O Reino vivia momentos muito difíceis, Kalgoorlie nunca mais foi a mesma depois de um terremoto que atingiu a nossa cidade.
Muitas vidas foram perdidas, lares destruídos.Meu pai o Rei Wilson Madssey buscava várias maneiras de por as coisas em ordem, mas não era nada fácil.Nossos inimigos aproveitavam todas as brechas para nos atacar.- Pai, por favor leve com o senhor o máximo de soldados que puder. Eu disse abraçando sua cintura trêmula devido aos ataques.
- Meu amor, fique tranquila os soldados irão me proteger, você não precisa ter medo está bem.
- Pai, quero que isso acabe logo, e que a gente possa viver em paz.
- Eu também quero meu amor, mas logo, logo vamos ficar juntos de novo, e fazer as coisas que você adora, conto com suas orações também, cuide do reino para nós.
- Vou orar meu pai. Vai com Deus.
Ele me deu um beijo na testa.
Depois chamou minha mãe.- Rose querida temos que partir as tropas estão nos esperando.
Minha mãe veio correndo em minha direção, seu semblante trazia um ar de preocupação.
- Se cuide meu amor.
- Mãe a senhora precisa mesmo ir?
- Querida, você sabe que apesar desse terremoto ter atingido a cidade, graças a Deus nós fomos protegidos, temos a essa fortaleza, que é o palácio. Porém há muita gente lá fora que precisa da nossa ajuda e a função de um rei e de uma rainha é interceder pelo seu povo. Seu pai precisa de mim, e o nosso povo precisa dele.
- Entendo, mas por favor me prometa uma coisa.
- O quê meu amor?
- Que vocês irão voltar.
Ela olhou dentro dos meus olhos, e segurou firme minhas mãos.
- Eu prometo.
Depois partiu.
Minha mãe a Rainha Rose Madssey tinha um coração imenso, amava mais o povo que a si mesma, e amava meu pai infinitamente mais do que tudo, por isso o acompanhava em todos os lugares, ainda que estes colocavam sua própria vida em risco.
Para reconstruir o nosso Reino meus pais procuravam fazer alianças com países vizinhos.
Para isso era necessário passar dias, e até mesmo meses fora de casa.Quando estavam fora eu ficava na companhia da senhorita Angeline ela era minha criada favorita, tínhamos quase a mesma idade, por isso compartilhava com ela todos os meus sentimentos, ela era muito religiosa, sempre me contava as histórias de seu Deus.- Senhora? Quer que eu lhe prepare algo para comer? Disse a Angeline
- Ange, por favor, estou faminta.
- Eles se foram novamente?
- Sim, mas desta vez estou com o coração apertado.
- Não fique assim, eles voltam logo.
- Estou cansada disso.
- Anne você tem uma família muito abençoada, seus pais te amam e fazem tudo por você, precisa ter mais paciência com eles, aliás antes de você chegar o povo já estava aqui, e eles amam e são totalmente devotados a seus pais, seria ingratidão da parte deles, não fazer nada pelo reino, mas isso não quer dizer que eles amem menos você.
- Tem razão Ange.
- Licença, vou trazer o jantar.
Fez uma reverência e saiu.
Da sacada do meu quarto podia observar boa parte da cidade.
Agora bem diferente, o terremoto levou toda sua beleza.Me lembro de quando era pequena e meu pai me pegava em seus braços para me mostrar a formosura do Reino. Só me restam lembranças.Todos diziam que eu era o retrato vivo da minha mãe, discordo plenamente, o tom de loiro nos cabelos, a pele rosada, os olhos azuis. Minha mãe tinha cabelos escuros, olhos castanhos, mas sei que quando falam que pareço com ela, é na maneira de agir, sou teimosa, destemida, enfrento reis, poderes seja lá quem for para salvar a minha família.
No país ao lado em uma cidade chamada Murchison havia um Duque interessado em nossas terras, afinal de contas éramos o país que mais produzia. Embora o trágico acontecimento do terremoto as nossas indústrias mantinham o mesmo ritmo de sempre. Ele nos visitava frequentemente para tentar persuadir meu pai a fazer aliança com ele, porém suas intenções eram as piores, lucrar em cima do povo, explorar, trazer de volta o trabalho escravo.
Diversas vezes me imtrometi, cheguei a ser punida por conta disso, mas jamais permitirei meu povo sofrer nas mãos desse mal caráter.No horário do almoço, me lavei, e desci até a sala de jantar, eu não tinha irmãos, quem almoçava comigo eram os meus pais, como estavam ausentes, convidei a Angeline para se sentar à mesa junto comigo.
- Agradeço minha senhora pelo convite. (Angeline)
- Ange, não me chame de senhora, meus pais não estão aqui, sabe que te considero uma grande amiga.
- Me desculpe. É o hábito. (Angeline)
- Ange, estou sentindo algo estranho dentro de mim. Estou com medo.
- Medo de quê? (Angeline)
- Eu não sei dizer, mas estou muito aflita.
- Anne, vai dar tudo certo, eles vão voltar em paz, tenho certeza disso. (Angeline)
- Espero que sim.
Depois da refeição voltei aos meus aposentos.
Com o fim de me distrair um pouco, sentei- me ao piano dado com todo o carinho em meu aniversário de quinze anos. Aprendi a tocar com a minha mãe, ela dizia que a música é o alimento da alma, e estava certa, todas as vezes que me sentia triste meu refúgio era tocar.Enquanto estava tocando totalmente envolvida, viajando em cada nota. Alguém bateu na porta, hesitei em atender, mas a pessoa insistiu.
- Entre. Disse em um tom grave.
- Senhora desculpe incomodá- la mas, não tenho boas notícias. Disse o general da guarda
- O que aconteceu Sr. Peter?
- Sinto muito em dizer mais seus pais faleceram. Houve um ataque.
- Não pode ser.
Me sentei a cama desconsolada, botei as mãos no rosto, comecei a chorar desesperadamente, entre soluços.
- Porquê? Porquê? Meu Deus, o que será de mim?
Foi decretado luto na cidade de Kalgoorlie, povos de várias províncias vieram ao velório.A notícia havia se espalhado por todo o mundo, inclusive aos ouvidos de Andrews Carther filho do duque de Murchison, que como o pai, era um galanteador barato, interessado em tomar o nosso reino.Muito abalada estava sentada ao lado dos caixões amparada pela Angeline, meus parentes ainda não tinham chegado moravam muito distante e eram poucos.- Senhorita Anne, olhe para a entrada, aquele não parece ser o Andrews Carther? Disse Angeline.- Não parece Ange é ele.Cheia de fúria me levantei seguindo em direção á entrada principal onde o avistara.Empurrei com as minhas duas mãos o seu peito.- O que está fazendo aqui? Será que não vê o tamanho da minha dor?Disse com os olhos cheios de lágrimas.Ele segurou minhas mãos na tentativa de me manter calma.- Anne queri
Alguns dos meus familiares permaneceram no palácio.Engraçado como pessoas que nunca deram a mínima para você de repente começam a te adorar.Decidi tomar meu café da manhã no quarto, meus olhos ainda estavam inchados da noite anterior.- A senhora precisa se alimentar direito, o dia hoje será longo. (Angeline)- Eu sei, mas é difícil pra mim. Não consigo acreditar no que está acontecendo.- Anne, eu sei que não é fácil, mas eles amavam o povo, você precisa fazer o mesmo. Não demore, todos estão te esperando no salão principal. (Angeline)- Ange, não sei se vou conseguir falar.- A senhora é a rainha agora, precisa ser forte assim como sua mãe era. (Angeline)Diante das palavras da Angeline me debrucei na mesa e voltei a chorar.- Nunca serei como ela.- A senhora será tão boa quanto ela. (Angeline)Ela estava se
Depois do jantar fomos ao salão de festas.Como de costume os cavalheiros tiravam damas para dançar, sinceramente eu não tinha nem um pouco de vontade de estar ali, mas alguém me estendeu uma das mãos, era o Andrews, seria falta de educação negar o pedido de uma dança, então cedi.- Querida, agradeço por ter aceitado o meu convite. (Andrews)- Não há de quê.- Eu sei que ainda está chateada comigo, mas você precisa entender uma coisa, as vezes as pessoas se casam simplesmente por negócio, ainda mais pessoas como nós. (Andrews)- Sei muito bem aonde você quer chegar, mas não irei me casar com alguém como você, que se aproveita da sensibilidade de uma mulher, usando seu charme para seduzí- la e palavras bonitas para conseguir ganhar seu coração, porém tudo não passa de ilusão.- Querida Anne, sinto em lhe dizer mas, vossa majestade precisa de um rei, e é muito jovem e imatura para manter um re
A tropa já estava pronta, todos os soldados me aguardavam do lado de fora do Palácio.Minhas criadas ficaram espantadas com a decisão que havia tomado, nenhuma delas estava de acordo.Porém foi a única solução que encontrei para mostrar ao nosso povo que não seria mais uma Rainha.- Majestade a guerra não é lugar para mulheres, a senhora corre risco de vida, sabemos que muitos soldados vão e não voltam. Alteza ainda dá tempo de voltar atrás. A senhora não precisa fazer isso. Por favor fique.Disse Angeline com um olhar aflito.- Ange eu fiz sei meses de treinamento militar no exército feminino, sei o que estou fazendo e além do mais já pedi à Deus para que fosse comigo. Tudo dará certo.Disse segurando uma de suas mãos para lhe passar um pouco de segurança.- Minha senhora, o treinamento é bem diferente da realidade, a madame entendi o tamanho do perigo? existem muitas armadilhas, se algo lhe acontecer?- Já tomei min
Ainda na sala de reunião.- E tem mais, me reserve um quarto aqui no Palácio, quero te observar de perto, e que ninguém desconfie de nosso trato. Disse o Duque de Murchison.- Como quiser. Falei seca.Ele abriu a porta como se nada tivesse acontecido.- Boa noite Majestade. Fazendo uma pequena reverência.- Boa noite.Estava prestes a desabar, aguentei firme até chegar ao meu quarto. Subi as escadas segurando as lágrimas. Entrei no quarto, fechei a porta e me joguei na cama, agarrando o travesseiro para abafar o som, chorava muito, entre um soluço e outro Angeline apareceu para verificar se eu precisava de alguma coisa, ela fazia isso todas as noites antes de dormir.- Majestade? O que houve? Disse Angeline com os olhos arregalados.- É o fim ange, estou perdida.- Porque está dizendo isso? (Angeline)- O que vo
Querido Philip, eu lamento não ter falado direito com você ontem, preciso olhar nos seus olhos e dizer toda a verdade. Sua companhia tem me feito muito bem, e sei que posso confiar em você. Por favor me encontre hoje a noite no jardim. AnneEntreguei a carta para Angeline.- Ange tome cuidado.- Claro fique tranquila. Disse Angeline colocando a carta dentro do bolso.Passei os olhos pela minha escrivaninha e vi que a senhorita Ruth havia deixado sobre ela a minha agenda com os compromissos para essa semana.Dentre eles algumas visitas a cidades próximas, para estabelecer relações com outros reinos, um jantar com as principais autoridades de algumas províncias com o fim de fazer novas alianças para a reconstrução de Kalgoorlie e uma reunião com os meus ministros.Comecei minha segunda- fe
Acordei pela manhã com a luz do sol invadindo o meu quarto, era aAngeline abrindo as janelas logo cedo.- Madame acorda quero saber como foi ontem o encontro. (Angeline)Me sentei na cama, ainda tonta pelo sono.Abri um grande sorriso.- Foi incrível!!- O que aconteceu para ser tão incrível? (Angeline)- Ele se declarou para mim ange, disse que encontrou o que procurava, foi a coisa mais linda que já ouvi.- Será que ele não está fazendo como o Andrews? (Angeline)- Ai, nem me fale nesse nome logo cedo - revirei os olhos. - Philip é um presente que recebi de Deus ange, nos seus olhos eu pude ver que estava sendo sincero.- Espero que esteja mesmo, é tão bom ver a senhora feliz. Ah estava me esquecendo de algo - fez uma pausa - Essa carta é para você. (Angeline)- Para mim? Não pode ser do Philip,
Nasci em um berço Real, com doze anos soube que não seria o sucessor ao trono, quem o ocuparia era o meu irmão Edgard Wilkinson, sendo assim o meu futuro dependeria de uma boa escolha, meu dever era encontrar uma esposa do mesmo nível de poder aquisitivo.Cresci com meu pai Joseph Wilkinson um nobre ganancioso me dando ordens com respeito a qual mulher eu deveria me casar.- Filho está noite encontre uma bela princesa, faça ela se apaixonar por você e a peça em casamento.- Sim senhor.Não queria que ninguém fizesse escolhas por mim.Odiava ir em bailes as garotas eram muito atiradas, ao todo tive seis noivados e todos terminaram pelo mesmo motivo, não via nelas interesse pela minha pessoa e sim pelo que eu possuía.No auge dos meus vinte anos, decidi tomar minhas próprias decisões.Via minha mãe infeliz pelos cantos, lembrando de um antigo amor, assim como eu ela teve a chance de escolher mas, preferiu ir pelo