Entre Dois Mundos (Parte 3)

Emma sentiu um leve desconforto se formando dentro de si, mas logo percebeu que não se tratava apenas de irritação. Havia algo, talvez a aura de poder que ele emanava, algo que era ao mesmo tempo inquietante e fascinante.

— Boa tarde pra você também, Emma—, ele respondeu, inclinando a cabeça de maneira divertida enquanto se aproximava da mesa dela. — Se sou inoportuno, é porque sei que você precisa de uma pausa. Convenhamos, você trabalha demais.

Emma bufou, finalmente levantando os olhos para encará-lo.— Não que seja da sua conta, mas eu gosto de trabalhar. E você realmente precisa parar de aparecer aqui sem avisar.

Chris se aproximou ainda mais, apoiando as mãos na cadeira em frente à mesa e se sentando com a confiança de alguém que sabia exatamente o que queria. —Se eu ligasse antes, você arrumaria uma desculpa para não me receber. Prefiro arriscar.

Ela cruzou os braços, uma expressão desafiadora em seu rosto. —E o que exatamente você quer, Chris? Porque, honestamente, não tenho tempo para o seu charme hoje.

Ele fez uma expressão exagerada de desagrado, colocando a mão sobre o peito. — Ouch. Que recepção calorosa. Eu vim aqui como um bom amigo, preocupado com o fato de que você nunca desliga.

Emma estreitou os olhos, desconfiada. —Amigo? Desde quando nós somos isso?

Chris soltou uma risada suave, como se a ideia de ser considerado "amigo" fosse uma piada divertida. —Ok, talvez ‘amigo’ seja um exagero. Mas, sinceramente, me preocupo com você. Você está tensa demais.

— Eu não estou tensa—, Emma rebateu, mas a maneira como seu tom vacilou revelou o contrário.

— Claro que está—, ele respondeu, se inclinando para trás com um sorriso provocador. — Você está praticamente irradiando estresse. Estou aqui para ajudar.

Emma revirou os olhos, mas antes que pudesse retrucar, Chris se levantou e começou a andar pelo escritório, observando os detalhes da decoração. Ele pegou um pequeno globo de cristal na prateleira e o girou entre os dedos, como se estivesse ponderando algo muito maior.

—Você deveria decorar melhor esse lugar—, comentou casualmente. —Algo mais pessoal. Parece um consultório médico.

— Chris, se você não tem algo útil para dizer, a porta está ali—, Emma respondeu, apontando para a saída.

Ele se virou, ainda segurando o globo, um sorriso charmoso brincando nos cantos de seus lábios. —Útil? Ok, minha dica do dia: tire uma tarde de folga. Vá tomar um café, leia um livro que não seja sobre estratégias corporativas. Ou, se preferir, eu posso te levar para jantar hoje à noite. Seu call pode esperar, certo?

Emma olhou para ele, seu olhar penetrante e desafiador, mas havia uma curiosidade em seus olhos. —Jantar? E por que exatamente eu aceitaria um convite desses?

Chris deu um passo em direção à mesa dela, o sorriso suavizando. —Porque você merece. E porque, lá no fundo, você sabe disso. Além disso, sou uma ótima companhia.

Ela respirou fundo, tentando manter sua postura. Mas ele tinha razão: algo em Chris a fazia querer ir além da fachada que construíra para si mesma.

—Você é insuportável—, ela disse, embora um sorriso quase imperceptível começasse a se formar nos cantos de seus lábios.

— Talvez—, Chris respondeu, inclinando-se ligeiramente para frente.— Mas você está sorrindo. Então, missão cumprida.

Emma balançou a cabeça, desviando o olhar. —Você tem exatamente cinco minutos para terminar sua ‘missão’ e sair do meu escritório. E eu ainda não disse sim ao jantar.

—Tudo bem—, ele disse, levantando as mãos em rendição. — Cinco minutos. Mas aposto que, no fim desses cinco minutos, você vai mudar de ideia.

Ela revirou os olhos mais uma vez, mas não conseguiu impedir o sorriso que lentamente se formava em seus lábios. Chris Jones tinha esse efeito sobre ela, transformando-a em algo que ela jurava que não seria: alguém que, por um breve momento, conseguia relaxar.

Antes que Emma pudesse dar uma resposta ou continuar com sua visão sobre o convite, a porta do escritório se abriu novamente, revelando Eric. Sua expressão serena escondia a urgência que ele trazia consigo, como se seu olhar estivesse transmitindo um recado não dito.

—Emma—, disse ele, sua voz baixa, mas clara, —seu pai está te chamando na sala dele.

Emma franziu a testa, levantando-se imediatamente. —Agora? Há algum problema?

Eric deu de ombros, mas sua postura continuava respeitosa.— Ele não entrou em detalhes. Só pediu para avisar que é urgente.

— Obrigada, Eric. Vou já—, ela respondeu, pegando o blazer que estava pendurado na cadeira.

Chris, que permanecia em silêncio, finalmente se levantou com um sorriso malicioso. —Parece que sua manhã ficou mais interessante.

Emma lançou um olhar rápido para ele, já indo em direção à porta.— Sim, e isso significa que o tempo que você tinha para me convencer acabou.

Chris cruzou os braços, mantendo aquele sorriso de quem sempre tem um truque na manga. —Espere. Então, sobre o jantar... é um sim?

Ela parou um segundo, segurando a maçaneta da porta, e olhou para ele de relance. —Você não sabe desistir, não é?

— Não quando se trata de você,” ele respondeu com um tom tão calmo que a fez suspirar.

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