O som das águas da praia sempre passa calmaria, uma paz que não deve ser refutada, tão pouco achada em outro lugar. O som das aves no céu e até mesmo o vento que passa ao redor cobrindo seu corpo de frio e arrepios gostosos. Tudo isso numa brisa gostosa de fim de tarde. E mais perfeito que o som de tudo isso, é a deliciosa voz de Levi Santiago, toda as vezes que chama por sua amada. O tom forte e grosso, mas cheio de carinho e uma obsessão gananciosa. Seria pelo tempo que passaram separados e agora ele estava tentando colocar tudo no lugar? Nem mesmo se passasse mil anos. Jamais a dívida seria paga. Foram sete anos separados, e sete anos mudam muita coisa. No entanto, o amor deles não mudou, tão como o desejo ardente por aquela mulher, sua carência dos carinhos dela, da voz dela, dos cabelos, cheiro, dela por inteira... Nada mudou, mas se intensificou ao ponto de não aguentar sequer ficar longe de seu corpo.
— Acordou cedo hoje. – Ele sentou ao lado dela, que sorriu ao sentir os lábios quentes subindo por seu braço e só parando quando encontrou seus lábios os convidando para um beijo doce. Um beijo doce demais, como um convite para a cama. Ou tudo isso era coisa da sua cabeça? — Ficamos aqui duas semanas. A lua-de-mel mais linda da minha vida. Não que eu tenha tido outras antes. — Mas terá outras comigo. Esse lugar é lindo e único porque comprei dois anos atrás. — Virou um negócio comprando ilhas? – Levi negou rindo — Eu sei que você é rico. Não precisa esfregar na minha cara. Os dois tornaram a sorrir, porém, Levi a trouxe para seu colo, encarou os olhos verdes que tanto amava, nossa, como amava aquela mulher. — Nós somos ricos, muito ricos. Tudo que é meu é seu agora. Inclusive se quiser ficar mais tempo. Ficamos. — Duas semanas é o suficiente para mim. Nunca fiquei tão longe assim das meninas. Estou com saudades das crianças. Aquela casa deve estar uma bagunça só. — Está com certeza. Sabe a baba do Mael? Ela está lá porque ele gosta muito dela, não porque é competente. Ele fez todas as outras babas se demitirem, a Oli é a única que o coloca na linha. — Ela é especial para seu filho, como uma melhor amiga. Não deixe que ela vá embora do nada. – O homem concordou — Eu nunca tive babá, revezava com a minha vó ou o Maurício para nunca deixar elas sozinhas porque são completamente maluquinhas e adoram festejar. — Eu deveria ter ajudado. Ajudado com tudo... Mas agora eu posso ajudar e fazer o que vocês quiserem. — Vai devagar, não fale isso na frente delas, se não elas vão montar em você e não vão mais soltar. Elas sabem escutar um não, e apesar de reclamarem depois, obedecem. Não deixe que o dinheiro consuma suas mentes. — A partir de agora, você é quem manda em tudo, então não vou ter esse problema. Não vou dizer o mesmo do meu pai, ele vai estregar nossas filhas como faz com o Mael. Tornaram a rir e a aproveitar todo o resto do último dia que teriam ali. Quando a noite chegou, como de costume, uma lancha estava a posta sob o comando de Levi para levarem o casal até o aeroporto mais próximo. Um jatinho particular no nome de Mael Santiago já os esperava no horário marcado. A viagem de seis horas até Seant novamente trouxe uma felicidade e ansiedade para Mel que desceu do carro quase correndo em frente ao prédio. Não tiveram muito tempo para fazerem mudanças, e após a deliciosa lua-de-mel, muitas coisas iriam mudar, tão como a moradia. O apartamento luxuoso de Levi tinha apenas dois quartos, o dele e o de Mael, não caberia toda uma família ali dentro, porém em uma das discussões sobre onde poderiam morar, Mel descartou totalmente a ideia de irem para a mansão longe de tudo e de todos com tantas lembranças ruins. Ali não, jamais. Abriu a porta do apartamento já na esperança de achar suas crianças sorridentes lhe esperando, mas o que encontrou foi uma placa grande escrito "sejam bem-vindos" e quatro crianças deitadas e enroladas em muitos lençóis ali mesmo. Sorriu encantada, poderia ficar admirando durante o dia todo, porém, antes de se mexer, escutou quando uma das meninas ergueu a cabeça coçando os olhinhos, sentou aos poucos e assim que conseguiu abrir os olhos de vez, teve a surpresa de encontrar sua mãe. O grito chamando por sua querida mãe acordou as outras crianças. Mel se abaixou para receber nos braços a pequena Lara que simplesmente e logo em seguida todas vieram chamando pela mãe que apenas riu. Abraçou suas filhas com todo gosto, estava morrendo de saudades, nunca havia ficado tanto tempo longe das meninas. Aos poucos, Mel abriu os olhos e avistou Mael sentado, se afastou das meninas que correram para Levi que se abaixou para receber. Já Mel levantou novamente e andou até o menino se abaixando ali. Sorriu bagunçando os cabelos do garoto. — Tudo bem, Mael? Você está bem? Eu sei que você não gosta de dormir no chão. — Não gosto, mas queria ver vocês chegarem, meu pai disse que voltaria hoje. Mas dormir bastante com as minhas irmãs. – Mel tornou a sorrir e o ajudou a levantar. — Você cuidou das suas irmãs com muito gosto. É um garoto maravilhoso, Mael. – O garoto sorriu e depois parou, ele não tinha que mostrar tanto entusiasmo, né? Rapidamente foi abraçado por Mel que por mais que não gostasse, se apossou do cheiro dela e logo escutou as garotas chamarem pela mãe e que ela precisava de alguma forma subir para ver o novo quarto e correram escada acima. Mel voltou-se ao menino e beijou deu rosto antes de seguir suas filhas. Mael seguiu com o olhar as mulheres se afastarem e até sumirem, voltou pra frente encarando o pai que riu se aproximando. — Como você está? — A Oli ficou com a gente, mas eu me diverti mais com as minhas irmãs. – Contou sem jeito, mas logo Levi o trouxe para seu colo. — Eu gosto de saber que você tem passado mais tempo com suas irmãs. Elas vão morar conosco a partir de agora, não será mais apenas eu e você. — Elas precisam de um quarto. — E elas terão. Lembra que você disse que queria um quarto apenas para estudos e uma sala de jogos? – Mael abriu um sorriso de orelha a orelha — Estamos pensando em nos mudar para um lugar maior, bem grande com bastantes quartos. — Posso começar a planejar uma nova decoração? – Levi confirmou — Oli pode me ajudar? — Eu ouvi meu nome? – A babá apareceu e os homens viraram na mesma hora, contudo, Levi engasgou quando notou que a senhorita Oli babá incompetente de Mael usava nada mais que uma camisola curta com um decote enorme. Virou Mael para o outro lado que reclamou de ficar "cego". — Precisam de alguma coisa? — Mael acabou de acordar, precisa de cuidados. Mas... Que roupa é essa? – Levi perguntou olhando dos pés à cabeça. — Era festa do pijama e eu dormi aqui todos esses dias e não sabia que você voltava hoje. — Nós voltamos hoje e eu acho que já pode voltar a dormir na sua casa. Pode levar o Mael – Muito a contra gosto, desceu o menino de seu colo para seguir com a babá quase nua. Sabia que se a Mel visse iria falar alguma coisa. Talvez nenhuma mulher gostasse de ver uma babá pelada dentro de casa, certo? Saiu da cozinha subindo as escadas correndo e seguiu pelo pequeno espaço parando na porta de Mael onde as meninas mostravam para Mel como tinham dormido, mas ela só conseguia olhar para a babá. Sabia, isso seria um problema? Passou direto para seu quarto e não esperou muito para Mel aparecer tirando o pequeno elástico que amarrava os cabelos longos. Parou diante do homem que brilhou os olhos ao vê-la tão linda. — Temos algum problema? — As meninas precisam de escola. Uma que elas possam ficar o dia todo. – Levi balançou a cabeça concordando e a viu sair dali indo direto para o banheiro. — É só isso? – Ele a seguiu até o banheiro onde Mel terminava de tirar a roupa — A Oli não se vestia daquele jeito. E sobre a escola, porque elas precisam ficar o dia todo? — Elas são acostumadas desse jeito. Não quero que mude. — Posso arrumar vagas na mesma escola de Mael. É algo grande, elas vão gostar. — Elas não vão gostar da ideia de ficarem na escola o dia todo, mas podemos garantir que assim que cheguem em casa, tenham os melhores momentos. – Olhou para o marido pelo espelho — Não quero a Oli vestida assim perto dos meus filhos. — Sem demissões... Mael adora a Oli, ela como uma mãe pra ela, embora eu saiba que ele é apaixonado por ela. Mel o encarou por mais um tempo e deu as costas seguindo para o box. Aquilo era um aviso? Tinha que demitir a Oli? Será que tinha entendido mesmo?— Escola nova? – Luna questionou diante da mesa de jantar. Encarou sua mãe, completamente chocada com toda a informação. — Quer dizer que voltaremos a estudar? — Vocês acham que vão ficar a toa dentro de casa e sem estudo? – Luna assentiu. — E como vocês terão uma profissão? Só pode trabalhar quem estuda para ter uma profissão. Meu pai falou isso – Mael se prontificou a falar tomando a atenção da mesa para si — Inclusive, vocês já sabem o que querem ser? — Eu quero ser uma blogueira famosa. – Luna rapidamente anunciou. Uma modelo internacional. Mel acabou sorrindo, sabia exatamente do sonho de todas as suas filhas. — Você descobriu que queria ser blogueira agora? Eu não sabia que isso era uma profissão. Pai isso é uma profissão? – Mael questionou ao pai e todos da mesa voltaram ao centro que mesmo calado acabou se envolvendo ali. — Sim. E se sua irmã quer ser uma blogueira, ela vai ser. Assim como você que quer me substituir na empresa. — Claro, eu sou o filho homem. — Mas nó
Depois de tudo que escutou, Mel retornou as escadas para o quarto do seu marido amável, precisava conversar sobre algumas coisas sérias para continuarem ali. Não queria mudar nada por ali, mas também não aceitaria ser desrespeitada, então alguém tinha que escutar alguma coisa. Sem contar que já tinha passado por isso e ganhou. E só lembrar isso, sentiu os pêlos arrepiar ao ver Becca diante de seus olhos como se estivesse bem ali, na sua frente, mas isso era um sonho distante. Abriu a porta do quarto se deparando Levi terminando de se vestir enquanto falava ao telefone, Mel por alguns segundos se deliciou com a imagem maravilhosa, mas não podia dormir para sempre, precisava urgentemente ter uma conversa sem ser na cama.— Isso Mirella, elas não podem mais perder um dia sequer, pague o quanto for necessário. – Virou para Mel entrando no quarto, não saberia explicar, mas o amor e o desejo que sentia por ela, era grandioso demais para continuar apenas olhando... Não, calma, relaxa! — Obr
— Eu não estou com fome – Mael repetiu pela terceira vez só naquele minuto enquanto olhava para Oli escolher algo para comer — Eu tomei café antes de sair, você viu, e eu adorei o que a Mel fez.— A você gostou, foi? Não vai me trocar por aquela mulher, não é? – Oli pagou rapidamente e saíram do café.— Não é questão de trocar você pela esposa do meu pai. Ela é a minha mãe agora entendeu? – Oli abriu a porta para o garoto entrar — Meu pai disse que não posso ir no banco da frente, não tenho altura e nem idade.— Entra logo, vamos conversar – Bateu a porta e rodeou o carro antes de entrar — Eu sei que ela é a esposa do seu pai, mas eu sou sua babá. Estive com você a mais tempo, ela não pode chegar e já começar a te acordar e fazer café, essa não é sua rotina. Por causa dela nem tomamos café direito juntos.— Mas quem devia fazer esse trabalho é você mesmo. Mas eu acordo sozinho e tomamos café aqui, e nem é bom.— Mael... Você nunca reclamou disso. Até me falou que era saboroso.— É, an
— Não está se sentindo bem? Me mande o endereço, eu vou até ele agora mesmo.— Quem está falando? É a senhorita Oli? Eu liguei certo? Se for a senhorita pode avisar ao Sr. Santiago?— É a Mel, sou a esposa do Levi e mãe do Mael, por favor, me manda o endereço agora.A mulher não questionou, passou o endereço sem discutir e desligou o telefone. Mel correu até a livraria onde achava que encontraria Levi, mas correndo pelos corredores não achou nem suas filhas. Mael não podia esperar mais, iria até a escola e o ajudaria, logo voltaria para o shopping e tudo seria explicado.Pediu um carro ao chegar na portaria e dando o endereço, não demorou para chegar ao colégio, contudo, se apresentar como esposa de um homem rico sem quase nenhum documento em mãos poderia ser um grande problema, mas não para Mel, desde o primeiro casamento do homem mais bonito de Seant, todos seguiam quaisquer fofocas a respeito dele, quando Mel chegou, foi reconhecida por todos e levada até a enfermaria.— Mael... –
— Do que está falando? Ela é a única que Mael aceita. E ele precisa de alguém que cuide dele sempre. — Realmente, ele precisa de alguém que cuide dele sempre e direito e ao que tudo indica, não é a babá. – Levi encarou sua esposa, agora mais sério. Entendia o quanto Mel queria se tornar a mãe de Mael, e dentro do seu coração, aceitava assim, mas ela também tinha que entender que Oli sempre esteve presente, ao menos desde que se lembrava. Mael nunca quis uma babá, dizia que se virava sozinho, mas ligava para Levi pelo menos umas 30 vezes por dia. E ele ia, abandonava tudo para estar com seu filho, porém, a ajuda que Oli ofereceu tomando um pouco dos trabalhos para si, foi grandiosa. Ele era grato, e mais grato ainda por seu filho exigente de contentar com ela. — Do que você está falando? – Cautelosamente se aproximou de esposa que desviou o olhar. — Oli cuida bem dele, Mael reclamaria se algo estivesse errado. — Ele não reclamaria, pois gosta dela. A babá não tem uma rotina, a não
Já estava escuro quando Mael abriu os olhos procurando por seu pai. Sentou na cama e avistou o homem sentado sorriu massageando sua cabeça. Chamou pelo pai que levantou o buscando, riu ao sentar na cama depois de um longo abraço. — Acordou faz muito tempo? Eu dormi aqui. Estava te esperando acordar. — Tudo isso só porque vomitei? Foi só um mau estar. Já quero voltar pra casa – Levi assentiu concordando. Queria ir embora mesmo. Tinha cochilado ali, mas o descontentamento de não adormecer nos braços de Mel o fez mal de alguma forma. — Já vamos sair. Tudo que você quiser, mas precisamos conversar. O que estava fazendo e porque passou mal?— Não sei o que deu errado. Acordei todas as manhãs, tomei um café delicioso que a Mel preparou e fui pra escola. Resolvi fazer educação física...— Você resolveu fazer educação física? Tem um problema bem aí.— Pai, eu sou o irmão mais novo das meninas. Eu sou maior. Mas o mais novo. Eu quero ser o irmão mais velho e legal. Por isso eu fui jogar com
Quando Levi voltou para casa, foi recebido por suas filhas esposa que correram para ajudar Mael, estavam preocupadas e queriam de alguma forma ajudar o irmão. Tanto que levaram o garoto para o quarto prometendo que cuidariam de tudo até da comida. Levi não pode fazer nada além de soltar a mão do filho e vê-lo correr escada acima. - Não se preocupe quanto ao cuidado das meninas, elas sabem como animar uma pessoa, mesmo não querendo. Liz ficou muito preocupada e Lara só parou de chorar quando contei que agora elas estarão juntas para estudar - Levi concordou recebendo um doce beijo de sua esposa - Como estão as coisas com a babá? - Vamos sentar agora e falar sobre isso, quero lhe contar que eu e Mael entramos em acordo. - A levou para dentro da sala com cuidado, pois não sabia qual seria a reação final de Mel depois de contar tudo. - Você e Mael entraram em acordo? E eu posso saber que acordo foi esse que foi discutido apenas entre vocês? - Cruzou os braços com um sorriso de canto
Ao amanhecer, Mel saltou da cama como se fosse uma nova época na sua vida. Se preparou para acordar seus filhos e o marido que apenas virou para o outro lado se cobrindo dos pés a cabeça. Não evitou sorrir, Levi realmente tinha mudado e aquilo lhe encheu de emoções. Valeu a pena a esposa. Graças aos céus. Saiu do quarto e antes de chegar ao das crianças, escutou suas vozes estridentes, mas não parecia conversar... Aquilo era uma briga? Abriu a porta de uma vez fazendo todos do quarto lhe encararem. Lara e Luna brigavam por alguma coisa, Mael e Liz estavam sentados na cama assistindo a briga como se fosse um filme. A mulher estreitou os olhos desfilando no quarto, parou diante das garotas que sorriram sapecas. - Que tipo de briga é essa, posso saber? - Cruzou os braços, as meninas se entreolharam e então, Mael levantou. - Eu posso falar pelas minhas irmãs? - Mel balançou a cabeça dando atenção total ao garoto que colocou as meninas para trás. Realmente, Mael era um garoto muito b