho da delegacia através do celular. Os telefones tocando incessantemente, as conversas paralelas e as teclas dos computadores sendo apertadas. Consigo ficar estressado só de idealizar o ambiente.– Surgiram novas dúvidas na investigação do atentado – ele informa.Dou partida no carro e dirijo para fora da propriedade Donneli.– Então estão no caminho certo.– Sabe... eu ouvi algumas sobre o senhor – o barulho é abafado, então provavelmente Pierce entrou em uma sala fechada.Ele está blefando. É impossível que Pierce saiba algo sobre um
ANGELIC...A verdade é que estamos afundando. Meu pai nunca diria o quanto, mas eu sei. Margot não fez compras exageradas esta semana, o número de funcionários foi reduzido e a campanha de Elliot Donneli está praticamente parada. Para um político, este é o fundo do poço. Margot até tentou fazer um chá da tarde com suas amigas – esposas de políticos – hoje, mas não teve sucesso. Apenas cinco compareceram.Caminho até a mesa de jantar, onde meu pai e Margot estão sentados, e tomo meu lugar ao lado esquerdo dele. Pego o guardanapo e coloco em meu colo.– Boa noite – digo. O clima ao redor na mesa é fúnebre.– Boa noite – Margot responde. Ela pega o guardanapo e coloca em seu colo, um tanto quanto bruscamente. Meu pai suspira.– O que está acontecendo? – pergunto. Aos poucos, a fome que eu sentia quando saí do quarto some.– Diga à ela – Margot incita.Olho de um para o outro, tentando captar algo. Desde que meu pai foi diagnosticado, os problemas não pararam de surgir. Ele continua sendo