— Maddie, compareça à sala de sua senhoria para receber seu pagamento.

Estico minhas pernas na cama de casal preguiçosamente e largo o livro na mesma. Visto um roupão e calço os chinelos de dedo, antes de descer.

A noite passada havia sido cansativa. Cinco homens mega milionários disputaram para ter a chance de passar a noite comigo, mas apenas um deles conseguiu.

As vezes era feito uma espécie de leilão. O homem que oferecesse o preço mais alto, era o "sortudo" escolhido para passar a noite comigo.

Ser a garota mais disputada da casa me garantia inimigas. Cíntia, uma loira de olhos azuis com um corpo estonteante, era a pior delas. Ela fazia de tudo para chamar atenção daqueles que me desejavam, mas o tiro saía pela culatra. Eles queriam a mim.

Eles sempre querem a mim.

Bato duas vezes na porta de Marta, antes dela me dizer para entrar. A mulher com seus quarenta e cinco anos, estava atrás da sua enorme mesa de madeira, contando dinheiro.

— Sente-se, querida.

Às vezes, ela era como uma mãe para mim. Toda vez que alguma das meninas, implicavam comigo, ela era a primeira a me defender. Mas não era por menos. Eu era a que mais lhe rendia dinheiro.

— Noite passada foi um sucesso! — Ela sorri. Seus olhos brilhavam, conforme passava aquelas notas de dinheiro. — Aquele velho senhor pagou dez mil! Dez mil, só para dormir com a delicada Tiffany. E aqui está a sua parte. Cinco mil!

A divisão do dinheiro - pelo menos comigo - era assim. Metade para mim e a outra metade era para ela.

— E ele disse que irá voltar. Que você foi super atenciosa e o viciou.

Sorrio.

— Ele foi legal. Eu ainda não acredito que ele pagou dez mil para fazer sexo tradicional.

O velho homem brincou com meus seios e depois me pediu para cavalgar. Duas sentadas depois, ele estava ofegante.

— Ele é um senhor de quase oitenta anos. Não tem cabeça para fazer coisa melhor que isso.

— É, deve ser.

— Minha querida, quero que guarde bem o seu dinheiro. Logo chegará as suas férias e quero que faça uma viagem. Quero que curta.

Férias... até parece que eu iria para algum lugar. Já tem quase duas semanas de trabalho direto e eu nem sequer consegui dormir mais de três horas em uma noite.

— Eu irei guardar bem. Bom, vou subir, fazer algumas coisas e dormir. Tudo bem?

Marta ainda estava focada no dinheiro, mas rapidamente ergue sua cabeça.

— O que? Ah, minha querida... ainda preciso da Tiffany por hoje.

— Mas eu...

— Maddie, o leilão começará as onze. — diz, firme. — Esteja pronta.

Eu assinto para a mulher e me levanto.

Saturada era meu nome do meio. Já tinha dias que eu trabalhava direto e mal conseguia dormir. Tudo o que eu queria era uma folguinha e minha patroa, dinheiro.

Faço meu caminho para a parte de trás do bar, que era onde ficava a nossa cozinha e saúdo Julieta.

— Olá Mad. Como está?

— Com dinheiro. — mostro. — E quero que fique com essa parte.

— Não... eu... eu não posso aceitar, minha filha.

— Juli, você é a que menos ganha aqui e eu a que ganha mais. Quero ajudar você.

— Eu não preciso querida. — ela seca as mãos no avental. — Guarde.

— Eu não sei o que fazer com tanto dinheiro. Tem quanto tempo que cheguei aqui? Cinco meses?

— E meio. — ela sorri. — Desde que você chegou, a casa ficou mais alegre. Eu fiquei mais alegre.

Sorrio e a abraço.

— Eu sei. Você é a melhor pessoa desse mundo todo.

— Eu ainda não sei como você ainda está aqui. Você é tão linda, e tem um bom dinheiro guardado que eu sei. Por que não vai embora?

— Porque aqui é o meu lar. É onde eu realmente me sinto bem.

Ela sorri melancolicamente.

— Isso é tão estranho. As outras estão loucas para sair, mas não ganham bem para isso. Além de gastarem quase tudo que tem em produtos de beleza.

— Elas são imaturas. Cíntia principalmente. Só sabe implicar comigo e dizer que eu não deveria ser a mais disputada.

— Eu só digo a verdade, querida.

Rolo os olhos, diante da intromissão da vadia loira a minha conversa com Julieta.

— Devo incluir mais uma coisa na minha lista Juli. — digo me levantando e encarando a garota na minha frente. — É intrometida também.

— Eu não sei o que os nossos clientes veem em você. — ela cruza os braços. — Você é baixinha, seu cabelo negro não tem brilho. Sem falar desses olhos caídos.

— Os olhos verdes de Maddie são as coisas mais lindas do mundo.

— Não falei com você, velha fofoqueira!

— Não fala assim dela! — me aproximo de Cíntia. — Eu realmente rezo todas as noites para que algum idiota que se deita com você, faça um pedido milionário à Marta e leve você daqui. Não aguento mais olhar para essa sua cara.

— Oh amorzinho, então continue rezando. Isso é o que eu mais quero. Um milionário que me tire dessa vida. E melhor ainda, que me tire de perto de você.

— Amém. — pisco para ela. — Juli, vou dormir um pouco. Qualquer coisa me chame. Bem... menos se alguma vadia loira pegar fogo.

Ignoro os risos sem graça de Cíntia e vou para o segundo andar, onde ficavam todos os quartos.

O meu tinha as paredes pintadas de preto. Do lado da cama de casal, havia uma pequena cômoda, onde ficavam alguns brinquedinhos eróticos. Há homens que na cama, não costumam ser tão machos como aparentam.

Do outro lado do quarto, ao lado da porta do pequeno banheiro, havia um guarda-roupa velho com um cadeado. A chave ficava embaixo do colchão. Eu pego a chave e abro o guarda-roupa para guardar o dinheiro recebido. Pego em uma caixinha azul e junto a quantia recebida hoje, junto com as outras. Se eu fosse contar, devia ter cerca de trinta mil ali.

Os leilões adquiriam altas quantias.

Quando cheguei, eu apenas atendia aqueles que Marta dizia. Mas conforme fui me acostumando com a minha nova rotina, os homens querendo ter a chance de dormir comigo, foram aumentando. Aumentaram tanto, que Marta decidiu fazer o leilão.

A prostituição é um tabu, onde ninguém assume gostar. Eu já sou o oposto. Gosto de me sentir desejada. De estar entre várias e ser a primeira opção de todos. Já que essa era a única coisa que eu me sentia capaz fazer, que fizesse com gosto então.

[...]

— Pode apertar, Juli. — digo, prendendo a respiração.

— Eu já fechei Mad.

Solto a respiração e olho para a minha imagem no espelho.

Estava vestindo um corpete preto, todo rendado. Ele fazia meus fartos seios quase saltarem para fora. Na parte de baixo era uma pequena calcinha, que seria escondida por uma minissaia preta. Minhas pernas depiladas estavam cobertas por uma meia calça também preta. Nos pés um salto da mesma cor. Meu longo cabelo negro, estava preso em um alto coque frouxo, mas alguns fios caiam nas laterais do rosto. A maquiagem estava angelical, pois era disso que aqueles homens gostavam. Mulher com rosto de angelical.

— Você está maravilhosa. — Julieta diz, passando as mãos pelos meus ombros.

— Obrigada.

— Espero que essa noite o homem que subir com você seja um cavalheiro.

— Eles sempre são.

— Mas que também seja lindo, carinhoso. Que fique espantado com a sua beleza e queira tirar você daqui.

Franzo o cenho e a encaro.

— Do que está falando?

— Eu quero que você saia dessa vida, Mad. Poxa, você tem vinte anos. E eu sei que tem muito dinheiro guardado.

— Juli, não há vida para mim, fora disso aqui. — pego sua mão. — Eu me sinto bem aqui com você e com a Marta. Mas se algum dia, eu sentir vontade de ir, você irá comigo.

— Oh, não é isso que eu quero.

— Mas é o que eu farei.

O celular de Juli apita. Ela o olha rapidamente.

— Hora de descer. — diz e me abraça. — Boa sorte querida.

— Obrigada!

Respiro fundo e olho-me no espelho uma última vez, antes de sair do quarto.

A música alta, é imediatamente cessada e a voz de Marta se faz presente.

— Boa noite senhores! Sejam bem-vindos, a mais uma noite de leilão no Luxúria!

Fico parada no alto da escada, de onde tinha uma ótima visão do salão principal. Marta estava em cima de um palco. Ela segurava um microfone e um papel. Ao seu lado tinha um alto banco, que era onde eu me sentaria. De frente para ela, tinha cerca de vinte cadeiras e apenas uma estava vazia.

— E para dar início a nossa noite, vou começar com a menina mais cobiçada desse lugar. Ela é doce, gentil, carinhosa e muito, mas muito linda. Aí vem Tiffany, nossa angelical garota.

As luzes quase me cegam, mas eu coloco meu melhor sorriso no rosto e começo a descer as escadas depois daquele breve discurso repetitivo.

Eu era o centro das atenções. Todo o salão havia parado de fazer o que faziam, para me observar caminhar até o palco. Um dos seguranças, me oferece a mão, para que eu suba no palco. Agradeço-o com um sorriso e vou até o banco. Antes de me sentar, olho para todos os homens que estavam participando do leilão e sorrio para eles.

— Palmas para Tiffany.

Todos fazem o que Marta pede e eu me sento no alto banco, cruzando as pernas.

— Tiffany é britânica, tem vinte anos e não há nada que a intimide. É proibido bater nela, mas se quiserem apanhar, é com vocês.

Corro meus olhos pelo salão, e fixo-os em um homem que estava no bar. Ele estava encostado no balcão, com um copo na mão e olhava diretamente para mim.

— Vamos começar com o lance de cinco mil reais.

Algum homem que estava na cadeira, levanta a plaquinha. Marta aumenta o valor.

Observo o homem que estava no bar se levantar e caminhar para perto de onde estávamos.

— Trinta mil.

Arregalo os olhos e olho para o homem de meia idade que havia levantado a placa para esse valor.

— Alguém da mais?

O homem que antes estava no bar, ocupa a cadeira que estava vazia. Ele era lindo e tinha uma barba rala. Aquilo deixava seu semblante mais misterioso. Ele olhava fixamente para mim e sorria de lado.

—  Ninguém? —  Marta pergunta.

Eu não conseguia parar de olhar para aquele homem. Internamente, eu estava implorando para que ele cobrisse aquele lance. Eu seria até capaz de devolver o dinheiro, só para dormir com ele.

— Então...

— Sessenta mil!

Todos se viram para observar o homem, que havia feito aquele absurdo lance por sexo.

 Já eu, não conseguia esconder meu sorriso de satisfação e estava dando pulinhos por dentro.

— Ninguém dá mais que sessenta mil? —  Marta questiona, mas não há respostas. — Então vendido para... — ela olha o papel rapidamente. — Vendida para o senhor Liam White.