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Capítulo 6

Querido Philip, eu lamento não ter falado direito com você ontem, preciso olhar nos seus olhos e dizer toda a verdade. Sua companhia tem me feito muito bem, e sei que posso confiar em você.

Por favor me encontre hoje a noite no jardim.

Anne

Entreguei a carta para Angeline.

- Ange tome cuidado.

- Claro fique tranquila. Disse Angeline colocando a carta dentro do bolso.

Passei os olhos pela minha escrivaninha e vi que a senhorita Ruth havia deixado sobre ela a minha agenda com os compromissos para essa semana.

Dentre eles algumas visitas a cidades próximas, para estabelecer relações com outros reinos, um jantar com as principais autoridades de algumas províncias com o fim de fazer novas alianças para a reconstrução de Kalgoorlie e uma reunião com os meus ministros.

Comecei minha segunda- feira com uma dor de cabeça terrível.

Tomei meu café no quarto. Como o dia seria longo, botei um vestido leve, bem soltinho, sapatilhas confortáveis e um par de brincos discretos.

Saí o mais rápido possível para não me atrasar. Bati a porta do quarto e quando me virei dei de cara com o Andrews.

- Ai que susto!! Está me vigiando?

Ele riu.

- Não, vim me despedir, estou voltando para Murchison, volto na quinta-feira para o jantar com as autoridades.

- Tudo bem. Faça uma boa viagem.

- Obrigado. Fez uma reverência e saiu.

Esperei ele dobrar o corredor para poder descer as escadas e ir para minha sala. Não queria ter mais assuntos para tratar com Andrews Carther.

Chegando na minha sala, logo a  senhorita Ruth veio atrás de mim.

- Aí está a senhora. Temos que nos apressar o Rei de Norfolk nos aguarda. (senhorita Ruth)

- Estou pronta. Podemos ir.

[...]

A viagem foi bem longa chegamos em Norfolk por volta das 15:00 hrs.

A guarda se armou desde a saída da carruagem até a entrada do Palácio. Desde o ataque ao meus pais, todas as medidas de proteção estavam sendo redobradas. Eu parecia mais uma criança indefesa do que a Rainha.

O palácio estava bem diferente desde a minha última visita ao aniversário de quinze anos da princesa Emily.

- Anne eu estava morrendo de saudade de você, me perdoa não pude ir ao seu noivado.

Disse a princesa Emilly.

- Está perdoada, mas e você me conta vai se casar quando?

- Vou me casar no final do mês.

- Está feliz?

- Sim muito, Arthur e eu esperamos isso a vida toda e finalmente esse momento chegou.

Emilly era minha amiga desde a infância, dividimos muitos momentos juntas, ela foi a primeira a saber sobre o meu primeiro beijo, inclusive me encobertou, até hoje  nossa amizade era mantida, embora a distância usávamos cartas para nos comunicar.

- E você e o Andrews?

- Ainda não temos data.

- Anne você sabe o que estou querendo dizer, vocês estão felizes? (Emilly)

- Bom, felicidade vem com o tempo né.

- Pare de rodear Anne, ou está feliz ou não, não existe meio termo. (Emilly)

- Não estou feliz, pronto, satisfeita?

- Sim, então porque está fazendo isso? (Emilly)

- Querida pode me deixar à sós com a Rainha? Disse o Rei se aproximando.

- Claro papai. Disse Emilly apertando os olhos me fuzilando.

Ri.

Ufa salva pelo gongo.

Fiz uma breve reverência ao Rei.

- Como você está? (Rei August)

- Estou bem Alteza.

- E como andam as coisas em Kalgoorlie?

- Está sob controle, estou pensando em alguns projetos na área da educação. E a economia anda muito bem.

- Seu pai havia me falado de um projeto para a restruturação do Reino, ele era um homem de visão, sabia do que o país precisava, além do mais era adorado pelo povo, achei bem interessante o que ele havia me dito gostaria de te passar. (Rei Algust)

- Adoraria saber o que ele pretendia fazer.

- Venha até a minha sala vou lhe passar a ideia dele.

Minha reunião com o Rei August, tomou toda a minha tarde, decidi voltar para o Palácio antes de escurecer, para evitar possíveis ataques.

- Anne você ficou me devendo uma resposta. (Emilly)

- Eu ainda estou bem confusa te conto tudo com mais calma, prometo.

- Me escreva. (Emilly)

- Vou escrever sim, já estou com saudades.

Lhe dei um abraço, depois segui para a carruagem.

Os guardas me aguardavam do lado de fora do Palácio.

No caminho pensei se Angeline teria conseguido levar a carta ao príncipe e qual seria a reação de Philip ao receber uma carta minha. Estava ansiosa para chegar em casa.

[...]

Subi as escadas correndo, entrei no quarto e dei de cara com a Angeline.

- E aí você entregou a carta?

- Sim madame, e também preparei seu banho, previ que a senhora iria demorar a chegar então adiantei algumas coisas.

- Obrigada querida.

Tomei o banho o mais rápido que pude, abri o closet, separei alguns vestidos, os meus favoritos, mas nada parecia cair bem.

- Ange este está bom?

- Sim ficou lindo. (Angeline)

Enquanto Angeline arrumava meu cabelo eu mesma fazia minha maquiagem. 

Parei uma última vez antes de ir me encontar com Philip, de frente para o espelho.

- A senhora está linda garanto, ele vai gostar.

- Ange acha que eu exagerei? Não quero chamar atenção, só quero estar apresentável.

- Sei. Disse Angeline erguendo uma das sobrancelhas.

- Não me olhe com essa cara, estou falando a verdade. Falei séria.

Antes de sair olhei da porta do quarto para ver se não havia ninguém no corredor.

O corredor estava praticamente vazio, no fim dele havia um soldado de plantão, quando passei por ele o mesmo fez uma reverência e começou a me seguir, parei.

- Está tudo bem, eu posso ir sozinha. Disse me virando para ele.

- Me desculpe alteza mas, o senhor Carther me ordenou a acompanhar a senhora em todos os lugares, isso é para sua segurança.

- Eu sou a Rainha aqui, não quero ninguém me seguindo dentro de minha própria casa, por hoje você está dispensado.

Ele pareceu frustrado com minha atitude mas cedeu e ficou pelo meio do caminho.

Quando finalmente consegui sair do palácio, pelas portas dos fundos obviamente, caminhei pelo jardim, a procura de Philip.

O lugar estava bem escuro, mas a luz da lua contribuía com a iluminação. De repente meu olhar se encontrou com o dele, estava encostado em uma árvore, sua pele branca parecia atrair o brilho da lua, e seus cabelos negros tão lindos quanto a noite.

Abri um sorriso e segui em sua direção. Minhas mãos começaram a suar, uma sensação estranha a cada passo que eu dava as batidas do meu coração se aceleravam.

Ele se aproximou.

- Boa noite querida. Disse fazendo uma breve reverência.

- Boa noite Philip.

- Então, o que está acontecendo? (Philip)

- Philip o senhor Carther me ameaçou, ele quer que eu me case com o Andrews, e me disse que se eu contar para alguém irá matar o restante da minha família. Nunca senti tanto medo  na minha vida. Foi por isso que aceitei essa proposta tão insolente e agora não sei o que fazer.

- Querida não tenha medo, você fez muito bem. (Philip)

- Ãh? Como assim fiz bem?

- É simples, o que é melhor, ter um inimigo diante das suas vistas ou longe? (Philip)

- Entendi o que está querendo dizer, mas e quanto ao casamento não quero me casar com o Andrews.

- Se os Carther querem jogar, vamos entrar no jogo deles.

- Philip, por favor seja claro.

- Querida você precisa fazer com que eles pensem que o jogo está ganho, quando menos esperarem vamos pegá- los.

- Você me garante?

- Eu prometo. Disse segurando minhas mãos.

Senti minhas bochechas queimarem.

- Agradeço por tudo que você tem feito por mim mas, tenho uma pergunta, porque se preocupa tanto comigo? Desde de que você chegou só sei tomar o seu tempo, primeiro no baile com aquele esbarrão, depois na guerra, e mais uma vez hoje lhe trazendo mais preocupações. Você não deveria estar á procura de uma noiva? Sei que posso estar atrapalhando um pouco, me desculpe.

Ele riu.

- Encontrei o que procurava. (Philip)

- Sério Philip? Como ela é?

- Ela é você. Disse Philip  mergulhando dentro dos meus olhos.

- O que? Disse confusa.

- Anne, você era o que eu estava  precisando, por toda minha vida sonhei em encontrar alguém que  me fizesse sorrir, alguém que se importa com as coisas simples da vida, que não liga para títulos, achei isso em você. Eu me apaixono por você a cada dia.

(Philip)

Meus olhos se encheram de lágrimas.

-  Philip, minha vida está uma bagunça.

Ele soltou uma das mãos e delicadamente pousou sobre o meu rosto

- Eu te ajudo a colocá- la no lugar. (Philip)

Abri um sorriso tímido. Ele me devolveu, aproximando seu rosto do meu, e me beijou.

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