Emma sentia o peso do desejo pulsando dentro de si, como uma fome insaciável que só poderia ser apaziguada por algo sombrio e vital. Ela forçou cada passo em direção à cozinha, seus sentidos aguçados pelo impulso que crescia dentro de sua carne. O lugar estava silencioso, mas ela podia sentir o cheiro da necessidade no ar — uma mistura do próprio medo e da fome que a consumia. A cozinha parecia distante, como se estivesse em outro mundo, mas, ao mesmo tempo, os passos de Emma eram rápidos e certeiros.Ela se dirigiu ao freezer, um ponto de refúgio no qual guardava as bolsas de sangue para aqueles momentos de fragilidade, quando a parte vampírica dentro de si ameaçava dominá-la. Ela não precisaria daquelas bolsas com frequência, mas havia horas em que seu corpo exigia que ela cedesse. E aquele momento era um deles. A parte humana de Emma sabia o que era certo, mas a besta dentro de si estava sedenta, exigindo seu sacrifício.A porta do freezer cedeu ao seu toque, mas a força com que a
Ela entrou na ducha com um movimento brusco, sentindo a água fria a envolver e cortar a pele quente. Mas não era o suficiente. A água não era suficiente para apagar o que ela havia feito. Não havia água suficiente no mundo para tirar o gosto amargo que ainda lhe impregnava a boca e a alma. O fluxo de água a lambia, mas Emma queria mais. Ela esfregava a pele freneticamente, como se pudesse rasgar a própria carne e afastar o que a corroía por dentro. A água não conseguia limpar o que ela sentia. Não podia apagar a vergonha que a consumia.Com os olhos fechados, ela deixou a água escorrer por seu rosto, tentando afogar os pensamentos, tentando fugir do que estava dentro dela. Mas o sangue não deixava. Estava ali, presente, dentro de seu corpo, dentro de sua mente, como uma mancha invisível que a perseguiu até o fim. Emma se afundou ainda mais sob a água, deixando que ela a envolvesse como uma tentativa desesperada de purificação.O som da água caindo sobre ela era como um abafamento, uma
Quando os primeiros raios de luz da manhã atravessaram a janela, Emma acordou com a sensação de que o dia seria mais um a ser suportado do que vivido. Sua mente estava turva, como se estivesse submersa em um nevoeiro denso que se recusava a dissipar. Ela sentia uma falta de energia avassaladora, uma fraqueza que ia além do físico. Não havia forças suficientes em seu corpo para se levantar, muito menos para enfrentar o mundo lá fora. A lembrança de sua fragilidade ainda estava viva dentro dela, como uma sombra invisível, e o peso da sua incapacidade de controlar seus próprios instintos a esmagava de uma forma indescritível. A dor no peito, como se um fardo invisível se tivesse instalado ali, era constante. O coração batia acelerado, mas cada batida parecia mais uma tortura do que uma resposta natural de seu corpo.Ela ficou deitada por alguns minutos, relutante em se mover, mas sabia que não poderia permanecer ali. O tempo passava e ela precisava fazer algo. Respirou fundo, tentando re
Ela fechou os olhos por um momento, sentindo a culpa apertar seu peito. — Não, Chris, você fez o que tinha que fazer.— Não tenta me aliviar, Emma. — Ele suspirou profundamente do outro lado da linha, a dor na sua voz clara. — Eu sei o que aconteceu ontem. Tudo começou com aquela maldita foto.A lembrança da imagem dela e de Chris se beijando, espalhada por todas as redes sociais, ainda doía como uma lâmina afiada, cortando profundamente. Os comentários... a exposição... a vergonha. Era como se estivesse sendo observada o tempo inteiro, sem escapatória.— E depois veio a conversa com seu pai — continuou Chris, mais baixo, como se a lembrança fosse dolorosa. — Eu vi como aquilo te abalou. Você estava começando a perder o controle no Central Park, Emma. Eu vi nos seus olhos.O silêncio caiu entre eles, pesado. Emma apertou o telefone com força, como se aquilo pudesse impedir a dor de transbordar.— E quando você sumiu e não atendia o telefone... — Ele fez uma pausa, e ela sentiu a dor e
Tom suspirou profundamente, passando as mãos pelo rosto. Ele parecia envelhecido, cansado. Quando finalmente falou, sua voz estava pesada, quase como se cada palavra fosse uma pedra sendo carregada.— Emma... se quisermos explicar o que você é, precisamos voltar para o início. Para a criação dos vampiros. Só assim você entenderá.Emma piscou, as lágrimas ainda escorrendo, mas agora sua atenção estava fixa em Tom. Era como se ele tivesse puxado uma cortina que ela nem sabia que estava ali, revelando algo que sempre esteve nas sombras.— A criação dos vampiros? — A voz dela era um sussurro agora, cheia de confusão e medo.Tom assentiu, endireitando-se no sofá enquanto Laura colocava uma mão no braço dele, como se o estivesse encorajando a continuar.— Há muito tempo... antes mesmo de os humanos escreverem suas primeiras histórias, existiam os Seres Primordiais. Eles eram antigos, poderosos, e sua essência estava diretamente conectada às forças da natureza e da vida. Entre eles, havia um
Laura colocou a mão sobre a de Emma, os olhos cheios de esperança. — Vai ser bom para você, querida. Jacob é família, e eu estarei com você o tempo todo.Emma respirou fundo, o olhar perdido na madeira polida da mesa. — Eu... vou pensar.Tom assentiu, seu tom paciente, mas firme. — Pense, mas não demore. Quanto mais tempo você fica assim, pior será.Os momentos que se seguiram foram preenchidos por um silêncio pesado, carregado de sentimentos não ditos. Emma sabia que precisava tomar uma decisão, mas cada opção parecia igualmente assombrosa.Finalmente, ela ergueu os olhos para seus pais. — Tudo bem, eu vou. — Sua voz era hesitante, mas havia uma firmeza subjacente que eles reconheceram.Laura sorriu suavemente, enquanto Tom parecia aliviado. — Ótimo. Vamos cuidar dos detalhes. — Ele se levantou, ajeitando o casaco. — Voltamos mais tarde para te levar ao aeroporto.Emma os acompanhou até a porta, sentindo um misto de gratidão e ansiedade. — Obrigada... pelos conselhos.— Somos seus pa
O barulho do carro parando na entrada a trouxe de volta à realidade. Tom e Laura estavam de volta, prontos para levá-la ao aeroporto. Emma pegou sua mala e desceu as escadas, o coração acelerado enquanto Maya a observava com um olhar tranquilizador.— Boa sorte, senhorita. — Maya disse, segurando a porta aberta. — E lembre-se, qualquer tempestade é mais fácil de enfrentar com um guarda-chuva na mão.Emma sorriu levemente. — Obrigada, Maya. Cuide da casa pra mim.Entrando no carro, Emma notou o silêncio que dominava o ambiente. Laura sentou-se ao lado dela, enquanto Tom dirigia. O caminho até o aeroporto foi tranquilo, mas cada quilômetro parecia pesar no peito de Emma.Ao chegarem ao aeroporto, o jato particular da família já os aguardava, imponente sob o céu azul. A tripulação deu boas-vindas, carregando as malas enquanto Laura e Emma subiam as escadas do avião.Quando se acomodaram, Laura lançou um olhar curioso para a filha. — Emma, Paris será o nosso momento. Você precisa disso...
Emma SmithEmma Smith era uma raridade, um milagre que desafiava todas as leis naturais e sobrenaturais. Nascida de dois vampiros originais - criaturas imortais que até então acreditavam ser incapazes de gerar descendência - Emma carregava em si um mistério que atraía olhares de fascínio e curiosidade, tanto entre humanos quanto entre os próprios vampiros. Sua pele era tão alva e translúcida que refletia a luz da lua como porcelana pura, quase etérea. Seus olhos verdes brilhavam com uma intensidade hipnotizante, como esmeraldas cintilantes que guardavam segredos. E seus cabelos negros, ondulados e compridos, pareciam carvão que dava contraste de sua pele.Seu estilo pessoal era tão cativante quanto ela mesma, com roupas que uniam elegância e modernidade, sempre impecavelmente ajustadas ao seu corpo esguio. Ela era um ícone por si só, conhecida não apenas como a "filha prodígio" dos Smiths, mas também como alguém que exalava carisma natural. Para os humanos, ela era a jovem bilionária