Capitulo Cinco

No dia seguinte, comprei algumas roupas mais "adequadas" e fiz uma mala. Letícia estava sentada na sala quando me viu saindo.

— Boa sorte, Sophia. — Minha amiga me abraçou forte.

— Obrigada, Lety. — respondi. — E lembre-se de se cuidar e maneirar nas drogas, ok?

— Vou tentar, mas não vou prometer.

— Só tente, por favor. — pedi, abraçando-a novamente. — Vou dar o meu melhor lá.

— Amiga, vá tranquila e deixe seu celular ligado, pois qualquer B.O aqui ou na boate te aviso.

Quando cheguei à mansão, Dona Helena olhou minha mala com aprovação e me conduziu ao meu quarto. Depois de me instalar, ela me entregou uma agenda virtual e um celular somente para o trabalho.

— Esse celular deve ficar ligado 24 horas. — disse ela. — O senhor Constantinova viaja muito e, às vezes, liga para saber como estão as filhas.

— Ele só pergunta pelas filhas às vezes? — perguntei, tentando esconder a curiosidade.

— O que importa para nós é fazer o trabalho bem feito e não saber se é certo ou errado. — respondeu Dona Helena, firme, mas parecendo grosseira.

Pensei em como Dona Helena era ríspida, mas decidi não prolongar a conversa. Depois da minha conversa com Dona Helena, fui até o quarto de Beatriz. Quando me viu, ela rapidamente escondeu um caderno.

— O que era aquilo? — perguntei, curiosa.

— Não é da sua conta. — respondeu Beatriz, friamente.

Respirei fundo para manter a calma e continuei.

— Preciso dar uma olhada nos seus cadernos para ver como estão os seus estudos. — digo tentando manter a autoridade.

Beatriz me encarou como se eu fosse louca e pegou seu caderno digital.

— Cadê o caderno de papel? — perguntei curiosa.

— Você é burra ou o quê? — a menina perguntou em tom desdenhoso.

Engoli em seco, decidida a não perder a paciência. Sabia que precisaria de muita paciência e habilidade para lidar com Beatriz e ganhar sua confiança.

— Foi apenas uma pergunta. — A menina olhou para mim e deu de ombros.

Não sabia como usar aquele treco, então peguei meu celular e pesquisei. Após aprender a utilizar, verifiquei as matérias. "Mas que porra é essa?" perguntei para mim mesma. Cadê as atividades simples com as quais estava acostumada? Pesquisei o nome de seu colégio e vi que ele é um colégio de ponta, só filhos de ricos e famosos estudam naquele lugar, e agora? Na minha ficha dizia que eu tinha capacidades educacionais elevadas, sendo que na prática não sei se merda nenhuma. "Respira, Sophia, você se pôs nessa situação e pode dar conta."

Depois de revisar o caderno digital de Beatriz e de me surpreender com o nível avançado das suas matérias, saí do quarto dela com uma sensação de apreensão. Eu precisava me adaptar rapidamente se quisesse manter esse emprego. No entanto, tinha que manter a calma e a confiança.

Fui para o quarto de Lara, a menina de cinco anos, e fiquei ainda mais impressionada ao ver sua carga horária. Francês, Japonês, Italiano e Inglês. Era difícil imaginar uma criança tão pequena tendo que lidar com tantas línguas e atividades.

Lara estava brincando com blocos de construção quando entrei. Ela me olhou com curiosidade, mas sorriu quando a cumprimentei.

— Oi, Lara! — tentei soar mais amigável possível. — O que você está construindo aí?

— Um castelo. — respondeu ela, com uma doçura que contrastava com a hostilidade de sua irmã mais velha.

— Que lindo! — exclamei, genuinamente impressionada. — Você gostaria de me mostrar seus desenhos depois?

Ela assentiu, os olhos brilhando de entusiasmo. Pelo menos com Lara, parecia que eu teria menos problemas.

Após passar um tempo com Lara, ouvi o chorinho de Maria Alice e quando cheguei ao seu quarto a pequena estava chorosa e constatei que o caso dela era fralda suja. Aproveitei para lhe dar banho e, após estar trocada e de banho tomado, a levei para dar um passeio no jardim da casa. Enquanto ninava a menininha, Sebastião se aproximou de mim.

— Olá! — Ele me cumprimentou e respondi. — Essa é a primeira vez que vejo a pequena sair.

— As outras bab... governantas infantis não saíam com ela? — Perguntei curiosa.

— Assim como o pai, as outras sempre negligenciavam a menina.

— Coitada! Tão pequena e desprezada. Sei bem como é quando a pessoa que deveria nos proteger nos deixa à própria sorte. — Minha mente divagou.

— Maria Laura! — Voltei à realidade.

— Desculpe. — Mudei de assunto e, um tempo depois, Maria Alice começou a cochilar e entramos.

Mais tarde, fui chamada por Dona Helena para discutir a rotina das meninas e minhas responsabilidades. Ela parecia satisfeita com a forma como eu estava me ajustando.

— Você está se saindo bem até agora, Maria Laura. — disse ela. — Mas lembre-se, o senhor Constantinova é muito exigente. Ele espera que suas filhas tenham a melhor educação e cuidados possíveis.

Quando finalmente tive um momento para mim mesma, sentei no meu quarto e respirei fundo. Eu sabia que teria que estudar muito para acompanhar as meninas e me adaptar à vida na mansão. Estava quase fechando meus olhos quando Letícia me ligou.

— Amiga, deu merda! Danila passou mal e Mauro mandou eu achar você. Quando contei que você estava ocupada, Mauro disse que te dava meia hora para chegar aqui ou sua dívida subiria 30%.

Puta merda! O que eu ia fazer agora? Como eu iria sair daquela casa sem ser vista? Cogitei pular a janela, mas quando vi a altura percebi que não daria certo.

— Vai enrolando ele, amiga, por favor.

— Vou ver o que faço, mas não prometo nada.

Agradeci a ela e desliguei. Fiquei uns dez minutos parada pensando no que iria fazer até que uma ideia inusitada me veio à mente e torci para dar certo. Com o coração acelerado, corri até o escritório de Dona Helena.

— Dona Helena, preciso de um favor urgente! — disse, tentando soar o mais sincera possível.

— O que foi agora, Maria Laura? — perguntou ela, visivelmente irritada.

— Recebi uma mensagem do hospital. Minha mãe teve um acidente grave e está em estado crítico. Preciso ir vê-la imediatamente. — Menti, tentando parecer desesperada.

Ela me olhou por um momento, avaliando a veracidade da minha história.

— Muito bem, Maria Laura. Vá, mas lembre-se de que tem responsabilidades aqui. Resolva isso rapidamente e volte o quanto antes. — disse ela, finalmente cedendo.

— Obrigada, Dona Helena. Eu prometo que voltarei o mais rápido possível. — agradeci, aliviada.

Saí da mansão apressadamente e peguei um Uber moto. Durante o trajeto, meu coração ainda batia acelerado, mas me senti aliviada por ter conseguido sair sem levantar muitas suspeitas.

Chegando ao clube, vi Letícia me esperando na entrada. Ela parecia tensa, mas aliviada ao me ver.

— Que bom que você veio. Mauro está furioso. — disse ela, puxando-me para dentro.

— Vamos resolver isso. — respondi, determinada.

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