O sol nascente derramava uma luz dourada sobre a cidade, como se até mesmo os céus reverenciassem a majestade de Nova York. A cidade pulsava com vida e caos, mas para Emma Smith, era apenas mais um dia. No entanto, havia algo inexplicável na maneira como a luz solar a abraçava. Enquanto as sombras de arranha-céus se projetavam em linhas duras nas calçadas, os raios pareciam dançar ao seu redor, como se reconhecessem sua singularidade.
Smith Enterprises, um ícone de poder e elegância, erguia-se como um monumento de vidro negro e aço, desafiando o céu. A arquitetura imponente não apenas refletia a luz, mas parecia absorvê-la, amplificando sua aura enigmática. Dentro do lobby, o ar era preenchido por um frescor quase sobrenatural. Os lustres de cristal lançavam reflexos caleidoscópicos pelas paredes de mármore branco, enquanto o perfume de flores frescas criava um contraste sutil com o frenesi da cidade lá fora.
No subsolo, a chegada de Emma não passou despercebida, mesmo que fosse marcada por um silêncio quase reverencial. A porta de seu Bentley Flying Spur se abriu suavemente, e ela surgiu com uma graça que desafiava as leis da natureza. Sua pele, pálida e perfeita, parecia feita de porcelana iluminada de dentro para fora, enquanto seus olhos verdes captavam a luz como esmeraldas líquidas. Ela usava um vestido preto ajustado que exalava sofisticação, mas o que realmente prendia a atenção era a aura que emanava dela: uma mistura de mistério e poder inabalável.
Emma não era como os outros. Ela era um milagre. O sangue de dois Originais corria em suas veias, mas com algo a mais. Diferente de qualquer outro vampiro, ela andava à luz do dia sem proteção, como se o sol fosse um cúmplice, não um inimigo. Não precisava de sangue para sobreviver – apenas em emergências extremas. Era um dom raro, um símbolo de que ela estava destinada a algo muito maior.
Enquanto seus passos ecoavam no estacionamento silencioso, cada som parecia carregar um peso significativo, como se o mundo inteiro estivesse atento a ela. Seus saltos marcavam o ritmo de sua determinação enquanto ela atravessava o espaço em direção ao elevador. No reflexo das paredes espelhadas, ela encarou sua própria imagem. Seus olhos não eram apenas brilhantes, eram o espelho de uma alma complexa, uma que havia aprendido a controlar o caos dentro de si para governar um império entre humanos e sobrenaturais.
Eric, seu assistente pessoal, já a esperava à entrada do elevador. Ele carregava uma pasta de couro preta e um tablet reluzente, a postura sempre impecável, mas os olhos denunciavam um misto de fascínio e medo. Era como se ele soubesse que Emma era muito mais do que aparentava. E ele estava certo.
—Bem, está tudo conforme o planejado—, começou Eric, sua voz controlada, mas com um toque de nervosismo, enquanto acompanhava Emma rumo ao 45º andar.— Às 10h, temos a reunião com os investidores de Londres. O projeto X está avançado, mas precisamos da sua aprovação final antes de prosseguir. Há algo que a senhorita gostaria de ajustar?"
Emma passou uma mão pelos cabelos negros e ondulados, um gesto tão casual quanto elegante. Seus olhos continuaram fixos no painel do elevador enquanto ela ponderava.— Tudo parece sob controle, Eric. Confio em você para cuidar dos detalhes.
O elevador se abriu, revelando o escritório principal de Emma — um espaço projetado para impressionar tanto quanto intimidar. O brilho da luz natural invadia o ambiente através das imensas janelas, iluminando os móveis de design moderno. A mesa de mármore negro polido era a peça central, refletindo a aura de poder que Emma exalava. Mas o que realmente chamava atenção era a mulher que se sentava ali, tão inabalável quanto o próprio prédio.
— Há algo mais que eu deva saber?— perguntou Emma enquanto se acomodava em sua cadeira, a voz firme e cortante como uma lâmina.
Eric hesitou por um momento antes de responder. — Sua mãe pediu para vê-la às 8h30.. Ela insiste que seja em particular.
Os dedos de Emma pararam por um instante sobre o teclado. Seus olhos ficaram sombrios, mas ela não demonstrou mais nada. O relacionamento com Laura, sua mãe, era um eterno jogo de manipulação e controle. Ainda assim, Emma sabia que não poderia evitá-la para sempre.
—Está bem. Avise-me quando ela chegar—, respondeu, dispensando Eric com um gesto sutil.
Quando a porta se fechou atrás dele, Emma permitiu-se um momento de introspecção. Respirou fundo, mas o ar parecia carregado, como se algo estivesse prestes a acontecer. Sua mente vagou por segundos antes de ser interrompida pelo som da porta se abrindo novamente. Ela não precisou olhar para saber quem era.
Laura Smith entrou com toda a majestade de uma rainha. O perfume de jasmim e madeira de sândalo inundou o ambiente, anunciando sua presença antes mesmo de sua voz. O vestido preto de seda abraçava seu corpo com perfeição, e os saltos altos ecoavam no piso de madeira, criando uma melodia de poder e elegância. Os cabelos loiros platinados, presos em um coque impecável, brilhavam à luz suave. E os olhos azuis, tão frios quanto diamantes, cravaram-se em Emma.
— Emma, querida, você nunca sai deste escritório?— A voz de Laura era tão doce quanto cortante.— Você precisa lembrar que há um mundo lá fora. Trabalhar incansavelmente pode ser... desgastante, até para você.
Emma ergueu o olhar, um sorriso enigmático brincando em seus lábios.—Ah, claro, mamãe. Porque todos nós sabemos o quanto você preza por uma vida equilibrada —, respondeu, sua voz gotejando sarcasmo.—Eu deveria largar tudo para tomar chá com investidores? Ou talvez para passear ao sol como você, graças à sua encantadora runa?Laura inclinou levemente a cabeça, avaliando a filha. — Sempre com essas respostas afiadas, não é? Você é muito parecida comigo e seu pai do que gostaria de admitir, querida.Emma ficou em silêncio, absorvendo as palavras da mãe, como se o peso delas fosse mais forte do que a força de qualquer vampiro. Ela sabia que, por trás da fachada de autoridade e controle, Laura era uma mulher com seus próprios medos e inseguranças. Mas o que mais incomodava Emma era o fato de que sua mãe, sendo uma vampira original, uma criatura tão poderosa, não conseguia entender o milagre que ela própria representava.— Eu não sou como você, nem como o papai, mãe —, Emma disse, a voz cal
Emma sentiu um leve desconforto se formando dentro de si, mas logo percebeu que não se tratava apenas de irritação. Havia algo, talvez a aura de poder que ele emanava, algo que era ao mesmo tempo inquietante e fascinante.— Boa tarde pra você também, Emma—, ele respondeu, inclinando a cabeça de maneira divertida enquanto se aproximava da mesa dela. — Se sou inoportuno, é porque sei que você precisa de uma pausa. Convenhamos, você trabalha demais.Emma bufou, finalmente levantando os olhos para encará-lo.— Não que seja da sua conta, mas eu gosto de trabalhar. E você realmente precisa parar de aparecer aqui sem avisar.Chris se aproximou ainda mais, apoiando as mãos na cadeira em frente à mesa e se sentando com a confiança de alguém que sabia exatamente o que queria. —Se eu ligasse antes, você arrumaria uma desculpa para não me receber. Prefiro arriscar.Ela cruzou os braços, uma expressão desafiadora em seu rosto. —E o que exatamente você quer, Chris? Porque, honestamente, não tenho te
Ela virou-se ligeiramente, um sorriso travesso brincando nos lábios. — Está bem, Chris. Jantar. Mas eu escolho o lugar.O sorriso dele se alargou, e a confiança nos olhos dele ficou ainda mais evidente.— Feito. Oito horas. E não se atrase.Emma revirou os olhos com humor, saindo do escritório sem olhar para trás. Eric a seguiu em silêncio, mas antes de fechar a porta, lançou um olhar curioso para Chris, que ficava para trás, observando a cena com a expressão de quem acabara de ganhar uma pequena vitória.Ao caminhar pelos corredores elegantes, Emma sentia o peso das suas responsabilidades cada vez mais presente. A cada passo em direção à sala de seu pai, um sentimento de autoridade e respeito parecia envolver o ambiente, como se a própria estrutura do prédio estivesse imbuída de poder. Não era surpresa que sua presença fosse sentida com tanta intensidade. Tom, seu pai, era um dos vampiros originais. A menção de seu nome causava reverência, até mesmo um certo temor, no mundo sobrenatur
Emma assentiu, sentindo o peso do dia que a aguardava.— Tudo bem, pai. Reunião com os investidores às 10h e conselho à tarde. Algo mais que eu deva saber?Tom deu um leve sorriso, com um toque de humor, o que aliviou um pouco a tensão.— Sim. Não se atrase para o jantar com Chris. Parece que ele finalmente conseguiu um sim.Emma revirou os olhos, mas não conseguiu impedir que um sorriso pequeno aparecesse em seus lábios. — Eu deveria saber que você saberia disso.—Eu sempre sei, Emma,— ele disse, com a confiança de quem sempre está no controle. —Agora vá. Prepare-se para nossa reunião.Ao deixar a sala, o coração de Emma estava acelerado, dividido entre as responsabilidades que pesavam sobre seus ombros e a ansiedade que ela sentia pelo jantar com Chris.Às 10h em ponto, Emma entrou na ampla sala de reuniões, acompanhada por Tom. O espaço era imponente, luxuoso, projetado para causar uma impressão de poder e inovação. Uma mesa de vidro longo refletia a luz suave que preenchia a sala, e
A reunião terminou com um consenso positivo, os investidores dispostos a financiar as próximas fases do projeto. Emma, ainda absorvendo o peso da aprovação, se virou para seu pai com um sorriso discreto. — Foi melhor do que eu esperava,— ela admitiu.— Você fez muito bem,—Tom disse, seu tom de aprovação contido, mas claro. —Mas a jornada está apenas começando.Ela saiu da sala e percebeu que havia esquecido o celular sobre a mesa. Voltou apressada e, ao pegá-lo, viu várias notificações. A maioria foi ignorada, exceto uma mensagem de Eric, seu assistente, que ela atendeu rapidamente.— Emma, como foi a reunião?—Eric perguntou, sem rodeios.— Foi boa, Eric, mas preciso que você cancele todas as minhas obrigações de hoje à tarde. Tenho algo mais importante para fazer,—ela disse com um tom de autoridade.—Entendido?—Claro, só isso? Ele parecia acostumado com o tom de voz de Emma, sempre firme e decisiva.—Sim, só isso. Obrigada,—Emma finalizou e desligou, já saindo em direção ao estaciona
O bistrô francês, com sua decoração sofisticada, estava iluminado de forma suave, criando uma atmosfera acolhedora e íntima. A fragrância de pratos deliciosos no ar, combinada com a música tranquila, fazia com que Emma começasse a relaxar. Ao entrar, o garçom a cumprimentou com um sorriso caloroso, conduzindo-os até a mesa reservada com vista para o movimento suave da cidade. Chris puxou a cadeira para ela com uma delicadeza que a fez se sentir ainda mais tranquila, e Emma se acomodou, o peso de seus pensamentos começando a se dissipar lentamente.— O que você vai pedir? —Emma perguntou, seus olhos encontrando os de Chris, que estava tão à vontade quanto ela deveria ser.— Eu estou pensando no risoto, e você?— Chris respondeu com um sorriso fácil.— Magret de pato. E vou de vinho branco, para ajudar a relaxar um pouco,— disse Emma, embora soubesse que nada realmente poderia afastar completamente a inquietação que ainda se arrastava com ela.O jantar foi uma mistura de pratos refinados
Ele sorriu levemente, um sorriso descontraído, mas que parecia carregar um segredo entre eles. Sem dizer nada, ele estendeu a mão, a suave pressão da sua palma contra a dela tornando tudo mais real. O silêncio entre eles durante o trajeto até sua casa não era desconfortável, mas sim agradável, como se estivessem compartilhando um espaço onde as palavras já haviam sido ditas, e o que restava agora era um entendimento silencioso.Quando chegaram à porta de sua casa, Chris estacionou o carro com uma precisão cuidadosa, como se quisesse garantir que aquele momento fosse perfeito. Ele desceu do carro e abriu a porta para Emma, mas antes que ela pudesse sair, ele a puxou delicadamente pela mão, trazendo-a para mais perto de si.— Eu não queria que essa noite acabasse sem que você soubesse,— ele disse, sua voz grave e baixa, como um sussurro carregado de intenções não ditas. A proximidade deles aumentava a tensão, fazendo o coração de Emma bater mais forte, seu corpo respondendo sem que ela
Emma demorou a adormecer. Sua mente, um turbilhão de imagens e perguntas, oscilava entre a tensão das discussões com o Conselho e a suavidade arrebatadora do beijo de Chris. Tentava se convencer de que a simplicidade daquele momento poderia ser a chave para resolver seus dilemas, mas a verdade a sufocava: a situação era muito mais complexa do que qualquer instante de prazer. Quando, finalmente, o sono chegou, não trouxe alívio. Ao invés disso, mergulhou-a em pesadelos distorcidos, onde sombras de palavras não ditas e decisões ainda por tomar dançavam ao seu redor, deixando-a sem fôlego. O turbilhão de emoções parecia não ter fim.Na manhã seguinte, o celular de Emma vibrou incessantemente na mesinha de cabeceira, como uma sombra incômoda. Ela estava profundamente grogue, como se o sono não tivesse sido suficiente para afastar os fantasmas da noite anterior. A princípio, ignorou as notificações. O peso do que vivera ainda a embriagava, e o mundo parecia um lugar distante. Mas, quando M