Ela virou-se ligeiramente, um sorriso travesso brincando nos lábios. — Está bem, Chris. Jantar. Mas eu escolho o lugar.
O sorriso dele se alargou, e a confiança nos olhos dele ficou ainda mais evidente.— Feito. Oito horas. E não se atrase.
Emma revirou os olhos com humor, saindo do escritório sem olhar para trás. Eric a seguiu em silêncio, mas antes de fechar a porta, lançou um olhar curioso para Chris, que ficava para trás, observando a cena com a expressão de quem acabara de ganhar uma pequena vitória.
Ao caminhar pelos corredores elegantes, Emma sentia o peso das suas responsabilidades cada vez mais presente. A cada passo em direção à sala de seu pai, um sentimento de autoridade e respeito parecia envolver o ambiente, como se a própria estrutura do prédio estivesse imbuída de poder. Não era surpresa que sua presença fosse sentida com tanta intensidade. Tom, seu pai, era um dos vampiros originais. A menção de seu nome causava reverência, até mesmo um certo temor, no mundo sobrenatural.
Ao adentrar na sala, Emma viu Tom de pé, perto da janela, olhando para a cidade abaixo. Sua aparência era a de um homem jovem, mas seus olhos azul profundo carregavam séculos de história. A pele pálida, como a neve, fazia com que ele parecesse quase intocável, como se o tempo não tivesse controle sobre ele. O cabelo loiro escuro, levemente desgrenhado, contrastava com o terno preto impecável, cortando a luz de maneira tão elegante que o simples ato de estar presente ao seu lado fazia qualquer um se sentir pequeno.
— Você me chamou, pai?— Emma perguntou, a voz carregada de curiosidade e uma ponta de apreensão. O silêncio entre eles era sempre denso, carregado de significados.
Tom virou-se lentamente, seus olhos avaliando a filha com uma intensidade que ela conhecia bem. Ele a estudava, não com crítica, mas com aquela análise profunda que apenas um vampiro original poderia ter.
— Sim, Emma. Precisamos conversar sobre algo importante—, ele disse, sua voz grave preenchendo o ambiente.
Ela entrou na sala, sentindo o ar ao redor dela se tornar mais pesado. A presença dele era um manto de autoridade, e, por mais que estivesse acostumada com isso, a sensação nunca passava.
Tom apontou para a cadeira diante de sua mesa, gesticulando de maneira sutil. Emma se sentou sem hesitar, cruzando as pernas, e aguardou, seu olhar fixo no pai. Ele, por sua vez, não se sentou imediatamente. Ajustou a gravata bordô com calma, como se o gesto fosse mais uma maneira de manter o controle da situação, antes de começar a falar.
—A reunião das 10h com os investidores de Londres, — começou ele, sua voz imperturbável, —não será mais apenas sua responsabilidade.
Emma franziu o cenho, surpresa pela mudança. —Você vai participar também?
Tom esboçou um pequeno sorriso, mas seu semblante continuava sério. —Sim. O Projeto X é vital para o futuro da nossa empresa. Não é apenas sobre lucros, Emma. É sobre consolidar nossa posição e mostrar ao mundo — humano e vampírico — que estamos sempre à frente. Quero que eles vejam a força da nossa visão... e da nossa família.
Ela assentiu lentamente, sentindo o peso das palavras. — Eu já estava me preparando para apresentar os dados principais. O que mais você quer que eu foque?
Tom caminhou até sua cadeira, mas não se sentou. Em vez disso, ele se inclinou sobre a mesa, suas mãos apoiadas com firmeza enquanto seus olhos fixavam Emma. — Quero que você fale sobre a sustentabilidade do projeto. Como ele vai redefinir não apenas o mercado, mas a própria relação entre tecnologia e natureza. Esse é o ponto que vai atrair os investidores.
Emma respirou fundo, absorvendo a responsabilidade, mas também o orgulho que ela sentia em carregar o nome da família. —Entendido. Vou revisar todos os documentos.
— Ótimo,— ele respondeu com um aceno de aprovação, mas antes que Emma pudesse acrescentar mais alguma coisa, ele falou novamente, sua voz agora mais grave.— Isso é só o começo. Depois do almoço, temos uma reunião com o Conselho dos Vampiros.
O nome do Conselho ecoou na mente de Emma, despertando uma série de questionamentos.—Algo grave aconteceu?
Tom suspirou, ajustando a postura. — Um vampiro recém-transformado foi flagrado tendo relações com um humano. Isso gerou... complicações. Precisamos decidir como lidar com isso.
Ela estreitou os olhos, tentando decifrar o que ele queria dizer. "Complicações como... exposição?"
— Não diretamente, — Tom respondeu, ponderando suas palavras. — Mas o conselho está preocupado com os limites. Vampiros transformados têm mais dificuldades em controlar seus impulsos. O que começou como uma relação consensual pode facilmente se tornar algo perigoso.
Emma inclinou a cabeça, processando a informação. — E o que você sugere? Que decisão o conselho quer tomar?
— Isso é o que vamos discutir,— Tom disse, cruzando os braços com autoridade. — Alguns defendem punições severas, outros acham que é um caso isolado. Minha posição será neutra no início, mas quero ouvir os argumentos antes de tomar uma decisão.
Ela sabia que, apesar de seu tom impassível, Tom sempre tinha uma estratégia em mente. —E onde eu entro nisso?
— Quero que você observe,— ele respondeu com calma. — Essa será uma oportunidade para entender as dinâmicas do conselho. Um dia, você precisará assumir um papel maior nessas decisões.
Emma assentiu, sentindo o peso do dia que a aguardava.— Tudo bem, pai. Reunião com os investidores às 10h e conselho à tarde. Algo mais que eu deva saber?Tom deu um leve sorriso, com um toque de humor, o que aliviou um pouco a tensão.— Sim. Não se atrase para o jantar com Chris. Parece que ele finalmente conseguiu um sim.Emma revirou os olhos, mas não conseguiu impedir que um sorriso pequeno aparecesse em seus lábios. — Eu deveria saber que você saberia disso.—Eu sempre sei, Emma,— ele disse, com a confiança de quem sempre está no controle. —Agora vá. Prepare-se para nossa reunião.Ao deixar a sala, o coração de Emma estava acelerado, dividido entre as responsabilidades que pesavam sobre seus ombros e a ansiedade que ela sentia pelo jantar com Chris.Às 10h em ponto, Emma entrou na ampla sala de reuniões, acompanhada por Tom. O espaço era imponente, luxuoso, projetado para causar uma impressão de poder e inovação. Uma mesa de vidro longo refletia a luz suave que preenchia a sala, e
A reunião terminou com um consenso positivo, os investidores dispostos a financiar as próximas fases do projeto. Emma, ainda absorvendo o peso da aprovação, se virou para seu pai com um sorriso discreto. — Foi melhor do que eu esperava,— ela admitiu.— Você fez muito bem,—Tom disse, seu tom de aprovação contido, mas claro. —Mas a jornada está apenas começando.Ela saiu da sala e percebeu que havia esquecido o celular sobre a mesa. Voltou apressada e, ao pegá-lo, viu várias notificações. A maioria foi ignorada, exceto uma mensagem de Eric, seu assistente, que ela atendeu rapidamente.— Emma, como foi a reunião?—Eric perguntou, sem rodeios.— Foi boa, Eric, mas preciso que você cancele todas as minhas obrigações de hoje à tarde. Tenho algo mais importante para fazer,—ela disse com um tom de autoridade.—Entendido?—Claro, só isso? Ele parecia acostumado com o tom de voz de Emma, sempre firme e decisiva.—Sim, só isso. Obrigada,—Emma finalizou e desligou, já saindo em direção ao estaciona
O bistrô francês, com sua decoração sofisticada, estava iluminado de forma suave, criando uma atmosfera acolhedora e íntima. A fragrância de pratos deliciosos no ar, combinada com a música tranquila, fazia com que Emma começasse a relaxar. Ao entrar, o garçom a cumprimentou com um sorriso caloroso, conduzindo-os até a mesa reservada com vista para o movimento suave da cidade. Chris puxou a cadeira para ela com uma delicadeza que a fez se sentir ainda mais tranquila, e Emma se acomodou, o peso de seus pensamentos começando a se dissipar lentamente.— O que você vai pedir? —Emma perguntou, seus olhos encontrando os de Chris, que estava tão à vontade quanto ela deveria ser.— Eu estou pensando no risoto, e você?— Chris respondeu com um sorriso fácil.— Magret de pato. E vou de vinho branco, para ajudar a relaxar um pouco,— disse Emma, embora soubesse que nada realmente poderia afastar completamente a inquietação que ainda se arrastava com ela.O jantar foi uma mistura de pratos refinados
Ele sorriu levemente, um sorriso descontraído, mas que parecia carregar um segredo entre eles. Sem dizer nada, ele estendeu a mão, a suave pressão da sua palma contra a dela tornando tudo mais real. O silêncio entre eles durante o trajeto até sua casa não era desconfortável, mas sim agradável, como se estivessem compartilhando um espaço onde as palavras já haviam sido ditas, e o que restava agora era um entendimento silencioso.Quando chegaram à porta de sua casa, Chris estacionou o carro com uma precisão cuidadosa, como se quisesse garantir que aquele momento fosse perfeito. Ele desceu do carro e abriu a porta para Emma, mas antes que ela pudesse sair, ele a puxou delicadamente pela mão, trazendo-a para mais perto de si.— Eu não queria que essa noite acabasse sem que você soubesse,— ele disse, sua voz grave e baixa, como um sussurro carregado de intenções não ditas. A proximidade deles aumentava a tensão, fazendo o coração de Emma bater mais forte, seu corpo respondendo sem que ela
Emma demorou a adormecer. Sua mente, um turbilhão de imagens e perguntas, oscilava entre a tensão das discussões com o Conselho e a suavidade arrebatadora do beijo de Chris. Tentava se convencer de que a simplicidade daquele momento poderia ser a chave para resolver seus dilemas, mas a verdade a sufocava: a situação era muito mais complexa do que qualquer instante de prazer. Quando, finalmente, o sono chegou, não trouxe alívio. Ao invés disso, mergulhou-a em pesadelos distorcidos, onde sombras de palavras não ditas e decisões ainda por tomar dançavam ao seu redor, deixando-a sem fôlego. O turbilhão de emoções parecia não ter fim.Na manhã seguinte, o celular de Emma vibrou incessantemente na mesinha de cabeceira, como uma sombra incômoda. Ela estava profundamente grogue, como se o sono não tivesse sido suficiente para afastar os fantasmas da noite anterior. A princípio, ignorou as notificações. O peso do que vivera ainda a embriagava, e o mundo parecia um lugar distante. Mas, quando M
A outra linha ficou em silêncio por um momento, até que Chloe suspirou, visivelmente preocupada.— Bom, eu só espero que ele esteja preparado, porque a mídia não vai deixar vocês em paz tão cedo —, ela alertou com firmeza. — Mas, Emma, olha… isso não precisa ser algo ruim. Talvez vocês se tornem o novo casal queridinho da cidade.Emma riu sem humor, o som seco ecoando na linha.— Ou talvez isso destrua a minha carreira. E a dele —, ela respondeu, sentindo um peso insuportável apertar seu peito.Quando Chloe desligou, Emma permaneceu sentada na cama, o jornal ainda nas mãos, como se aquele pedaço de papel pudesse de alguma forma alterar a realidade ao seu redor. O beijo, que parecia tão natural, tão cheio de sentimento, agora estava exposto ao mundo inteiro, desprovido de qualquer privacidade. Sua mente oscilava entre a memória daquela conexão e o medo crescente das repercussões. Ela não conseguia entender como algo tão simples se transformava em um fardo.— Ótimo —, murmurou, a frustr
Ela não respondeu, apenas desligou a chamada, exausta. O peso da conversa e a falta de soluções a deixavam cada vez mais perdida. Olhou para o relógio e percebeu que tinha algumas horas antes do encontro com seu pai. Ela não estava pronta para mais uma batalha, mas não tinha escolha.Chegando à Smith Enterprises, Emma sentiu o coração acelerar. O prédio imponente, símbolo de sua conquista, parecia agora um peso sobre seus ombros. Ao passar pela recepção, Eric, seu assistente, a interceptou com uma expressão preocupada.— Emma, já vi as notícias. Está tudo bem? — Ele perguntou, segurando uma prancheta com os compromissos do dia.— Não, Eric, não está. — Ela respondeu com um suspiro pesado, tirando os óculos escuros que usava para esconder a tensão no rosto. — Cancele todos os meus compromissos de hoje. Reagende o que for possível e envie desculpas formais para o que não puder ser adiado.Eric hesitou por um instante, o tom dela o fazendo perceber a gravidade da situação. — Tem certeza?
As vozes dentro da sala ficavam cada vez mais claras, a tensão crescente sendo sentida até no ar. Emma podia distinguir os tons de raiva na voz de seu pai, a frustração em cada palavra. Não havia dúvida de que aquilo não era uma conversa simples. A situação estava fora de controle, e ela sabia disso.— Você não entende, Bruce! — a voz de Tom explodiu, a frustração escorrendo de sua garganta. — Ela está se arriscando! Mas não podemos permitir que essa exposição nos afete assim, não podemos permitir que isso nos destrua diante do concelho.Laura, sentada ao lado de Tom, estava visivelmente perturbada, mas não podia esconder a preocupação que tomava conta dela. Ela cruzou os braços, a expressão fechada, refletindo sua própria inquietação. — Tom tem razão. A mídia está nos devorando. Isso já saiu do nosso controle, e agora, com esse beijo… Como vamos lidar com isso, Bruce? Como você propõe que lidemos com isso?Bruce, o vampiro mais velho do conscelho, falou com autoridade e uma precisão