Dias depois, vesti meu uniforme recém-adquirido e me preparei para meu primeiro dia de trabalho na mansão Constantinova. Estava nervosa, mas sabia que precisava manter a calma e focar em ser a melhor governanta infantil que poderia ser. Sai de casa depois de me despedir de Letícia, que me desejou boa sorte.
Quando cheguei à mansão, fui recebida por Dona Helena na entrada. Seu olhar severo me avaliava da cabeça aos pés, mas notei uma leve inclinação de aprovação. — Bom dia, Maria Laura. — disse ela, com um leve aceno. — Vou lhe mostrar a casa e explicar como tudo funciona aqui. Assenti, seguindo-a pelos corredores amplos e luxuosos da mansão. Cada passo era um lembrete de que eu estava longe da minha realidade anterior. — Aqui na mansão, temos uma rotina bem estruturada — começou Dona Helena. — As meninas, Beatriz e Lara, têm horários fixos para todas as atividades, desde as refeições até as brincadeiras e os estudos. É essencial que você siga esses horários rigorosamente. Ela me levou à sala de estar, onde várias empregadas limpavam e arrumavam. Em seguida, fomos para a cozinha, onde conheci a cozinheira, Dona Martina, uma senhora simpática de cabelos grisalhos. — Esta é Maria Laura, a nova governanta infantil — apresentou Dona Helena. — Seja bem-vinda, querida. — disse Dona Martina com um sorriso caloroso. — Se precisar de algo, é só chamar. Continuamos o tour, passando pela lavanderia e outras áreas de serviço, até chegarmos à garagem. Lá, Dona Helena me apresentou ao motorista das meninas, um homem alto e robusto chamado Sebastião. — Este é Sebastião. Ele é responsável por levar e trazer as meninas da escola e outras atividades. — disse Dona Helena. — Vocês dois precisarão trabalhar juntos para garantir que as meninas estejam sempre seguras e no horário. — Prazer em conhecê-la, Maria Laura. — disse Sebastião, apertando minha mão firmemente. — Se precisar de algo, estou à disposição. Assenti, agradecida. Continuamos o tour, e Dona Helena me levou até um quarto pequeno e confortável, com uma cama, um armário e uma mesa. — Este é seu quarto. — disse ela, abrindo a porta. — Espero que se sinta confortável aqui. Olhei ao redor, surpresa. — Vou ter que dormir aqui? — perguntei, tentando esconder o nervosismo. Dona Helena franziu a testa. — Não se atentou a isso na descrição da vaga? — perguntou ela, um pouco irritada. — Ah, claro. — disfarcei rapidamente. — Só queria confirmar. Está tudo bem. Ela me olhou com suspeita, mas decidiu não insistir no assunto. — Vamos, ainda temos mais a ver. — disse ela, levando-me para outro corredor. Finalmente, chegamos ao quarto de Beatriz, a mais velha das meninas. Dona Helena abriu a porta, revelando um quarto decorado com bom gosto, cheio de livros e brinquedos. — Beatriz, esta é Maria Laura, sua nova governanta infantil. — disse Dona Helena. Beatriz, uma menina de oito anos com cabelos castanhos cacheados e olhos expressivos, olhou para mim de cima a baixo. — Seja bem-vinda. — disse ela, com um sorriso que parecia simpático, mas havia algo nos olhos dela que me deixou desconfortável. Dona Helena se retirou, deixando-me a sós com Beatriz. A menina se aproximou lentamente, sua expressão mudando para algo mais sombrio. — Para o seu bem, é melhor que você vá embora enquanto ainda tem tempo. — sussurrou ela, com uma risada que parecia saída de um filme de terror. Engoli em seco, sentindo um calafrio na espinha. Será que ela estava falando sério? Tentei manter a calma e sorri. — Por que diz isso, Beatriz? — perguntei, tentando soar casual. Ela deu de ombros, seus olhos brilhando com um misto de diversão e malícia. — Só estou te avisando. Coisas ruins acontecem aqui. Coisas que você nem imagina. Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu e Dona Helena entrou novamente. — Tudo bem aqui? — perguntou ela, olhando para nós. — Sim, Dona Helena. — respondi, ainda tentando processar o que Beatriz havia dito. — Quando irei conhecer o senhor Constantinova? — Ótimo. Maria Laura, lembre-se de focar apenas nas meninas. O senhor Constantinova é um homem muito ocupado e vocês se encontrarão no momento certo. — disse ela, com um olhar firme. Assenti, compreendendo que não deveria fazer mais perguntas sobre ele. — Desculpe-me se pareci curiosa. — disse, tentando parecer arrependida. — Sem problemas. Concentre-se nas suas tarefas e tudo ficará bem. — respondeu Dona Helena, me lançando um olhar avaliativo. Quando ela saiu do quarto, olhei para Beatriz novamente. A menina estava de volta aos seus brinquedos, como se nada tivesse acontecido. Sabia que tinha que ser cuidadosa. Entrei no quarto da bebezinha e ela me encarou com olhos curiosos, a bebê tinha apenas seis meses, pelo o que me foi dito a mãe dela morreu durante seu parto, isso será uma dor que essa menina vai carregar para sempre. Ela continuou me encarando e a peguei no colo e ela sorriu para mim, um lindo sorriso vazio. — Ah! Aí está você. Esta é Maria Alice e parece que ela gostou de você, pois está sorrindo e isso é tão raro de acontecer. Dona Helena se aproximou e a bebê fechou a cara e quando ela saiu a bebezinha me encarou, voltou a sorrir e se aninhou em mim. Dona Helena perguntou onde estava a minha mala e eu disse que acabei esquecendo de trazer, ela então disse que hoje eu poderia ir para casa, mas que amanhã trouxesse minhas roupas e concordei. Na verdade precisarei comprar roupas mais “decentes” e contar a minha amiga sobre uma informação que não havíamos prestado atenção. Cheguei em casa e já troquei minhas roupas para ir à boate, quando cheguei, contei a Letícia sobre eu precisar dormir no serviço e minha amiga perguntou o que eu iria fazer. — Me desdobrar amiga, esse emprego vai nos render uma boa grana. — O que as vadias de quinta estão falando? — Vanessa apareceu e reviramos os olhos. — A única vadia que estamos vendo aqui é você. — Minha amiga diz rindo. — Uma vadia de parada de caminhão. — Vanessa olhou para nós com ódio e se virou e foi embora. — Deixamos a piranha sem palavras. Minha amiga levantou a mão e bati, não demorou muito fui chamada para subir o palco e minha amiga desejou um bom show, agradeci pondo a máscara e pronta para subi ao palco.No dia seguinte, comprei algumas roupas mais "adequadas" e fiz uma mala. Letícia estava sentada na sala quando me viu saindo. — Boa sorte, Sophia. — Minha amiga me abraçou forte. — Obrigada, Lety. — respondi. — E lembre-se de se cuidar e maneirar nas drogas, ok? — Vou tentar, mas não vou prometer. — Só tente, por favor. — pedi, abraçando-a novamente. — Vou dar o meu melhor lá. — Amiga, vá tranquila e deixe seu celular ligado, pois qualquer B.O aqui ou na boate te aviso. Quando cheguei à mansão, Dona Helena olhou minha mala com aprovação e me conduziu ao meu quarto. Depois de me instalar, ela me entregou uma agenda virtual e um celular somente para o trabalho. — Esse celular deve ficar ligado 24 horas. — disse ela. — O senhor Constantinova viaja muito e, às vezes, liga para saber como estão as filhas. — Ele só pergunta pelas filhas às vezes? — perguntei, tentando esconder a curiosidade. — O que importa para nós é fazer o trabalho bem feito e não saber se é certo ou err
— Finalmente a donzela resolveu aparecer. Onde estava? — Mauro estava furioso. — Mauro, ela… — Sophia não precisa de porta-voz, mete o pé Letícia que meu papo é com ela. — Minha amiga ainda tentou ficar ao meu lado, mas a tranquilizei dizendo que estava tudo bem. — Sabe quantas garotas como você aparecem querendo uma oportunidade? — Mauro me perguntou e assenti. — Garotas dispostas a fazer muito mais do que você faz, só pra ter proteção. Eu sabia onde ele queria chegar e respirei fundo, Mauro continuou falando e por fim disse que descontaria 10% do meu pagamento de hoje. — Quem sabe assim, você não dá valor ao que tem Sophia. — Ele sorriu mostrando aqueles dentes de ouro. Tenho um ódio e um nojo tão grande daquele homem, se ele soubesse. “Em breve isso vai acabar.” Meu subconsciente me disse. Após seu sermão ele aceitou minhas desculpas e finalmente fui liberada para ir ao camarim. Ao entrar, encontrei Letícia já se preparando. Ela olhou para mim pelo espelho, com
Quando cheguei no salão, um grupo de caras me chamou e pediu um show particular. Recusei delicadamente, pois precisava voltar rapidamente para a mansão dos Constantinova. Eles insistiram mais uma vez, e novamente recusei, mas assim que Mauro ouviu, ele se intrometeu. — Claro que ela fará um show particular para vocês, só preciso que me paguem antes. — Ele sorriu para os caras. — Mauro, eu... — Conversaremos depois, Violet. — Ele me encarou de uma forma que me fez estremecer. — Está esperando o quê? Vai se trocar. Eu odiava as salas privativas porque, enquanto os homens estão pagando, eles acham que podem nos bulinar, e a regra de Mauro era simples. Se o cara pagou, ele tem direito. Estava me trocando quando minha amiga entrou no camarim. — O que foi? Vai fazer outro número? Você não tinha que ir embora resolver aquele assunto? — Letícia perguntou, e soltei um suspiro de decepção. — Sim, eu tinha que estar lá, mas uns caras me pararam e pediram um show privado. Recusei, mas
Phillippo Constantinova Desde que Fabiana se foi, perdi o interesse pela vida. A rotina que antes fazia sentido, agora é apenas um ciclo monótono de trabalho incessante. Enterrei-me nos processos judiciais, nos papéis e nas audiências, negligenciando completamente minhas filhas. Sei que isso é muito errado da minha parte, mas não consigo esquecer Fabiana. Ela era apaixonada pela vida e não merecia perdê-la de forma tão trágica. Eu a amava mais do que tudo, e a dor de sua ausência me consome diariamente. Cada canto da casa, cada sorriso de nossas filhas, me lembra dela. Beatriz, com seu jeito teimoso e ao mesmo tempo carinhoso, e Lara, sempre tão alegre, são reflexos dela. E a pequena Maria Alice, que não teve tempo de conhecer a mãe... Sinto-me um fracasso como pai. Deveria estar presente para elas, mas não consigo. Enquanto penso, Luciana entra no meu escritório. Ela traz a papelada de um grande caso, o qual estou liderando. Ela é uma mulher eficiente, mas sempre parece ter alg
Sophia Martins / Maria Laura Santos Beatriz estava empolgada com o dia de SPA. Enquanto as levava para a escola, recebi uma mensagem de dona Helena pedindo minha conta para que ela pudesse depositar meu pagamento. Expliquei a ela que precisei encerrar a minha conta, mas que faria outra. — Maria Laura, antes de comprar qualquer produto para pele da senhorita Beatriz, preciso que venha aqui. Tenho algumas condições para você. — disse dona Helena, com sua habitual seriedade. — Tudo bem, senhora Helena. — Assim que desliguei, Beatriz me encarou. — Maria Laura, você já fez SPA com as suas amigas antes? — perguntou ela, curiosa. — Já sim. Pintávamos as unhas umas das outras com o esmalte que a gente pedia para dona Vilma, que era dona do salão. E pegávamos barro, misturávamos com água e passávamos na cara. — respondi, sorrindo com a lembrança. — Credo! Não é isso que vai fazer comigo, né? — Ela perguntou chocada. — Não, relaxa! Vou comprar produtos bons para você, só coisa apr
Após chegar ao jardim, entrei na casa sem ser vista e, assim que cheguei ao meu quarto, tomei um susto ao ver alguém deitado em minha cama. Quase gritei e fiz diversas orações, pois tenho pavor de fantasmas, mas quando me aproximei, vi que era apenas Lara deitada e respirei aliviada. Ela parecia tão pequena e vulnerável, abraçando o travesseiro como se fosse um escudo contra os medos noturnos. — Oi, princesa, o que está fazendo aqui? — perguntei gentilmente, sentando ao lado dela. — Estava com medo do monstro embaixo da cama. — Ela estava com a voz chorosa, os olhos grandes e assustados me encarando. — Onde você estava? — Estava no jardim. Vamos voltar para o seu quarto? — A menininha agarrou o meu braço firmemente. — Não, lá tem monstro. Ele quer me pegar. — Olhei para ela e sorri para acalmá-la. Quem me dera se os monstros da minha vida fossem apenas debaixo da minha cama. Insisti um pouco mais, mas como ela não quis ir para o seu quarto, não me importei e a deixei dormi
— Ah, Sebastião, estava... — comecei, hesitando um pouco para dar a impressão de que estava tentando lembrar de algo trivial. — Fui visitar uma amiga que mora um pouco longe. A conversa se estendeu mais do que eu esperava. — sorri, tentando parecer descontraída. — Perdi a noção do tempo, você sabe como é quando a gente encontra uma velha amiga, né? Sebastião me olhou por um momento, parecendo ponderar minha resposta. Finalmente, ele deu de ombros. — Entendo. Só fiquei preocupado, sabe? Esse horário não é seguro para uma moça estar na rua sozinha. E se a dona Helena te pega na rua naquele horário, você está lascada. — Agradeço a preocupação, Sebastião. Prometo que vou tomar mais cuidado da próxima vez. — falei, aliviada por ele ter aceitado a minha explicação. O resto do dia correu normalmente. Após deixarmos Maria Alice em casa, o tempo passou rapidamente enquanto eu cuidava das tarefas diárias e organizava as coisas para o retorno das meninas da escola. Quando chegou a hora de
Peguei o telefone e disquei o número de Letícia. Após alguns toques, ela atendeu com seu tom animado. — Oi, Sophia! — Letícia exclamou. — Como você está? — Oi, Letícia. — respondi, sentindo um sorriso surgir em meu rosto. — Estou bem, dentro do possível. E você? — Ah, você sabe como é. Sempre correndo de um lado para o outro. Mas estou bem. — ela respondeu com uma risada. — E como estão as coisas aí? Ah! E antes que pergunte estou maneirando nas drogas. — Ficaria feliz se dissesse que tinha parado. — Fique feliz mulher, eu dei uma maneirada já é um avanço. — Ela riu, mas não a acompanhei. — Não quero que aconteça com você igual a Tamires ano passado. — Tami, era uma das dançarinas assim como eu, mas infelizmente ela faleceu de overdose. — Ok, mamãe! — Imagino ela revirando os olhos. Suspirei, me sentindo cansada desse assunto. — Tem sido complicado, Letícia. Beatriz é uma menina difícil de lidar. Hoje tivemos mais um daqueles dias em que ela me testa o tempo todo. Letí