Sabrina e Ana colocam a conversa em dia após mais um dia cansativo de trabalho. E Sabrina estava sufocada, precisava desabafar com alguém.
— Por que você está chorando, minha amiga?
Perguntou Ana.
— Há tantas coisas que não sei por onde começar, mas sinto que estou precisando te contar, você vai achar que é coisa de filme, mas infelizmente não é.
— Diga-me o que aconteceu? Desde que te conheci eu te vejo triste, nunca te vi com um sorriso no rosto. Eu sinto que você está escondendo algo muito sério, seria melhor me contar quem sabe eu posso te ajudá-lo?
— Impossível me ajudar. É coisa minha, é melhor ficar deixar assim, só quero chorar um pouco, será que posso?
— É claro que pode.
— Para falar a verdade, não tenho vontade de contar um segredo meu, que vou guardar comigo. Tem coisas minhas do passado que não vale a pena contar.
O passado é só triste. E dolorosas lembranças que só de pensar fere muito a minha alma. Conheci um rapaz por quem me apaixonei, só que namorávamos escondido.
— Mas por que namoravam escondido?
— Bom, aconteceu em uma pequena cidade do interior onde eu nasci, distante da cidade grande onde eu morava.
— Você pode me dizer o que aconteceu tão sério?
Sabrina respirou fundo, e entre lágrimas contou a sua história. Então, com um lenço, Ana enxugou seus olhos. Foi muito difícil Sabrina abrir seu coração para uma pessoa que pouco conhecia. Mas era a única amiga que ela conhecia.
— Na época éramos muito jovens, ele tinha 19 anos e eu tinha 17.
— Sim, mas e daí qual é o problema namorar jovem? Isso é normal, o que mais acontece aqui na cidade grande.
— Sim, de fato, lá também é normal, só que lá tinha um porém!
— E que porém era esse?
— O nosso amor era proibido, hipótese alguma os pais dele, e os meus pais podiam saber que nós estávamos juntos. Eles jamais iriam concordar
— Hum! Quer dizer que sua família é rica e o rapaz era pobre, era isso? Tipo Romeu e Julieta, coisa assim?
— Mais ou menos, tipo Romeu e Julieta, mas não era em sentido de diferença social. Meus pais até que eram bem de vida, aliás, as duas famílias eram poderosas. Naquela cidade eles tinham domínio de toda a região, além de serem poderosos, eram inimigos declarados. E concorrentes comerciais, e na política.
A cidade tinha 6 mil habitantes, e era dividida por causa da política. De lado um havia um partido do outro lado outro partido. Era uma disputa ferrenha por qualquer pedaço de chão, por cada eleitor em época de eleição. Imagina eu namorando o filho do maior inimigo do meu pai?
— Nossa! Parece coisa de filme? Eu jamais poderia imaginar que no interior acontece essas coisas?
— O pior que acontece. É como eu disse, que se eu contar vai parecer coisa de filme, mas é real.
— Nossa amiga! Mas e daí o que aconteceu?
— Ninguém na cidade sabia que nós estávamos juntos há muito tempo. Só que numa dessas eu estava numa festa de casamento de um primo nosso, bebi demais porque descobri que o Raul, era esse o nome dele. Ia estudar nos Estados Unidos. Ele tinha me falado que era o grande sonho dele, e que a qualquer momento estaria embarcando.
E eu fiquei sabendo quando ele me ligou e disse que assim que conseguisse me ligar, ele ligaria. Então, naquela festa de casamento tudo perde sentido sem ele por perto, e toda vez que eu lembrava dos nossos beijos, e nossos encontros quentes, e toda vez que nós fazíamos amor era uma loucura. Então eu começava a beber, e a beber.
E não parava mais, eu passei mal, e meu pai ficou preocupado, meus irmãos também, e minha mãe. E me levaram para um hospital.
Eu estava desmaiada e apaguei, e quando acordei estava num quarto de hospital, e fiquei confusa sem saber o que estava acontecendo. Na verdade, eu não lembrava de mais nada.
Meus pais estavam preocupados segurando a minha mão. A minha mãe achando que eu estava com leucemia pela minha magreza. Porque ultimamente eu não comia direito. Ela constatou que havia alguma coisa errada, mas jamais passou pela cabeça o que realmente estava acontecendo comigo
— E aí amiga, o que aconteceu?
— Meus pais estavam ansiosos esperando a chegada do médico para saber o resultado dos exames. Quando o médico entrou ficou olhando para todos eles, que estavam na expectativa, minha mãe preocupada achando que eu estava com leucemia, e meu pai querendo saber o que tinha acontecido comigo. O médico fez um suspense.
— Fala doutor, por favor, o que está acontecendo com a minha filha? Disse meu pai.
Pela cara do médico eu vi que a coisa não era boa. Me passou muita coisa ruim na minha cabeça! Será que eu estava doente mesmo? Que eu estava com uma doença infecciosa.
— Fala doutor, por favor, que está me deixando ansiosa, falei para ele. — Ele sentou perto de mim e soltou a bomba.
— Na verdade não sei se é uma boa, ou má notícia!
— Desembucha, doutor! O que a minha filha tem de tão grave? Falou meu pai nervoso.
— Está bem, vamos ao que interessa. Sua filha está grávida de dois meses!
— E ai amiga, o que aconteceu?
— Bom, na verdade parecia que estava acontecendo o apocalipse, meu pai teve um desmaio, passou mal e caiu. Ele ficou uns minutos desacordado, minha mãe levantou da cadeira e ficou olhando pela janela e não falou nada. Meus irmãos também, parecia que era o fim do mundo. Ou a terceira guerra mundial.
— E depois o que aconteceu, minha amiga, me conta essa história? — Eu entrei em Pânico. — Como assim eu grávida? — Sim senhorita, eu lhes garanto que a senhorita está grávida, os testes que foram feito comprovam que de fato está mesmo grávida. E o seu estado físico é causado por uma gravidez. E pelo que vimos, são dois meses de gravidez aproximadamente. — Meu Deus, como isso é possível eu com 17 anos, e agora como vai ser? Eu não posso dizer quem é o pai. Ele viajou para os Estados Unidos e nem vai saber. E nem pode saber. Que história eu vou inventar para os meus pais? — E seus pais como ele agiram quando eles souberem disso? — Da pior forma, imagina. Meu pai passou mal, minha mãe ficou uns dias sem falar comigo, meus irmãos nem olhavam para mim. E queriam uma explicação. Eu tive que criar uma história que eu fui numa festa e bebi demais, conheci um cara sei lá da onde e nem lembrava o nome. Eles queriam me obrigar a dizer
— Disse meu pai. — Tentei argumentar, mas nada que eu fizesse iria convencer ele de alguma coisa. — Porque filha minha, e mãe solteira não vive sobre o mesmo teto. Ou você tira essa criança ou sai dessa casa. — Mas pra onde eu vou? — É problema seu, vai ficar aqui até essa criança nascer depois, rua. Há e tem mais uma coisa, vai ficar presa dentro do quarto, e quando a barriga começar a crescer, até lá não quero que saia por aí mostrando a sua sem vergonhice. Fez a besteira agora assuma sua responsabilidade. Nós vamos te mandar para a capital onde mora a sua tia, se é que ela vai te aceitar. A minha mãe era a mais sensata e tentou convencer meu pai a mudar de ideia no que ele pretendia fazer. Mas ele estava revoltado não se conformando com o que aconteceu. Afinal eu era a única filha mulher que ele tinha, e sonhava que eu me casasse virgem. Era os costumes de família que passavam de geração em geração. E tinha que ser e com um bom pretendente, e eu
Mas eu não sabia quem era por ter assinado um contrato. E neste contrato havia uma cláusula que eu não podia saber quem era os pais adotivos da minha filha. E nem eles podiam me procurar caso fosse necessário. Falei com a freira responsável pela adoção implorando. — Por favor, Madre. A minha filha vai ficar bem com esse casal? — A freira me olha com uma fúria incontrolável. E balança a cabeça com expressão de incrédula. — Preste bem atenção minha jovem. Você assinou um contrato e se não cumprir vai pagar uma multa de dez mil dólares. Eu lhes garanto que ela vai estar em boas mãos. O casal ama a sua filha, e são ricos. Aliás, são poderosos e vão dar o bom e o melhor para sua filha. Como você mesma disse que não consegue emprego foi expulsa pela sua família, vai deixar sua filha morrer de fome por causa do seu orgulho? Seja sincera, é justo com a sua filha — Não! — Falei entre soluços com os olhos cheios de lágrimas. A dor imensa de ter que abrir m
Primeiro veio um segurança do prédio me analisando ligou o rádio transmitindo para que mulher descesse até portaria após eu ter apresentado minha identidade. A mulher saiu e me viu que eu estava parada em frente ao portão do prédio, atrás segurando a cadeira de roda ela ficou me olhando e analisando talvez estivesse me julgando. — Como você se chama — Eu me chamo Sabrina. — Sabrina: Como isso aconteceu ao meu pai quando você encontrou ele? — Eu estava sentada no banco de uma praça pensando na vida, são assuntos que não vem ao caso. Eu vi o senhor que estava tentando atravessar a rua que estava muito movimentada. Então eu me ofereci para ajudar a atravessar, pedi o endereço onde ele morava para que ele me informasse, e aqui eu trouxe ele, já tá entregue. Eu já vou indo. Quando eu estava saindo a mulher me chamou — Sabrina! Espere! — Parei e olhei para ela que estava querendo me dizer alguma coisa. — Pois
Uma tarde ensolarada Sabrina costumava ir passear num parque perto onde ela morava. Entrou num Bar lanchonete. E pediu um pastel pra comer, comeu, veio na sua direção o garçom. — A senhora deseja mais alguma coisa? — perguntou o garçom. — Senhora é sua mãe! Por acaso tenho cara de velha, garçom folgado. — Perdoe-me, eu não quis lhe ofender. Falei por respeito. — Está bem. Por favor, a conta? — Sim, senhorita. — Assim está melhor, mas que seja última vez, porque se não, não coloco mais os pés nessas peluncas. — Mais uma vez peço perdão. Aqui está sua conta. — Sabrina pagou a conta de um sanduíche que comeu e uma cerveja que eu bebeu, e saiu andando pela calçada. O dia estava lindo, ela estava de folga e não queria voltar tão cedo para o pequeno apartamento. Era uma tortura viver naquele canto pequeno. Era torturante viver sozinha, com as lembranças que atormentavam demais. Não tinha nada pra fazer. Pessoas
Depois do que aconteceu naquele parque da mulher batendo naquela menina, Sabrina não conseguiu dormir a noite. E se virava de um lado pro outro tentando se acalmar. Sentia que precisava fazer alguma coisa, sair um pouco e voltar para aquele bar, àquela menina não saia da sua cabeça. Precisava encontrar ela urgentemente e saber se estava tudo bem com ela. E tinha que ser uma hora antes de começar a trabalhar. Não podia perder o seu emprego, embora não sendo o emprego dos sonhos. Mas era o que tinha naquele momento. Ela levantou cedo, escovou os dentes, tomou um banho, e foi caminhar pelo parque. Precisava exorcizar seus pensamentos sobre aquela menina que não saia da sua cabeça sendo maltratada por aquela mulher maluca. Voltou naquele bar lancheria mais uma vez. O garçom ficou surpreso. — Você, aqui? — Porque a surpresa? Por acaso está proibida a minha entrada aqui? — Calma senhorita, achei que não voltaria mais aqui!
— Nenhuma delas fez o que você fez por ele. —Tipo o que? Por exemplo. — Você teve paciência, fez muita coisa por ele que nem eu como filha fiz. As outras cuidadoras que estavam aqui cuidando dele só ficavam assistindo televisão ou no celular. E deixavam meu pai abandonando. Elas não tinham nenhuma iniciativa como você tem, elas tinham nojo do meu pai. É por isso que você se tornou especial pra ele e para mim, além desse dinheiro ainda vou te dar uma boa gratificação. Você é jovem inteligente que toma iniciativa tem personalidade forte, e pessoas como você vai conseguir logo outro emprego Eu vou dar um conselho para uma amiga procura fazer um cursinho, tenta se qualificar profissionalmente. — Nossa, não sei como agradecer e não sei se vai mudar a minha vida. Vou pegar esse dinheiro e vou guardar no banco, depois eu vejo o que faço. Quanto a sua carta de recomendação, agradeço de coração. Ela não queria sair de lá, sentiu uma tristeza, um vaz
Sabrina e Ana estavam novamente conversando a respeito de tudo o que estava acontecendo. — E aí amiga, como foi seu dia? — Cansativo, mas emocionalmente. — O que aconteceu? — Fui fazer as unhas de uma cliente importante. — Me conta como foi? — Bom, quando cheguei lá custou acreditar que o lugar era uma mansão. E para ser sincera, me apaixonei por aquele lugar. Senti aquela sensação gostosa e estranha de que um dia já morei nessa mansão, ou quem sabe um dia vai ser minha. É claro que é sonhar demais, mas eu tinha que colocar os pés no chão e voltar a realidade. Toquei a campainha, nem imagina a pessoa que me atendeu! — Quem? — Perguntou minha amiga curiosa. — Era nada mais e nada menos que aquela louca que eu quase quebrei o braço dela batendo na menina. — Minha nossa! E aí o que aconteceu? — Sinceramente fiquei desanimada, eu não sabia se ela era empregada, ou se era a dona