Lutar sozinho é difícil, mas com talento e uma pitada de esforço, tudo é possível. Gabriela pensava assim, depois de todas as adversidades, pensava que seu esforço um dia seria recompensado e sua paixão pela cozinha faria dela alguém feliz!
— Magnífico!— Para! Você fala isso porque é meu irmão, devem servir molhos excelentes no refeitório da sua empresa. — Disse Gabriela.— Que nada mana, é cada coisa insossa que servem naquele lugar. — Respondeu Gustavo. — Bom, agora eu tenho que ir! Se meu chefe chegar antes de mim estou frito.Ele deu um beijo no rosto da irmã e saiu. Passou como um furacão na sala, esqueceu que tinha algumas obras que levou para revisar, as deixou no sofá.Gabriela se arrumou e pretendia ir para a faculdade, olhou a sala e viu o amontoado de papéis em cima do sofá.— Ai Gustavo, de novo? — Ela reclamou sozinha.Ela pegou os papéis e colocou no carro. Chegou no enorme prédio no centro da cidade em minutos, estacionou quase na porta.— Moça não pode parar aí! — Disse um segurança.— Eu só preciso entregar isso ao meu irmão, é urgente, prometo que não levo 10 minutos.Gabriela ia falando e andando para dentro da empresa. Ela pegou o elevador até o último andar, viu a recepção ampla e Gustavo na mesa de entrada, atrás dele uma porta de madeira envernizada enorme.— Mana, você leu meus pensamentos, já ia te ligar.— Ai Gu, assim não dá! Vou correr já estou atrasada e parei em local proibido.Gabriela desceu no mesmo elevador, passou correndo pela recepção e encontrou uma Land Rover preta a impedindo de sair.— E agora como saio daqui? — Ela parou e coçou a cabeça.Com o segurança havia um homem de terno preto, ele gesticulava parecia nervoso.— Como pôde parar seu caso na minha vaga?Gabriela estava de costa olhando algo no próprio carro. Se virou e viu aquele homem alto com cabelos preto penteado. Ela tremeu e respirou fundo, achou o homem incrivelmente lindo, mas não deixaria ser ofendida.— Bom dia para você também! Se o dono desse outro carro sair eu posso tirar o meu e liberar sua vaga.— É incrível como as pessoas não respeitam nada, pode ao menos se desculpar!— Eu?... Me desculpar pelo o que?— Pra começar...— Vai tirar a droga do carro ou não?!Fábio nunca era interrompido, as pessoas sempre o temiam, por isso quando ele falava sempre estavam de cabeça baixa. Gabriela ao contrário, se aproximou e o encarava, ele respirou fundo e acabou inalando seu perfume. Que delícia de perfume... ele pensou.— Mas é muito petulante mesmo, ainda me interrompe, sabe com quem está falando?Gabriela deu uma risada debochada que na verdade o agradou. — Não faço a mínima ideia.Ele sorriu, o atrevimento dela era por isso, não sabia que se tratava do presidente do Grupo Diniz.— Qual seu nome garota?— Petulante. — Ela disse rindo. — Tire seu carro para que eu possa tirar o meu e acabamos com essa discussão sem fundamento senhor arrogante.Fábio entrou no carro bufando e deu espaço para Gabriela sair. Ela tirou o carro rindo e seguiu seu caminho.Fábio estacionou e subiu para o escritório.— Bom dia senhor Diniz! — Disse Gustavo.— Você acredita que uma louca ficou batendo boca comigo no estacionamento, estou possesso.— Quem era essa mulher?— Não sei, ela não quis dizer o nome. Mas deixa pra lá, onde estão aquelas obras que pedi que revisasse?— Estão aqui senhor! — Gustavo agradeceu mentalmente a irmã por trazer os papéis que ele havia esquecido em casa.Fábio pegou o pacote e entrou para o escritório.Enquanto isso Gabriela estava na faculdade, chegou atrasada.— Gabi, você já perdeu duas aulas, o que aconteceu? — Perguntou Estela, uma das poucas pessoas que com quem ela conversava.— Um idiota fechou meu carro no trabalho do meu irmão e ainda queria dizer que eu estava errada.— Hummm, seu irmão não trabalha naquela empresa chique do centro?— Sim, no grupo Diniz.— Era que carro?— Uma Land Rover preta.— O dono era bonito?— O que tinha de bonito, tinha de arrogante... Tá realmente um gato o homem, quase perdi o ar quando ele chegou bem perto de mim, mas aí ele abriu a boca e estragou tudo.Elas riram da situação.Depois da faculdade Gabriela foi pra casa, estava testando uma nova receita, adorava comida apimentada, e passava as tardes livres cozinhando.Estava limpando a cozinha quando o irmão ligou.— Gabi, tá ocupada?— Não, estava limpando a cozinha. Sabe que hoje vim sem carro e minha carona já foi, pode vir me buscar?— Mas está folgado mesmo, né? Chego em 20 minutos.Gabriela dirigiu até a empresa e parou em uma vaga de visitante, não queria outra confusão.Gabriela entrou no elevador e parou para amarrar o sapato, nesse momento alguém também entrou e a porta fechou, quando ela se levantou a luz apagou, antes mesmo de virar de frente. Ela se encostou no fundo do elevador.Fábio xingou todos os palavrões possíveis mentalmente, ele já havia saido, mas esqueceu o celular e resolveu voltar para pegar.— Senhorita, pode pegar seu telefone e chamar ajuda? Não estou com o meu. — Fábio disse, apesar das palavras educadas o tom era ríspido.— Estou sem meu telefone... — Gabriela sentia o ar faltar, nunca gostou de lugares fechados, estar presa com um desconhecido era mais que sufocante. Fábio deu um soco na porta de raiva e ela pulou com susto.— Senhorita, está passando bem? — Ele tentou se aproximar dela, mas não sabia bem onde estava, deu poucos passos, encontrou o braço de Gabriela e segurou o braço dela.— O que está fazendo?— Só queria me aproximar e te acalmar, percebi que está nervosa.Ainda segurando o braço de Gabriela se aproximou um pouco mais, respirou fundo e sentiu o perfume de Gabriela.— Senhorita, já nos conhecemos?— Acho que não...Fábio riu, apesar da voz assustada era a petulante de hoje de manhã, porem ele acreditava que ela não o reconheceu. Se aproximou um pouco mais, colocou os braços um de cada lado dela, como não estava encostando ela não percebeu, sabia que estava perto, então não se mexia por precaução.— O que está acontecendo? Hoje de manhã estava bem mais falante.— Ai merda, o senhor arrogante!— Saberei seu nome senhorita petulante?— Não mesmo... Pode continuar me chamando de petulante.Nesse momento o elevador balançou e Gabriela se viu agarrada ao terno de Fábio. Ela não sabia que ele estava tão perto, agradeceu a escuridão, pois agora estava morrendo de vergonha.— Tem medo do escuro, senhorita petulante?— Não, mas lugares fechados me deixam sem ar.— Entendo, se quiser podemos fazer algo para distrair a mente.— O que está me sugerindo? Não pense que vamos fazer algo?Fábio riu novamente. — Penso primeiro que poderíamos manter o dialogo, depois, que já pode me soltar.Gabriela ficou vermelha, não tinha percebido que ainda segurava Fábio. Ela abaixou as mãos e se encostou na parede do elevador novamente.— Uma pergunta, que perfume é esse? — Ele disse e colocou o nariz no pescoço dela. — Realmente inebriante.Gabriela continuava em silencio, sentia faltar o ar e o coração acelerado. A respiração dela se tornou quase ofegante.— Vou perguntar de novo, está bem?— Me sinto sem ar...— Acho que posso ter ajudar nisso.Fábio a puxou para si com um dos braços e com o outro segurou a cabeça de Gabriela, a tomou em um beijo intenso, carregado de desejo, como ele se atreve a tanto? Ficaram se beijando por alguns minutos e pararam quando perceberam que a luz voltou e o elevador estava se movendo.— Finalmente! — Disse Gabriela.— Pensei que estava gostando. — Fábio disse com um sorriso travesso.Gabriela sorriu, mas não quis admitir que gostou do beijo. O elevador parou e ela olhou em volta antes mesmo de sair, não viu o irmão, então apertou o térreo.— Não vai sair do elevador? — Ele perguntou.— Boa noite, senhor arrogante!— Boa noite, senhorita petulante.A porta do elevador fechou e Gabriela esperou chegar no térreo pedindo a Deus para o elevador não parar novamente. Próximo ao carro o irmão já estava esperando por ela.— Onde estava mana? Estou aqui faz um tempo.— Eu fiquei presa no elevador, tive que esperar, nem com meu celular estava pra pedir ajuda.— Tudo bem, vamos que eu estou morto de cansado.No caminho Gabriela parecia distraída, fazia o trajeto em silêncio, estava lembrando do beijo no elevador. — Gabi, está tudo bem? — Perguntou Gustavo. — É que você está quieta, parece perdida em seus pensamentos... — Ah, não é nada, só... — Só o que? — Eu não estava sozinha naquele elevador. — Você ficou presa com outra pessoa? Homem ou mulher? — Um homem e ele me beijou. — Peraí, você ficou presa no elevador com um homem e o beijou? Você já conhecia ele? — Na verdade não sei nem seu nome, e estava escuro, não consigo dizer exatamente quem era. — Nossa mana, você é louca, se o cara tentasse fazer algo com você? — Eu não pedi para ficar presa com ele. — Tá, vou descobrir quem é... — Valeu! — Você gostou do beijo? Gabriela sorriu e não respondeu, mas a cara dela já dizia que sim, o jeito forte que ele a segurou a fazia sentir um leve arrepio só de lembrar. No outro dia Gabriela deixou o irmão no trabalho e seguiu para faculdade. — Bom dia senhor Diniz! — Bom dia Gustav
Fábio subiu as escadas e foi direto tomar um banho, encontrou a filha no corredor que estava descendo para jantar. — Boa noite papai, chegou na hora certa, a Gabi estava fazenda o jantar. Na cozinha Gabriela já havia deixado a mesa posta. — Fabi tenho que ir, ainda tenho que fazer algumas coisas para a faculdade, peça desculpas ao seu pai por não esperar ele descer. Ela estava indo até a porta e falou de longe: — Fabi, me manda a receita que quer, para amanhã eu trazer tudo que for necessário. Fábio estava descendo as escadas, pensou ter reconhecido aquela voz, apressou o passo, mas ela já estava dentro do carro passando pelo portão. Ele voltou e foi até a cozinha, encontrou uma mesa cuidadosamente posta e uma refeição fresca. — A sua tutora acabou de sair, certo? — Sim, ela precisava fazer algumas coisas da faculdade, não tinha como ficar. Ele ficou cismado, era a mesma voz da moça petulante, mas seria muita coincidência. Na semana seguinte haveria uma pequena recepção para
Gabriela se trancou no quarto, ficava pensando no quanto era corajosa. Mandou uma mensagem para o irmão, avisando que já estava em casa. Não demorou muito e ele chegou. — Gabi, você ficou louca? Saiu com um desconhecido e me deixou lá. — Gu, não foi bem assim, encontrei o Otávio lá, ele trabalha como associado na sua empresa, me desesperei e corri dali. O mesmo homem que ficou preso comigo no elevador outro dia me trouxe pra casa, não era um total desconhecido. Gustavo suspirou, sabia o que a presença de Otávio significava. — Cuidado Gabriela, foi essa sua boa fé que te colocou em maus lençóis. Gabriela se sentia ofendida com o comentário, expulsou o irmão do quarto e foi dormir. Passou o fim de semana tranquila, cuidou da casa, da pequena horta que tem na entrada e estudou. Uma nova semana se inicia e muita coisa tinha que ser resolvida. — Bom dia senhor Diniz. — Bom dia Gustavo. Esse era o máximo de contato que eles tinham... Gustavo seguia sempre a mesma rotina, o chefe n
— Sabe que se não te encontrar novamente será um beijo de despedida. — Disse ele sorrindo. — Eu devo ser louca... Ela o beijou rapidamente. — Só isso? — Fábio reclamou. — Claro... Agora tire seu carro daí, estou realmente sem tempo hoje. Ele beijou o rosto dela e passou o nariz em seu pescoço. — Me diz pelo menos o nome do seu perfume. — Se nos encontrarmos novamente, te conto, mas esse sim um segredo antigo meu. — Gabriela disse e piscou para ele. Fábio tirou o carro e deixou Gabriela sair, tinha certeza que a encontraria novamente. Ele subiu ao escritório. — Bom dia senhor Diniz. — Bom dia Gustavo. Gustavo pegou o café e levou ao chefe. — Gustavo, que empresa passou por aqui hoje? — Nenhuma senhor. — Mas alguém veio fazer uma entrega, certo? — Não senhor, não tem nenhuma encomenda. Fábio riu, ele pensava que a moça era entregadora de alguma empresa, mas acaba de descobrir o engano. — Tá, Gustavo, marque uma reunião com o senhor Otávio Martins pra hoje ainda. — Senho
O coração de Gabriela falhou uma batida, ele não precisava fazer apresentações, sabia bem de quem era aquela voz, ela não se virou, não encontrava forças pra isso. Pensava que poderia estar sonhando ou o destino estava lhe pregando uma peça.Ele se aproximou sem fazer muito barulho. Colocou a mão na cintura dela e falou perto de seu ouvido.— Quem diria que nos encontraríamos aqui, na minha casa.Nessa hora Gabriela se virou, ficou de frente com Fábio, ele estava realmente perto, fez o mesmo do elevador, colocou as mãos uma de cada lado a impedindo de fugir, aproximou o nariz de seu pescoço e sentiu seu perfume.— Agora não tem como fugir... — Fábio falou no meio de um suspiro.Gabriela fechou os olhos e ele deu um passo para trás. Ela ficou sem entender o que aconteceu ali. Fabíola apareceu na porta.— O jantar estar pronto? Boa noite papai, agora já conhece a Gabi. Gabriela colocou a mesa para duas pessoas, enquanto Fabíola tagarelava a sobre o colégio, os olhos de Fábio
No dia seguinte Fábio desceu e encontrou a filha tomando café com uma mesa farta, uma variedade de alimentos frescos tinham sido feitos, claro por Gabriela, até mesmo panquecas ela preparou a pedido de Fabíola, a menina viu o prato apenas na televisão e queria experimentar. Estava descobrindo o carinho de uma mãe em sua babá.— Bom dia, meninas!— Bom dia senhor Diniz.— Bom dia mano.Fábio sentou-se ao lado da filha e Gabriela colocou uma xícara de café para ele.— Assim ficarei mal acostumado, acordar e encontrar uma mesa dessa, comida caseira toda noite... Isso é bom demais pra ser verdade.— Isso foi só hoje, a Fabi sabe que o café só poderei fazer nos dias que passar a noite aqui, já o almoço dela e o jantar eu consigo deixar pronto.— Claro... Fabi pegue suas coisas já vamos sair e Gabriela eu te deixo na universidade, sei que aqui é mais longe que sua casa de lá.Fabíola subiu e Fábio aproveitou para puxar Gabriela para um beijo, ela não o repeliu, gostava dos beijos ousa
A noite Gabriela estava em casa, cansada, pois estava sem carro e o trajeto de ônibus era cansativo.— Boa noite Gu, como foi hoje?— Boa noite senhorita petulante!— Ai meu Deus! Ele falou com você? Estou morta de vergonha.Gustavo riu da reação da irmã, ela não imaginava que ele simplesmente contaria tudo para o irmão.— Agora eu quero saber de você, como foi na casa do senhor Diniz? Ele gostou de você, mesmo sendo desbocada.— Não fale assim, eu sou muito educada...— Fala logo! — Disse Gustavo rindo.— A filha dele, a Fabíola é encantadora e adora minha comida, aquela casa só tinha enlatados, acho que dificilmente comiam algo fresco. Ela é inteligente, ajudar nos deveres da escola é coisa simples, é uma menina falante e alegre, sempre arruma coisas para passar o dia e é obediente também, pensei que seria um problema pela idade, mas é uma menina tranquila.— Não é isso que quero saber.— Tá! Ontem eu estava na cozinha quando o Fábio chegou...— Fábio? Já o tra
No outro dia Gabriela não iria trabalhar, logo pela manhã mandou uma mensagem a Fábio.Gabriela — "Bom dia senhor Diniz, hoje me sinto indisposta, não posso cuidar da Fabíola."Ele teria que dar um jeito na menina por aquele dia.Fábio a levou para a escola e ele mesmo a buscaria na hora do almoço, assim que chegou no escritório chamou Gustavo para conversar.— Bom dia senhor Diniz. — O tom era diferente de outros dias, Fábio notou a frieza de Gustavo.— Bom dia Gustavo. Pegue meu café e venha a minha sala.Gustavo obedeceu, levou o café e pretendia sair em seguida.— Espere! Preciso falar com você.— Não, não vou ser a ponte entre você e minha irmã, não vou contar coisas que não cabe a mim, ela me disse que você não a machucou, que foi algo da cabeça dela, então não te perguntarei nada também.— Ela me disse que nunca esteve com um homem por vontade própria. O que ela quis dizer com isso?— Tem certeza que não entendeu? Eu lhe disse, ela já passou muita coisa, mas alg