Capítulo 5

AIYANA

A música pulsa no salão, a batida vibrando no meu peito enquanto giro ao lado de Alyssa. As luzes coloridas refletem no vestido rosa brilhante dela, e por um momento, me sinto leve. O vestido verde floresta molda-se ao meu corpo, valorizando minhas curvas, e o decote ousado me faz sentir poderosa. Nunca me senti bem dançando, mas prometi à vovó que me divertiria, então estou tentando. E, de certa forma, está funcionando.

Até que uma sensação quente percorre minha espinha, um arrepio que nada tem a ver com a música ou com a pista de dança lotada. É um olhar. O olhar. Não preciso ver para saber que é Maxim.

O fogo daquele olhar queima minha pele como um chamado que me recuso a atender. Ele está aqui. Em algum canto do salão, observando-me. 

Alyssa puxa minha mão, rindo animada.

— Dois gatos a caminho, e um deles está olhando direto para você!

— Quê? — arqueio a sobrancelha, mas antes que eu possa reagir, os veteranos já estão aqui.

Um deles, alto, cabelos castanhos desarrumados e olhos claros, é Seth. O humano super simpático com quem fiz dupla em química nos meus três primeiros aqui. Ele sorri para mim.

— Tá afim de dançar ou só veio ostentar esse vestido incrível?

Solto uma risada, sentindo-me inesperadamente à vontade.

— Por que não as duas coisas? — provoco, dando de ombros.

Seth me puxa para mais perto, e começa a se mover com facilidade ao ritmo da música. Ele é um bom dançarino, e eu relaxo. Ele menciona algo sobre uma experiência desastrosa com ácido sulfúrico que tivemos no primeiro ano na aula de química, gesticulando animado enquanto conta.

— Quase explodimos o laboratório. A professora nunca mais confiou em mim. Acho que foi culpa sua, já que me distrai com sua beleza absurda. — Ele pisca para mim, divertido.

Rio de verdade, sentindo-me, pela primeira vez em muito tempo, apenas uma garota normal no baile.

Mas o calor na minha nuca não cede.

Maxim está assistindo.

Seth se inclina para mais perto e fala contra meu ouvido, a voz grave e sedutora:

— Aqui está meio barulhento. Quer dar uma volta?

Eu entendo o que ele quer dizer. E por que não? Maxim deixou claro que não me quer, então não devo nada a ele. Está na hora de aproveitar o tempo perdido. Assinto, e Seth segura minha mão, guiando-me para fora da pista de dança.

Seguimos por um corredor pouco iluminado até uma sala vazia. Assim que entramos, ele fecha a porta atrás de nós e se aproxima, os olhos brilhando com algo diferente. Suas mãos deslizam por meus braços, pela minha cintura, e ele se inclina, mordendo suavemente meu pescoço. Meu corpo enrijece.

— Seth… — começo, mas ele não para. Tenta me beijar, seus dedos apertam minha pele com mais força do que eu gostaria. Um alarme soa dentro de mim. Não quero isso.

— Para. — Minha voz sai firme, mas ele ignora.

Tento empurrá-lo, mas Seth segura meus pulsos, seu rosto agora tomado por algo sombrio, agressivo.

— Qual é, Aiyana. Não foi você que veio comigo? — A voz dele está diferente, cheia de arrogância.

Meu sangue gela.

— Me solta. Agora.

Mas ele não solta.

Ele me empurra contra a mesa atrás de mim, a borda dura pressionando minha lombar. Meu corpo ainda está quente do álcool que bebi, minha cabeça rodando, e ele usa isso a seu favor. Seth segura meu cabelo e puxa minha cabeça para trás, arrancando um grunhido de dor de mim.

— Relaxa — sussurra contra minha pele, os lábios roçando no meu pescoço.

Meu instinto reage antes da minha mente. Com toda a força que consigo reunir, ergo o joelho e chuto a parte interna da coxa dele. Seth xinga e se afasta por um segundo, mas não o suficiente.

Ele me encara, os olhos antes amigáveis agora tomados por algo perigoso. Em um movimento rápido, ele me acerta com a palma da mão no rosto. Minha visão embaça por um instante, minha bochecha arde, mas a adrenalina sobe em meu sangue. Tento me afastar, mas ele já está me agarrando de novo, me virando e empurrando minha barriga contra a mesa.

Merda. Merda. Merda.

Como eu me coloquei nessa situação?

— Eu ia fazer isso bom, mas já que você quer agir como um puta agressiva, vou te dar exatamente o que você quer.

Minhas mãos agarram a madeira, o mundo girando um pouco, e eu sinto. Sinto quando ele puxa meu vestido para cima, os dedos deslizando até minha coxa.

Então, uma explosão.

O toque dele desaparece.

Então, uma explosão.

O toque dele desaparece.

Minha respiração sai em um arquejo, e, por um momento, só consigo ouvir meu próprio coração batendo ensurdecedoramente.

Abro os olhos, piscando para clarear a visão.

E então vejo.

Seth está no chão, o corpo rígido, e, diante dele, uma silhueta sombria se ergue, seus olhos verdes brilhando na penumbra.

Maxim.

Um segundo depois, ele está sobre Seth, os punhos se movendo rápido demais para que eu consiga contar os golpes. O som dos ossos quebrando me faz estremecer.

— Maxim, para! — Minha voz sai mais fraca do que eu gostaria, mas ele nem parece ouvir.

Os punhos dele continuam a descer, um após o outro, cada golpe carregado de uma fúria primitiva, animal.

Corro até eles e tento puxá-lo pelo braço, mas ele me empurra para longe com força suficiente para me fazer cambalear.

— Maxim, você vai matá-lo! — grito, minha voz tomada pelo desespero.

Mas ele não para. O cheiro de sangue já impregna o ar, e Seth solta um gemido fraco, como se estivesse à beira da inconsciência.

Não posso deixar isso acontecer.

Minhas mãos tremem quando me aproximo novamente. Sei que se ele continuar, não vai sobrar nada de Seth além de um corpo ensanguentado no chão.

Respiro fundo e toco o ombro de Maxim, sentindo os músculos dele tensos sob meus dedos. Ele está fervendo de raiva, seu corpo irradiando calor como se estivesse prestes a explodir.

— Maxim… — minha voz sai baixa, hesitante.

Ele não reage.

Aperto meu toque, ignorando o medo que rasteja pela minha pele.

— Por favor, para. Por mim.

O punho dele para no ar. A respiração de Maxim está pesada, irregular, e por um momento, acho que ele não vai me ouvir. Mas então, lentamente, ele abaixa o braço.

Seus olhos encontram os meus, aquele olhar de meia lua me prendendo no lugar, e de repente, não consigo respirar.

Ele parece um anjo, mas de um jeito sombrio. Assustador e lindo ao mesmo tempo.

— Você tá… defendendo ele? — A voz de Maxim sai rouca, carregada de incredulidade.

Balanço a cabeça depressa.

— Não. Mas se você matá-lo, isso vai te trazer problemas. Você pode ser preso, Max.

Ele solta uma risada amarga.

— Não é a primeira vez que eu tenho que tirar o lixo.

Maxim faz menção de voltar para Seth, mas seguro sua mão com força, tentando puxá-lo de volta para mim.

— Não. — Minha voz é mais firme agora. — Vem comigo. Vamos sair daqui.

Ele hesita. Seus dedos tremem sob os meus, e sei que sua mente continua mergulhada na fúria.

Então faço o único que consigo pensar. Chego mais perto e sussurro, com toda a honestidade que me resta:

— Por favor, Maxim. Para por mim.

Ele endurece, sua respiração pesada. Lentamente, Maxim levanta a cabeça e seus olhos encontram os meus. Há um brilho selvagem neles, algo que me faz prender a respiração.

E, enfim, ele solta um longo suspiro e se afastar do corpo quase inconsciente de Seth.

— Tá bom — diz, a voz ainda carregada de raiva. — Mas só porque esse cara não vale a pena.

— Obrigada.

Então, ele murmura algo inaudível, aponta um dedo para mim e ordena:

— Você vem comigo.

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