Capítulo 2: Encontros e Desencontros

Se achou bonita, mas o sentimento de melancolia voltou a tomar conta dela. A mansão era grande demais, silenciosa demais, e ela se sentia sufocada pelas paredes que a cercavam.

O tédio a invadiu novamente, e Isabela decidiu que precisava sair de casa. Talvez uma tarde de compras no centro da cidade a ajudasse a afastar a monotonia. Além disso, era uma boa desculpa para conhecer um pouco mais sobre o novo motorista, a quem ela mentalmente apelidara de "Sr. Misterioso". Com essa ideia em mente, se arrumou brevemente, escolhendo uma roupa mais elegante, e pegou o celular para enviar uma mensagem a Eduardo.

"Eduardo, gostaria de fazer algumas compras no centro hoje. Posso sair um pouco?"

A resposta não tardou a chegar, e foi exatamente o que ela esperava.

"Estou muito ocupado. Não saia sozinha. Leve o novo motorista com você."

Isabela suspirou. Eduardo sempre preocupado com a imagem pública e a segurança, mas nunca com seus sentimentos. Decidida a aproveitar a oportunidade, chamou Leonardo.

— Leonardo, preciso ir ao centro da cidade fazer algumas compras. Pode preparar o carro, por favor? — disse ela, tentando soar casual.

— Claro, senhora. Estarei pronto em um momento — respondeu Leonardo, com a mesma postura profissional de antes.

Poucos minutos depois, Leonardo estava com o carro preparado. Ele abriu a porta para Isabela, que entrou sentindo uma leve emoção com a proximidade do Sr. Misterioso. Enquanto dirigiam pelas ruas movimentadas de São Paulo, Isabela tentou iniciar uma conversa.

— Leonardo, há quanto tempo você trabalha como motorista? — perguntou ela, olhando pela janela.

— Há alguns anos, senhora. Tive a oportunidade de trabalhar em diferentes lugares e conhecer muitas pessoas interessantes — respondeu ele, mantendo os olhos na estrada. — Estou morando em São Paulo há pouco tempo e o Sr. Eduardo me deu essa oportunidade de trabalho.

— E o que o trouxe para esta cidade? — Isabela continuou, curiosa.

— Busquei novas oportunidades e desafios. Gosto de mudanças, elas nos mantêm alertas — disse ele, com um leve sorriso.

O silêncio confortável pairou por um momento, até que Leonardo fez uma observação humorística sobre o trânsito caótico.

— Às vezes, penso que os motoristas desta cidade acreditam que estão em uma corrida de Fórmula 1. Olhe aquele ali, parece que está tentando ganhar o prêmio de ultrapassagem mais arriscada — comentou ele, apontando discretamente para um carro que ziguezagueava entre as faixas.

Isabela riu do comentário bobo. A risada foi um alívio bem-vindo, algo que ela não sentia há muito tempo.

— É um comentário meio bobo — disse ela, ainda sorrindo.

— Às vezes, o humor é a melhor maneira de lidar com o caos ao nosso redor, senhora — comentou Leonardo, olhando-a pelo retrovisor.

Chegaram ao centro da cidade, e Leonardo estacionou. Antes de sair do carro, ele voltou-se para Isabela.

— Deseja que eu a acompanhe nas compras, senhora? — perguntou ele, sempre cortês.

— Sim, por favor. Pode ser útil — respondeu Isabela, sentindo-se mais à vontade com a companhia dele.

Enquanto caminhavam pelas lojas, Leonardo se mostrou atento e prestativo, mas também soube dar espaço para Isabela fazer suas escolhas. Isabela tinha uma lista de lojas que precisava visitar, e Leonardo a acompanhava de perto, sempre pronto para ajudar. Em um momento, enquanto experimentava um vestido, Leonardo fez outro comentário leve que a fez rir novamente.

— A senhora ficaria maravilhosa até com um saco de batatas, mas esse vestido realmente realça sua elegância — disse ele, com um brilho divertido nos olhos.

Isabela riu mais uma vez, sentindo-se leve e descontraída. A presença de Leonardo era surpreendentemente agradável, e ela apreciava a forma como ele conseguia tornar o dia mais ameno.

Depois de algumas horas de compras, Isabela e Leonardo voltaram para o carro. O trajeto de volta à mansão foi tranquilo, com uma conversa leve fluindo naturalmente entre eles. Isabela percebeu que, pela primeira vez em muito tempo, tinha tido um dia realmente agradável.

— Obrigada, Leonardo. Sua companhia foi muito boa hoje — disse ela, sincera.

— Fico feliz em saber, senhora. Estou aqui para ajudar no que for preciso — respondeu Leonardo, com um sorriso indecifrável.

Chegando à mansão, Leonardo ajudou Isabela com as sacolas e se despediu respeitosamente. Isabela subiu para o quarto, ainda sentindo os resquícios da leveza que o dia trouxera. Olhou-se no espelho novamente, desta vez notando um sorriso genuíno em seu rosto.

Pensou na ironia da situação: conversar com o próprio motorista tinha conseguido trazer emoções que ela, uma senhora rica teoricamente com tudo que o dinheiro poderia comprar, não tinha há muito tempo. Nem viagens, nem compras, preenchiam o vazio que ela sentia. Ela estava se sentindo muito carente. Mas o Sr Misterioso tinha alguma coisa especial em relação a ele. Isabela realmente não conseguia deixar de pensar nele.

Isabela se preparou para a chegada de Eduardo, organizando as compras e arrumando-se para o jantar. Quando Eduardo finalmente chegou, ele estava cansado e distante, como de costume. Durante o jantar, ele falou pouco, focando-se principalmente em seus negócios e no que esperava de Isabela para o próximo evento social.

Após o jantar, Eduardo se trancou em seu escritório dizendo que Isabela não o esperasse para dormir, que ele ainda se demoraria em uma reunião online com clientes estrangeiros.

— Eles estão na China. O fuso horário é um porre. Subirei mais tarde.

Isabela voltou ao seu quarto, sozinha.

Por algum motivo, o Sr. Misterioso ocupava um triplex na cabeça dela. Ele era muito bonito e interessante. E com certeza despertava algo nela que estava adormecido há muito tempo. Ansiosa pelo próximo dia, começou a pensar em que desculpas poderia dar para precisar sair da mansão, apenas para poder passar um pouco mais de tempo com ele. Naquela noite, Isabela dormiu com um leve sorriso nos lábios, esperando ansiosamente pelo que o próximo dia poderia trazer.

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