Noely SartoriEntro no carro e saio da empresa ligando imediatamente para a Darla e avisando que os nossos planos mudaram. Quando conto, ela se mostra perplexa.— Eu não acredito nisso, o seu chefe gostosão chamou a gente para sair? Ai, socorro, eu não tenho roupa à altura dessa noite.— Não estou nada contente.— E posso saber por quê?— Porque não estou gostando de ter tanta intimidade com o meu chefe. Acho que já me meti muito na vida do Sr. Carter, sendo que entrei há pouco tempo na empresa.— Você mesma disse que ele só vai ficar três meses como CEO, acho que não tem nada a ver ser amiga dele e ter uma boa relação nesse meio tempo. Isso é ótimo.— Eu nunca tive isso com nenhum outro chefe! Eles sempre deixaram claro o meu lugar e... não sei. Na verdade, eu não te contei o que aconteceu hoje.— Pois me conte, eu sou curiosa e preciso de todos os fatos para julgar certo o babado.— Acho
Minhas bochechas ardem, fico desfalecida de vergonha, ao mesmo tempo que curiosa para ler os pensamentos do meu chefe.O que será que ele pensou?— Como sempre, deslumbrante, Noely... — Breno sussurra, ao fazer a mesma inspeção em mim, como o seu irmão. — Por favor, sentem-se e fiquem à vontade.— Obrigada.Sento-me quase ao lado do Sr. Carter. Ele se acomodou na ponta da mesa, Darla também ficou ao meu lado e o Sr. Breno na nossa frente. O espaço não é tão pequeno, mas deixa todos bem próximos.— Aqui é tão agradável — comento, admirando a decoração rústica do barzinho.— Vocês têm que provar os drinks da casa.— Eu só quero um whisky — Sr. Carter informa.Já eu e a minha prima aceitamos qualquer drink sugestionado pelo Sr. Breno.
Carter BastosEla é imprensada pelo meu corpo imponente e dez vezes mais alto. Não evito o prazer interno de provocá-la, além de implicar. Seu perfume adocicado me deixa obstinado.Noely também me enfrenta, sem desviar os olhos.— Sim, adoraria que repetisse.— Não vou. — Ela tenta passar por mim, mas não deixo.— Não vai?— O senhor poderia me dar licença?— Depois retornaremos a esse assunto, para eu entender melhor.— Não duvido que volte... — ouço-a murmurar, no momento em que abro espaço para a mesma sair.— Disse algo?— Sim, acho que quero dançar. — Sorri cinicamente e começa a caminhar para fora do barzinho.Fico na minha, pois realmente terei o momento perfeito para retornar ao assunto.Vamos juntos pela cal
— Bom dia, acordou cedo em pleno domingo? — Breno invade o meu quarto.Estou terminando de colocar o relógio de pulso.— Nunca sabe bater na porta?— Você faz o mesmo e eu não fico chorando.— O que quer aqui?— Beijou a Noely ontem? — Ele é direto, após encostar na coluna e dar uma mordida na pera verde que mastiga.— Nem lembro, bebi demais.— Ah, Carter, vai mentir para mentiroso?— E você, andou beijando a prima dela?— Não, mas eu bem que queria. Gostei muito da moça, tem a mesma vibe que a minha. Além de ser bem bonita.— Recomendo avisá-la antes, que você odeia relacionamentos sérios e que mulheres são só um brinquedinho descartável nas suas mãos. Não é isso que sempre diz? E pelo que eu vi, a tal Darla pode cair in
Noely SartoriDesde a noite anterior de sábado, só soube me lamentar e surtar com o beijo que o Sr. Carter me deu. Darla berrou centenas de vezes que estou louca, que só foi um beijo e que amanhã no trabalho é só fingir que nada aconteceu. É claro que eu vou fingir, só que...Eu caio na cama, olhando para o teto, sem parar de pensar em como foi bom aquele beijo, em como me deixou molhada e tão excitada... pelo meu chefe!Droga!Aperto o travesseiro na cara.— Isso não vai mais acontecer, nego-me a ter qualquer outra relação com ele, a não ser sobre a empresa.— Para, Noely, no fundo você está doida para provar da rola do seu CEO.— Darla! — Chuto-a da cama. — Antes não era para sentar na do Sr. Breno?— Não, ontem eu pude analisar melhor, o B
— Não há conversa, foi a decisão definitiva dos superiores das marcas.Ele se ergue cada vez mais irritado, passando as mãos no rosto.— Estamos perdendo praticamente 200 mil por mês! — exclamo, sentindo-me muito mal.— Vou declarar falência da empresa em breve.— Mas a gente não arriscou todos os potenciais que podem dar certo!— Não temos investidores, nem dinheiro para investir nas suas propostas, Noely. E os projetos novos que estamos pegando esses dias, não estão cobrindo nem as dívidas da Elektra. Mês que vem até teremos como pagar os funcionários, já no outro, só se um milagre acontecer.— Vamos pensar, Sr. Carter, pesquisar todos os passos que podemos dar essa semana e que traga muito retorno para a empresa.— Nenhuma marca grande vai querer fechar conosco, não para se inte
Meus olhos se embaçam, entro no carro e saio acelerando sem nem ter para onde ir. Choro, revoltada, magoada e com ódio.Como a minha mãe pode fazer isso? Esquecer de tudo que sofremos e na primeira oportunidade perdoá-lo?Pego o meu celular e tento ligar para a minha prima, mas passo com tanta velocidade num quebra-molas, que meu celular voa para baixo do banco.— Alô?Consigo pegar o telefone entre os pés e ouvir a sua voz.— Darla, eu preciso de você, por favor...— Noely? Aconteceu alguma coisa? — Percebo ser outra voz diferente, masculina.E arregalo os olhos, após afastar o celular e ler o nome do Sr. Carter. Desligo na mesma hora, sem acreditar que liguei errado.Ele volta a chamar, com o seu nome discado na frente.Droga, o que eu fiz?Não atendo e ele insiste mais duas vezes.Sem mais escolha, sou vencida pela sua insistência e atendo.— Oi...— Noely, está com voz de choro
— Não, eu quem sinto pela sua história, Noely. Ninguém merece ser abandonado, como você e sua mãe foram.— Não mesmo... — Meus olhos ardem. — Sofremos tanto, fomos despejadas na rua, pois não tínhamos dinheiro para comer, imagina para pegar o aluguel. Se não fosse os meus tios nos acolhendo e nos colocando dentro da casa deles, não sei que rumo teríamos tomado. Minha mãe foi guerreira, lutou muito para que eu estudasse e me formasse, também meus tios têm seus méritos.— Você mereceu seu diploma, assim como merece tudo de melhor daqui para frente, já que batalhou para chegar aonde chegou. É uma mulher incrível.— O senhor diz isso sem ao menos me conhecer direito.— Pelo que relatou, eu já te conheci o suficiente, não acha?Minhas bochechas coram ao lembrar imediatamente do beijo e desvio dos seus olhos, retornando ao assunto.— Eu amo a minha mãe, mas ela preferiu aceitar o sinto muito do seu filhinho.— Não pode culpá-la, por m