A Conselheira do CEO
A Conselheira do CEO
Por: Rafaela Perver
Capítulo 1

Noely Sartori

Assim que eu atravesso a porta giratória da Elektra Web, eu sorrio, o mais puro e delicioso sorriso de triunfo. 

— Acabei de sair do RH. Consegui o emprego! — grito pelo telefone, chamando a atenção de duas mulheres que passavam na rua.

— Meu Deus! AAAAA! — minha prima também berra do outro lado, feliz pela minha conquista. — Não posso acreditar! Puta merda, eu sabia, você é a melhor do mundo!

— Darla, não exagera.

— Noely, você se formou em Harvard, é a melhor do mundo sim! Eu não consegui nem passar no cursinho técnico de cabeleireira do Senac. Mas falando sério, como a nova conselheira particular da Elektra Web se sente? 

— Confiante, corajosa e ansiosa para tornar a ELW a maior do Brasil, novamente.

— Adoro isso em você, sabe que é a melhor. Porém, no seu lugar, eu estaria morrendo de medo, essa empresa está quase em falência, ainda mais depois das últimas polêmicas do dono. Você leu as notícias dos últimos dois meses, né?

— Eu li, terei muito trabalho pela frente. Pelo menos mudou o CEO, parece que é o filho do dono da empresa, já que seu pai pediu demissão do executivo, e ainda vendeu a empresa para ele.

— Isso eu não li nos portais de notícias, conte-me mais, adoro fofoca.

Entro no meu carro, para continuarmos fofocando.

— Foi a mulher do RH que me contou, pensa que língua solta. Ela disse que o novo CEO foi anunciado há uma semana, e que ele chegou demitindo todo mundo, para contratar novos profissionais competentes. Logo, vai sair tudo nos jornais, já que a empresa agora está nos holofotes da mídia, por conta de toda a polêmica de racismo e do desvio de dinheiro.

— Por isso você conseguiu a vaga de conselheira. Nossa, que barra. Tem certeza de que está pronta para entrar embaixo desse telhado quase desabando?

— Estou, sem dúvidas. Sabe que não é a primeira empresa que pego para reerguer. No meu último emprego, entre cinco conselheiros, eu me destacava em tudo.

— Por isso foi demitida, aquele bando de invejosos incompetentes, armaram para te mandar embora. Sua inteligência e habilidades incomodavam.

— Relaxa, sabe que eu já queria a demissão mesmo. O salário era muito pouco e não queriam aumentar um tostão, pois teriam que aumentar igualmente o de todos.

— Agora você vai ganhar mais, sendo só UMA conselheira, de uma empresa de cinco andares. Já te vejo sobrecarregada, é muita coisa para um ser humano só.

— E qual a diferença do meu último emprego? Eu fazia quase tudo sozinha naquela droga, e tendo que dividir meu mérito com cinco pessoas. Eu, hein, estou mais do que confiante, poderei mostrar todo o meu potencial, sem medo de estar diminuindo os outros por ser... boa no que faço.

— A MELHOR! — ela grita. — A MELHOR!

Sorrio de orelha a orelha.

— Precisamos comemorar, se arrume bem gostosa esta noite, pois vamos para um barzinho com nossos amigos. Já vou avisar aqui no grupo.

— Adorei, mais tarde eu passo na sua casa para te pegar. Agora estou perto do serviço da minha mãe, vou passar lá para dar um beijo nela e contar da novidade.

— Nossa, a tia vai pular de alegria. Você é o maior orgulho dela. Beijão. Logo nos vemos.

— Beijão.

Desligo o telefone e respiro fundo, sem parar de sorrir. Adoro desafios novos, adoro testar os limites do que sou capaz. Olho para o prédio luxuoso da ELW. Não vejo a hora de começar na segunda-feira, vou tentar ser o mais normal possível, para não pensarem que eu sou metida e melhor do que ninguém. Ganhei tanto esse julgamento no último serviço, só por fazer o que era para ser feito.

Mas tudo bem, eu aprendi a lição. É isso...

— Senhora?

— Ai meu Deus! — solto um grito dentro do carro, devido ao rapaz que apareceu de repente, batendo no meu vidro. — A senhora tem alguma moeda para me dar? — ele pede do outro lado.

— Só um minuto... — respondo, após abrir uma greta do vidro.

Pego a bolsa, à procura de qualquer moeda, só para o rapaz ir embora. Mas acabo dando falta da minha carteira. Não é possível que não esteja aqui!

Entro em desespero, viro a bolsa no banco dos passageiros, fazendo a maior bagunça para encontrá-la, mas não a encontro. Só posso ter esquecido no RH. Acho umas moedas, dou para o rapaz e desço do carro, correndo para dentro da empresa. Lembro-me de ter tirado os documentos para a Flávia. Deve estar na sua sala, não tem outro lugar que eu tenha tirado. 

Informo na recepção o que aconteceu e a recepcionista me libera para subir. Eu pego o elevador e chego até o andar da sala dela, bato à porta e espero abrir. Não demora e em vez de ser ela, sou surpreendida por um homem que puxa a maçaneta e me deixa de olhos arregalados, sem acreditar que pode existir uma coisa tão perfeita dessa.

Ele é muito alto, porte médio, barba rente, cabelo de playboyzinho e olhar acinzentado bem escuro. Meu Jesus!

— Olá — ele fala, fechando o seu paletó e se afastando para que eu entre.

Que “olá” mais grave e sexy.

— Olá...

— Ah, Noely! Imaginei que voltaria para pegar a sua carteira. Estávamos falando de você agora há pouco.

Eu entro educada, pedindo licença a eles.

— Já me deixe apresentá-los. Sr. Carter, essa é a Srta. Noely Sartori é a sua conselheira de administração. E Srta. Noely, esse é o nosso novo CEO, o Sr. Carter Bastos.

Ele me observa, analítico.

— Prazer, Srta. Noely.

— O prazer é todo meu em conhecê-lo. Obrigada pela oportunidade, espero alcançar todas as expectativas que a empresa espera de mim. Darei o meu melhor — falo, sem segurar a m*****a língua.

— Veremos na prática, gostei muito do seu currículo. Uma diplomada de Harvard é valiosa.

— Obrigada, é gratificante ouvir isso.

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