A reunião terminou com um consenso positivo, os investidores dispostos a financiar as próximas fases do projeto. Emma, ainda absorvendo o peso da aprovação, se virou para seu pai com um sorriso discreto. — Foi melhor do que eu esperava,— ela admitiu.
— Você fez muito bem,—Tom disse, seu tom de aprovação contido, mas claro. —Mas a jornada está apenas começando.
Ela saiu da sala e percebeu que havia esquecido o celular sobre a mesa. Voltou apressada e, ao pegá-lo, viu várias notificações. A maioria foi ignorada, exceto uma mensagem de Eric, seu assistente, que ela atendeu rapidamente.
— Emma, como foi a reunião?—Eric perguntou, sem rodeios.
— Foi boa, Eric, mas preciso que você cancele todas as minhas obrigações de hoje à tarde. Tenho algo mais importante para fazer,—ela disse com um tom de autoridade.—Entendido?
—Claro, só isso? Ele parecia acostumado com o tom de voz de Emma, sempre firme e decisiva.
—Sim, só isso. Obrigada,—Emma finalizou e desligou, já saindo em direção ao estacionamento.
Na garagem subterrânea, ela caminhou até seu Bentley Flying Spur preto. Era o reflexo perfeito de sua personalidade: elegante, poderosa, sem pretensão. Ela ligou o motor e saiu, o silêncio do carro contrastando com o caos das ruas da cidade.
A reunião com o Conselho vampírico tinha sido tensa, com a decisão de desaparecer com a humana Livy que sabia do segredo e com o vampiro Robert a morte, mas o que realmente pesava no coração de Emma era a incerteza do que viria a seguir. Seus pais, Tom e Laura, mantinham uma postura inabalável, cumprindo as leis do conselho com a precisão e a frieza que a posição deles exigia. Mas, em seu íntimo, Emma sentia que algo estava prestes a desmoronar. Não podia deixar de se perguntar se as decisões tomadas ali, aquelas que pareciam tão definitivas e imutáveis, realmente poderiam ser desfeitas.
Ao sair da sala, ela os observava, sentindo-se desconectada. O peso da decisão, os olhares furtivos que trocaram, tudo parecia um cenário de uma peça que ela não queria mais assistir. A lealdade deles à lei era evidente, mas Emma sabia que algo mais havia sido deixado de lado: a verdadeira natureza do que era justo. Ela não sabia o que mais lhe inquietava—se era a política fria ou o futuro incerto que lhe aguardava, mas aquele sentimento de desconforto parecia se agarrar a ela como um espectro.
Voltar para casa não parecia aliviar a sensação de urgência em seu peito. Sabia que a noite reservava um compromisso mais leve, um jantar com Chris, mas a carga emocional que carregava da reunião ainda estava colada à sua pele. Ao adentrar seu quarto, o reflexo no espelho a encarava com olhos cansados, mas também com uma determinação renovada. Ela não podia se entregar ao turbilhão interno, pelo menos não naquela noite. Precisava de um momento de paz, e Chris representava essa fuga.
Decidiu-se por um vestido de seda azul, a tonalidade suave contrastando com a tempestade que a agitava por dentro. Ele descia até o chão de forma elegante, mas discreta, com um brilho sutil que parecia capturar a luz do ambiente de maneira delicada. A escolha era um equilíbrio entre o conforto que ela ansiava e a consciência de que a noite merecia algo mais. Emma queria se sentir bem, não apenas confortável, mas livre, ao menos por algumas horas. O perfume de jasmim e lavanda que usava completava o efeito, como uma brisa fresca ao entardecer.
Quando o som da buzina cortou o ar, o nervosismo e a excitação a tomaram por completo. Chris havia chegado. Emma desceu as escadas, seus sapatos de salto médio fazendo um som suave no piso de madeira, e ao abrir a porta, viu o carro luxuoso de Chris estacionado, com ele ali, aguardando com um sorriso que a fazia esquecer, ao menos por um momento, o peso de seu mundo.
— Você está incrível,— disse ele, com a suavidade de quem entende como aliviar os momentos mais pesados. A voz dele parecia familiar e acolhedora, como um abrigo em uma noite fria.
— Obrigada, Chris,—Emma respondeu, embora o sorriso que deu não fosse exatamente o que ela queria transmitir. Havia um toque de distância em seus olhos, uma barreira que ela não conseguia baixar completamente.
Ela se acomodou no banco do carro, o aroma de couro e gasolina preenchendo o espaço ao redor enquanto Chris dava partida. A cidade se estendia diante deles, suas luzes refletindo nas janelas, mas Emma ainda se sentia distante, como se estivesse em um sonho leve, sem conseguir tocar o mundo real. O jantar, no entanto, era uma oportunidade para escapar, ainda que brevemente.
— Eu estava pensando,— começou Chris, quebrando o silêncio confortável, — faz tempo que não vamos a esse restaurante. Lembra da última vez? Foi logo depois daquela reunião... você parecia tão cansada de tudo.
Emma sorriu, a lembrança trazendo um sopro de alívio. — Sim, foi a única coisa que conseguimos fazer naquele dia—relaxar um pouco depois de tanta tensão.
O bistrô francês, com sua decoração sofisticada, estava iluminado de forma suave, criando uma atmosfera acolhedora e íntima. A fragrância de pratos deliciosos no ar, combinada com a música tranquila, fazia com que Emma começasse a relaxar. Ao entrar, o garçom a cumprimentou com um sorriso caloroso, conduzindo-os até a mesa reservada com vista para o movimento suave da cidade. Chris puxou a cadeira para ela com uma delicadeza que a fez se sentir ainda mais tranquila, e Emma se acomodou, o peso de seus pensamentos começando a se dissipar lentamente.— O que você vai pedir? —Emma perguntou, seus olhos encontrando os de Chris, que estava tão à vontade quanto ela deveria ser.— Eu estou pensando no risoto, e você?— Chris respondeu com um sorriso fácil.— Magret de pato. E vou de vinho branco, para ajudar a relaxar um pouco,— disse Emma, embora soubesse que nada realmente poderia afastar completamente a inquietação que ainda se arrastava com ela.O jantar foi uma mistura de pratos refinados
Ele sorriu levemente, um sorriso descontraído, mas que parecia carregar um segredo entre eles. Sem dizer nada, ele estendeu a mão, a suave pressão da sua palma contra a dela tornando tudo mais real. O silêncio entre eles durante o trajeto até sua casa não era desconfortável, mas sim agradável, como se estivessem compartilhando um espaço onde as palavras já haviam sido ditas, e o que restava agora era um entendimento silencioso.Quando chegaram à porta de sua casa, Chris estacionou o carro com uma precisão cuidadosa, como se quisesse garantir que aquele momento fosse perfeito. Ele desceu do carro e abriu a porta para Emma, mas antes que ela pudesse sair, ele a puxou delicadamente pela mão, trazendo-a para mais perto de si.— Eu não queria que essa noite acabasse sem que você soubesse,— ele disse, sua voz grave e baixa, como um sussurro carregado de intenções não ditas. A proximidade deles aumentava a tensão, fazendo o coração de Emma bater mais forte, seu corpo respondendo sem que ela
Emma demorou a adormecer. Sua mente, um turbilhão de imagens e perguntas, oscilava entre a tensão das discussões com o Conselho e a suavidade arrebatadora do beijo de Chris. Tentava se convencer de que a simplicidade daquele momento poderia ser a chave para resolver seus dilemas, mas a verdade a sufocava: a situação era muito mais complexa do que qualquer instante de prazer. Quando, finalmente, o sono chegou, não trouxe alívio. Ao invés disso, mergulhou-a em pesadelos distorcidos, onde sombras de palavras não ditas e decisões ainda por tomar dançavam ao seu redor, deixando-a sem fôlego. O turbilhão de emoções parecia não ter fim.Na manhã seguinte, o celular de Emma vibrou incessantemente na mesinha de cabeceira, como uma sombra incômoda. Ela estava profundamente grogue, como se o sono não tivesse sido suficiente para afastar os fantasmas da noite anterior. A princípio, ignorou as notificações. O peso do que vivera ainda a embriagava, e o mundo parecia um lugar distante. Mas, quando M
A outra linha ficou em silêncio por um momento, até que Chloe suspirou, visivelmente preocupada.— Bom, eu só espero que ele esteja preparado, porque a mídia não vai deixar vocês em paz tão cedo —, ela alertou com firmeza. — Mas, Emma, olha… isso não precisa ser algo ruim. Talvez vocês se tornem o novo casal queridinho da cidade.Emma riu sem humor, o som seco ecoando na linha.— Ou talvez isso destrua a minha carreira. E a dele —, ela respondeu, sentindo um peso insuportável apertar seu peito.Quando Chloe desligou, Emma permaneceu sentada na cama, o jornal ainda nas mãos, como se aquele pedaço de papel pudesse de alguma forma alterar a realidade ao seu redor. O beijo, que parecia tão natural, tão cheio de sentimento, agora estava exposto ao mundo inteiro, desprovido de qualquer privacidade. Sua mente oscilava entre a memória daquela conexão e o medo crescente das repercussões. Ela não conseguia entender como algo tão simples se transformava em um fardo.— Ótimo —, murmurou, a frustr
Ela não respondeu, apenas desligou a chamada, exausta. O peso da conversa e a falta de soluções a deixavam cada vez mais perdida. Olhou para o relógio e percebeu que tinha algumas horas antes do encontro com seu pai. Ela não estava pronta para mais uma batalha, mas não tinha escolha.Chegando à Smith Enterprises, Emma sentiu o coração acelerar. O prédio imponente, símbolo de sua conquista, parecia agora um peso sobre seus ombros. Ao passar pela recepção, Eric, seu assistente, a interceptou com uma expressão preocupada.— Emma, já vi as notícias. Está tudo bem? — Ele perguntou, segurando uma prancheta com os compromissos do dia.— Não, Eric, não está. — Ela respondeu com um suspiro pesado, tirando os óculos escuros que usava para esconder a tensão no rosto. — Cancele todos os meus compromissos de hoje. Reagende o que for possível e envie desculpas formais para o que não puder ser adiado.Eric hesitou por um instante, o tom dela o fazendo perceber a gravidade da situação. — Tem certeza?
As vozes dentro da sala ficavam cada vez mais claras, a tensão crescente sendo sentida até no ar. Emma podia distinguir os tons de raiva na voz de seu pai, a frustração em cada palavra. Não havia dúvida de que aquilo não era uma conversa simples. A situação estava fora de controle, e ela sabia disso.— Você não entende, Bruce! — a voz de Tom explodiu, a frustração escorrendo de sua garganta. — Ela está se arriscando! Mas não podemos permitir que essa exposição nos afete assim, não podemos permitir que isso nos destrua diante do concelho.Laura, sentada ao lado de Tom, estava visivelmente perturbada, mas não podia esconder a preocupação que tomava conta dela. Ela cruzou os braços, a expressão fechada, refletindo sua própria inquietação. — Tom tem razão. A mídia está nos devorando. Isso já saiu do nosso controle, e agora, com esse beijo… Como vamos lidar com isso, Bruce? Como você propõe que lidemos com isso?Bruce, o vampiro mais velho do conscelho, falou com autoridade e uma precisão
— Não fez nada de errado? — Tom repetiu, agora com a voz mais grave. O peso daquelas palavras a esmagava, como se o ar ao redor dela ficasse mais denso. — Emma, você não entende. Cada passo seu agora será analisado, distorcido, julgado. O mundo está de olho em você. E o pior... todos sabem que você é minha filha. O que você esperava?As palavras do pai atingiram Emma como uma lâmina afiada. O que esperava? Nem ela sabia mais. Mas, em algum lugar lá dentro, ela sabia que o que importava para ele não era o beijo em si, mas o reflexo da sua imagem pública. Ela sentia, com uma clareza dolorosa, que seu pai sempre a vira como um reflexo dele mesmo.Laura, que até então permanecia em silêncio, finalmente interveio, a expressão em seu rosto carregada de uma mistura de preocupação e frieza.— Emma, você sabia que isso teria consequências. Não podemos mais esconder o que aconteceu. Precisamos controlar a narrativa, e rápido.Aquilo foi como uma bofetada. A voz de sua mãe, normalmente suave e c
Emma hesitou por um momento, como se ponderasse a resposta. Sabia que ele estava certo. Ela estava preocupada. Mas, ao mesmo tempo, sabia que não podia simplesmente se abrir para um estranho.— Desculpe — repetiu, sua voz mais suave, e deu um passo para frente. — Eu realmente preciso ir.O homem a observou mais um instante, os olhos parecendo captar algo que ela não queria revelar. Mas ele não disse mais nada. Apenas ficou ali, observando enquanto ela se afastava.O barulho frenético da cidade foi se dissipando lentamente conforme Emma se aproximava do Central Park. As ruas agitadas, o som constante de carros, o murmúrio de conversas apressadas... tudo parecia sumir à medida que ela entrava na calmaria daquele refúgio verde. As árvores se erguiam ao seu redor, suas folhas dançando suavemente ao ritmo do vento, e Emma respirou fundo, sentindo a brisa fresca acariciar seu rosto. Era como se, pela primeira vez em horas, ela conseguisse respirar.Ela procurou um banco vazio, sentando-se c