AIYANAEu não esperava nada além de um dia comum. Trabalho, banho, cama. Era assim todo ano. Mas quando abri a porta de casa e vi todas aquelas pessoas reunidas, precisei de um segundo para entender o que estava acontecendo.Alyssa estava na frente, segurando um bolo coberto de chantilly e morangos, um sorriso largo estampado no rosto.— Feliz aniversário, sua loba rabugenta!Minha avó, Aldrich, estava ao lado dela, os olhos brilhando com aquele carinho que só ela conseguia transmitir. Azz pulava animado, segurando uma bexiga colorida, enquanto Chloé cruzava os braços e lançava um meio sorriso, como se dissesse: "Sim, eu estou aqui também."Luca assobiou.— A expressão dela tá ótima. Parece que viu um fantasma.Ele não estava totalmente errado.— O que…? — Minha voz falhou.Alyssa revirou os olhos.— O que parece? É uma surpresa!Minhas mãos ainda estavam presas às alças da bolsa, e eu percebi que meu corpo inteiro estava rígido. Eu nunca comemorava meu aniversário. Nunca quis.Mas al
AIYANAA respiração de Maxim era quente contra a minha boca, e algo dentro de mim se retorceu, uma força invisível me puxando para ele.E então, ele voltou.O segundo beijo não foi um toque.Foi algo mais profundo, mais faminto.Os lábios dele moldaram os meus, quentes e exigentes, como se quisesse me gravar nele. Sua mão deslizou da minha bochecha para a nuca, puxando-me mais para perto, enquanto sua outra mão segurava minha cintura.E foi aí que aconteceu.Algo dentro de mim rugiu.Era quente e instintiv
AIYANAO cheiro de fumaça e terra molhada grudava na minha pele como se o medo tivesse um perfume próprio. A noite era densa, opaca, e não tinha estrelas. Isabela tropeçava logo atrás de mim, praguejando baixinho entre os dentes. Minha vó ia à frente, com passos decididos demais para alguém da idade dela. Birguit vinha ao lado, os olhos atentos, farejando o perigo antes mesmo que ele nos alcançasse.— Por que Icarus faria isso agora? — perguntei em voz baixa, para ninguém em especial.— Porque ele acha que Maxim e o pai dele mataram os dele. — Isabela respondeu, fria como sempre. — E você não o conhece. Ele é violento e lunático.— Eu não sei de nada — resmunguei, apertando
AIYANAAlyssa se aproximou, a testa franzida de preocupação.— Você tem certeza disso?Olhei em direção à trilha escura de novo. A floresta me esperava.— Não. — Respondi. — Mas vou assim mesmo.Virei o rosto, procurando minha avó entre as mulheres. Ela estava sentada numa pedra, os dedos entrelaçados no colo, conversando com a mãe de Eli.Meu coração apertou.Inclinei a cabeça para o lado e me aproximei de Alyssa, falando baixo, só para ela ouvir.
AIYANA— Solta ela, Icarus. — Minha voz cortou o espaço entre nós com a precisão de uma flecha.Os olhos dele se ergueram devagar, como se não estivesse surpreso — apenas curioso.Isabela congelou. Max virou o rosto tão rápido que quase tropeçou no próprio impulso. Mas eu não olhei para ele. Meus olhos estavam colados nos de Icarus.E foi então que eu o vi de verdade.Ele era jovem, talvez um pouco mais velho que Max. Mas não havia nada inocente nele. Cabelo preto como o céu de uma noite sem lua, cortado rente ao couro cabeludo. A pele era pálida, quase translúcida sob a luz da lua, como porcelana viva.
AIYANAIcarus me puxou mais para perto, o braço firme ao redor da minha cintura.— Anjo, você não se parece com uma amante. — A voz dele escorria ironia, como se cada palavra fosse uma agulha. — Mas também não parece o tipo que divide. Ou será que divide?— Solta ela. — Max rosnou. Seu corpo inteiro tremia de raiva. — Agora, Icarus.— Ah, Max… — Icarus girou o rosto, como se estivesse entediado. — Eu tô tentando entender… quem é quem nessa história confusa.Ele olhou para Isabela, caída a poucos metros, os olhos marejados e o rosto
AIYANAOs dois lobos se chocavam como sombras vivas. O lobo cinzento de Max, esguio e rápido, com as patas brancas como neve, girava e avançava em círculos calculados. O lobo negro como o abismo, Icarus, rugia com a fúria crua de alguém que não queria apenas vencer… queria destruir.Isabela estava ao meu lado, pálida, estática como uma árvore morta.— A gente precisa sair daqui — sussurrei, agarrando o pulso dela. Ela se virou para mim, os olhos arregalados.— Aiyana... e Max? Icarus vai matá-lo.— Então não vai adiantar estarmos aqui para assistir. Precisamos pedir ajuda.— Eu puxei ela com força, ignorando o estalo de galhos s
AIYANAA fogueira crepitava no centro do círculo, cuspindo brasas para o céu escuro. Maxim estava de pé, os braços cruzados, o queixo firme. Icarus do outro lado, como uma sombra elegante esculpida pela noite. Os homens de sua alcateia estavam logo atrás, a maioria com a expressão fechada, marcas de batalhas recentes visíveis nas roupas e nos olhos.Scott se adiantou, a voz grave cortando o silêncio.— Eu conversei com Icarus. E ele compreendeu que ninguém daqui teve envolvimento na invasão da alcateia dele.Meus dedos se enroscaram no tecido da calça. Senti o alívio raspar por dentro, como uma pedra soltando do peito.— A perda dos pais dele foi uma tragédia — continuou Scott, e sua voz vacilou por um instante. — Eles eram meus amigos. Mas agora… a verdade foi dita. E com isso, encerramos esta noite. Ninguém morreu em nossa alcateia. Feridos, sim. Mas sem mortes, sem mais derramamento de sangue. Cada um pode retornar para sua casa.Por um segundo, tudo pareceu prestes a acabar. Uma