— Eu terminei de deliberar alguns investimentos, para apresentar ao Sr. Carter. Aí vim tomar um café e aguardá-lo chegar.
— Hum... acho que o nosso CEO não volta hoje.
— Sério? Aconteceu alguma coisa?
— Algo a ver com a ex-mulher dele, não sei direito, meu irmão é bem misterioso com a sua vida pessoal.
— Entendi, o senhor também é. Acho que todos somos.
— Minha vida pessoal não tem muito segredo, nem mistérios. Eu sou bem normal. Incluindo a rotina.
— Parando para analisar, a minha é bem normal também. Eu acordo, vou trabalhar, chego em casa, durmo e no outro dia vou trabalhar de novo. É assim todos os dias. — Dou de ombros.
— Temos muitas coisas em comum, incluindo gostos alimentares.
— Não mesmo, você gosta de frutos do mar, e eu detesto. Não gosta de doces e eu amo.
Ele começa a rir.
— Pensa pelo lado bom, eu te dou todas as minhas sobremesas quando vamos almoçar juntos.
É a minha vez de rir.
— Isso é maravilhoso!
O Sr. Breno desvia de mim e olha as horas no relógio de pulso.
— Tenho um plano. Que tal sair mais cedo, se arrumar e eu passar às 20h na sua casa, para aproveitarmos a noite juntos?
Arregalo os olhos.
Ele está me chamando para sair? Tipo um encontro?
M-MEU DEUS!
— Senhor... eu...
— Hoje é sexta-feira, Noely, duvido que tenha outro bom plano.
— Não tenho.
— Então perfeito, passo às 20h na sua casa. — Ele pisca.
E após se retirar, seguro-me na barra da sacada.
Céus, ele está a fim de mim? Será?
Ele é o nível de homem que nunca dá nem bola para uma mulher como eu. Sei disso, porque tenho 29 anos e jamais fiquei com um cara como esse.
Arrumo as minhas coisas e saio rápido da empresa.
Chego em casa já pedindo socorro para a minha prima. Ligo a videochamada para ela ver as condições do meu closet.
— Não tenho o que vestir!
— É claro que tem! Ficou louca? Veste aquele seu vestido vermelho, que é bem tubinho e decotado. Nunca usou.
— Não, esse é vulgar demais. O que o Sr. Breno vai pensar de mim? Que estou igual a uma oferecida!
Darla revira os olhos do outro lado.
— Não revira os olhos ou furo eles com os dedos. Ajude-me, sua vaca!
— Veste o vermelho e fim de história, você fica elegante e uma puta gostosa com ele.
— Não dá, é muito desconfortável, não estou acostumada a usar essas coisas.
— E você comprou esse vestido pra quê? Larga de cu doce e veste logo. Não vai ficar vulgar coisa nenhuma. Por si só você é uma mulher muito elegante. Também, escolhe uma calcinha bem fio-dental, vai que rola um clima gostosinho e vocês transam.
Respiro fundo, olhando para a peça estendida na cama.
— Não sou de transar no primeiro encontro.
— Afinal, você só teve três em toda a sua vida, pois não demonstra interesse em nenhum homem.
— Será que estou demonstrando muito interesse no Sr. Breno? — Esbugalho os olhos.
— É natural e importante demonstrarmos interesse, ainda mais quando se é solteira e está na seca há anos.
— Vai ver se estou na esquina, Darla. E não gosto de ser fácil demais.
— Noely, eu vou te matar se você não for com o vestido vermelho no encontro e no fim da noite, não sentar na rola grossa desse homem! Veste logo o vestido, vagabunda!
— Vagabunda é você, sua piranha sem amor.
— Piranha não ama, querida, a gente fode. Vou te ligar daqui vinte minutos, e se você não estiver maquiada e dentro desse vestido, apareço aí para te meter um murro na cara.
Darla desliga a chamada.
Que cadela sem piedade.
Mesmo nervosa e insegura, eu termino a maquiagem, visto o bendito vestido, os saltos e de frente para o espelho, eu solto os meus cabelos loiros — devido ao babyliss, eles caem em cascata, deixando tudo ainda mais sexy.
Minha nossa, como fiquei bonita. Minha pele ganhou destaque, minhas curvas ficaram mais empinadas e meus peitos ficaram lá em cima. Estou muito gostosa, muito mesmo. Fiquei até com tesão do Sr. Breno me olhar assim... ou o Sr. Carter.
Arregalo os olhos.
Não! Meu pai santo, não!
O Sr. Carter? Só posso estar louca. Aquele homem nem nunca olhou para mim de outro jeito, não como o Sr. Breno olha. Sem falar, que o Sr. Carte é bonito demais. Ele me lembra até o Superman de óculos. E sei que eu não faço o tipo do Superman. Estou naquela empresa para ser o seu conselho administrativo.
Tirando-me dos meus pensamentos, Darla volta a ligar pelo vídeo e quando me vê com a roupa que queria, fica toda satisfeita, chega a dar pulinhos. Já a minha mãe, fica chocada, diz que estou muito sexy e que vou roubar a atenção de todos os homens esta noite.
Estou nervosa, mas disposta a ser meio “fácil” para o Sr. Breno. Quero descomplicar as minhas inseguranças e deixar rolar o encontro. Afinal, pela semana que o conheci, vi que é um cara bacana.
Assim que recebo a sua mensagem, de que chegou, despeço-me da minha mãe e saio de casa, abrindo o portão e dando de cara com o carro luxuoso dele.
— Uau, Srta. Noely... — Ele para no meio da calçada, olhando-me dos pés à cabeça. — É a mulher mais bonita que já vi na vida.
Ruboresço.
— Não vale mentir.
— Eu não minto.
Ele chega perto de mim, tirando-me o fôlego com a sua beleza alta e forte. Sem falar nesse perfume masculino, que aflora toda a minha libido. Esse é quente demais.
Carter Bastos— Sempre é muito cheirosa, mas esta noite, seu cheiro é ainda mais de enlouquecer.Sorrio, aceitando a mão que me estende, cavalheiro.— O seu perfume também é... não sei.— Não sabe?— Cheiroso demais, deixa-me confusa.Ele ri e me leva até a porta do carro, fecha e dá a volta para igualmente entrar.— Que interessante, o meu perfume lhe deixar confusa.— É embaraçoso, meu Deus, você está me fazendo ficar com vergonha.— Acho que gosto de te deixar com vergonha. — Ele dá sua piscadinha costumeira e pisa com calma no acelerador.Em meia hora chegamos ao local, uma balada bem "gourmetizada", onde só tem ricos da elite.Nós nos acomodamos em uma mesa bem privada do segundo andar.— Eu estava precisando espairecer a mente um pouco — Breno confessa, após o garçom recolher os nossos pedidos. — Mas vai ser difícil fazer isso com você, dona Noely.— Por quê?— Porque desde que pisou os pés na porta dessa boate, nem um cara deixou de te olhar. Isso me fez ficar um pouco nervoso.
Espero por uns vinte minutos, até ouvir duas vozes conhecidas e exaltadas. Olho para cima e o Sr. Breno e o Sr. Carter descem os degraus da escada, discutindo super alto.— Não tem a porra do direito de tomar essa decisão, Carter!— Ela é a minha mãe também! Precisamos tirá-la desse país, fechar aquela droga de empresa e viver as nossas vidas!— Essa é a SUA vontade! E a da nossa mãe? Ela deu a vida pela ELW. Sabe o quanto aquela empresa é importante e se não soubesse, não teria atendido o seu pedido de voltar para o Brasil e tomar a frente do cargo executivo!— Eu vim e atendi o pedido pelo bem da saúde dela! E pra quê? Para no final vê-la se afundando em uma depressão por causa do nosso pai?— Ela não vai morar à força nos EUA! Não insista! Eu não vou deixar!Eles se encaram, com os punhos fechados.Ergo-me, chocada com a situação que me meti, e com os meus dois chefes!— Vou convencê-la em três meses a desistir e vir comigo, será a decisão da nossa mãe, assim não terá como question
— Já está tudo bem com a sua mãe? — pergunto.— Ela está de repouso, foi apenas uma queda de pressão. A cuidadora achou que era outro ataque cardíaco, pois ano passado aconteceu uma situação parecida — explica, enquanto dirige.— Sinto muito, espero que fique tudo bem com ela, de verdade. — Vai ficar. Vou aguentar tudo isso enquanto posso.Fico alguns minutos quieta, mas não aguento.— E se em três meses der tudo certo?— Eu nomeio outro chefe executivo e vou embora com a mente totalmente limpa, mas se não der, fecho aquela empresa e levo a minha mãe comigo para os Estados Unidos, ela querendo isso ou não, será para o seu próprio bem.Abaixo a cabeça, apertando os meus dedos.— Eu cheguei “ontem” e já me meti na vida pessoal do meu chefe, peço desculpas por qualquer coisa.— Realmente, se a minha conselheira não tivesse tentado se envolver com o meu irmão, não teria se metido em toda essa situação e eu não estaria levando-a para a sua casa.Sério que esse homem foi tão grosso desse j
Abaixo a cabeça, apertando os meus dedos.— Eu cheguei “ontem” e já me meti na vida pessoal do meu chefe, peço desculpas por qualquer coisa.— Realmente, se a minha conselheira não tivesse tentado se envolver com o meu irmão, não teria se metido em toda essa situação e eu não estaria levando-a para a sua casa.Sério que esse homem foi tão grosso desse jeito?Quer saber, nesse momento, ele não está sendo o meu chefe, pois não estou no trabalho.— Incrível como é um ser delicado.— Eu não fui?— É claro que não foi, não o obriguei a me levar embora, afinal, eu estava com o seu irmão, e estava tudo ótimo. Ele é sempre muito bem-educado e um cavalheiro.Olho de canto e noto-o segurando-se para não revirar os olhos— Ainda vai me agradecer por essa noite, pode anotar na sua agenda.— Não me arrependi de nada até agora, está enganado.— Eu não disse que seria um arrependimento imediato.— Não vai ser.— Quer apostar?— Não.— Disse não, é porque está começando a perceber a verdade.— Sr. Ca
— Sente-se, por favor — pede, após fechar a porta.— Não. Serei rápida, pois quero descer para o setor dos desenvolvedores. Estou observando o comportamento dos superiores.— Mas eu mandei a senhorita sentar, por isso, sente-se.Nossa, ele é sempre tão dócil e gentil, né?Não sei como, mas isso me deixa com vontade de tacar o grampeador na cabeça dele.Merda, que pensamento é esse Noely? O Sr. Carter é seu chefe!— Nunca fique de pé quando for me informar de algo, isso irrita os meus nervos. E a terapia anda sendo cara demais para eu retroceder.— Desculpe-me, isso não vai mais acontecer.— Ótimo.Ele dá a volta na mesa, puxa a gaveta de baixo e serve-se de uma bebida alcoólica, ainda me oferece.Esse homem só vive à base de álcool?— Aceita?— Claro que não, já tomei o meu café.— É um remédio ótimo para suportar a vida.Fico quieta, esperando que ele finalmente foque a sua atenção em mim, para me ouvir. Ao fazer isso, eu vou direto no meu Excel e mostro para ele o progresso de uma s
Passo, sorrindo forçada para a secretária, que já está sentada atrás da sua mesa. Não sei, mas o meu santo não bateu com o dela de jeito nenhum.— Noely? — Ouço a voz do Sr. Breno, e olho para a sala de reuniões.Ele está sentado do outro lado da mesa, com o seu notebook aberto e com alguns papéis do lado.— Olá, Sr. Breno... não te vi hoje.— Cheguei mais tarde na empresa. Tudo bem? Queria te pedir desculpas por ontem.Ele se levanta e vem até mim, extremamente bonito, com os seus olhos verdes e porte atlético.— Não peça, não foi culpa do senhor.— Mesmo assim, sinto muito. Espero que possamos marcar outra ocasião juntos, claro, se o Carter não tiver feito a minha caveira para você.— E por que ele faria a sua caveira?— Nada... — Sorri estranho. — Somos irmãos, é normal um implicar com o outro. Sinto muito, de verdade.— Está tudo bem, eu quem sinto muito pelo que aconteceu, espero que a sua mãe esteja melhor.— Ela ficará, depressão é uma doença complicada.— Mas, tenha fé. Ela va
— Disse algo, Srta. Sartori?— Que estou faminta...Ele analisa o meu rosto, deixando-me sufocada com a sua beleza turca. Será que ele tem ideia de como é bonito? E de como essa beleza intimida as pobres e meras mulheres sem chances?— Mataremos a sua fome. — Pisca e aponta, para eu ir na frente.Eu vou e escolho a mesa mais próxima do ar-condicionado quente. Hoje o dia continua frio e chuvoso.— Está com frio?— Um pouco.— Vou pedir um vinho para aquecer.Ele faz sinal para o garçom bonito, que se aproxima da nossa mesa, olhando-me. Depois que o Sr. Carter faz o nosso pedido, eu fico seguindo o garçom com os olhos, só de curiosidade por ele ter me olhado tanto.— A Globo está perdendo uma ótima atriz.— O quê? — Fito-o.— A senhorita estava comendo o garçom pelos olhos, sem nem sequer disfarçar.— Eu não seria tão deselegante, só estava curiosa por ele estar me olhando tanto. Tem algo de erra
Carter BastosNo instante em que abro a porta do meu escritório, eu dou de cara com a Valentina, sentada bem em cima da mesa, com as pernas cruzadas.— Oi, amor, saudades da sua esposa?Eu trinco o maxilar e bato a porta.— O que faz no Brasil?— Eu vim cobrar o que você me deve.— Estou resolvendo as coisas com o seu pai.Valentina desce da mesa.— Eu quero os meus quatro milhões, chega de me enganar!— Eu já disse que não tenho essa quantia no momento, já leu as notícias do Brasil sobre a ELW? O que o meu pai fez com a empresa e com a nossa família? Estamos quase falidos!Ela respira fundo, vindo calma até mim.— Se não tivesse pedido o divórcio, você, o seu irmão e nem a sua mãe estariam nessa situação sozinhos.— Acabou, Valentina! Não envolva o nosso divórcio nisso. Sempre arruma um pretexto.— Só quero recuperar o nosso casamento feliz. Volte para mim