Depois do jantar fomos ao salão de festas.
Como de costume os cavalheiros tiravam damas para dançar, sinceramente eu não tinha nem um pouco de vontade de estar ali, mas alguém me estendeu uma das mãos, era o Andrews, seria falta de educação negar o pedido de uma dança, então cedi.- Querida, agradeço por ter aceitado o meu convite. (Andrews)
- Não há de quê.
- Eu sei que ainda está chateada comigo, mas você precisa entender uma coisa, as vezes as pessoas se casam simplesmente por negócio, ainda mais pessoas como nós. (Andrews)
- Sei muito bem aonde você quer chegar, mas não irei me casar com alguém como você, que se aproveita da sensibilidade de uma mulher, usando seu charme para seduzí- la e palavras bonitas para conseguir ganhar seu coração, porém tudo não passa de ilusão.
- Querida Anne, sinto em lhe dizer mas, vossa majestade precisa de um rei, e é muito jovem e imatura para manter um reino, irão pedir regência. (Andrews)
- O que isso quer dizer?
- Quer dizer que colocarão outro em seu lugar. Agora vossa majestade pode evitar isso se casando com alguém. Mesmo que não haja amor. Querida se me escolher, ficará livre para fazer o que quiser. (Andrews)
- Me dê um tempo para digerir todas essas informações.
- Todo tempo do mundo. Disse com um sorriso sarcástico.
Não havia pensado nisso. Ao fim da valsa fez uma reverência beijando minha mão. Andrews parecia saber desse meu medo, medo de perder Reino.
Atordoada em meus pensamentos sai imediatamente para confirmar essa informação que Andrews havia me falado, na pressa acabei esbarrando no príncipe Philip Wilkinson que segurava uma taça de vinho, a taça saltou de sua mão e o vinho foi parar no paletó do primeiro ministro da Europa."Que desastre"
- Nunca vi uma rainha tão desajeitada como vossa majestade. Disse o ministro tentando se secar com um guardanapo.
- Me desculpe, sou um desastre mesmo.
E sai correndo. Philip veio atrás de mim.
Me debrucei na sacada do salão principal, chorava muito.- Querida não chore.
Enxuguei às lágrimas. E o encarei.
- Não sei como meus pais faziam isso, nunca serei a metade do que eles foram. Que droga de Rainha eu sou.
- Não pense assim de você, não está nem no terceiro dia de reinado e já está se julgando?
- Sinto que meus pais se foram muito prematuramente, e eu não estou preparada pra isso.
- Se você se mostrar assim na frente dos outros eles irão se aproveitar da sua fraqueza, tenho certeza que várias vezes seus pais sentiram medo, porém não permitiram que o medo os dominasse. Ninguém amadurece do noite para o dia, é uma questão de tempo, de errar, de acertar, é como o vinho...
Ri, quando ele falou de vinho me lembrando do paletó do primeiro ministro.
- Desculpe, pode continuar.
Ele abriu um sorriso e prosseguiu.
- Com o tempo ele se torna melhor. Ouça apenas o que te faz crescer, o que te diminui lance fora. Essa gente só pensa em si, não se misture com eles.
- Obrigada Philip, estou me sentindo bem agora.
- Estarei a sua disposição majestade.
- Por favor não me chame de majestade.
- Como desejar Anne.
Se despediu me dando um beijo nas mãos, fazendo uma reverência.
Decidi não voltar a festa, fui até meu quarto, pedi para Angeline me preparar o banho. Enquanto me sentei ao piano. Uma das minhas canções favoritas "Clair de lune" que foi a última canção que aprendi junto com a minha mãe.
- Senhora está pronto.
- Obrigada Ange.
- A senhorita Ruth, mandou lhe dizer que amanhã a senhora terá algumas visitas para fazer. As tarefas começam as oito da manhã.
- Obrigada.
Ela fez uma reverência e saiu.
[...]
De manhã acordei as sete tomei o café da manhã e me aprontei para maratona que teria de enfrentar de Reino em Reino.
- Majestade, a carruagem lhe aguarda.
- Obrigada Ruth, como estou?
- Está ótima madame.
- Então vamos.
Desde o terremoto fui impedida de sair das permanências do Palácio, eu era livre, mas muitas vezes me senti presa, queria saber como era a vida fora dos portões, dos muros altos do palácio. E finalmente esse dia chegou.
Entrei na carruagem, fizemos uma longa viajem até chegar em Edmonton.
Os guardas formaram um corredor para que eu passasse pelo meio deles em segurança." A Rainha de Kalgoorlie Senhorita Anne Madssey "
Edmonton era um reino aliado ao nosso, um povo muito acolhedor, a Rainha era uma das melhores amigas da minha mãe.
Quando a vi, corri em sua direção e lhe dei um abraço forte.- Querida, como você está? Disse a Rainha Katherine.
- Majestade me sinto perdida. A vida inteira fui preparada para esse momento, mas não imaginava que seria tão cedo.
- Você precisa de um marido, para que este lhe auxilie. Não tem ninguém em vista?
- Majestade a gente não poderia falar sobre outra coisa? Como por exemplo a economia?
- Você nunca se interessou por economia.
Rimos
- Mas garanto que é mais interessante do que minha vida amorosa.
- Querida quero que saiba que sempre poderá contar com o nosso Reino, Edmonton está aberto para o que você precisar. (Katherine)
- Obrigada madame.
Conversamos sobre tudo, a tarde com a rainha me trouxe uma visão diferente das coisas.
Ela era muito experiente, sabia como liderar, seu reinado foi o mais próspero dos últimos tempos, tirei muito proveito da nossa conversa.- Querida volte mais vezes.
- Assim que puder estarei de volta.
Os guardas novamente formaram um corredor para que eu pudesse passar. Acenei para a Rainha.
No caminho de volta para o palácio adormeci. Acordei com Ruth me chamando.
- Madame chegamos.
- Obrigada Ruth.
Estar em casa era reconfortante, subi até meu quarto. Angeline ainda estava lá, costurando.
- Para quê esse vestido?
- Quem me pediu foi o seu conselheiro madame. (Angeline)
- Conselheiro?
- Sim o senhor Carther. (Angeline)
- O quê? Mas eu não escolhi nenhum conselheiro.
- Bom, ele veio aqui procurou pela senhora. (Angeline)
- O que você disse?
- Disse que a senhora foi cumprir a sua agenda. Ele deixou uma carta está em cima da sua escrivaninha. (Angeline)
- Ele disse o porquê do vestido?
- Não senhora. (Angeline)
Mesmo com a presença de Angeline decidi abrir aquela carta, me sentei a beira da cama e comecei.
" Vossa majestade Anne Madssey, é com grande consideração que vos escrevo, o motivo, ser o seu conselheiro. Como Duque e pela vasta experiência creio que a senhora ainda não teve tempo para encontrar alguém a altura.
Por isso me coloco a disposição para ocupar esse cargo. Como sabe trabalhei junto da sua família conheço muito bem o Reino. Rainha tenho certeza da sua aprovação.De sr. Carther Duque de Murchison
Amassei a carta com toda minha raiva.
- Anne o que foi? (Angeline)
- Mais uma do senhor Carther. Parece que ele não dará descanso enquanto não consiga o que quer.
- A senhora tem razão, se me permite, vou me retirar. (Angeline)
- Claro, tenha uma boa noite.
[...]
De manhã ao acordar, olhei mais uma vez para o vestido que Angeline teria feito para mim, me perguntando qual seria a intenção do senhor Carther, decidi tomar meu café no quarto.
Enquanto tomava o café e conferia a minha agenda para a semana alguém bateu na porta, Angeline estava ocupada então eu mesma atendi.- Majestade. Disse o general Peter fazendo uma reverência.
- Pois não? Em que posso ser útil?
- Vim avisar a vossa majestade que estamos saindo para a guerra.
- Gerra?
- Sim.
- Eu irei também.
- A senhora não pode ir.
- Quem é a Rainha aqui?
- Me desculpe.
- Eu tenho um pouco de noção, cheguei a treinar no exército feminino. Prepare minha farda partiremos juntos.
- Sim senhora.
A tropa já estava pronta, todos os soldados me aguardavam do lado de fora do Palácio.Minhas criadas ficaram espantadas com a decisão que havia tomado, nenhuma delas estava de acordo.Porém foi a única solução que encontrei para mostrar ao nosso povo que não seria mais uma Rainha.- Majestade a guerra não é lugar para mulheres, a senhora corre risco de vida, sabemos que muitos soldados vão e não voltam. Alteza ainda dá tempo de voltar atrás. A senhora não precisa fazer isso. Por favor fique.Disse Angeline com um olhar aflito.- Ange eu fiz sei meses de treinamento militar no exército feminino, sei o que estou fazendo e além do mais já pedi à Deus para que fosse comigo. Tudo dará certo.Disse segurando uma de suas mãos para lhe passar um pouco de segurança.- Minha senhora, o treinamento é bem diferente da realidade, a madame entendi o tamanho do perigo? existem muitas armadilhas, se algo lhe acontecer?- Já tomei min
Ainda na sala de reunião.- E tem mais, me reserve um quarto aqui no Palácio, quero te observar de perto, e que ninguém desconfie de nosso trato. Disse o Duque de Murchison.- Como quiser. Falei seca.Ele abriu a porta como se nada tivesse acontecido.- Boa noite Majestade. Fazendo uma pequena reverência.- Boa noite.Estava prestes a desabar, aguentei firme até chegar ao meu quarto. Subi as escadas segurando as lágrimas. Entrei no quarto, fechei a porta e me joguei na cama, agarrando o travesseiro para abafar o som, chorava muito, entre um soluço e outro Angeline apareceu para verificar se eu precisava de alguma coisa, ela fazia isso todas as noites antes de dormir.- Majestade? O que houve? Disse Angeline com os olhos arregalados.- É o fim ange, estou perdida.- Porque está dizendo isso? (Angeline)- O que vo
Querido Philip, eu lamento não ter falado direito com você ontem, preciso olhar nos seus olhos e dizer toda a verdade. Sua companhia tem me feito muito bem, e sei que posso confiar em você. Por favor me encontre hoje a noite no jardim. AnneEntreguei a carta para Angeline.- Ange tome cuidado.- Claro fique tranquila. Disse Angeline colocando a carta dentro do bolso.Passei os olhos pela minha escrivaninha e vi que a senhorita Ruth havia deixado sobre ela a minha agenda com os compromissos para essa semana.Dentre eles algumas visitas a cidades próximas, para estabelecer relações com outros reinos, um jantar com as principais autoridades de algumas províncias com o fim de fazer novas alianças para a reconstrução de Kalgoorlie e uma reunião com os meus ministros.Comecei minha segunda- fe
Acordei pela manhã com a luz do sol invadindo o meu quarto, era aAngeline abrindo as janelas logo cedo.- Madame acorda quero saber como foi ontem o encontro. (Angeline)Me sentei na cama, ainda tonta pelo sono.Abri um grande sorriso.- Foi incrível!!- O que aconteceu para ser tão incrível? (Angeline)- Ele se declarou para mim ange, disse que encontrou o que procurava, foi a coisa mais linda que já ouvi.- Será que ele não está fazendo como o Andrews? (Angeline)- Ai, nem me fale nesse nome logo cedo - revirei os olhos. - Philip é um presente que recebi de Deus ange, nos seus olhos eu pude ver que estava sendo sincero.- Espero que esteja mesmo, é tão bom ver a senhora feliz. Ah estava me esquecendo de algo - fez uma pausa - Essa carta é para você. (Angeline)- Para mim? Não pode ser do Philip,
Nasci em um berço Real, com doze anos soube que não seria o sucessor ao trono, quem o ocuparia era o meu irmão Edgard Wilkinson, sendo assim o meu futuro dependeria de uma boa escolha, meu dever era encontrar uma esposa do mesmo nível de poder aquisitivo.Cresci com meu pai Joseph Wilkinson um nobre ganancioso me dando ordens com respeito a qual mulher eu deveria me casar.- Filho está noite encontre uma bela princesa, faça ela se apaixonar por você e a peça em casamento.- Sim senhor.Não queria que ninguém fizesse escolhas por mim.Odiava ir em bailes as garotas eram muito atiradas, ao todo tive seis noivados e todos terminaram pelo mesmo motivo, não via nelas interesse pela minha pessoa e sim pelo que eu possuía.No auge dos meus vinte anos, decidi tomar minhas próprias decisões.Via minha mãe infeliz pelos cantos, lembrando de um antigo amor, assim como eu ela teve a chance de escolher mas, preferiu ir pelo
Philip foi considerado o melhor cavaleiro dos últimos tempos pela saudosa Rainha Rose Madssey, em tempos de glória do Reino Kalgoorlie.Meu pai o senhor Louis Carther, odiava estar longe dos holofotes, ganância e poder era o que lhe movia. Murchison passava um de seus piores momentos, a economia ia de mal a pior e ninguém queria dar o braço a torcer pelo reino, estávamos caminhando a passos largos para a sarjeta.O único que poderia salvar sua reputação era eu, desde que me tornasse um nobre.Porém havia um empecilho no meu caminho, Philip, que sempre foi o mais querido, tinha a sua disposição as melhores damas, os melhores soldados, tinha tudo o que meu pai desejava, um lugar garantido no trono.Odiava ser comparado com Philip o tempo todo, para ele eu deveria ser o melhor.Como não poderíamos fazer nada contra ele, afinal de contas seu exército era muito poderoso.Meu pai apelou pelo lado mais fraco, Kalgoorlie.
- Alteza está na hora do seu pronunciamento. Disse a senhorita Ruth.- Obrigada Ruth.Caminhei para uma espécie de palco montado no centro do salão principal, antes de começar a falar corri os olhos pelo salão, um silêncio assustador tomou conta do lugar, me aproximei do microfone e iniciei o discurso.- Boa noite à todos, primeiramente agradeço a cada um de vocês por estarem aqui presentes, está noite gostaria de lhes apresentar o meu mais novo conselheiro o senhor Louis Carther.Disse estendendo a mão em sua direção, ele logo subiu ao palco se posicionando ao meu lado, encheu o peito, se mostrando superior. Me cumprimentou com uma reverência e se direcionou ao público.- Boa noite é com grande alegria e satisfação que atendo esse pedido da nossa soberana. - olhou para mim. - abri um sorriso forçado e ele prosseguiu. - Como todos já sabem o reino não está em uma de suas melhores fases, porém o
Ainda chovia muito pela manhã. Planejava cavalgar, mas talvez teria de ficar trancada no Palácio o domingo inteiro. Me levantei da cama, entrei no banheiro para tomar um banho quente para espantar o sono e o cansaço da noite anterior.Antes de descer para tomar meu café da manhã, parei de frente com o espelho da minha penteadeira, observando um foto antiga que eu tinha pego do álbum de fotos da nossa família, era o dia da coroação dos meus pais, minha mãe bem jovem, devia ter uns vinte anos na época, seu semblante mostrava o quanto estava feliz ao lado do meu pai, o fotógrafo pegou um momento em que ele sorria para ela, um amor verdadeiro, eles se completavam. Não sei se terei a mesma sorte.Olhei para a imagem que refletia no espelho, não me via como a Rainha, dentro daquela capa ainda havia apenas uma garota sonhando com um final feliz. No canto do espelho vi Angeline entrar.- Alteza? vim me despedir.