Emma ergueu o olhar, um sorriso enigmático brincando em seus lábios.—Ah, claro, mamãe. Porque todos nós sabemos o quanto você preza por uma vida equilibrada —, respondeu, sua voz gotejando sarcasmo.—Eu deveria largar tudo para tomar chá com investidores? Ou talvez para passear ao sol como você, graças à sua encantadora runa?
Laura inclinou levemente a cabeça, avaliando a filha. — Sempre com essas respostas afiadas, não é? Você é muito parecida comigo e seu pai do que gostaria de admitir, querida.
Emma ficou em silêncio, absorvendo as palavras da mãe, como se o peso delas fosse mais forte do que a força de qualquer vampiro. Ela sabia que, por trás da fachada de autoridade e controle, Laura era uma mulher com seus próprios medos e inseguranças. Mas o que mais incomodava Emma era o fato de que sua mãe, sendo uma vampira original, uma criatura tão poderosa, não conseguia entender o milagre que ela própria representava.
— Eu não sou como você, nem como o papai, mãe —, Emma disse, a voz calma, mas carregada de uma certeza inabalável.— Eu sou Emma Smith, e minha vida é minha. Não vou me prender ao que vocês acham que eu deveria ser.
Laura a olhou com uma mistura de orgulho e uma tristeza tão sutil que só alguém como Emma poderia perceber. — Eu sei—, ela respondeu, a voz suave como um sussurro carregado de emoções contidas. —Só espero que um dia você perceba que não precisa fazer tudo sozinha. Não precisa carregar esse peso sozinha, Emma.
— Eu não sou sozinha—, ela murmurou, mais para si mesma do que para Laura. — Eu tenho o controle.
Laura a observou, um olhar quase imperceptível de preocupação passando por seu rosto. — Mas o controle, querida, nem sempre é tudo o que precisamos.
Essas palavras pairaram no ar entre elas, pesando como uma névoa, enquanto mãe e filha compartilham uma compreensão silenciosa, uma conexão que não precisava de palavras para ser sentida. Uma compreensão que, embora vaga e difícil de colocar em palavras, ainda assim estava ali, um laço indestrutível entre elas.
Finalmente, Emma respirou fundo. — Eu vou me encontrar com os investidores em breve. Não podemos perder tempo —. Ela se afastou da janela, seus olhos voltando para a mesa, onde o trabalho a aguardava. Ela já estava pronta para retomar o controle da situação.
Laura a observou, seus olhos suavizando, mas um mundo de sentimentos ainda escondido por trás de sua expressão. —Nos vemos em breve, Emma—, disse ela, a voz agora mais suave, carregada de uma emoção difícil de esconder.
—Sim—, Emma respondeu sem virar a cabeça, concentrada no trabalho que jamais parava. — Nos vemos, mãe.
Quando a porta se fechou atrás de Laura, o escritório de Emma se encheu novamente com o som constante dos teclados e o suave zumbido da cidade que nunca descansava. Mas, por um momento, o foco de Emma vacilou, uma dúvida pequena, mas persistente, surgindo em sua mente. Ela se inclinou para frente, os cotovelos apoiados na mesa, mãos entrelaçadas debaixo do queixo, tentando reorganizar seus pensamentos. O silêncio que a envolvia era quase tangível, e o peso de seu próprio destino parecia se amontoar nas sombras de sua mente.
Mas antes que pudesse recuperar o controle total, a porta do escritório se abriu abruptamente. Emma não precisou olhar para saber quem era.
— Você tem o dom de aparecer nos momentos mais inoportunos, Chris—, ela disse, sua voz soando mais exasperada do que realmente estava.
Chris Jones entrou como uma tempestade silenciosa, sua presença imponente e impossível de ignorar. Sua aparência era impecável, quase sobrenatural. A pele pálida, como mármore polido, refletia a luz de forma sutil, dando-lhe um brilho etéreo. Seus olhos, de um âmbar profundo, pareciam mudar conforme a luz, fixando Emma com uma intensidade desconcertante. Aqueles olhos a observavam com uma curiosidade afiada, mas ao mesmo tempo com uma leveza que parecia desarmar qualquer defesa.
O cabelo de Chris, um castanho escuro que quase parecia preto sob a luz, caía suavemente sobre sua testa, criando um contraste perfeito com sua mandíbula forte e definida. Ele estava vestido com um terno cinza grafite que parecia ter sido feito sob medida, ajustando-se aos seus ombros largos de maneira quase predatória, mas também elegante. A camisa branca por baixo estava aberta no colarinho, dispensando a gravata, mas a postura que ele mantinha falava de uma sofisticação inata, como se o próprio espaço ao redor dele se curvasse.
E então, havia o cheiro. Um aroma sutil, mas inconfundível, que parecia ser uma mistura de madeira queimada, âmbar e algo doce, como mel. Era um perfume que ressoava com a essência de Chris: misterioso, hipnótico e, de algum modo, perigoso.
Quando ele se movia, seus passos eram graciosos e calculados, como se ele fosse dono de cada centímetro de espaço em que pisava. Ele exalava uma confiança que vinha de algo mais profundo do que sua aparência ou sua postura. Era a confiança de alguém que sabia que o tempo estava ao seu favor, que carregava séculos de história e experiência em cada palavra e movimento.
Emma sentiu um leve desconforto se formando dentro de si, mas logo percebeu que não se tratava apenas de irritação. Havia algo, talvez a aura de poder que ele emanava, algo que era ao mesmo tempo inquietante e fascinante.— Boa tarde pra você também, Emma—, ele respondeu, inclinando a cabeça de maneira divertida enquanto se aproximava da mesa dela. — Se sou inoportuno, é porque sei que você precisa de uma pausa. Convenhamos, você trabalha demais.Emma bufou, finalmente levantando os olhos para encará-lo.— Não que seja da sua conta, mas eu gosto de trabalhar. E você realmente precisa parar de aparecer aqui sem avisar.Chris se aproximou ainda mais, apoiando as mãos na cadeira em frente à mesa e se sentando com a confiança de alguém que sabia exatamente o que queria. —Se eu ligasse antes, você arrumaria uma desculpa para não me receber. Prefiro arriscar.Ela cruzou os braços, uma expressão desafiadora em seu rosto. —E o que exatamente você quer, Chris? Porque, honestamente, não tenho te
Ela virou-se ligeiramente, um sorriso travesso brincando nos lábios. — Está bem, Chris. Jantar. Mas eu escolho o lugar.O sorriso dele se alargou, e a confiança nos olhos dele ficou ainda mais evidente.— Feito. Oito horas. E não se atrase.Emma revirou os olhos com humor, saindo do escritório sem olhar para trás. Eric a seguiu em silêncio, mas antes de fechar a porta, lançou um olhar curioso para Chris, que ficava para trás, observando a cena com a expressão de quem acabara de ganhar uma pequena vitória.Ao caminhar pelos corredores elegantes, Emma sentia o peso das suas responsabilidades cada vez mais presente. A cada passo em direção à sala de seu pai, um sentimento de autoridade e respeito parecia envolver o ambiente, como se a própria estrutura do prédio estivesse imbuída de poder. Não era surpresa que sua presença fosse sentida com tanta intensidade. Tom, seu pai, era um dos vampiros originais. A menção de seu nome causava reverência, até mesmo um certo temor, no mundo sobrenatur
Emma assentiu, sentindo o peso do dia que a aguardava.— Tudo bem, pai. Reunião com os investidores às 10h e conselho à tarde. Algo mais que eu deva saber?Tom deu um leve sorriso, com um toque de humor, o que aliviou um pouco a tensão.— Sim. Não se atrase para o jantar com Chris. Parece que ele finalmente conseguiu um sim.Emma revirou os olhos, mas não conseguiu impedir que um sorriso pequeno aparecesse em seus lábios. — Eu deveria saber que você saberia disso.—Eu sempre sei, Emma,— ele disse, com a confiança de quem sempre está no controle. —Agora vá. Prepare-se para nossa reunião.Ao deixar a sala, o coração de Emma estava acelerado, dividido entre as responsabilidades que pesavam sobre seus ombros e a ansiedade que ela sentia pelo jantar com Chris.Às 10h em ponto, Emma entrou na ampla sala de reuniões, acompanhada por Tom. O espaço era imponente, luxuoso, projetado para causar uma impressão de poder e inovação. Uma mesa de vidro longo refletia a luz suave que preenchia a sala, e
A reunião terminou com um consenso positivo, os investidores dispostos a financiar as próximas fases do projeto. Emma, ainda absorvendo o peso da aprovação, se virou para seu pai com um sorriso discreto. — Foi melhor do que eu esperava,— ela admitiu.— Você fez muito bem,—Tom disse, seu tom de aprovação contido, mas claro. —Mas a jornada está apenas começando.Ela saiu da sala e percebeu que havia esquecido o celular sobre a mesa. Voltou apressada e, ao pegá-lo, viu várias notificações. A maioria foi ignorada, exceto uma mensagem de Eric, seu assistente, que ela atendeu rapidamente.— Emma, como foi a reunião?—Eric perguntou, sem rodeios.— Foi boa, Eric, mas preciso que você cancele todas as minhas obrigações de hoje à tarde. Tenho algo mais importante para fazer,—ela disse com um tom de autoridade.—Entendido?—Claro, só isso? Ele parecia acostumado com o tom de voz de Emma, sempre firme e decisiva.—Sim, só isso. Obrigada,—Emma finalizou e desligou, já saindo em direção ao estaciona
O bistrô francês, com sua decoração sofisticada, estava iluminado de forma suave, criando uma atmosfera acolhedora e íntima. A fragrância de pratos deliciosos no ar, combinada com a música tranquila, fazia com que Emma começasse a relaxar. Ao entrar, o garçom a cumprimentou com um sorriso caloroso, conduzindo-os até a mesa reservada com vista para o movimento suave da cidade. Chris puxou a cadeira para ela com uma delicadeza que a fez se sentir ainda mais tranquila, e Emma se acomodou, o peso de seus pensamentos começando a se dissipar lentamente.— O que você vai pedir? —Emma perguntou, seus olhos encontrando os de Chris, que estava tão à vontade quanto ela deveria ser.— Eu estou pensando no risoto, e você?— Chris respondeu com um sorriso fácil.— Magret de pato. E vou de vinho branco, para ajudar a relaxar um pouco,— disse Emma, embora soubesse que nada realmente poderia afastar completamente a inquietação que ainda se arrastava com ela.O jantar foi uma mistura de pratos refinados
Ele sorriu levemente, um sorriso descontraído, mas que parecia carregar um segredo entre eles. Sem dizer nada, ele estendeu a mão, a suave pressão da sua palma contra a dela tornando tudo mais real. O silêncio entre eles durante o trajeto até sua casa não era desconfortável, mas sim agradável, como se estivessem compartilhando um espaço onde as palavras já haviam sido ditas, e o que restava agora era um entendimento silencioso.Quando chegaram à porta de sua casa, Chris estacionou o carro com uma precisão cuidadosa, como se quisesse garantir que aquele momento fosse perfeito. Ele desceu do carro e abriu a porta para Emma, mas antes que ela pudesse sair, ele a puxou delicadamente pela mão, trazendo-a para mais perto de si.— Eu não queria que essa noite acabasse sem que você soubesse,— ele disse, sua voz grave e baixa, como um sussurro carregado de intenções não ditas. A proximidade deles aumentava a tensão, fazendo o coração de Emma bater mais forte, seu corpo respondendo sem que ela
Emma demorou a adormecer. Sua mente, um turbilhão de imagens e perguntas, oscilava entre a tensão das discussões com o Conselho e a suavidade arrebatadora do beijo de Chris. Tentava se convencer de que a simplicidade daquele momento poderia ser a chave para resolver seus dilemas, mas a verdade a sufocava: a situação era muito mais complexa do que qualquer instante de prazer. Quando, finalmente, o sono chegou, não trouxe alívio. Ao invés disso, mergulhou-a em pesadelos distorcidos, onde sombras de palavras não ditas e decisões ainda por tomar dançavam ao seu redor, deixando-a sem fôlego. O turbilhão de emoções parecia não ter fim.Na manhã seguinte, o celular de Emma vibrou incessantemente na mesinha de cabeceira, como uma sombra incômoda. Ela estava profundamente grogue, como se o sono não tivesse sido suficiente para afastar os fantasmas da noite anterior. A princípio, ignorou as notificações. O peso do que vivera ainda a embriagava, e o mundo parecia um lugar distante. Mas, quando M
A outra linha ficou em silêncio por um momento, até que Chloe suspirou, visivelmente preocupada.— Bom, eu só espero que ele esteja preparado, porque a mídia não vai deixar vocês em paz tão cedo —, ela alertou com firmeza. — Mas, Emma, olha… isso não precisa ser algo ruim. Talvez vocês se tornem o novo casal queridinho da cidade.Emma riu sem humor, o som seco ecoando na linha.— Ou talvez isso destrua a minha carreira. E a dele —, ela respondeu, sentindo um peso insuportável apertar seu peito.Quando Chloe desligou, Emma permaneceu sentada na cama, o jornal ainda nas mãos, como se aquele pedaço de papel pudesse de alguma forma alterar a realidade ao seu redor. O beijo, que parecia tão natural, tão cheio de sentimento, agora estava exposto ao mundo inteiro, desprovido de qualquer privacidade. Sua mente oscilava entre a memória daquela conexão e o medo crescente das repercussões. Ela não conseguia entender como algo tão simples se transformava em um fardo.— Ótimo —, murmurou, a frustr