Espero por uns vinte minutos, até ouvir duas vozes conhecidas e exaltadas. Olho para cima e o Sr. Breno e o Sr. Carter descem os degraus da escada, discutindo super alto.— Não tem a porra do direito de tomar essa decisão, Carter!— Ela é a minha mãe também! Precisamos tirá-la desse país, fechar aquela droga de empresa e viver as nossas vidas!— Essa é a SUA vontade! E a da nossa mãe? Ela deu a vida pela ELW. Sabe o quanto aquela empresa é importante e se não soubesse, não teria atendido o seu pedido de voltar para o Brasil e tomar a frente do cargo executivo!— Eu vim e atendi o pedido pelo bem da saúde dela! E pra quê? Para no final vê-la se afundando em uma depressão por causa do nosso pai?— Ela não vai morar à força nos EUA! Não insista! Eu não vou deixar!Eles se encaram, com os punhos fechados.Ergo-me, chocada com a situação que me meti, e com os meus dois chefes!— Vou convencê-la em três meses a desistir e vir comigo, será a decisão da nossa mãe, assim não terá como question
— Já está tudo bem com a sua mãe? — pergunto.— Ela está de repouso, foi apenas uma queda de pressão. A cuidadora achou que era outro ataque cardíaco, pois ano passado aconteceu uma situação parecida — explica, enquanto dirige.— Sinto muito, espero que fique tudo bem com ela, de verdade. — Vai ficar. Vou aguentar tudo isso enquanto posso.Fico alguns minutos quieta, mas não aguento.— E se em três meses der tudo certo?— Eu nomeio outro chefe executivo e vou embora com a mente totalmente limpa, mas se não der, fecho aquela empresa e levo a minha mãe comigo para os Estados Unidos, ela querendo isso ou não, será para o seu próprio bem.Abaixo a cabeça, apertando os meus dedos.— Eu cheguei “ontem” e já me meti na vida pessoal do meu chefe, peço desculpas por qualquer coisa.— Realmente, se a minha conselheira não tivesse tentado se envolver com o meu irmão, não teria se metido em toda essa situação e eu não estaria levando-a para a sua casa.Sério que esse homem foi tão grosso desse j
Abaixo a cabeça, apertando os meus dedos.— Eu cheguei “ontem” e já me meti na vida pessoal do meu chefe, peço desculpas por qualquer coisa.— Realmente, se a minha conselheira não tivesse tentado se envolver com o meu irmão, não teria se metido em toda essa situação e eu não estaria levando-a para a sua casa.Sério que esse homem foi tão grosso desse jeito?Quer saber, nesse momento, ele não está sendo o meu chefe, pois não estou no trabalho.— Incrível como é um ser delicado.— Eu não fui?— É claro que não foi, não o obriguei a me levar embora, afinal, eu estava com o seu irmão, e estava tudo ótimo. Ele é sempre muito bem-educado e um cavalheiro.Olho de canto e noto-o segurando-se para não revirar os olhos— Ainda vai me agradecer por essa noite, pode anotar na sua agenda.— Não me arrependi de nada até agora, está enganado.— Eu não disse que seria um arrependimento imediato.— Não vai ser.— Quer apostar?— Não.— Disse não, é porque está começando a perceber a verdade.— Sr. Ca
— Sente-se, por favor — pede, após fechar a porta.— Não. Serei rápida, pois quero descer para o setor dos desenvolvedores. Estou observando o comportamento dos superiores.— Mas eu mandei a senhorita sentar, por isso, sente-se.Nossa, ele é sempre tão dócil e gentil, né?Não sei como, mas isso me deixa com vontade de tacar o grampeador na cabeça dele.Merda, que pensamento é esse Noely? O Sr. Carter é seu chefe!— Nunca fique de pé quando for me informar de algo, isso irrita os meus nervos. E a terapia anda sendo cara demais para eu retroceder.— Desculpe-me, isso não vai mais acontecer.— Ótimo.Ele dá a volta na mesa, puxa a gaveta de baixo e serve-se de uma bebida alcoólica, ainda me oferece.Esse homem só vive à base de álcool?— Aceita?— Claro que não, já tomei o meu café.— É um remédio ótimo para suportar a vida.Fico quieta, esperando que ele finalmente foque a sua atenção em mim, para me ouvir. Ao fazer isso, eu vou direto no meu Excel e mostro para ele o progresso de uma s
Passo, sorrindo forçada para a secretária, que já está sentada atrás da sua mesa. Não sei, mas o meu santo não bateu com o dela de jeito nenhum.— Noely? — Ouço a voz do Sr. Breno, e olho para a sala de reuniões.Ele está sentado do outro lado da mesa, com o seu notebook aberto e com alguns papéis do lado.— Olá, Sr. Breno... não te vi hoje.— Cheguei mais tarde na empresa. Tudo bem? Queria te pedir desculpas por ontem.Ele se levanta e vem até mim, extremamente bonito, com os seus olhos verdes e porte atlético.— Não peça, não foi culpa do senhor.— Mesmo assim, sinto muito. Espero que possamos marcar outra ocasião juntos, claro, se o Carter não tiver feito a minha caveira para você.— E por que ele faria a sua caveira?— Nada... — Sorri estranho. — Somos irmãos, é normal um implicar com o outro. Sinto muito, de verdade.— Está tudo bem, eu quem sinto muito pelo que aconteceu, espero que a sua mãe esteja melhor.— Ela ficará, depressão é uma doença complicada.— Mas, tenha fé. Ela va
— Disse algo, Srta. Sartori?— Que estou faminta...Ele analisa o meu rosto, deixando-me sufocada com a sua beleza turca. Será que ele tem ideia de como é bonito? E de como essa beleza intimida as pobres e meras mulheres sem chances?— Mataremos a sua fome. — Pisca e aponta, para eu ir na frente.Eu vou e escolho a mesa mais próxima do ar-condicionado quente. Hoje o dia continua frio e chuvoso.— Está com frio?— Um pouco.— Vou pedir um vinho para aquecer.Ele faz sinal para o garçom bonito, que se aproxima da nossa mesa, olhando-me. Depois que o Sr. Carter faz o nosso pedido, eu fico seguindo o garçom com os olhos, só de curiosidade por ele ter me olhado tanto.— A Globo está perdendo uma ótima atriz.— O quê? — Fito-o.— A senhorita estava comendo o garçom pelos olhos, sem nem sequer disfarçar.— Eu não seria tão deselegante, só estava curiosa por ele estar me olhando tanto. Tem algo de erra
Carter BastosNo instante em que abro a porta do meu escritório, eu dou de cara com a Valentina, sentada bem em cima da mesa, com as pernas cruzadas.— Oi, amor, saudades da sua esposa?Eu trinco o maxilar e bato a porta.— O que faz no Brasil?— Eu vim cobrar o que você me deve.— Estou resolvendo as coisas com o seu pai.Valentina desce da mesa.— Eu quero os meus quatro milhões, chega de me enganar!— Eu já disse que não tenho essa quantia no momento, já leu as notícias do Brasil sobre a ELW? O que o meu pai fez com a empresa e com a nossa família? Estamos quase falidos!Ela respira fundo, vindo calma até mim.— Se não tivesse pedido o divórcio, você, o seu irmão e nem a sua mãe estariam nessa situação sozinhos.— Acabou, Valentina! Não envolva o nosso divórcio nisso. Sempre arruma um pretexto.— Só quero recuperar o nosso casamento feliz. Volte para mim
— O senhor ainda pergunta?! — exclama, de um jeito que eu nunca imaginei vê-la, já que é sempre tão prestativa, dócil e calminha. — E burra é a cretina da sua ex! Ou o senhor, por ter se relacionado com uma criatura tão doida como essa!— Noely... — pigarreio, mas vejo que ela já perdeu as estribeiras de tudo.— E eu sou a conselheira do senhor, não se esqueça de que estou aqui para fazer o meu trabalho! Por isso, também faça o seu papel de ser o meu chefe!— É claro. Eu posso falar?— Se for pedir desculpas, eu o desculpo e decreto que essa situação nunca aconteceu, agora, com licença.Sem me deixar me pronunciar, ela passa do meu lado, trombando de propósito no meu braço e afastando-se firmemente, com seus saltos fazendo um barulho forte no piso.Puta que pariu, meus olhos não desviam das suas curvas e a minha boca não se fecha, chocado e boquiaberto com essa mulher.Eu mereci? Eu mereci!Que droga, sinto muito pela Noely, foi muito errado o que eu fiz, ainda mais como o seu chefe.