Ela fechou os olhos por um momento, sentindo a culpa apertar seu peito. — Não, Chris, você fez o que tinha que fazer.— Não tenta me aliviar, Emma. — Ele suspirou profundamente do outro lado da linha, a dor na sua voz clara. — Eu sei o que aconteceu ontem. Tudo começou com aquela maldita foto.A lembrança da imagem dela e de Chris se beijando, espalhada por todas as redes sociais, ainda doía como uma lâmina afiada, cortando profundamente. Os comentários... a exposição... a vergonha. Era como se estivesse sendo observada o tempo inteiro, sem escapatória.— E depois veio a conversa com seu pai — continuou Chris, mais baixo, como se a lembrança fosse dolorosa. — Eu vi como aquilo te abalou. Você estava começando a perder o controle no Central Park, Emma. Eu vi nos seus olhos.O silêncio caiu entre eles, pesado. Emma apertou o telefone com força, como se aquilo pudesse impedir a dor de transbordar.— E quando você sumiu e não atendia o telefone... — Ele fez uma pausa, e ela sentiu a dor e
Tom suspirou profundamente, passando as mãos pelo rosto. Ele parecia envelhecido, cansado. Quando finalmente falou, sua voz estava pesada, quase como se cada palavra fosse uma pedra sendo carregada.— Emma... se quisermos explicar o que você é, precisamos voltar para o início. Para a criação dos vampiros. Só assim você entenderá.Emma piscou, as lágrimas ainda escorrendo, mas agora sua atenção estava fixa em Tom. Era como se ele tivesse puxado uma cortina que ela nem sabia que estava ali, revelando algo que sempre esteve nas sombras.— A criação dos vampiros? — A voz dela era um sussurro agora, cheia de confusão e medo.Tom assentiu, endireitando-se no sofá enquanto Laura colocava uma mão no braço dele, como se o estivesse encorajando a continuar.— Há muito tempo... antes mesmo de os humanos escreverem suas primeiras histórias, existiam os Seres Primordiais. Eles eram antigos, poderosos, e sua essência estava diretamente conectada às forças da natureza e da vida. Entre eles, havia um
Laura colocou a mão sobre a de Emma, os olhos cheios de esperança. — Vai ser bom para você, querida. Jacob é família, e eu estarei com você o tempo todo.Emma respirou fundo, o olhar perdido na madeira polida da mesa. — Eu... vou pensar.Tom assentiu, seu tom paciente, mas firme. — Pense, mas não demore. Quanto mais tempo você fica assim, pior será.Os momentos que se seguiram foram preenchidos por um silêncio pesado, carregado de sentimentos não ditos. Emma sabia que precisava tomar uma decisão, mas cada opção parecia igualmente assombrosa.Finalmente, ela ergueu os olhos para seus pais. — Tudo bem, eu vou. — Sua voz era hesitante, mas havia uma firmeza subjacente que eles reconheceram.Laura sorriu suavemente, enquanto Tom parecia aliviado. — Ótimo. Vamos cuidar dos detalhes. — Ele se levantou, ajeitando o casaco. — Voltamos mais tarde para te levar ao aeroporto.Emma os acompanhou até a porta, sentindo um misto de gratidão e ansiedade. — Obrigada... pelos conselhos.— Somos seus pa
O barulho do carro parando na entrada a trouxe de volta à realidade. Tom e Laura estavam de volta, prontos para levá-la ao aeroporto. Emma pegou sua mala e desceu as escadas, o coração acelerado enquanto Maya a observava com um olhar tranquilizador.— Boa sorte, senhorita. — Maya disse, segurando a porta aberta. — E lembre-se, qualquer tempestade é mais fácil de enfrentar com um guarda-chuva na mão.Emma sorriu levemente. — Obrigada, Maya. Cuide da casa pra mim.Entrando no carro, Emma notou o silêncio que dominava o ambiente. Laura sentou-se ao lado dela, enquanto Tom dirigia. O caminho até o aeroporto foi tranquilo, mas cada quilômetro parecia pesar no peito de Emma.Ao chegarem ao aeroporto, o jato particular da família já os aguardava, imponente sob o céu azul. A tripulação deu boas-vindas, carregando as malas enquanto Laura e Emma subiam as escadas do avião.Quando se acomodaram, Laura lançou um olhar curioso para a filha. — Emma, Paris será o nosso momento. Você precisa disso...
O avião deslizou suavemente sobre a pista de Le Bourget, como um pássaro pousando graciosamente após um longo voo. A luz pálida da manhã atravessava as nuvens baixas, refletindo-se nas asas metálicas, enquanto Emma inclinava a cabeça para a janela. Lá estava ela novamente, Paris — uma cidade que parecia congelada no tempo, com seu charme eterno e uma promessa de mistérios escondidos nas esquinas sombreadas.Emma apertou a alça da bolsa no colo, um hábito que ela nem percebia mais. Seus olhos capturavam a paisagem com uma mistura de familiaridade e inquietação. Paris sempre fora assim para ela: ao mesmo tempo um lar e um labirinto. As memórias vinham como flashes — passeios infantis pelas margens do Sena, o riso de sua mãe, Laura, ao som dos músicos de rua, e, claro, o olhar sempre atento do enigmático tio Jacob Countach.Laura ajeitou o vestido creme, com um toque de nervosismo escondido atrás de sua postura elegante. Ela olhou para Emma e tentou um sorriso leve.— Pronta para reencon
Ele conduziu-as até a margem do Sena, onde os barcos deslizavam preguiçosamente pela água. Jacob apontou para a Pont Neuf. — Irônico, não? Pont Neuf significa "ponte nova", mas é a mais antiga de Paris. Construída por Henrique IV, que queria que este fosse um lugar de encontro para todos, sem distinção de classe.Laura, intrigada, interrompeu. — Você parece saber tudo, Jacob.Ele sorriu de canto. — É Paris, minha querida. Para amá-la, você deve conhecê-la.Jacob continuou a guiá-las, cada passo pelas ruas de paralelepípedo acompanhado por histórias e curiosidades. Na Champs-Élysées, ele falou sobre como Napoleão encomendou o Arco do Triunfo como uma celebração de suas vitórias. No Louvre, contou sobre o roubo da Mona Lisa e como ela foi recuperada anos depois, tornando-se a pintura mais famosa do mundo.Ao cair da noite, eles chegaram à Torre Eiffel, que brilhava como se cada luz carregasse um pedaço da alma de Paris. Jacob virou-se para Emma. — E aqui está, o coração pulsante de to
Depois de algumas mordidas silenciosas, Emma percebeu que ele estava observando-a mais do que o necessário. Algo no olhar de Jacob a inquietava, mas ela disfarçou, focando no prato à sua frente.O jantar continuou com outros pratos igualmente elaborados: ratatouille, uma harmonia colorida de vegetais, e, para finalizar, crème brûlée. Quando a superfície caramelizada da sobremesa foi quebrada, o som da colher contra o topo crocante parecia ecoar pela sala.Jacob levantou sua taça mais uma vez, agora com um olhar enigmático que combinava perfeitamente com o ambiente .— À família, — disse ele, sua voz soando como uma melodia. — E a Paris, que continua sendo o palco perfeito para todas as grandes histórias.Emma ergueu sua taça, mas não pôde evitar a sensação de que ele estava se referindo a algo mais do que as ruas e monumentos da cidade. Havia um mistério em suas palavras, um subtexto que ela ainda não conseguia decifrar. Ela sorriu educadamente, mas enquanto tomava um gole do vinho.A
— Você é o melhor. Amo você, pai.— Também te amo, Emma. E amor, cuida da nossa menina, hein?— Sempre, Tom. Sempre. — Laura respondeu com um sorriso.Depois de desligar, Emma se sentou na cama, sentindo uma sensação de leveza invadir seu corpo. Mesmo em uma cidade tão encantadora quanto Paris, era o calor da presença de sua família que realmente tornava tudo mais significativo.Laura, sua mãe, estava sentada ao seu lado, folheando uma revista de moda francesa. Ela parecia tranquila, mas ainda com aquele olhar atento, como sempre. Emma a observou com carinho e sorriu suavemente.— Mãe, você nunca me contou muito sobre a sua época em Paris. — Emma perguntou, curiosa, com a voz baixa, já sentindo o peso da noite se aproximando.Laura ergueu os olhos da revista, parecendo se perder nas lembranças por um momento. — Ah, sim... Antes de Nova York, passei um tempo aqui com o seu pai. Foi uma época maravilhosa. Paris tem algo de mágico, não é? Eu sempre amei essa cidade. É como se cada rua, c