Foi decretado luto na cidade de Kalgoorlie, povos de várias províncias vieram ao velório.
A notícia havia se espalhado por todo o mundo, inclusive aos ouvidos de Andrews Carther filho do duque de Murchison, que como o pai, era um galanteador barato, interessado em tomar o nosso reino.Muito abalada estava sentada ao lado dos caixões amparada pela Angeline, meus parentes ainda não tinham chegado moravam muito distante e eram poucos.
- Senhorita Anne, olhe para a entrada, aquele não parece ser o Andrews Carther?
Disse Angeline.- Não parece Ange é ele.
Cheia de fúria me levantei seguindo em direção á entrada principal onde o avistara.
Empurrei com as minhas duas mãos o seu peito.- O que está fazendo aqui? Será que não vê o tamanho da minha dor?
Disse com os olhos cheios de lágrimas.
Ele segurou minhas mãos na tentativa de me manter calma.- Anne querida, eu vim em paz, estou tão inconformado quanto você.
- Saía daqui. Disse soltando minhas mãos das dele.
- Tenho uma proposta para te fazer.
- Isso não é hora. Por favor vá embora.
- Me escute, o meu pai quer tomar o seu Reino, sei que isso não é nenhuma novidade, mas tenho uma solução para isso não acontecer.
[...]
Há um tempo atrás estávamos noivos, a ideia foi do senhor Louis Carther Duque de Murchison, meu pai cedeu e me ofereceu como noiva ao Andrews. Quando soube da notícia que foi dada pela minha mãe, me senti traída pelos meus pais. Eu era a mercadoria mais fácil para a reconstrução do Reino.
- Filha sinto em lhe dizer mas, você está noiva. Disse minha mãe
- Noiva? Como assim?
- Seu pai vai dar a sua mão ao Andrews Carther filho do Duque de Murchison. Sinto muito. Eu tentei evitar mas, o reino precisa de nós.
- Não pode ser. Porque vocês estão fazendo isso comigo? Disse em tom de voz embargado.
- Nosso reino está em uma fase muito difícil, não temos condições para reergue- lô sozinhos, precisamos fazer alianças com outros países, um casamento com alguém importante, pode adiantar esse processo, e o senhor Carther será um ótimo rei, ele tem se mostrado muito atencioso com o nosso povo, filha eu te peço que ao menos tente, eu prometo que se não der certo, você poderá voltar atrás.
- Farei isso pela senhora.
Logo após a nossa conversa, minha mãe chamou uma das criadas para me preparar para o encontro.
Tomei um banho com pétalas de rosas, passei um dos meus melhores perfumes, a Angeline me trouxe um vestido longo vermelho.- A senhorita está linda.
(Angeline)- Ange, ore por mim. Seja o que Deus quiser.
- Vou orar minha senhora.
(Angeline)Nos prepararam um dos salões do Palácio, fizeram um lindo banquete, a decoração estava toda em dourado.
Ao descer as escadas percebi o olhar de um rapaz, ele usava um terno preto, seus cabelos castanhos penteados para trás. Ao passo que eu descia ele se aproximava. No último degral ele me deu uma das mãos, fez uma breve reverência.- Boa noite princesa. (Andrews)
- Boa noite.
Nos sentamos à mesa do jantar.
- Princesa, me chamo Andrews, é uma honra para mim estar aqui, sei que não é fácil pra você, ser dada em casamento à um estranho, mas quero deixá- la a vontade, e se não quiser ir em frente eu vou entender. (Andrews)
- Agradeço, mas aceitei por amor à minha mãe, e por amor ao Reino.
Não nos falamos muito durante o jantar. Era estranho para mim, a convivência com o filho de um dos principais inimigos do reino, porém até o momento ele havia se mostrado uma boa pessoa. Por que não tentar?
- Bom princesa, foi um prazer conhecê- la, mas agora eu preciso ir, espero poder vê- la com mais frequência. (Andrews)
- O prazer é meu, tenha uma boa noite.
Ele se despediu me dando um beijo no rosto.
Com o passar do tempo, a convivência com o Andrews estava se tornando melhor.
Ele nos visitava todo final de semana. Quando não podia me ver, escrevia cartas. Um sentimento nascia em mim.- Senhorita Anne ele já chegou posso deixá- lo entrar? (Angeline)
- Sim, por favor ange.
Angeline abriu a porta, confesso que toda sexta-feira me batia uma ansiedade para vê- lo.
Soltei meus cachos como ele dizia gostar, passei uma maquiagem leve, e botei um vestido floral.- Anne você está linda. (Andrews)
Me comprimentou com um beijo na mão. Minha mãe tinha razão ele será um ótimo rei. Seu Reino estava contribuindo muito com o processo de reconstrução do nosso. O povo estava esperançoso, e eu fazia parte disso, o que me incentivou ainda mais para ir em frente com esse casamento.
- Obrigada.
- Querida tenho uma surpresa pra você. (Andrews)
- Sério? Que surpresa?
- Vem comigo. (Andrews)
Me puxou pela mão.
Durante aquele pequeno tempo que estávamos nos conhecendo, percebi que ele realmente prestava a atenção em mim, no que eu dizia.
Caminhamos até o jardim os guardas estavam com dois cavalos; eu havia dito a ele da vontade de voltar à cavalgar.
- Meu Deus!!! Eles são lindos!!!
Disse em um tom de empolgação- Vamos dar uma volta? (Andrews)
- Claro que sim!! Faz um tempo que não faço isso, mas vou adorar.
Ele me ajudou a montar, os guardas abriram os portões do Palácio, seguimos uma trilha fechada.
Durante o percurso começou a chover. Decidimos nos abrigar debaixo de uma árvore, pois estávamos bem longe do palácio e trovejava muito.
- Anne, você pode me responder uma pergunta? (Andrews)
- Claro, o que você deseja saber?
- O que você sente por mim? Ou melhor você ainda está comigo só por amor ao Reino? (Andrews)
- É difícil responder, tudo ainda é muito novo pra mim, o terremoto, essa fase do reino, eu noiva.
- Mas você acha que pode haver, ainda que pequeno algum sentimento por mim? (Andrews)
- A três semanas atrás eu odiava você.
- Obrigado. (Andrews)
Rimos
- De nada, mas agora vejo que você é bem diferente do que eu pensava, confesso que me surpreendi, pensei que talvez você fosse igual ao mau caráter do seu pai.
- É só isso mesmo que senti por mim? (Andrews)
- O que você quer que eu diga? Você não disse nada sobre mim até agora.
- Está bem, vou ser sincero, minha única intenção era o seu reino, me apossar das suas riquezas e depois descartá- la, esse também era o plano que meu pai havia me passado e eu estava disposto à cumpri- lo. Porém quando eu te conheci, sua doçura, o amor que você tem pelo povo mexeu comigo. Você é a pessoa mais simples e encantadora que eu já conheci. Sua beleza vem de dentro.
Não nos conhecemos à muito tempo, mas nesse curto espaço me amarrou a você e de uma forma bem sutil. Me fez me apaixonar. (Andrews)Aquelas palavras me deixaram sem reação. Nunca alguém havia me falado algo tão lindo.
- Eu... eu, é muito lindo o que você me disse.
Abaixei o rosto não conseguia encará- lo.
Não tinha palavras ou melhor não conseguia espremê- las.Bem suavemente ele levou uma das mãos até o meu rosto, meu coração se acelerou, minhas mãos começaram a suar. Ele se aproximou aponto dos nossos narizes se tocaram. Fechei meus olhos, e nos beijamos.
Quando a chuva deu uma trégua, voltamos para o Palácio.
- Você não quer ficar? Olha só pra você está ensopado, dorme aqui em casa, você pode ficar no quarto de hóspedes.
- Está bem. (Andrews)
- Vou chamar uma das criadas para te ajudar.
De longe percebi minha mãe nos observar, ela parecia feliz com o que estava vendo.
No dia seguinte pela manhã, me lavei, vesti algo discreto, e segui até o quarto de hóspedes chamar o Andrews para tomarmos o café da manhã.
A porta estava meio aberta ele parecia estar falando ao telefone não quis incomodar. Mas ouvi o que ele dizia." Pai conseguimos, ela está apaixonada não vai voltar atrás, eu sabia que seria fácil. Agora é só marcar a data do casamento."
Idiota, como fui ser tão tola a ponto de acreditar nele.
Esperei ele desligar o telefone.- Bom dia meu amor. (Andrews)
- Arrume suas coisas, e vá embora, está tudo terminado entre nós.
- Como assim? E sobre ontem? (Andrews)
- Porque você brinca assim com os sentimentos dos outros?
- Do que está falando? (Andrews)
- Não vou perder tempo com você, pegue suas coisas e suma da minha vista.
Disse segurando as lágrimas, ele não as merecia.
(...)
Voltando ao velório, solução?
Chamei os guardas para o levarem, a cicatriz que ele deixou ainda estava aberta.Alguns dos meus familiares permaneceram no palácio.Engraçado como pessoas que nunca deram a mínima para você de repente começam a te adorar.Decidi tomar meu café da manhã no quarto, meus olhos ainda estavam inchados da noite anterior.- A senhora precisa se alimentar direito, o dia hoje será longo. (Angeline)- Eu sei, mas é difícil pra mim. Não consigo acreditar no que está acontecendo.- Anne, eu sei que não é fácil, mas eles amavam o povo, você precisa fazer o mesmo. Não demore, todos estão te esperando no salão principal. (Angeline)- Ange, não sei se vou conseguir falar.- A senhora é a rainha agora, precisa ser forte assim como sua mãe era. (Angeline)Diante das palavras da Angeline me debrucei na mesa e voltei a chorar.- Nunca serei como ela.- A senhora será tão boa quanto ela. (Angeline)Ela estava se
Depois do jantar fomos ao salão de festas.Como de costume os cavalheiros tiravam damas para dançar, sinceramente eu não tinha nem um pouco de vontade de estar ali, mas alguém me estendeu uma das mãos, era o Andrews, seria falta de educação negar o pedido de uma dança, então cedi.- Querida, agradeço por ter aceitado o meu convite. (Andrews)- Não há de quê.- Eu sei que ainda está chateada comigo, mas você precisa entender uma coisa, as vezes as pessoas se casam simplesmente por negócio, ainda mais pessoas como nós. (Andrews)- Sei muito bem aonde você quer chegar, mas não irei me casar com alguém como você, que se aproveita da sensibilidade de uma mulher, usando seu charme para seduzí- la e palavras bonitas para conseguir ganhar seu coração, porém tudo não passa de ilusão.- Querida Anne, sinto em lhe dizer mas, vossa majestade precisa de um rei, e é muito jovem e imatura para manter um re
A tropa já estava pronta, todos os soldados me aguardavam do lado de fora do Palácio.Minhas criadas ficaram espantadas com a decisão que havia tomado, nenhuma delas estava de acordo.Porém foi a única solução que encontrei para mostrar ao nosso povo que não seria mais uma Rainha.- Majestade a guerra não é lugar para mulheres, a senhora corre risco de vida, sabemos que muitos soldados vão e não voltam. Alteza ainda dá tempo de voltar atrás. A senhora não precisa fazer isso. Por favor fique.Disse Angeline com um olhar aflito.- Ange eu fiz sei meses de treinamento militar no exército feminino, sei o que estou fazendo e além do mais já pedi à Deus para que fosse comigo. Tudo dará certo.Disse segurando uma de suas mãos para lhe passar um pouco de segurança.- Minha senhora, o treinamento é bem diferente da realidade, a madame entendi o tamanho do perigo? existem muitas armadilhas, se algo lhe acontecer?- Já tomei min
Ainda na sala de reunião.- E tem mais, me reserve um quarto aqui no Palácio, quero te observar de perto, e que ninguém desconfie de nosso trato. Disse o Duque de Murchison.- Como quiser. Falei seca.Ele abriu a porta como se nada tivesse acontecido.- Boa noite Majestade. Fazendo uma pequena reverência.- Boa noite.Estava prestes a desabar, aguentei firme até chegar ao meu quarto. Subi as escadas segurando as lágrimas. Entrei no quarto, fechei a porta e me joguei na cama, agarrando o travesseiro para abafar o som, chorava muito, entre um soluço e outro Angeline apareceu para verificar se eu precisava de alguma coisa, ela fazia isso todas as noites antes de dormir.- Majestade? O que houve? Disse Angeline com os olhos arregalados.- É o fim ange, estou perdida.- Porque está dizendo isso? (Angeline)- O que vo
Querido Philip, eu lamento não ter falado direito com você ontem, preciso olhar nos seus olhos e dizer toda a verdade. Sua companhia tem me feito muito bem, e sei que posso confiar em você. Por favor me encontre hoje a noite no jardim. AnneEntreguei a carta para Angeline.- Ange tome cuidado.- Claro fique tranquila. Disse Angeline colocando a carta dentro do bolso.Passei os olhos pela minha escrivaninha e vi que a senhorita Ruth havia deixado sobre ela a minha agenda com os compromissos para essa semana.Dentre eles algumas visitas a cidades próximas, para estabelecer relações com outros reinos, um jantar com as principais autoridades de algumas províncias com o fim de fazer novas alianças para a reconstrução de Kalgoorlie e uma reunião com os meus ministros.Comecei minha segunda- fe
Acordei pela manhã com a luz do sol invadindo o meu quarto, era aAngeline abrindo as janelas logo cedo.- Madame acorda quero saber como foi ontem o encontro. (Angeline)Me sentei na cama, ainda tonta pelo sono.Abri um grande sorriso.- Foi incrível!!- O que aconteceu para ser tão incrível? (Angeline)- Ele se declarou para mim ange, disse que encontrou o que procurava, foi a coisa mais linda que já ouvi.- Será que ele não está fazendo como o Andrews? (Angeline)- Ai, nem me fale nesse nome logo cedo - revirei os olhos. - Philip é um presente que recebi de Deus ange, nos seus olhos eu pude ver que estava sendo sincero.- Espero que esteja mesmo, é tão bom ver a senhora feliz. Ah estava me esquecendo de algo - fez uma pausa - Essa carta é para você. (Angeline)- Para mim? Não pode ser do Philip,
Nasci em um berço Real, com doze anos soube que não seria o sucessor ao trono, quem o ocuparia era o meu irmão Edgard Wilkinson, sendo assim o meu futuro dependeria de uma boa escolha, meu dever era encontrar uma esposa do mesmo nível de poder aquisitivo.Cresci com meu pai Joseph Wilkinson um nobre ganancioso me dando ordens com respeito a qual mulher eu deveria me casar.- Filho está noite encontre uma bela princesa, faça ela se apaixonar por você e a peça em casamento.- Sim senhor.Não queria que ninguém fizesse escolhas por mim.Odiava ir em bailes as garotas eram muito atiradas, ao todo tive seis noivados e todos terminaram pelo mesmo motivo, não via nelas interesse pela minha pessoa e sim pelo que eu possuía.No auge dos meus vinte anos, decidi tomar minhas próprias decisões.Via minha mãe infeliz pelos cantos, lembrando de um antigo amor, assim como eu ela teve a chance de escolher mas, preferiu ir pelo
Philip foi considerado o melhor cavaleiro dos últimos tempos pela saudosa Rainha Rose Madssey, em tempos de glória do Reino Kalgoorlie.Meu pai o senhor Louis Carther, odiava estar longe dos holofotes, ganância e poder era o que lhe movia. Murchison passava um de seus piores momentos, a economia ia de mal a pior e ninguém queria dar o braço a torcer pelo reino, estávamos caminhando a passos largos para a sarjeta.O único que poderia salvar sua reputação era eu, desde que me tornasse um nobre.Porém havia um empecilho no meu caminho, Philip, que sempre foi o mais querido, tinha a sua disposição as melhores damas, os melhores soldados, tinha tudo o que meu pai desejava, um lugar garantido no trono.Odiava ser comparado com Philip o tempo todo, para ele eu deveria ser o melhor.Como não poderíamos fazer nada contra ele, afinal de contas seu exército era muito poderoso.Meu pai apelou pelo lado mais fraco, Kalgoorlie.