AIYANA
Quando Maxim se levanta, meu instinto me diz para recuar, mas não o faço. Não quero dar esse gosto a ele.
— Eu vim me desculpar pelo que disse antes — ele continua, esfregando a nuca. — Eu não quis dizer que você era culpada pelo que o Seth estava prestes a fazer. Eu… eu me deixei cegar pela raiva. Isso sempre acontece quando estou perto de você. É mais forte do que eu. Mas eu sei que você não teve culpa e nunca deveria ter dito aquilo.
As palavras dele me pegam de surpresa. Max raramente se desculpa. E, quando o faz, nunca parece realmente afetado. Mas agora… há algo na forma como ele não consegue ficar parado.
—É, você não deveria.
Ele evita meu olhar, os dedos inquietos tamborila
AIYANAMeu cabelo úmido grudava na pele, uma gota escorrendo lentamente pela minha clavícula antes de desaparecer sob a toalha apertada ao meu corpo.E então lá estava ele, parado no meio do quarto, o olhar sombrio e indecifrável.Meus olhos caíram para suas mãos manchadas de sangue seco. Seth. A lembrança do que aconteceu no baile passou na minha mente, mas eu a afastei. — Eu sei que estou sendo um idiota — ele quebrou o silêncio, a voz carregada de frustração. — Mas não consigo evitar. Você acha que eu queria isso? Você acha que eu queria sentir essa merda toda vez que olho para você?O riso que escapou de mim foi seco, amargo.— Ah, claro. Porque eu sou o seu grande problema agora. — Cruzei os braços, sentindo a umidade do meu cabelo escorrer em pequenas gotas. — A Chama Ancestral nos jogou nessa bagunça, Maxim, mas a diferença entre nós é que eu nunca te culpei.Ele passou a mão pelo rosto, como se tentasse organizar os pensamentos.— Não é assim tão simples…— Não? — dei um pass
AIYANAEu não esperava nada além de um dia comum. Trabalho, banho, cama. Era assim todo ano. Mas quando abri a porta de casa e vi todas aquelas pessoas reunidas, precisei de um segundo para entender o que estava acontecendo.Alyssa estava na frente, segurando um bolo coberto de chantilly e morangos, um sorriso largo estampado no rosto.— Feliz aniversário, sua loba rabugenta!Minha avó, Aldrich, estava ao lado dela, os olhos brilhando com aquele carinho que só ela conseguia transmitir. Azz pulava animado, segurando uma bexiga colorida, enquanto Chloé cruzava os braços e lançava um meio sorriso, como se dissesse: "Sim, eu estou aqui também."Luca assobiou.— A expressão dela tá ótima. Parece que viu um fantasma.Ele não estava totalmente errado.— O que…? — Minha voz falhou.Alyssa revirou os olhos.— O que parece? É uma surpresa!Minhas mãos ainda estavam presas às alças da bolsa, e eu percebi que meu corpo inteiro estava rígido. Eu nunca comemorava meu aniversário. Nunca quis.Mas al
AIYANAA respiração de Maxim era quente contra a minha boca, e algo dentro de mim se retorceu, uma força invisível me puxando para ele.E então, ele voltou.O segundo beijo não foi um toque.Foi algo mais profundo, mais faminto.Os lábios dele moldaram os meus, quentes e exigentes, como se quisesse me gravar nele. Sua mão deslizou da minha bochecha para a nuca, puxando-me mais para perto, enquanto sua outra mão segurava minha cintura.E foi aí que aconteceu.Algo dentro de mim rugiu.Era quente e instintiv
AIYANAO cheiro de fumaça e terra molhada grudava na minha pele como se o medo tivesse um perfume próprio. A noite era densa, opaca, e não tinha estrelas. Isabela tropeçava logo atrás de mim, praguejando baixinho entre os dentes. Minha vó ia à frente, com passos decididos demais para alguém da idade dela. Birguit vinha ao lado, os olhos atentos, farejando o perigo antes mesmo que ele nos alcançasse.— Por que Icarus faria isso agora? — perguntei em voz baixa, para ninguém em especial.— Porque ele acha que Maxim e o pai dele mataram os dele. — Isabela respondeu, fria como sempre. — E você não o conhece. Ele é violento e lunático.— Eu não sei de nada — resmunguei, apertando
AIYANAAlyssa se aproximou, a testa franzida de preocupação.— Você tem certeza disso?Olhei em direção à trilha escura de novo. A floresta me esperava.— Não. — Respondi. — Mas vou assim mesmo.Virei o rosto, procurando minha avó entre as mulheres. Ela estava sentada numa pedra, os dedos entrelaçados no colo, conversando com a mãe de Eli.Meu coração apertou.Inclinei a cabeça para o lado e me aproximei de Alyssa, falando baixo, só para ela ouvir.
AIYANA— Solta ela, Icarus. — Minha voz cortou o espaço entre nós com a precisão de uma flecha.Os olhos dele se ergueram devagar, como se não estivesse surpreso — apenas curioso.Isabela congelou. Max virou o rosto tão rápido que quase tropeçou no próprio impulso. Mas eu não olhei para ele. Meus olhos estavam colados nos de Icarus.E foi então que eu o vi de verdade.Ele era jovem, talvez um pouco mais velho que Max. Mas não havia nada inocente nele. Cabelo preto como o céu de uma noite sem lua, cortado rente ao couro cabeludo. A pele era pálida, quase translúcida sob a luz da lua, como porcelana viva.
AIYANAIcarus me puxou mais para perto, o braço firme ao redor da minha cintura.— Anjo, você não se parece com uma amante. — A voz dele escorria ironia, como se cada palavra fosse uma agulha. — Mas também não parece o tipo que divide. Ou será que divide?— Solta ela. — Max rosnou. Seu corpo inteiro tremia de raiva. — Agora, Icarus.— Ah, Max… — Icarus girou o rosto, como se estivesse entediado. — Eu tô tentando entender… quem é quem nessa história confusa.Ele olhou para Isabela, caída a poucos metros, os olhos marejados e o rosto
AIYANAOs dois lobos se chocavam como sombras vivas. O lobo cinzento de Max, esguio e rápido, com as patas brancas como neve, girava e avançava em círculos calculados. O lobo negro como o abismo, Icarus, rugia com a fúria crua de alguém que não queria apenas vencer… queria destruir.Isabela estava ao meu lado, pálida, estática como uma árvore morta.— A gente precisa sair daqui — sussurrei, agarrando o pulso dela. Ela se virou para mim, os olhos arregalados.— Aiyana... e Max? Icarus vai matá-lo.— Então não vai adiantar estarmos aqui para assistir. Precisamos pedir ajuda.— Eu puxei ela com força, ignorando o estalo de galhos s