Depois que Miguel disse que não tínhamos usado camisinha eu surtei, minha cabeça entrou em parafuso e mil cenários diferentes passaram na minha cabeça. Comecei a surtar não sabendo o que poderia ser pior, ficar grávida ou pegar alguma doença.— Desculpa isso... Isso nunca me aconteceu antes. — Miguel me garantiu depois que tínhamos tomado um banho e trocado de roupa. — Gosto de ter tudo sobre controle, mas hoje o desejo falou mais alto.Forcei um sorriso, imaginando com quantas garotas ele já tinha se deixado levar pelo desejo e não se protegido. Mas eu sabia que não podia culpá-lo, também quis apressar as coisas e nem cheguei a pensar nisso.— Tá tudo bem, aconteceu já não tem mais o que fazer. — tentei tranquiliza-lo de uma coisa que nem eu estava segura. — Vou mandar uma mensagem pra Bianca e ver como faço pra marcar uma consulta por aqui...— Pode marcar particular, eu pago. — eu quis dizer que não era necessário, mas o que fosse mais rápido estava valendo. — Vou na farmácia compr
Eu só queria não pensar em Camila ou no meu irmão, não queria nem imaginar o que eles poderiam tá fazendo agora, por isso me enfiei em uma festa na casa de um amigo que eu defendi no tribunal alguns meses atrás.O ricaço filhinho de papai adorava festas que duravam o fim de semana todo, regada a muita bebida e mulher em volta da piscina enorme que ele tinha lá, era o lugar perfeito pra tirar Camila do meu sistema e seguir em frente deixando ela para o meu irmão. O lugar estava bombando, gente pra todo lado, as mulheres de biquínis passeando pela casa, a maioria delas nem entrava mesmo na piscina, preferiam não se molhar. As patricinhas da zona sul, elas adoravam ficar com os caras da favela, não que ali alguém soubesse quem eu era, naquele ambiente eu era apenas um advogado curtindo.— E ai, vai ficar no canto a festa inteira? — Enzo perguntou chegando perto. — Tem um monte de mina te olhando cara, cadê o Vitinho comedor que eu conheço?Também queria saber, já estava na quinta cervej
A voz de Bianca no celular me deixou em pânico. Pulei da cama no mesmo instante desperta até de mais agora. Não podia ser, ele não podia ter morrido. Apesar de todas as briguinhas entre ele e Bianca, eu sabia que ele era uma boa pessoa e o homem que minha prima gostava, mesmo que de uma forma maluca.— Onde você tá Bianca? — gritei querendo que ela prestasse atenção na minha voz. — Estou indo pra aí, me fala onde está?Miguel já tinha pulado da cama junto comigo, não sei se ele tinha conseguido ouvir a conversa, mas já estava se arrumando assim como eu.— Eu estou... Eu estou na... na rua da boca. Miguel sabe onde é. — ela conseguiu falar sobre as lágrimas com muita dificuldade. — Marcaram ele prima, marcaram ele como se fosse um animal.— Merda. — sussurrei sabendo que era mais um morto como Miguel falou mais cedo no celular. — Estamos indo Bianca, se protege!Corri pra fora e Miguel já me esperava na porta com uma arma na mão, não ia nem perguntar o pra que, aquilo era mais do que n
Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo, Camila me falava o que tinha acontecido ontem, como ela tinha acabado com todos aqueles machucados e meu sangue fervia. Raiva líquida corria em minhas veias, raiva por ela ter mentido, por não ter confiado em mim, não ter confiado que eu podia manter ela segura.— Tem ideia do que eu devia ter feito por terem tocado em você? Quanto mais te machucado daquele jeito! — não queria gritar, mas já estava gritando há muito tempo. — Porra Camila, que ideia inventar aquela mentira. Achou que estava protegendo quem deixando eles a solta?— Eu já disse, eles juraram que matariam o Juninho...— Eles não matariam ele, só falaram isso pra assustar você! Os dois deveriam estar com uma faca cravada na cabeça a essa hora, jogados no rio pra servir de exemplo pra qualquer outro.Os olhos dela se arregalaram, indo da revolta para o espanto. Depois do que tinha visto o que eu falasse era o de menos, não tinha como não ficar assustada depois de toda essa m
Eu estava tendo lapsos de memória, não conseguia me manter acordado por muito tempo, minha mente oscilava entre o presente e a realidade.Mas nos segundo em que eu conseguia me manter alerta, eu tentava focar nos rostos que estavam a minha volta.— Porque a gente não acaba com ele de uma vez? — ouvi algum deles perguntar, mas dessa vez continuei com os olhos fechados, para não recomeçar a sessão de socos.— Quantas vezes tenho que repetir, ele é um recado, o recado mais próximo de Miguel!Aquele filho da puta, o policial de merda que tinha nos feito acreditar que tinha aceitado o acordo anterior, só pra isso agora. Com certeza algum dos homens que já estavam roubando Miguel fizeram isso, se bandearam pro lado dele e começaram a dar todas as coordenadas e locais de tudo.Não duvido que foi um acordo para que o ladrão ficasse com o morro e o policial ganhasse o que queria. Mas quem era a merda do ladrão? Quem tinha traído Miguel assim, a ponto de se juntar com a polícia?— Mas a mina já
Ver meu irmão daquele jeito me irritou profundamente, era tudo culpa minha, se eu tivesse encontrado o filho da puta que estava roubando teria conseguido evitar isso. Agora Camila tinha apanhado na rua dos capangas dele e meu irmão foi torturado e cortado como... Nem sei com o que comparar o que fizeram com Vitinho.Peguei a moto e pilotei a mil por hora indo direto para o galpão, se eles achavam que podiam fazer aquilo com meu irmão e pensar que tudo ficaria numa boa estavam enganados.— Acorda esse filho da puta agora! — cheguei gritando ao ver Zé desmaiado na cadeira. — Ou ele fala agora ou morre aos poucos.— O que? Onde? — ele acordou gritando assustado e demorou a perceber que estava amarrado na cadeira.— Cansei de conversa seu merdinha. Ou conta o que sabe dos ataques, das mortes, ou vai morrer! — gritei com toda a frustração do meu ser.— Vai pro inferno! — ele cuspiu no chão manchando meu tênis de sangue. — Tu e toda tua família vão cair! Foram três anos de reinado que você
Vitor finalmente tinha acordado e aberto os olhos lindos pra mim, mas fui tomada por uma mistura de felicidade e ainda mais pena, ele estava com manchas amareladas na parte branca dos glóbulos, de tantos socos ali, além das pálpebras inchadas de mais.Meu docinha tinha sido arrebentado de tantas formas, o medico que Miguel tinha chamado deu morfina pra ele e alguns anti-inflamatórios, os cortes feitos com uma navalha curta cobriam seus braços, foram unidos com um tipo de fita que ajudaria a fechar, o homem baixinho e barrigudo garantiu que logo estariam cicatrizando.Deixei também que ele fosse o responsável por tirar o aviso e as tachinhas do peito de Vitinho, porque de verdade eu não tinha nenhuma força ou coragem no meu ser que me faria tirar aquilo. Depois de todo limpo, cuidado e devidamente medicado, Vitor começou a falar, não se importou comigo pedindo que parasse de falar e descansasse, ele tinha algo importante para contar.— Miguel... chama o...— Ok, vou ligar pra ele, mas
Não podia acreditar no que meu irmão tinha feito, ele sempre foi contra qualquer cara que batia em mulher aqui no morro e assim como nosso pai, ele também dava um jeito nos safados. Ele ter ido pra cima de Camila, logo a nossa ursinha, me deixava ainda mais em choque. Eu queria quebrar a cara dele, arrebentar o nariz e arrancar uns dentes no processo.Ver nossa menina no chão com os olhos assustados e chorando por culpa do desgraçado ao meu lado me fez ser consumido por ódio. Eu vi o jeito que Miguel olhou para ela no outro dia, tanto cuidado, paixão, que decidi tirar meu time de campo. E agora ver isso me revoltava, não o deixaria junto dela nunca mais, não depois de mostrar que qualquer um pode envenenar sua mente contra ela.A coisa mais estúpida que ele fez foi acreditar no que um traidor disse. Era impossível que Renato estivesse vivo, o cara tomou um tiro na frente dele e meu irmão engolia aquilo de um desgraçado a beira da morte? Era uma tremenda burrice.— Prima, voltei! Compr