O bistrô francês, com sua decoração sofisticada, estava iluminado de forma suave, criando uma atmosfera acolhedora e íntima. A fragrância de pratos deliciosos no ar, combinada com a música tranquila, fazia com que Emma começasse a relaxar. Ao entrar, o garçom a cumprimentou com um sorriso caloroso, conduzindo-os até a mesa reservada com vista para o movimento suave da cidade. Chris puxou a cadeira para ela com uma delicadeza que a fez se sentir ainda mais tranquila, e Emma se acomodou, o peso de seus pensamentos começando a se dissipar lentamente.
— O que você vai pedir? —Emma perguntou, seus olhos encontrando os de Chris, que estava tão à vontade quanto ela deveria ser.
— Eu estou pensando no risoto, e você?— Chris respondeu com um sorriso fácil.
— Magret de pato. E vou de vinho branco, para ajudar a relaxar um pouco,— disse Emma, embora soubesse que nada realmente poderia afastar completamente a inquietação que ainda se arrastava com ela.
O jantar foi uma mistura de pratos refinados e conversas descontraídas. Cada risada, cada troca de olhares, parecia fazer o peso do dia desaparecer, por um momento. Mas, à medida que a sobremesa chegava—um mousse de chocolate tão suave que parecia derreter na boca—Chris observou-a com uma intensidade que fez Emma parar por um segundo, a atenção se voltando para ele.
— Eu percebo como você tem estado sobrecarregada. Essas reuniões com o Conselho... deve ser difícil,— ele disse com uma suavidade que a tocou profundamente.
Emma olhou para ele, surpresa pela compreensão em seus olhos. —Sim, tem sido difícil. Às vezes sinto que estou carregando o peso de tudo, de todas as expectativas.
Chris olhou para ela, seus olhos revelando uma sinceridade rara. — Eu sei que você é forte, mas você não precisa fazer isso sozinha. Se precisar desabafar, estarei aqui. Sempre.
Emma sorriu, tocada pelas palavras dele. — Obrigada, Chris. Isso significa muito para mim.
Após o jantar, Chris sugeriu uma caminhada pelo Central Park. O clima estava agradável e a ideia de passar algum tempo ao ar livre, em meio à tranquilidade da natureza, parecia perfeita. Eles caminharam juntos, o som distante da cidade diminuindo conforme se afastavam, as árvores criando uma espécie de santuário ao redor deles. A conversa continuava leve, mas havia algo mais no ar, algo que estava se tornando impossível de ignorar.
— Você sabia , disse Chris de repente, sua voz mais suave agora,— que, mesmo quando tudo parece fora de controle, momentos como esse nos colocam em perspectiva?
Emma olhou para ele, algo suave e inusitado passando por ela, como se, de repente, o tempo tivesse desacelerado. —Sim, sei. Às vezes, é só preciso estar com alguém que entende... e esquecer um pouco das preocupações.
Chris deu um passo à frente, sua presença mais próxima agora, seu olhar focado nela com uma intensidade que a fez parar de respirar por um instante.
— Emma, — ele sussurrou, — Eu sei que você tem enfrentado tantas coisas, mas quero que saiba que... eu me importo muito com você.
O calor de suas palavras a atingiu com a força de uma onda, e antes que pudesse responder, ele tocou suavemente seu rosto. A sensação de seu toque era quente, contrastando com a brisa fresca da noite. Emma ficou quieta, sentindo o coração bater forte, enquanto os olhos de Chris a hipnotizavam de uma maneira que ela nunca imaginou.
A proximidade entre eles cresceu, e quando seus lábios finalmente se tocaram, foi como se o mundo ao redor desaparecesse. O beijo foi uma mistura de suavidade e urgência, de algo inesperado e, ao mesmo tempo, tão desejado. Emma se perdeu na sensação, no gosto, no calor que irradiava de Chris e que a envolvia. Quando o beijo terminou, ela ainda estava absorta, o coração disparado, como se tivesse vivenciado algo mais profundo do que simples desejo.
— Eu também me importo com você, Chris,—ela murmurou, a voz baixa e sincera, um sorriso tímido aparecendo nos lábios dela.
Ele sorriu suavemente, pegando sua mão com carinho. —Eu sei, — ele respondeu, a voz cheia de compreensão e promessa. —E estarei aqui, para o que você precisar.
Emma olhou para ele, sentindo o ar ao redor carregado de uma tensão palpável, mas também algo mais, algo profundo, que parecia ligá-la a ele de maneira que ela não conseguia compreender completamente. Aquela conexão entre eles era inegável, um laço que, por mais que tentasse negar, estava se formando ali, em silêncio, mas com uma força que a tomava de surpresa.
— Obrigada, Chris,— disse ela, a voz mais suave do que pretendia, mas carregada de uma sinceridade que a fazia sentir vulnerável de uma forma que ela não costumava. — Sério. Eu... preciso de tempo para entender tudo isso, mas estar com você faz mais sentido do que eu imaginava. Mais do que eu esperava.Chris a olhou com um misto de ternura e intensidade. Seus olhos profundos pareciam enxergar através das camadas que Emma costumava esconder tão bem. Algo nele a fazia sentir que, talvez, ele fosse a única pessoa que poderia entender, sem julgamentos, os dilemas que ela carregava, as complexidades da sua existência. Era quase como se ele soubesse, sem que ela precisasse dizer uma palavra sequer.
Ele sorriu levemente, um sorriso descontraído, mas que parecia carregar um segredo entre eles. Sem dizer nada, ele estendeu a mão, a suave pressão da sua palma contra a dela tornando tudo mais real. O silêncio entre eles durante o trajeto até sua casa não era desconfortável, mas sim agradável, como se estivessem compartilhando um espaço onde as palavras já haviam sido ditas, e o que restava agora era um entendimento silencioso.Quando chegaram à porta de sua casa, Chris estacionou o carro com uma precisão cuidadosa, como se quisesse garantir que aquele momento fosse perfeito. Ele desceu do carro e abriu a porta para Emma, mas antes que ela pudesse sair, ele a puxou delicadamente pela mão, trazendo-a para mais perto de si.— Eu não queria que essa noite acabasse sem que você soubesse,— ele disse, sua voz grave e baixa, como um sussurro carregado de intenções não ditas. A proximidade deles aumentava a tensão, fazendo o coração de Emma bater mais forte, seu corpo respondendo sem que ela
Emma demorou a adormecer. Sua mente, um turbilhão de imagens e perguntas, oscilava entre a tensão das discussões com o Conselho e a suavidade arrebatadora do beijo de Chris. Tentava se convencer de que a simplicidade daquele momento poderia ser a chave para resolver seus dilemas, mas a verdade a sufocava: a situação era muito mais complexa do que qualquer instante de prazer. Quando, finalmente, o sono chegou, não trouxe alívio. Ao invés disso, mergulhou-a em pesadelos distorcidos, onde sombras de palavras não ditas e decisões ainda por tomar dançavam ao seu redor, deixando-a sem fôlego. O turbilhão de emoções parecia não ter fim.Na manhã seguinte, o celular de Emma vibrou incessantemente na mesinha de cabeceira, como uma sombra incômoda. Ela estava profundamente grogue, como se o sono não tivesse sido suficiente para afastar os fantasmas da noite anterior. A princípio, ignorou as notificações. O peso do que vivera ainda a embriagava, e o mundo parecia um lugar distante. Mas, quando M
A outra linha ficou em silêncio por um momento, até que Chloe suspirou, visivelmente preocupada.— Bom, eu só espero que ele esteja preparado, porque a mídia não vai deixar vocês em paz tão cedo —, ela alertou com firmeza. — Mas, Emma, olha… isso não precisa ser algo ruim. Talvez vocês se tornem o novo casal queridinho da cidade.Emma riu sem humor, o som seco ecoando na linha.— Ou talvez isso destrua a minha carreira. E a dele —, ela respondeu, sentindo um peso insuportável apertar seu peito.Quando Chloe desligou, Emma permaneceu sentada na cama, o jornal ainda nas mãos, como se aquele pedaço de papel pudesse de alguma forma alterar a realidade ao seu redor. O beijo, que parecia tão natural, tão cheio de sentimento, agora estava exposto ao mundo inteiro, desprovido de qualquer privacidade. Sua mente oscilava entre a memória daquela conexão e o medo crescente das repercussões. Ela não conseguia entender como algo tão simples se transformava em um fardo.— Ótimo —, murmurou, a frustr
Ela não respondeu, apenas desligou a chamada, exausta. O peso da conversa e a falta de soluções a deixavam cada vez mais perdida. Olhou para o relógio e percebeu que tinha algumas horas antes do encontro com seu pai. Ela não estava pronta para mais uma batalha, mas não tinha escolha.Chegando à Smith Enterprises, Emma sentiu o coração acelerar. O prédio imponente, símbolo de sua conquista, parecia agora um peso sobre seus ombros. Ao passar pela recepção, Eric, seu assistente, a interceptou com uma expressão preocupada.— Emma, já vi as notícias. Está tudo bem? — Ele perguntou, segurando uma prancheta com os compromissos do dia.— Não, Eric, não está. — Ela respondeu com um suspiro pesado, tirando os óculos escuros que usava para esconder a tensão no rosto. — Cancele todos os meus compromissos de hoje. Reagende o que for possível e envie desculpas formais para o que não puder ser adiado.Eric hesitou por um instante, o tom dela o fazendo perceber a gravidade da situação. — Tem certeza?
As vozes dentro da sala ficavam cada vez mais claras, a tensão crescente sendo sentida até no ar. Emma podia distinguir os tons de raiva na voz de seu pai, a frustração em cada palavra. Não havia dúvida de que aquilo não era uma conversa simples. A situação estava fora de controle, e ela sabia disso.— Você não entende, Bruce! — a voz de Tom explodiu, a frustração escorrendo de sua garganta. — Ela está se arriscando! Mas não podemos permitir que essa exposição nos afete assim, não podemos permitir que isso nos destrua diante do concelho.Laura, sentada ao lado de Tom, estava visivelmente perturbada, mas não podia esconder a preocupação que tomava conta dela. Ela cruzou os braços, a expressão fechada, refletindo sua própria inquietação. — Tom tem razão. A mídia está nos devorando. Isso já saiu do nosso controle, e agora, com esse beijo… Como vamos lidar com isso, Bruce? Como você propõe que lidemos com isso?Bruce, o vampiro mais velho do conscelho, falou com autoridade e uma precisão
— Não fez nada de errado? — Tom repetiu, agora com a voz mais grave. O peso daquelas palavras a esmagava, como se o ar ao redor dela ficasse mais denso. — Emma, você não entende. Cada passo seu agora será analisado, distorcido, julgado. O mundo está de olho em você. E o pior... todos sabem que você é minha filha. O que você esperava?As palavras do pai atingiram Emma como uma lâmina afiada. O que esperava? Nem ela sabia mais. Mas, em algum lugar lá dentro, ela sabia que o que importava para ele não era o beijo em si, mas o reflexo da sua imagem pública. Ela sentia, com uma clareza dolorosa, que seu pai sempre a vira como um reflexo dele mesmo.Laura, que até então permanecia em silêncio, finalmente interveio, a expressão em seu rosto carregada de uma mistura de preocupação e frieza.— Emma, você sabia que isso teria consequências. Não podemos mais esconder o que aconteceu. Precisamos controlar a narrativa, e rápido.Aquilo foi como uma bofetada. A voz de sua mãe, normalmente suave e c
Emma hesitou por um momento, como se ponderasse a resposta. Sabia que ele estava certo. Ela estava preocupada. Mas, ao mesmo tempo, sabia que não podia simplesmente se abrir para um estranho.— Desculpe — repetiu, sua voz mais suave, e deu um passo para frente. — Eu realmente preciso ir.O homem a observou mais um instante, os olhos parecendo captar algo que ela não queria revelar. Mas ele não disse mais nada. Apenas ficou ali, observando enquanto ela se afastava.O barulho frenético da cidade foi se dissipando lentamente conforme Emma se aproximava do Central Park. As ruas agitadas, o som constante de carros, o murmúrio de conversas apressadas... tudo parecia sumir à medida que ela entrava na calmaria daquele refúgio verde. As árvores se erguiam ao seu redor, suas folhas dançando suavemente ao ritmo do vento, e Emma respirou fundo, sentindo a brisa fresca acariciar seu rosto. Era como se, pela primeira vez em horas, ela conseguisse respirar.Ela procurou um banco vazio, sentando-se c
Emma sentia o peso do desejo pulsando dentro de si, como uma fome insaciável que só poderia ser apaziguada por algo sombrio e vital. Ela forçou cada passo em direção à cozinha, seus sentidos aguçados pelo impulso que crescia dentro de sua carne. O lugar estava silencioso, mas ela podia sentir o cheiro da necessidade no ar — uma mistura do próprio medo e da fome que a consumia. A cozinha parecia distante, como se estivesse em outro mundo, mas, ao mesmo tempo, os passos de Emma eram rápidos e certeiros.Ela se dirigiu ao freezer, um ponto de refúgio no qual guardava as bolsas de sangue para aqueles momentos de fragilidade, quando a parte vampírica dentro de si ameaçava dominá-la. Ela não precisaria daquelas bolsas com frequência, mas havia horas em que seu corpo exigia que ela cedesse. E aquele momento era um deles. A parte humana de Emma sabia o que era certo, mas a besta dentro de si estava sedenta, exigindo seu sacrifício.A porta do freezer cedeu ao seu toque, mas a força com que a