Ainda na sala de reunião.
- E tem mais, me reserve um quarto aqui no Palácio, quero te observar de perto, e que ninguém desconfie de nosso trato. Disse o Duque de Murchison.
- Como quiser. Falei seca.
Ele abriu a porta como se nada tivesse acontecido.
- Boa noite Majestade. Fazendo uma pequena reverência.
- Boa noite.
Estava prestes a desabar, aguentei firme até chegar ao meu quarto.
Subi as escadas segurando as lágrimas. Entrei no quarto, fechei a porta e me joguei na cama, agarrando o travesseiro para abafar o som, chorava muito, entre um soluço e outro Angeline apareceu para verificar se eu precisava de alguma coisa, ela fazia isso todas as noites antes de dormir.- Majestade? O que houve? Disse Angeline com os olhos arregalados.
- É o fim ange, estou perdida.
- Porque está dizendo isso? (Angeline)
- O que vou lhe dizer ninguém mais pode saber.
- Claro, a senhora pode confiar em mim. Disse Angeline se sentando ao meu lado na cama.
- O senhor Carther me ameaçou, ele quer ser meu conselheiro e quer me forçar a me casar com seu filho Andrews Carther.
- Meu Deus!!
Disse Angeline com as mãos sobre a boca.- E agora o que eu vou fazer? É uma bomba atrás da outra. Quando penso que vou conseguir colocar as coisas no lugar, vem alguém e destrói tudo de novo.
- Tenha calma madame, tenho certeza que a senhora encontrará uma solução para isso. Disse me dando as mãos.
- Obrigada querida, agora me faça um favor prepare o meu banho e arranje um quarto para aquele traste.
- Está bem, licença.
Logo após tomar o banho, fiz uma última refeição, e caminhei até a minha escrivaninha, peguei algumas folhas de papel em branco que estavam dentro de uma gaveta, depois de tocar piano escrever era o meu porto seguro, antes de saber que seria a futura Rainha de Kalgoorlie, sonhava em tocar as pessoas com meus poemas de amor, embora nunca tivesse a sensação de um amor verdadeiro, eu amava observar como meu pai tratava minha mãe, ele adorava escrever para ela. Li alguns de seus poemas, no começo os meus eram bem parecidos com os dele. Até Andrews Carther aparecer me levando para novos horizontes, me fazendo ter minha própria visão sobre o amor. Só que acabou.
Já não tinha motivos para escrever coisas bonitas, então rascunhei os sentimentos mais profundos que haviam dentro de mim.Quando fecho os olhos, te vejo em minha mente.
Quando abro os olhos, procuro o inexistente.Quando fecho os olhos, os momentos.
Quando abro os olhos, meu lamento.Quando fecho os olhos, me lembro de você.
Quando abro os olhos, só me resta o querer.[...]
Pela manhã levantei um pouco mais cedo, aquela papelada toda ainda estava em cima da minha cama, coloquei meus rascunhos embaixo do meu travesseiro. E desci para tomar meu café da manhã.
Todos os criados estavam jogando conversa fora, ao me verem, todos retomaram a postura. Achei aquilo engraçado.
- Bom dia. Disse com um sorriso no rosto.
- Bom dia Majestade. Disseram em uníssono.
Logo apareceu a senhorita Ruth.
- Madame parabéns pelo noivado.
- Obrigada, mas como está sabendo? Disse erguendo uma das sobrancelhas.
- O senhor Carther me pediu para cuidar dos preparativos para a festa de hoje.
- Festa?
- Sim para o pronunciamento do seu noivado.
- E quanto a minha agenda?
- Todos os outros compromissos foram cancelados.
- Quem foi convidado?
- Todos os nobres senhora, e se me permite preciso me retirar ainda falta muita coisa para acertar ainda. Licença. Disse saindo apressada.
Depois do café da manhã. Resolvi andar pelo Palácio, havia muita movimentação, os criados iam de um lado para o outro, decorando o Palácio, preparando os pratos que irão ser servidos, ninguém parecia me notar.
Do lado de fora do Palácio estava um dia lindo, o sol brilhava intensamente, estávamos na Primavera, vários tipos de flores decoravam o nosso jardim, para mim, o melhor lugar do palácio.
- Parabéns Majestade. Disse o jardineiro.
- Obrigada. Sorri amarelo.
Parece que a notícia havia se espalhado por todo o Reino.
- Alteza o que está fazendo aqui fora? A senhora precisa se aprontar para a festa.
(Angeline)- Preciso mesmo ir?
- Sim, estão montando uma linda festa, seu vestido está maravilhoso. (Angeline)
- Obrigada ange, eu já vou, deixa- me só aproveitar um pouco mais o pequeno tempo que ainda tenho de liberdade.
- Claro, como desejar. Angeline fez uma breve reverência e saiu.
Passei um tempo no jardim, deitada na grama olhando para o céu me lembrando de como minha vida era perfeita, dos momentos em que eu e minha família parava para observar os desenhos que as nuvens formavam, dos piqueniques, de como éramos felizes juntos.
Voltei rapidamente antes que alguém viesse atrás de mim.
Passei pelo salão principal, estava ficando lindo, os criados estavam se empenhando muito, não se via ninguém parado.Subi ao meu quarto com o coração apertado, passei os olhos sobre a cama, onde estavam o vestido, um par de brincos e um colar.
Fui para o banho que foi preparado de uma maneira muito especial com a essência da Mirra, a essência da força segundo Angeline. E força era o que eu mais precisava naquele momento.Depois do banho minhas criadas me ajudaram com o vestido, um modelo rosa bem ajustado na cintura, e com leves babados, uma costura fina. No meu cabelo fizeram um coque com fios desconectados, mas bem sofisticado e a franza prenderam com um grampo atrás da orelha, porém ela caía delicadamente sobre o meu rosto.
Ostentava um belo colar de diamantes, e um par de brincos.Enquanto Ruth fazia os últimos detalhes da minha maquiagem alguém bateu na porta.
A voz era bem familiar.- Madame o senhor Andrews quer falar com a senhora. (Angeline)
Respirei fundo.
- Peça para ele entrar.
- Obrigado, você poderia nos deixar a sós por favor? Disse Andrews se virando para Angeline.
- Sim me desculpe, licença.
Disse Angeline fazendo um breve reverência.Andrews se aproximou.
- Você está linda. (Andrews)
- Diga logo o que você deseja?
- Quero que as coisas entre nós possam ser diferentes.
Ri
- Diferentes? Tão simples pra você não? Disse sarcástica
- Eu sei que você está machucada, mas podemos recomeçar, eu errei mas...
O interrompi.
- Andrews bem que eu gostaria de acreditar nesse seu lindo discurso, você me tinha na palma de suas mãos, meus sentimentos, meus planos, mas me deixou cair.
- Estou arrependido, eu quero te reconquistar, me dê uma chance, vou te mostrar.
Disse olhando dentro dos meus olhos.- Agora é tarde, e eu ainda estou juntando os pedaços da bagunça que você deixou em mim.
- Já que é assim, tudo bem, mas meu pai não irá facilitar as coisas você sabe disso, eu tentei evitar das coisas serem mais difíceis, mas você não quer, então vamos descer para a festa.
- Vamos.
Quando começamos a descer as escadas, fomos recebidos com uma salvá de palmas. O salão estava cheio, a decoração estava deslumbrante.
No meio da multidão percebi que alguém me observava, rapidamente olhei, aquilo estava me incomodando. Era o Príncipe Philip ele parecia confuso. Desviei o olhar.- Anne sorria, fale alguma coisa, o que as pessoas vão pensar com você com essa cara amarrada.
Fiz cara de tédio.
Ao pisar no salão a família Carther veio me parabenizar.
- Madame a senhora está linda, é um prazer conhecê- la, vocês formam um belo casal, fico feliz pelo meu filho ter escolhido tão bem. Disse a senhora Karoline Carther.
- Obrigada.
- Anne parabéns pelo noivado, não sabe como estou feliz por você. Disse a Rainha Katherine
- Obrigada por estar aqui.
- Anne?
Me virei para ver quem havia me chamado, tinha muita gente naquele lugar.
- Aqui.
Era o Príncipe Philip, abriu um grande sorriso ao me ver.
Ele fez uma reverência. E se aproximou.- Você está linda. (Philip)
- Obrigada. Disse sem graça.
- Não entendi? É isso mesmo você está noiva?
- Sim. Disse cabisbaixa.
- Está feliz? (Philip)
- Porque está me perguntando se estou feliz?
- É porque não há brilho nos seus olhos, não há vi sorrindo em nenhum momento, Tá tudo bem? (Philip)
Assenti com a cabeça.
- Olha eu preciso cumprimentar os outros convidados, licença. Disse tentando fugir do assunto.
- Claro, parabéns.
Percebi que ele ficou chateado, por não ter sido sincera com ele.
Meus olhos se encheram de lágrimas ao me retirar." Senhoras e senhores vamos nos preparar para o baile real"
Nos encaminhamos até o centro do salão para a valsa.
Andrews me estendeu a mão, me conduzindo em cada passo. A primeira valsa dançamos sozinhos, depois os outros se juntaram à nós.
Cuidadosamente passava os olhos sobre o salão, a fim de encontrar Philip. Não o vi mais depois da nossa conversa.
- Algo lhe preocupa? (Andrews)
- Porque quer saber? Não é do seu interesse, me deixe em paz.
Quando tudo aquilo acabou, voltei para o meu quarto. Como de costume Angeline passou pelo meu quarto, e estava curiosa quanto a festa.
- Madame como foi? (Angeline)
- A festa estava linda fiquei feliz em ter esse lugar cheio, mas algo está me incomodando.
- O que lhe incomoda? (Angeline)
- Acho que não fui sincera com um amigo.
- Por acaso é o Príncipe Philip? (Angeline)
- Angeline!!!
Rimos
- Sim é ele.
- Porque a senhora não escreve para ele?
- Mas e se o senhor Carther desconfiar.
- Pode contar comigo, eu entrego a carta. (Angeline)
- Ange ninguém pode saber da procedência dessa carta está bem? Seja o mais discreta possível.
- Sim senhora.
Assentiu com a cabeça.- É um prazer ajudar a senhora. (Angeline)
Fez uma reverência e saiu.
Querido Philip, eu lamento não ter falado direito com você ontem, preciso olhar nos seus olhos e dizer toda a verdade. Sua companhia tem me feito muito bem, e sei que posso confiar em você. Por favor me encontre hoje a noite no jardim. AnneEntreguei a carta para Angeline.- Ange tome cuidado.- Claro fique tranquila. Disse Angeline colocando a carta dentro do bolso.Passei os olhos pela minha escrivaninha e vi que a senhorita Ruth havia deixado sobre ela a minha agenda com os compromissos para essa semana.Dentre eles algumas visitas a cidades próximas, para estabelecer relações com outros reinos, um jantar com as principais autoridades de algumas províncias com o fim de fazer novas alianças para a reconstrução de Kalgoorlie e uma reunião com os meus ministros.Comecei minha segunda- fe
Acordei pela manhã com a luz do sol invadindo o meu quarto, era aAngeline abrindo as janelas logo cedo.- Madame acorda quero saber como foi ontem o encontro. (Angeline)Me sentei na cama, ainda tonta pelo sono.Abri um grande sorriso.- Foi incrível!!- O que aconteceu para ser tão incrível? (Angeline)- Ele se declarou para mim ange, disse que encontrou o que procurava, foi a coisa mais linda que já ouvi.- Será que ele não está fazendo como o Andrews? (Angeline)- Ai, nem me fale nesse nome logo cedo - revirei os olhos. - Philip é um presente que recebi de Deus ange, nos seus olhos eu pude ver que estava sendo sincero.- Espero que esteja mesmo, é tão bom ver a senhora feliz. Ah estava me esquecendo de algo - fez uma pausa - Essa carta é para você. (Angeline)- Para mim? Não pode ser do Philip,
Nasci em um berço Real, com doze anos soube que não seria o sucessor ao trono, quem o ocuparia era o meu irmão Edgard Wilkinson, sendo assim o meu futuro dependeria de uma boa escolha, meu dever era encontrar uma esposa do mesmo nível de poder aquisitivo.Cresci com meu pai Joseph Wilkinson um nobre ganancioso me dando ordens com respeito a qual mulher eu deveria me casar.- Filho está noite encontre uma bela princesa, faça ela se apaixonar por você e a peça em casamento.- Sim senhor.Não queria que ninguém fizesse escolhas por mim.Odiava ir em bailes as garotas eram muito atiradas, ao todo tive seis noivados e todos terminaram pelo mesmo motivo, não via nelas interesse pela minha pessoa e sim pelo que eu possuía.No auge dos meus vinte anos, decidi tomar minhas próprias decisões.Via minha mãe infeliz pelos cantos, lembrando de um antigo amor, assim como eu ela teve a chance de escolher mas, preferiu ir pelo
Philip foi considerado o melhor cavaleiro dos últimos tempos pela saudosa Rainha Rose Madssey, em tempos de glória do Reino Kalgoorlie.Meu pai o senhor Louis Carther, odiava estar longe dos holofotes, ganância e poder era o que lhe movia. Murchison passava um de seus piores momentos, a economia ia de mal a pior e ninguém queria dar o braço a torcer pelo reino, estávamos caminhando a passos largos para a sarjeta.O único que poderia salvar sua reputação era eu, desde que me tornasse um nobre.Porém havia um empecilho no meu caminho, Philip, que sempre foi o mais querido, tinha a sua disposição as melhores damas, os melhores soldados, tinha tudo o que meu pai desejava, um lugar garantido no trono.Odiava ser comparado com Philip o tempo todo, para ele eu deveria ser o melhor.Como não poderíamos fazer nada contra ele, afinal de contas seu exército era muito poderoso.Meu pai apelou pelo lado mais fraco, Kalgoorlie.
- Alteza está na hora do seu pronunciamento. Disse a senhorita Ruth.- Obrigada Ruth.Caminhei para uma espécie de palco montado no centro do salão principal, antes de começar a falar corri os olhos pelo salão, um silêncio assustador tomou conta do lugar, me aproximei do microfone e iniciei o discurso.- Boa noite à todos, primeiramente agradeço a cada um de vocês por estarem aqui presentes, está noite gostaria de lhes apresentar o meu mais novo conselheiro o senhor Louis Carther.Disse estendendo a mão em sua direção, ele logo subiu ao palco se posicionando ao meu lado, encheu o peito, se mostrando superior. Me cumprimentou com uma reverência e se direcionou ao público.- Boa noite é com grande alegria e satisfação que atendo esse pedido da nossa soberana. - olhou para mim. - abri um sorriso forçado e ele prosseguiu. - Como todos já sabem o reino não está em uma de suas melhores fases, porém o
Ainda chovia muito pela manhã. Planejava cavalgar, mas talvez teria de ficar trancada no Palácio o domingo inteiro. Me levantei da cama, entrei no banheiro para tomar um banho quente para espantar o sono e o cansaço da noite anterior.Antes de descer para tomar meu café da manhã, parei de frente com o espelho da minha penteadeira, observando um foto antiga que eu tinha pego do álbum de fotos da nossa família, era o dia da coroação dos meus pais, minha mãe bem jovem, devia ter uns vinte anos na época, seu semblante mostrava o quanto estava feliz ao lado do meu pai, o fotógrafo pegou um momento em que ele sorria para ela, um amor verdadeiro, eles se completavam. Não sei se terei a mesma sorte.Olhei para a imagem que refletia no espelho, não me via como a Rainha, dentro daquela capa ainda havia apenas uma garota sonhando com um final feliz. No canto do espelho vi Angeline entrar.- Alteza? vim me despedir.
Querida ontem a noite quando cheguei em casa, fiquei sabendo que teria que ir para guerra, não quis te escrever mais cedo porque sei o quanto você é teimosa, e acabaria dando um jeito para ir também. Anne não quero correr o risco de perder a coisa que eu mais amo nessa vida. Nunca perdi nenhuma batalha, não é agora que vai ser diferente, pelo menos é o que eu espero, e tenho o maior dos motivos para voltar, você.Vai dar tudo certo, por favor confie em mim. Lembre-se da promessa que eu lhe fiz nunca te deixarei sozinha. Philip Me levantei um pouco mais cedo do que normalmente estava acostumada. Desci até a cozinha, para tomar o café da manhã, me lembrei de olhar atrás do mural, para ver se Angeline havia deixado alguma informação para mim. A carta estava escondida no lugar em que eu havia combinado.Não havia ninguém na cozinha, além do cozinheiro chefe, mas ele estava muito ocupad
Já não conseguia esconder minha preocupação, pensei em escrever uma carta para Norseman. Mas desisti ao ver meus soldados se aproximarem do palácio pela janela do meu quarto.Um fio de esperança brotava em meu peito. Desci as escadas depressa, finalmente teria alguma notícia de Philip.Passei pelo salão principal, com um sorriso no rosto. De longe os avistei atravessando os portões. Aparentemente estavam bem, corri na direção do general.- Alteza. Disse o general fazendo uma reverência.- Senhor Peter todos os nossos soldados estão bem? Perguntei até chegar no ponto onde queria. - Estamos exaustos mas, graças à Deus estamos bem, todos vivos.- Que bom general, isso é ótimo. - disse aliviada. - Fiquei sabendo que os soldados de Norseman também foram, tem notícias deles?- A única coisa que sei é que eles foram vítimas de uma emboscada, nós íamos fazer o mesmo traj