A BABÁ, REFÉM DE UM CONTRATO
A BABÁ, REFÉM DE UM CONTRATO
Por: Silmar Kolcenti
Capítulo 1

Sabrina e Ana colocam a conversa em dia após mais um dia cansativo de trabalho. E Sabrina estava sufocada, precisava desabafar com alguém.           

           — Por que você está chorando, minha amiga? 

Perguntou Ana. 

           — Há tantas coisas que não sei por onde começar, mas sinto que estou precisando  te contar, você vai achar que é coisa de filme, mas infelizmente não é.

           — Diga-me o que aconteceu? Desde que te conheci eu te vejo triste, nunca te vi com um sorriso no rosto. Eu sinto que você está escondendo algo muito sério, seria melhor me contar quem sabe eu posso te ajudá-lo?

          — Impossível me ajudar. É coisa minha, é melhor ficar deixar assim, só quero chorar um pouco, será que posso?

           — É claro que pode.

           —  Para falar a verdade, não tenho vontade de contar um segredo meu, que vou guardar comigo. Tem coisas minhas do passado que não vale a pena contar. 

     O passado é só triste. E dolorosas lembranças que só de pensar fere muito a minha alma. Conheci um rapaz por quem me apaixonei, só que namorávamos escondido.

          — Mas por que namoravam escondido?  

          — Bom, aconteceu em uma pequena cidade do interior onde eu nasci, distante da cidade grande onde eu morava. 

          — Você pode me dizer o que aconteceu tão sério?

        Sabrina respirou fundo, e entre lágrimas contou a sua história. Então, com um lenço, Ana enxugou seus olhos. Foi muito difícil Sabrina abrir seu coração para uma pessoa que pouco conhecia. Mas era a única amiga que ela conhecia.

             — Na época éramos muito jovens, ele tinha 19 anos e eu tinha 17.

             — Sim, mas e daí qual é o problema namorar jovem? Isso é normal, o que mais acontece aqui na cidade grande.

           — Sim, de fato, lá também é normal, só que lá tinha um porém!

           — E que porém era esse? 

           — O nosso amor era proibido, hipótese alguma os pais dele, e os meus pais podiam saber que nós estávamos juntos. Eles jamais iriam concordar

              — Hum! Quer dizer que sua família é rica e o rapaz era pobre, era isso? Tipo Romeu e Julieta, coisa assim?

              — Mais ou menos, tipo Romeu e Julieta, mas não era em sentido de diferença social. Meus pais até que eram bem de vida, aliás, as duas famílias eram poderosas. Naquela cidade eles tinham domínio de toda a região, além de serem poderosos, eram inimigos declarados. E concorrentes comerciais, e na política.

        A cidade tinha 6 mil habitantes, e era dividida por causa da política. De lado um havia um partido do outro lado outro partido. Era uma disputa ferrenha por qualquer pedaço de chão, por cada eleitor em época de eleição. Imagina eu namorando o filho do maior inimigo do meu pai?

             — Nossa! Parece coisa de filme? Eu jamais poderia imaginar que no interior acontece essas coisas?

             — O pior que acontece. É como eu disse, que se eu contar vai parecer coisa de filme, mas é real. 

             — Nossa amiga! Mas e daí o que aconteceu?

             — Ninguém na cidade sabia que nós estávamos juntos há muito tempo. Só que numa dessas eu estava numa festa de casamento de um primo nosso, bebi demais porque descobri que o Raul, era esse o nome dele. Ia estudar nos Estados Unidos. Ele tinha me falado que era o grande sonho dele, e que a qualquer momento estaria embarcando.

       E eu fiquei sabendo quando ele me ligou e disse que assim que conseguisse me ligar, ele ligaria. Então, naquela festa de casamento tudo perde sentido sem ele por perto, e toda vez que eu lembrava dos nossos beijos, e nossos encontros quentes, e toda vez que nós fazíamos amor era uma loucura. Então eu começava a beber, e a beber. 

       E não parava mais, eu passei mal, e meu pai ficou preocupado, meus irmãos também, e minha mãe. E me levaram para um hospital. 

         Eu estava desmaiada e apaguei, e quando acordei estava num quarto de hospital, e fiquei confusa sem saber o que estava acontecendo. Na verdade, eu não lembrava de mais nada.

        Meus pais estavam preocupados segurando a minha mão. A minha mãe achando que eu estava com leucemia pela minha magreza. Porque ultimamente eu não comia direito. Ela constatou que havia alguma coisa errada, mas jamais passou pela cabeça o que realmente estava acontecendo comigo

          — E aí amiga, o que aconteceu? 

           — Meus pais estavam ansiosos esperando a chegada do médico para saber o resultado dos exames. Quando o médico entrou ficou olhando para todos eles, que estavam na expectativa, minha mãe preocupada achando que eu estava com leucemia, e meu pai querendo saber o que tinha acontecido comigo. O médico fez um suspense.

            — Fala doutor, por favor, o que está acontecendo com a minha filha? Disse meu pai.

Pela cara do médico eu vi que a coisa não era boa. Me passou muita coisa ruim na minha cabeça! Será que eu estava doente mesmo? Que eu estava com uma doença infecciosa.

            — Fala doutor, por favor, que está me deixando ansiosa, falei para ele.  — Ele sentou perto de mim e soltou a bomba. 

             — Na verdade não sei se é uma boa, ou má notícia!

             — Desembucha, doutor! O que a minha filha tem de tão grave? Falou meu pai nervoso.

             — Está bem, vamos ao que interessa. Sua filha está grávida de dois meses!

             — E ai amiga, o que aconteceu? 

             — Bom, na verdade parecia que estava acontecendo o apocalipse, meu pai teve um desmaio, passou mal e caiu. Ele ficou uns minutos desacordado, minha mãe levantou da cadeira e ficou olhando pela janela e não falou nada. Meus irmãos também, parecia que era o fim do mundo. Ou a terceira guerra mundial.

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