— Disse meu pai. — Tentei argumentar, mas nada que eu fizesse iria convencer ele de alguma coisa.
— Porque filha minha, e mãe solteira não vive sobre o mesmo teto. Ou você tira essa criança ou sai dessa casa.
— Mas pra onde eu vou?
— É problema seu, vai ficar aqui até essa criança nascer depois, rua. Há e tem mais uma coisa, vai ficar presa dentro do quarto, e quando a barriga começar a crescer, até lá não quero que saia por aí mostrando a sua sem vergonhice. Fez a besteira agora assuma sua responsabilidade. Nós vamos te mandar para a capital onde mora a sua tia, se é que ela vai te aceitar. A minha mãe era a mais sensata e tentou convencer meu pai a mudar de ideia no que ele pretendia fazer. Mas ele estava revoltado não se conformando com o que aconteceu.
Afinal eu era a única filha mulher que ele tinha, e sonhava que eu me casasse virgem. Era os costumes de família que passavam de geração em geração. E tinha que ser e com um bom pretendente, e eu desapontei ele.
— Nossa amiga, eu jamais poderia imaginar que você passou por tudo isso. E depois o que foi que aconteceu?
— Nossa, está muito difícil eu falar o que aconteceu comigo. É muito doloroso ter que abrir o meu coração. Eu fiquei até a minha filha nascer praticamente presa dentro do meu quarto
Eu não ia mais para o colégio, não ia ver mais as minhas amigas, e nem os parentes que tinham na cidade. Ninguém sabia para onde eu fui porque meu pai tinha vergonha que descobrissem que eu estava grávida.
Você sabe como é na cidade pequena todo mundo comenta. E mãe solteira é mal vista por todos, ninguém fala com você e te rejeitam, e além do mais tinha essa rivalidade entre a minha família, e a família do Raul, que iam usar esse ponto fraco na política.
Meu pai não falava mais comigo, meus irmãos tinham vergonha de mim, minha mãe era a única pessoa que estava do meu lado, e estava me dando apoio, e não se conformava porque isso estava acontecendo.
E eu não podia contar para ninguém quem foi porque ele é o único homem que eu amei.
….Imaginem se soubessem ia ter provocações e iam usar eu como bode expiatório. Tem coisas que eu quero esquecer. Porque até a morte aconteceu lá. Eu ouvi falar uns comentários que meu pai já matou por causa de política, assim como o pai de Raul, que também não é flor que se cheire. Lá é assim quem desafia morre, e quem não fazia a vontade deles era assassinado.
Eu não tenho certeza, mas tanto meu pai quanto o pai dele se criaram no mundo do crime antes de chegar na cidade. Mas deixando essa parte de lado porque era apenas comentários.
Meu pai nunca contou para nós como ele conseguiu enriquecer quando chegou à cidade anos atrás.
— Eu estou pasma. Se eu contar ninguém acredita vão dizer que sou uma romancista que podia escrever um livro!
— É, mas não vai falar pra ninguém isso?
— Claro que não, até agora estou comovida com a sua história, e você mostrou que é pessoa de bem. E sua filha quando nasceu como foi?
— Era a parte mais difícil eu ter que falar. Era muito doloroso, mas estava me fazendo bem colocar pra fora o que eu estava sentindo. A minha amiga está se mostrando uma boa parceira de apartamento onde estou morando, e dividindo aluguel com ela.
— Para ninguém saber que eu estava grávida fiquei trancada no quando, era proibido a entrada das minhas amigas no meu quarto por ordem do meu pai, e minha que sempre inventava uma história e dizia que eu estava na capital e não sabia quando eu voltaria. As minhas amigas não ficavam muito convencida, na cidade todos comentavam.
— Cadê a Sabrina que sumiu? Será que ela fugiu com Raul? Surgiram suspeitas de que eu e Raul tivéssemos ido juntos para os Estados Unidos. As pessoas costumam criar histórias, e não são bobas. Raul foi para os Estados Unidos, e em seguida eu desapareci, mas na verdade eu estava presa no meu quarto. Minha mãe levava café, e jantava na cama. Eu ficava o dia todo trancada no quarto até a hora do neném nascer.
— E como foi quando nasceu o seu bebê, ninguém descobriu?
— Para se ter uma ideia, meu pai foi para Santa Catarina e contratou uma parteira especialista em fazer parto, ele pagou um bom dinheiro para ela ficar de bico calado. E quando o bebê nasceu fiquei mais dois meses em casa. Amamentando. Depois me levaram a noite na casa de uma conhecida do meu pai que morava em Santa Catarina.
E quando minha filha completou dois meses saí de lá e fui morar com a minha tia que mora em Porto Alegre. Meu pai deu um dinheiro para eu me virar. Eu não podia mais contar com ele.
A partir daquele momento para ele eu era filha morta. Nem a minha filha conseguiu amolecer o coração dele. Para ele o que interessava era a opinião das pessoas da cidade. E a briga politicamente e comercialmente com o pai de Raul. Não queria uma mancha na família no caso eu. Ninguém podia saber o que que tinha acontecido. Para ele seria a morte. Depois disso nem sei mais o que aconteceu lá. E a minha vida se tornou um pesadelo.
— O que foi que aconteceu?
— Cheguei no mau momento da minha tia, ela é uma boa pessoa, queria me ajudar em tudo que fosse preciso. Eu ainda tinha um pouco de dinheiro que meu pai me deu, e a minha mãe também me deu para me sustentar. Meu tio estava desempregado. Eu tive que entregar a minha filha para adoção. Surgiu um casal querendo adotar.
Mas eu não sabia quem era por ter assinado um contrato. E neste contrato havia uma cláusula que eu não podia saber quem era os pais adotivos da minha filha. E nem eles podiam me procurar caso fosse necessário. Falei com a freira responsável pela adoção implorando. — Por favor, Madre. A minha filha vai ficar bem com esse casal? — A freira me olha com uma fúria incontrolável. E balança a cabeça com expressão de incrédula. — Preste bem atenção minha jovem. Você assinou um contrato e se não cumprir vai pagar uma multa de dez mil dólares. Eu lhes garanto que ela vai estar em boas mãos. O casal ama a sua filha, e são ricos. Aliás, são poderosos e vão dar o bom e o melhor para sua filha. Como você mesma disse que não consegue emprego foi expulsa pela sua família, vai deixar sua filha morrer de fome por causa do seu orgulho? Seja sincera, é justo com a sua filha — Não! — Falei entre soluços com os olhos cheios de lágrimas. A dor imensa de ter que abrir m
Primeiro veio um segurança do prédio me analisando ligou o rádio transmitindo para que mulher descesse até portaria após eu ter apresentado minha identidade. A mulher saiu e me viu que eu estava parada em frente ao portão do prédio, atrás segurando a cadeira de roda ela ficou me olhando e analisando talvez estivesse me julgando. — Como você se chama — Eu me chamo Sabrina. — Sabrina: Como isso aconteceu ao meu pai quando você encontrou ele? — Eu estava sentada no banco de uma praça pensando na vida, são assuntos que não vem ao caso. Eu vi o senhor que estava tentando atravessar a rua que estava muito movimentada. Então eu me ofereci para ajudar a atravessar, pedi o endereço onde ele morava para que ele me informasse, e aqui eu trouxe ele, já tá entregue. Eu já vou indo. Quando eu estava saindo a mulher me chamou — Sabrina! Espere! — Parei e olhei para ela que estava querendo me dizer alguma coisa. — Pois
Uma tarde ensolarada Sabrina costumava ir passear num parque perto onde ela morava. Entrou num Bar lanchonete. E pediu um pastel pra comer, comeu, veio na sua direção o garçom. — A senhora deseja mais alguma coisa? — perguntou o garçom. — Senhora é sua mãe! Por acaso tenho cara de velha, garçom folgado. — Perdoe-me, eu não quis lhe ofender. Falei por respeito. — Está bem. Por favor, a conta? — Sim, senhorita. — Assim está melhor, mas que seja última vez, porque se não, não coloco mais os pés nessas peluncas. — Mais uma vez peço perdão. Aqui está sua conta. — Sabrina pagou a conta de um sanduíche que comeu e uma cerveja que eu bebeu, e saiu andando pela calçada. O dia estava lindo, ela estava de folga e não queria voltar tão cedo para o pequeno apartamento. Era uma tortura viver naquele canto pequeno. Era torturante viver sozinha, com as lembranças que atormentavam demais. Não tinha nada pra fazer. Pessoas
Depois do que aconteceu naquele parque da mulher batendo naquela menina, Sabrina não conseguiu dormir a noite. E se virava de um lado pro outro tentando se acalmar. Sentia que precisava fazer alguma coisa, sair um pouco e voltar para aquele bar, àquela menina não saia da sua cabeça. Precisava encontrar ela urgentemente e saber se estava tudo bem com ela. E tinha que ser uma hora antes de começar a trabalhar. Não podia perder o seu emprego, embora não sendo o emprego dos sonhos. Mas era o que tinha naquele momento. Ela levantou cedo, escovou os dentes, tomou um banho, e foi caminhar pelo parque. Precisava exorcizar seus pensamentos sobre aquela menina que não saia da sua cabeça sendo maltratada por aquela mulher maluca. Voltou naquele bar lancheria mais uma vez. O garçom ficou surpreso. — Você, aqui? — Porque a surpresa? Por acaso está proibida a minha entrada aqui? — Calma senhorita, achei que não voltaria mais aqui!
— Nenhuma delas fez o que você fez por ele. —Tipo o que? Por exemplo. — Você teve paciência, fez muita coisa por ele que nem eu como filha fiz. As outras cuidadoras que estavam aqui cuidando dele só ficavam assistindo televisão ou no celular. E deixavam meu pai abandonando. Elas não tinham nenhuma iniciativa como você tem, elas tinham nojo do meu pai. É por isso que você se tornou especial pra ele e para mim, além desse dinheiro ainda vou te dar uma boa gratificação. Você é jovem inteligente que toma iniciativa tem personalidade forte, e pessoas como você vai conseguir logo outro emprego Eu vou dar um conselho para uma amiga procura fazer um cursinho, tenta se qualificar profissionalmente. — Nossa, não sei como agradecer e não sei se vai mudar a minha vida. Vou pegar esse dinheiro e vou guardar no banco, depois eu vejo o que faço. Quanto a sua carta de recomendação, agradeço de coração. Ela não queria sair de lá, sentiu uma tristeza, um vaz
Sabrina e Ana estavam novamente conversando a respeito de tudo o que estava acontecendo. — E aí amiga, como foi seu dia? — Cansativo, mas emocionalmente. — O que aconteceu? — Fui fazer as unhas de uma cliente importante. — Me conta como foi? — Bom, quando cheguei lá custou acreditar que o lugar era uma mansão. E para ser sincera, me apaixonei por aquele lugar. Senti aquela sensação gostosa e estranha de que um dia já morei nessa mansão, ou quem sabe um dia vai ser minha. É claro que é sonhar demais, mas eu tinha que colocar os pés no chão e voltar a realidade. Toquei a campainha, nem imagina a pessoa que me atendeu! — Quem? — Perguntou minha amiga curiosa. — Era nada mais e nada menos que aquela louca que eu quase quebrei o braço dela batendo na menina. — Minha nossa! E aí o que aconteceu? — Sinceramente fiquei desanimada, eu não sabia se ela era empregada, ou se era a dona
Ana estava ansiosa e curiosa para saber o que Sabrina tinha a falar. — E o que aconteceu depois? — perguntou Ana. — Eu ajudei ela a levar as compras para dentro de casa para a fúria da babá que parecia ser a dona da casa. Alguma coisa não me cheirava bem nessa mulherzinha de quinta categoria. Como diz o ditado, quem nasce no interior é chamado de bicho do mato. Mas na verdade não é nada disso, e sim é um instinto protetor que conhece bem quem é quem. Eu senti que Isabel por ser uma boa pessoa era refém dos seus princípios éticos e medo de sofrer alguma ameaça. Senti isso quando me aproximei dela tentando ajudar com as compras de supermercado. Mas voltando àquele assunto que eu estava dizendo, eu entrei com as sacolas na mão. E fiquei observando a beleza da decoração dentro da casa, aliás, não era casa e sim uma mansão, que mais parecia um castelo de tão bonito que era! Os detalhes, os quadros na parede, os móveis de última geração.
Eu tinha que controlar as minhas emoções. Ela apertou seu abraço em mim como nunca tivesse sido abraçada por alguém. Quando de repente Isabel apareceu na sala vendo aquela cena comovente. E eu tive que voltar à realidade, colocar os pés no chão. Afinal de contas ela não era minha filha, era apenas uma nova amiga que eu estava conquistando. — Parece que ela gostou de você! — A senhora acha? — Perguntei para Isabel. — Com certeza! Porque ela não costuma abraçar ninguém, tem medo de se aproximar das pessoas. — Talvez ela tenha algum motivo. Ou alguém tenha maltratado ela! — Por que você está dizendo isso? — Toda criança tem uma sensibilidade muito grande, e ela não costuma mentir. Deveria perguntar para ela se ela não está sendo maltratada pela babá. Me desculpe senhora, eu me meter. Eu sou assim mesma, a minha língua é muito solta, eu tenho que falar o que eu sinto, o que eu penso, e às vezes acabo indo longe dema