Primeiro veio um segurança do prédio me analisando ligou o rádio transmitindo para que mulher descesse até portaria após eu ter apresentado minha identidade.
A mulher saiu e me viu que eu estava parada em frente ao portão do prédio, atrás segurando a cadeira de roda ela ficou me olhando e analisando talvez estivesse me julgando.
— Como você se chama
— Eu me chamo Sabrina.
— Sabrina: Como isso aconteceu ao meu pai quando você encontrou ele?
— Eu estava sentada no banco de uma praça pensando na vida, são assuntos que não vem ao caso. Eu vi o senhor que estava tentando atravessar a rua que estava muito movimentada. Então eu me ofereci para ajudar a atravessar, pedi o endereço onde ele morava para que ele me informasse, e aqui eu trouxe ele, já tá entregue. Eu já vou indo. Quando eu estava saindo a mulher me chamou
— Sabrina! Espere! — Parei e olhei para ela que estava querendo me dizer alguma coisa.
— Pois não senhora deseja alguma coisa, ou dizer alguma coisa para mim
— Nada, nada, pode ir. A propósito, você mora longe daqui?
— Não senhora, eu moro perto da praça de vez em quando eu venho espairecer um pouco a cabeça.
— Certo! Olhando assim para você me parece que não é estranha! Será que a gente não se conhece de algum lugar?
— Eu acredito que não, até porque não sou daqui de Porto Alegre, sou lá de fora. Estou aqui há dois meses atrás, estou procurando emprego.
— Ah você é de fora, o que você sabe fazer?
— Para dizer a verdade qualquer coisa! No momento não estou escolhendo emprego, aceito qualquer coisa de faxineira empregada doméstica, e assim vai. — Ela ficou me olhando e me analisando. Ela estava querendo me ajudar, eu achei estranho? Eu não conheço ela, e ela querendo me ajudar, como sou uma pessoa que veio do interior e desconfia de tudo e de todos. Fiquei com um pé atrás, mas naquele momento eu não tinha escolha.
— Bom, pelo jeito meu pai gostou de você e achou você simpática, você não quer trabalhar como cuidadora dele? Quando ela me falou isso eu senti que estava se abrindo uma porta e as coisas podem estar melhorando para mim. Eu não tinha escolha, então, é claro que eu disse.
— Mas é claro que eu aceito. É só me dizer o que eu tenho que fazer, que eu farei tudo para ajudar, porque estou precisando de fato.
— Quantos anos você tem?
— Tenho 18 anos.
— Há você tem 18 anos? Não parece. Olhando assim pra
você parece que tem uns 20 anos, me perdoe não quero te achar você velha, mas você tem personalidade de uma mulher madura. Eu acredito que tem capacidade para muita coisa.
— Mas o que eu tenho que fazer?
— Em primeiro lugar, quero que você traga todos os documentos, já vai fazer uma entrevista comigo amanhã, aqui mesmo no meu apartamento. E traga a carteira de trabalho.
— Eu não tenho carteira de trabalho, só identidade.
— Então temos que resolver isso. Você tem como fazer a carteira de trabalho para que não seja problema no futuro?
— Posso sim sem problema. — No dia seguinte, com ajuda da minha tia, que é a única pessoa que está me ajudando no momento. Ela ficou muito feliz que eu tinha conseguido um emprego, mesmo sendo cuidadora. Mesmo sabendo que eu ia ter muito trabalho cuidar de um senhor idoso que deveria ter 95 anos.
A mulher que me contratou parecia ser a neta, mas o que importava era eu ter uma ocupação na minha cabeça.
E assim eu começava a ganhar meu dinheirinho.
Já que eu ia morar no emprego, até quando eu ia trabalhar, não sei. Eu fiquei muito feliz, senti que as coisas podiam mudar, porque eu precisava muito daquele emprego, não pensei duas vezes. E dois dias depois fui lá e comecei trabalhar com carteira assinada.
Eu sabia que era grande a minha responsabilidadea de cuidar de um senhor de cadeira de rodas com 95 anos de idade. Eu tinha plena consciência de que ele era quase igual a uma criança. É claro que é mais complicado porque era o início e eu não tinha nenhuma experiência. Nunca trabalhei na vida. Mas a motivação de quem sabe um dia eu possa encontrar a minha filha que falava mais alto.
Assim eu tinha um motivo a mais para lutar e da minha sobrevivência, tudo era novo, e tudo era um desafio para mim.
Cheguei a conclusão que não era tão difícil assim cuidar de um senhor idoso.
O único problema era que às vezes eu tinha que colocar ele na cadeira de rodas, tirar a roupa para dar banho nele. Era um pouco complicado, o primeiro dia não foi fácil. Ana percebeu que lágrimas descia dos olhos de Sabrina.
Uma tarde ensolarada Sabrina costumava ir passear num parque perto onde ela morava. Entrou num Bar lanchonete. E pediu um pastel pra comer, comeu, veio na sua direção o garçom. — A senhora deseja mais alguma coisa? — perguntou o garçom. — Senhora é sua mãe! Por acaso tenho cara de velha, garçom folgado. — Perdoe-me, eu não quis lhe ofender. Falei por respeito. — Está bem. Por favor, a conta? — Sim, senhorita. — Assim está melhor, mas que seja última vez, porque se não, não coloco mais os pés nessas peluncas. — Mais uma vez peço perdão. Aqui está sua conta. — Sabrina pagou a conta de um sanduíche que comeu e uma cerveja que eu bebeu, e saiu andando pela calçada. O dia estava lindo, ela estava de folga e não queria voltar tão cedo para o pequeno apartamento. Era uma tortura viver naquele canto pequeno. Era torturante viver sozinha, com as lembranças que atormentavam demais. Não tinha nada pra fazer. Pessoas
Depois do que aconteceu naquele parque da mulher batendo naquela menina, Sabrina não conseguiu dormir a noite. E se virava de um lado pro outro tentando se acalmar. Sentia que precisava fazer alguma coisa, sair um pouco e voltar para aquele bar, àquela menina não saia da sua cabeça. Precisava encontrar ela urgentemente e saber se estava tudo bem com ela. E tinha que ser uma hora antes de começar a trabalhar. Não podia perder o seu emprego, embora não sendo o emprego dos sonhos. Mas era o que tinha naquele momento. Ela levantou cedo, escovou os dentes, tomou um banho, e foi caminhar pelo parque. Precisava exorcizar seus pensamentos sobre aquela menina que não saia da sua cabeça sendo maltratada por aquela mulher maluca. Voltou naquele bar lancheria mais uma vez. O garçom ficou surpreso. — Você, aqui? — Porque a surpresa? Por acaso está proibida a minha entrada aqui? — Calma senhorita, achei que não voltaria mais aqui!
— Nenhuma delas fez o que você fez por ele. —Tipo o que? Por exemplo. — Você teve paciência, fez muita coisa por ele que nem eu como filha fiz. As outras cuidadoras que estavam aqui cuidando dele só ficavam assistindo televisão ou no celular. E deixavam meu pai abandonando. Elas não tinham nenhuma iniciativa como você tem, elas tinham nojo do meu pai. É por isso que você se tornou especial pra ele e para mim, além desse dinheiro ainda vou te dar uma boa gratificação. Você é jovem inteligente que toma iniciativa tem personalidade forte, e pessoas como você vai conseguir logo outro emprego Eu vou dar um conselho para uma amiga procura fazer um cursinho, tenta se qualificar profissionalmente. — Nossa, não sei como agradecer e não sei se vai mudar a minha vida. Vou pegar esse dinheiro e vou guardar no banco, depois eu vejo o que faço. Quanto a sua carta de recomendação, agradeço de coração. Ela não queria sair de lá, sentiu uma tristeza, um vaz
Sabrina e Ana estavam novamente conversando a respeito de tudo o que estava acontecendo. — E aí amiga, como foi seu dia? — Cansativo, mas emocionalmente. — O que aconteceu? — Fui fazer as unhas de uma cliente importante. — Me conta como foi? — Bom, quando cheguei lá custou acreditar que o lugar era uma mansão. E para ser sincera, me apaixonei por aquele lugar. Senti aquela sensação gostosa e estranha de que um dia já morei nessa mansão, ou quem sabe um dia vai ser minha. É claro que é sonhar demais, mas eu tinha que colocar os pés no chão e voltar a realidade. Toquei a campainha, nem imagina a pessoa que me atendeu! — Quem? — Perguntou minha amiga curiosa. — Era nada mais e nada menos que aquela louca que eu quase quebrei o braço dela batendo na menina. — Minha nossa! E aí o que aconteceu? — Sinceramente fiquei desanimada, eu não sabia se ela era empregada, ou se era a dona
Ana estava ansiosa e curiosa para saber o que Sabrina tinha a falar. — E o que aconteceu depois? — perguntou Ana. — Eu ajudei ela a levar as compras para dentro de casa para a fúria da babá que parecia ser a dona da casa. Alguma coisa não me cheirava bem nessa mulherzinha de quinta categoria. Como diz o ditado, quem nasce no interior é chamado de bicho do mato. Mas na verdade não é nada disso, e sim é um instinto protetor que conhece bem quem é quem. Eu senti que Isabel por ser uma boa pessoa era refém dos seus princípios éticos e medo de sofrer alguma ameaça. Senti isso quando me aproximei dela tentando ajudar com as compras de supermercado. Mas voltando àquele assunto que eu estava dizendo, eu entrei com as sacolas na mão. E fiquei observando a beleza da decoração dentro da casa, aliás, não era casa e sim uma mansão, que mais parecia um castelo de tão bonito que era! Os detalhes, os quadros na parede, os móveis de última geração.
Eu tinha que controlar as minhas emoções. Ela apertou seu abraço em mim como nunca tivesse sido abraçada por alguém. Quando de repente Isabel apareceu na sala vendo aquela cena comovente. E eu tive que voltar à realidade, colocar os pés no chão. Afinal de contas ela não era minha filha, era apenas uma nova amiga que eu estava conquistando. — Parece que ela gostou de você! — A senhora acha? — Perguntei para Isabel. — Com certeza! Porque ela não costuma abraçar ninguém, tem medo de se aproximar das pessoas. — Talvez ela tenha algum motivo. Ou alguém tenha maltratado ela! — Por que você está dizendo isso? — Toda criança tem uma sensibilidade muito grande, e ela não costuma mentir. Deveria perguntar para ela se ela não está sendo maltratada pela babá. Me desculpe senhora, eu me meter. Eu sou assim mesma, a minha língua é muito solta, eu tenho que falar o que eu sinto, o que eu penso, e às vezes acabo indo longe dema
As duas continuavam conversando como se conhecesse a muito tempo. — Dá pra perceber. A propósito está ficando linda as minhas unhas, nossa adorei, ficou perfeito. — Nossa ouvindo a senhora dizer que gostou do meu trabalho é a melhor coisa que já ouvi na minha vida. — Eu amei mesmo de verdade, falando nisso você trabalha num salão de beleza, mas é só as unhas que você faz? — Não, eu também faço cabelo, mas como tem muitas lá que fazem o cabelo, então eu faço mais as unhas de mãos e pés, já que as clientes preferem que eu faça as unhas. — Então na próxima vez você vai cortar o meu cabelo! — Eu? — Sim, você, qual é o problema em cortar o meu cabelo? — Nenhum problema! — Então está decidido. Assim que eu tiver uma folga na minha agenda você vai vir aqui em casa pode ser? — Pode ser. —Você faz alguma coisa a mais além de ser manicure? — Essa pergun
— É claro, que eu vou voltar, se sua mãe quiser? — Ela vai voltar minha filha. Disse Isabel para Emily.Fui embora com aquela menina na minha cabeça tentando encontrar uma explicação porque daquele sentimento em meu coração? Contava os minutos para voltar e rever aquele rostinho lindo e triste. E isso me deixava intrigada porque aquela menina tinha um olhar triste? Como se ela estivesse sendo maltratada por alguém? Pela Isabel acredito que não. Suspeito que seja aquela babá que eu não fui com a cara dela.Alguma coisa me diz que eu tenho que ter cuidado com essa tal Verônica. Mas não tenho medo dela, o que temo é pela segurança de Emily, e de Isabel. Porque dessa necessidade em proteger essas pessoas? Isabel é apenas uma cliente da minha patroa? O que me intriga é essa ligação com Emily desde o primeiro dia que eu a vi. Senti falta da minha filha pela semelhança, com a mesma cor dos olhos azuis. Isabel é intrigante que me despertou curiosidade em saber mais