Emma sentiu um leve desconforto se formando dentro de si, mas logo percebeu que não se tratava apenas de irritação. Havia algo, talvez a aura de poder que ele emanava, algo que era ao mesmo tempo inquietante e fascinante.
— Boa tarde pra você também, Emma—, ele respondeu, inclinando a cabeça de maneira divertida enquanto se aproximava da mesa dela. — Se sou inoportuno, é porque sei que você precisa de uma pausa. Convenhamos, você trabalha demais.
Emma bufou, finalmente levantando os olhos para encará-lo.— Não que seja da sua conta, mas eu gosto de trabalhar. E você realmente precisa parar de aparecer aqui sem avisar.
Chris se aproximou ainda mais, apoiando as mãos na cadeira em frente à mesa e se sentando com a confiança de alguém que sabia exatamente o que queria. —Se eu ligasse antes, você arrumaria uma desculpa para não me receber. Prefiro arriscar.
Ela cruzou os braços, uma expressão desafiadora em seu rosto. —E o que exatamente você quer, Chris? Porque, honestamente, não tenho tempo para o seu charme hoje.
Ele fez uma expressão exagerada de desagrado, colocando a mão sobre o peito. — Ouch. Que recepção calorosa. Eu vim aqui como um bom amigo, preocupado com o fato de que você nunca desliga.
Emma estreitou os olhos, desconfiada. —Amigo? Desde quando nós somos isso?
Chris soltou uma risada suave, como se a ideia de ser considerado "amigo" fosse uma piada divertida. —Ok, talvez ‘amigo’ seja um exagero. Mas, sinceramente, me preocupo com você. Você está tensa demais.
— Eu não estou tensa—, Emma rebateu, mas a maneira como seu tom vacilou revelou o contrário.
— Claro que está—, ele respondeu, se inclinando para trás com um sorriso provocador. — Você está praticamente irradiando estresse. Estou aqui para ajudar.
Emma revirou os olhos, mas antes que pudesse retrucar, Chris se levantou e começou a andar pelo escritório, observando os detalhes da decoração. Ele pegou um pequeno globo de cristal na prateleira e o girou entre os dedos, como se estivesse ponderando algo muito maior.
—Você deveria decorar melhor esse lugar—, comentou casualmente. —Algo mais pessoal. Parece um consultório médico.
— Chris, se você não tem algo útil para dizer, a porta está ali—, Emma respondeu, apontando para a saída.
Ele se virou, ainda segurando o globo, um sorriso charmoso brincando nos cantos de seus lábios. —Útil? Ok, minha dica do dia: tire uma tarde de folga. Vá tomar um café, leia um livro que não seja sobre estratégias corporativas. Ou, se preferir, eu posso te levar para jantar hoje à noite. Seu call pode esperar, certo?
Emma olhou para ele, seu olhar penetrante e desafiador, mas havia uma curiosidade em seus olhos. —Jantar? E por que exatamente eu aceitaria um convite desses?
Chris deu um passo em direção à mesa dela, o sorriso suavizando. —Porque você merece. E porque, lá no fundo, você sabe disso. Além disso, sou uma ótima companhia.
Ela respirou fundo, tentando manter sua postura. Mas ele tinha razão: algo em Chris a fazia querer ir além da fachada que construíra para si mesma.
—Você é insuportável—, ela disse, embora um sorriso quase imperceptível começasse a se formar nos cantos de seus lábios.
— Talvez—, Chris respondeu, inclinando-se ligeiramente para frente.— Mas você está sorrindo. Então, missão cumprida.
Emma balançou a cabeça, desviando o olhar. —Você tem exatamente cinco minutos para terminar sua ‘missão’ e sair do meu escritório. E eu ainda não disse sim ao jantar.
—Tudo bem—, ele disse, levantando as mãos em rendição. — Cinco minutos. Mas aposto que, no fim desses cinco minutos, você vai mudar de ideia.
Ela revirou os olhos mais uma vez, mas não conseguiu impedir o sorriso que lentamente se formava em seus lábios. Chris Jones tinha esse efeito sobre ela, transformando-a em algo que ela jurava que não seria: alguém que, por um breve momento, conseguia relaxar.
Antes que Emma pudesse dar uma resposta ou continuar com sua visão sobre o convite, a porta do escritório se abriu novamente, revelando Eric. Sua expressão serena escondia a urgência que ele trazia consigo, como se seu olhar estivesse transmitindo um recado não dito.
—Emma—, disse ele, sua voz baixa, mas clara, —seu pai está te chamando na sala dele.
Emma franziu a testa, levantando-se imediatamente. —Agora? Há algum problema?
Eric deu de ombros, mas sua postura continuava respeitosa.— Ele não entrou em detalhes. Só pediu para avisar que é urgente.
— Obrigada, Eric. Vou já—, ela respondeu, pegando o blazer que estava pendurado na cadeira.
Chris, que permanecia em silêncio, finalmente se levantou com um sorriso malicioso. —Parece que sua manhã ficou mais interessante.
Emma lançou um olhar rápido para ele, já indo em direção à porta.— Sim, e isso significa que o tempo que você tinha para me convencer acabou.
Chris cruzou os braços, mantendo aquele sorriso de quem sempre tem um truque na manga. —Espere. Então, sobre o jantar... é um sim?
Ela parou um segundo, segurando a maçaneta da porta, e olhou para ele de relance. —Você não sabe desistir, não é?
— Não quando se trata de você,” ele respondeu com um tom tão calmo que a fez suspirar.
Ela virou-se ligeiramente, um sorriso travesso brincando nos lábios. — Está bem, Chris. Jantar. Mas eu escolho o lugar.O sorriso dele se alargou, e a confiança nos olhos dele ficou ainda mais evidente.— Feito. Oito horas. E não se atrase.Emma revirou os olhos com humor, saindo do escritório sem olhar para trás. Eric a seguiu em silêncio, mas antes de fechar a porta, lançou um olhar curioso para Chris, que ficava para trás, observando a cena com a expressão de quem acabara de ganhar uma pequena vitória.Ao caminhar pelos corredores elegantes, Emma sentia o peso das suas responsabilidades cada vez mais presente. A cada passo em direção à sala de seu pai, um sentimento de autoridade e respeito parecia envolver o ambiente, como se a própria estrutura do prédio estivesse imbuída de poder. Não era surpresa que sua presença fosse sentida com tanta intensidade. Tom, seu pai, era um dos vampiros originais. A menção de seu nome causava reverência, até mesmo um certo temor, no mundo sobrenatur
Emma assentiu, sentindo o peso do dia que a aguardava.— Tudo bem, pai. Reunião com os investidores às 10h e conselho à tarde. Algo mais que eu deva saber?Tom deu um leve sorriso, com um toque de humor, o que aliviou um pouco a tensão.— Sim. Não se atrase para o jantar com Chris. Parece que ele finalmente conseguiu um sim.Emma revirou os olhos, mas não conseguiu impedir que um sorriso pequeno aparecesse em seus lábios. — Eu deveria saber que você saberia disso.—Eu sempre sei, Emma,— ele disse, com a confiança de quem sempre está no controle. —Agora vá. Prepare-se para nossa reunião.Ao deixar a sala, o coração de Emma estava acelerado, dividido entre as responsabilidades que pesavam sobre seus ombros e a ansiedade que ela sentia pelo jantar com Chris.Às 10h em ponto, Emma entrou na ampla sala de reuniões, acompanhada por Tom. O espaço era imponente, luxuoso, projetado para causar uma impressão de poder e inovação. Uma mesa de vidro longo refletia a luz suave que preenchia a sala, e
A reunião terminou com um consenso positivo, os investidores dispostos a financiar as próximas fases do projeto. Emma, ainda absorvendo o peso da aprovação, se virou para seu pai com um sorriso discreto. — Foi melhor do que eu esperava,— ela admitiu.— Você fez muito bem,—Tom disse, seu tom de aprovação contido, mas claro. —Mas a jornada está apenas começando.Ela saiu da sala e percebeu que havia esquecido o celular sobre a mesa. Voltou apressada e, ao pegá-lo, viu várias notificações. A maioria foi ignorada, exceto uma mensagem de Eric, seu assistente, que ela atendeu rapidamente.— Emma, como foi a reunião?—Eric perguntou, sem rodeios.— Foi boa, Eric, mas preciso que você cancele todas as minhas obrigações de hoje à tarde. Tenho algo mais importante para fazer,—ela disse com um tom de autoridade.—Entendido?—Claro, só isso? Ele parecia acostumado com o tom de voz de Emma, sempre firme e decisiva.—Sim, só isso. Obrigada,—Emma finalizou e desligou, já saindo em direção ao estaciona
O bistrô francês, com sua decoração sofisticada, estava iluminado de forma suave, criando uma atmosfera acolhedora e íntima. A fragrância de pratos deliciosos no ar, combinada com a música tranquila, fazia com que Emma começasse a relaxar. Ao entrar, o garçom a cumprimentou com um sorriso caloroso, conduzindo-os até a mesa reservada com vista para o movimento suave da cidade. Chris puxou a cadeira para ela com uma delicadeza que a fez se sentir ainda mais tranquila, e Emma se acomodou, o peso de seus pensamentos começando a se dissipar lentamente.— O que você vai pedir? —Emma perguntou, seus olhos encontrando os de Chris, que estava tão à vontade quanto ela deveria ser.— Eu estou pensando no risoto, e você?— Chris respondeu com um sorriso fácil.— Magret de pato. E vou de vinho branco, para ajudar a relaxar um pouco,— disse Emma, embora soubesse que nada realmente poderia afastar completamente a inquietação que ainda se arrastava com ela.O jantar foi uma mistura de pratos refinados
Ele sorriu levemente, um sorriso descontraído, mas que parecia carregar um segredo entre eles. Sem dizer nada, ele estendeu a mão, a suave pressão da sua palma contra a dela tornando tudo mais real. O silêncio entre eles durante o trajeto até sua casa não era desconfortável, mas sim agradável, como se estivessem compartilhando um espaço onde as palavras já haviam sido ditas, e o que restava agora era um entendimento silencioso.Quando chegaram à porta de sua casa, Chris estacionou o carro com uma precisão cuidadosa, como se quisesse garantir que aquele momento fosse perfeito. Ele desceu do carro e abriu a porta para Emma, mas antes que ela pudesse sair, ele a puxou delicadamente pela mão, trazendo-a para mais perto de si.— Eu não queria que essa noite acabasse sem que você soubesse,— ele disse, sua voz grave e baixa, como um sussurro carregado de intenções não ditas. A proximidade deles aumentava a tensão, fazendo o coração de Emma bater mais forte, seu corpo respondendo sem que ela
Emma demorou a adormecer. Sua mente, um turbilhão de imagens e perguntas, oscilava entre a tensão das discussões com o Conselho e a suavidade arrebatadora do beijo de Chris. Tentava se convencer de que a simplicidade daquele momento poderia ser a chave para resolver seus dilemas, mas a verdade a sufocava: a situação era muito mais complexa do que qualquer instante de prazer. Quando, finalmente, o sono chegou, não trouxe alívio. Ao invés disso, mergulhou-a em pesadelos distorcidos, onde sombras de palavras não ditas e decisões ainda por tomar dançavam ao seu redor, deixando-a sem fôlego. O turbilhão de emoções parecia não ter fim.Na manhã seguinte, o celular de Emma vibrou incessantemente na mesinha de cabeceira, como uma sombra incômoda. Ela estava profundamente grogue, como se o sono não tivesse sido suficiente para afastar os fantasmas da noite anterior. A princípio, ignorou as notificações. O peso do que vivera ainda a embriagava, e o mundo parecia um lugar distante. Mas, quando M
A outra linha ficou em silêncio por um momento, até que Chloe suspirou, visivelmente preocupada.— Bom, eu só espero que ele esteja preparado, porque a mídia não vai deixar vocês em paz tão cedo —, ela alertou com firmeza. — Mas, Emma, olha… isso não precisa ser algo ruim. Talvez vocês se tornem o novo casal queridinho da cidade.Emma riu sem humor, o som seco ecoando na linha.— Ou talvez isso destrua a minha carreira. E a dele —, ela respondeu, sentindo um peso insuportável apertar seu peito.Quando Chloe desligou, Emma permaneceu sentada na cama, o jornal ainda nas mãos, como se aquele pedaço de papel pudesse de alguma forma alterar a realidade ao seu redor. O beijo, que parecia tão natural, tão cheio de sentimento, agora estava exposto ao mundo inteiro, desprovido de qualquer privacidade. Sua mente oscilava entre a memória daquela conexão e o medo crescente das repercussões. Ela não conseguia entender como algo tão simples se transformava em um fardo.— Ótimo —, murmurou, a frustr
Ela não respondeu, apenas desligou a chamada, exausta. O peso da conversa e a falta de soluções a deixavam cada vez mais perdida. Olhou para o relógio e percebeu que tinha algumas horas antes do encontro com seu pai. Ela não estava pronta para mais uma batalha, mas não tinha escolha.Chegando à Smith Enterprises, Emma sentiu o coração acelerar. O prédio imponente, símbolo de sua conquista, parecia agora um peso sobre seus ombros. Ao passar pela recepção, Eric, seu assistente, a interceptou com uma expressão preocupada.— Emma, já vi as notícias. Está tudo bem? — Ele perguntou, segurando uma prancheta com os compromissos do dia.— Não, Eric, não está. — Ela respondeu com um suspiro pesado, tirando os óculos escuros que usava para esconder a tensão no rosto. — Cancele todos os meus compromissos de hoje. Reagende o que for possível e envie desculpas formais para o que não puder ser adiado.Eric hesitou por um instante, o tom dela o fazendo perceber a gravidade da situação. — Tem certeza?