Seis

O dia seguinte foi pior. Minha mente insistia em me dizer que eu fui fraca, em ter simplesmente me deitado com o homem que havia matado minha irmã. Mas as opções que me era possíveis, era gritar aos quatro ventos o que havia acontecido e chamava a polícia ou simplesmente fazia o que fiz.

Eu tomei um banho de quase uma hora e ainda sentia como se estivesse rolado em todas as sujeiras que existe no mundo.

Não podia dizer que horas eram lá fora. Eu não conseguira dormir e muito menos ter forças para sair da cama. Gabriella, Juli e a própria Marta, vieram ao meu encontro milhares de vezes, com perguntas sobre a noite passada. Mas eu não as dizia nada. Parecia até que eu estava em estado de choque.

Já devia ter mais de vinte e quatro horas que eu estava acordada. Meu estomago urrava de fome, mas eu não tinha forças para sair da cama. Na verdade, eu nem queria sair.

— Chega!

A porta é aberta com força, mas eu nem me mexo.

— Levanta-se dessa cama, Maddie! — Era Marta.

Fico em silencio.

— Você precisa ir ao encontro de um cliente especial.

— Marta, eu não tenho forças para isso. — murmuro e resolvo me sentar.

Ela me olha de lado e suspira.

— O que aconteceu ontem? — ela se senta.

— Sexo.

— Tem que ter sido algo fora do comum, para que você esteja desse estado.

Eu queria poder confiar nela o suficiente, para lhe contar tudo. Mas ela não me passava uma energia muito boa, a ponto de isso acontecer.

— Que horas eu tenho de encontrar com esse tal cliente? — pergunto.

Marta fita-me.

— Às oito da noite. No apartamento dele. — diz. — Estou com o endereço. Tome um banho, coma alguma coisa e se arrume. Esteja bem elegante, pois o Sr. White merece.

Paraliso.

— Quem?

— White. Liam White. — ela se levanta — Você não pode ter esquecido do cara que pagou sessenta mil para dormir com você.

Sem falar mais nada, ela sai do quarto e me deixa mais uma vez sozinha. 

Salto da cama e vou diretamente para o banheiro. Livro-me das roupas que usava e abro o chuveiro. Trato de tomar um banho rápido, porém perfumado. Depilo tudo o que há para ser depilado, enrolo-me na toalha e saio do banheiro. Depois de pegar a chave do cadeado e abrir o armário, pego um vestido preto e justo e visto-o, depois de vestir uma calcinha pequena e preta.

Acabo de me vestir e volto ao banheiro para fazer a maquiagem. Após preparar a pele, marco os olhos de preto e passo um batom na cor vinho.

Admiro-me por alguns segundos no espelho, quase esquecendo que estive na merda até alguns minutos atrás. Era completamente estranho como o fato de ver aquele homem, me deixou animada.

— Mad? Maddie?

— Sim? — me levanto e encaro Marta.

— O carro chegou.

— Ok.

Acompanho Marta para fora do quarto, ouvindo suas chatices de sempre.

— Preciso te lembrar das regras?

Reviro os olhos.

— Não.

— Ótimo. — ela abre a porta para mim. — Divirta-o. Deixe-o com vontade de mais.

— Pode deixar.

Ela me abraça rapidamente, dando me tempo apenas de fazer uma careta.

— Vá.

— Tchau.

Saio da casa e caminho até a calçada. Havia um carro preto e luxuoso parado ali. Ao lado dele, um homem alto, com terno e óculos escuros.

— Boa noite. — digo.

Ele não responde. Apenas abre a porta do carro e espera calmamente que eu entre. Assim faço.

[...]

A pequena viagem até o lugar onde eu deveria encontrar o Sr. White foi silenciosa e apreensiva. Aquele motorista não falava comigo e eu não tentava puxar assunto.

Quando o carro parou na frente de um prédio, eu olhei para fora.

— É aqui? — pergunto, esquecendo-me de que ele era mudo comigo.

— Desça. Fale para o homem no saguão o seu nome e ele dirá o andar.

Olho para a nuca dele e suspiro.

Ok.

Abro a porta e desço. O frio me atinge, fazendo-me com que me arrependa amargamente de ter esquecido um casaco.

Subo os três degraus que me distanciavam da entrada daquele luxuoso prédio. Era mais que óbvio, que aquele homem era multimilionário e não tinha problemas em esbanjar seu dinheiro.

— Boa noite, senhorita. Em que posso ajudá-la?

Olho para o homem de cabelos grisalhos atrás do balcão.

— Eu... — não sabia se devia ser direta. — Acho que Liam White está a minha espera.

— Sr. White? Como a senhorita se chama?

— hmmm... — brinco com o meu cabelo. — Tiffany.

Ele sorri.

— O apartamento dele é no décimo andar. Apartamento cento e dois.

— Obrigada.

Dou-lhe um sorriso e vou na direção dos elevadores. Os homens que me viam passando, viraram suas cabeças cheias de pensamentos impróprios, a fim de me comer com os olhos. Literalmente.

Aperto o botão de um dos elevadores e espero. Não demora para que ele desça e eu entre no mesmo. Ele era todo espelhado. Eu conseguia olhar meu visual de qualquer ângulo. Ajeito o meu liso e negro cabelo com as mãos e depois abaixo um pouco o vestido.

O elevador para e apita, informando que cheguei ao meu destino. Respiro fundo várias vezes, até encontrar a porta dele. Tinha uns três apartamentos naquele andar e o dele era o último do corredor.

Após mais uma respirada funda, aperto a campainha. Leva poucos segundos para que ele abra a porta, vestindo apenas uma calça de moletom cinza, que foi capaz de tirar todo o ar que preenchia meus pulmões.

— Olá, menina que não me diz seu nome verdadeiro.

Sorrio.

— Olá, Sr. White.

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