CAPÍTULO 3

— Disse meu pai. — Tentei argumentar, mas nada que eu fizesse iria convencer ele de alguma coisa.

        — Porque filha minha, e mãe solteira não vive sobre o mesmo teto. Ou você tira essa criança ou sai dessa casa.

        — Mas pra onde eu vou?

        — É problema seu, vai ficar aqui até essa criança nascer depois, rua. Há e tem mais uma coisa, vai ficar presa dentro do quarto, e quando a barriga começar a crescer, até lá não quero que saia por aí mostrando a sua sem vergonhice. Fez a besteira agora assuma sua responsabilidade. Nós vamos te mandar para a capital onde mora a sua tia, se é que ela vai te aceitar. A minha mãe era a mais sensata e tentou convencer meu pai a mudar de ideia no que ele pretendia fazer. Mas ele estava revoltado não se conformando com o que aconteceu.

         Afinal eu era a única filha mulher que ele tinha, e sonhava que eu me casasse virgem. Era os costumes de família que passavam de geração em geração. E tinha que ser e com um bom pretendente, e eu desapontei ele.

      — Nossa amiga, eu jamais poderia imaginar que você passou por tudo isso. E depois o que foi que aconteceu?

       — Nossa, está muito difícil eu falar o que aconteceu comigo. É muito doloroso ter que abrir o meu coração. Eu fiquei até a minha filha nascer praticamente presa dentro do meu quarto

        Eu não ia mais para o colégio, não ia ver mais as minhas amigas, e nem os parentes que tinham na cidade. Ninguém sabia para onde eu fui porque meu pai tinha vergonha que descobrissem que eu estava grávida.

        Você sabe como é na cidade pequena todo mundo comenta. E mãe solteira é mal vista por todos, ninguém fala com você e te rejeitam, e além do mais tinha essa rivalidade entre a minha família, e a família do Raul, que iam usar esse ponto fraco na política.

            Meu pai não falava mais comigo, meus irmãos tinham vergonha de mim, minha mãe era a única pessoa que estava do meu lado, e estava me dando apoio, e não se conformava porque isso estava acontecendo.  

        E eu não podia contar para ninguém quem foi porque ele é o único homem que eu amei. 

      ….Imaginem se soubessem ia ter provocações e iam usar eu como bode expiatório. Tem coisas que eu quero esquecer. Porque até a morte aconteceu lá. Eu ouvi falar uns comentários que meu pai já matou por causa de política, assim como o pai de Raul, que também não é flor que se cheire. Lá é assim quem desafia morre, e quem não fazia a vontade deles era assassinado.

      Eu não tenho certeza, mas tanto meu pai quanto o pai dele se criaram no mundo do crime antes de chegar na cidade. Mas deixando essa parte de lado porque era apenas comentários.

      Meu pai nunca contou para nós como ele conseguiu enriquecer quando chegou à cidade anos atrás.

        — Eu estou pasma. Se eu contar ninguém acredita vão dizer que sou uma romancista que podia escrever um livro!

        — É, mas não vai falar pra ninguém isso?

        — Claro que não, até agora estou comovida com a sua história, e você mostrou que é pessoa de bem. E sua filha quando nasceu como foi?

        — Era a parte mais difícil eu ter que falar. Era muito doloroso, mas estava me fazendo bem colocar pra fora o que eu estava sentindo. A minha amiga está se mostrando uma boa parceira de apartamento onde estou morando, e dividindo aluguel com ela.

         — Para ninguém saber que eu estava grávida fiquei trancada no quando, era proibido a entrada das minhas amigas no meu quarto por ordem do meu pai, e minha que sempre inventava uma história e dizia que eu estava na capital e não sabia quando eu voltaria. As minhas amigas não ficavam muito convencida, na cidade todos comentavam. 

          — Cadê a Sabrina que sumiu? Será que ela fugiu com Raul? Surgiram suspeitas de que eu e Raul tivéssemos ido juntos para os Estados Unidos. As pessoas costumam criar histórias, e não são bobas. Raul foi para os Estados Unidos, e em seguida eu desapareci, mas na verdade eu estava presa no meu quarto. Minha mãe levava café, e jantava na cama. Eu ficava o dia todo trancada no quarto até a hora do neném nascer.

          — E como foi quando nasceu o seu bebê, ninguém descobriu?

          — Para se ter uma ideia, meu pai foi para Santa Catarina e contratou uma parteira especialista em fazer parto, ele pagou um bom dinheiro para ela ficar de bico calado. E quando o bebê nasceu fiquei mais dois meses em casa. Amamentando. Depois me levaram a noite na casa de uma conhecida do meu pai que morava em Santa Catarina.

          E quando minha filha completou dois meses saí de lá e fui morar com a minha tia que mora em Porto Alegre. Meu pai deu um dinheiro para eu me virar. Eu não podia mais contar com ele.

       A partir daquele momento para ele eu era filha morta. Nem a minha filha conseguiu amolecer o coração dele. Para ele o que interessava era a opinião das pessoas da cidade. E a briga politicamente e comercialmente com o pai de Raul. Não queria uma mancha na família no caso eu. Ninguém podia saber o que que tinha acontecido. Para ele seria a morte. Depois disso nem sei mais o que aconteceu lá. E a minha vida se tornou um pesadelo.

           — O que foi que aconteceu?

           — Cheguei no mau momento da minha tia, ela é uma boa pessoa, queria me ajudar em tudo que fosse preciso. Eu ainda tinha um pouco de dinheiro que meu pai me deu, e a minha mãe também me deu para me sustentar. Meu tio estava desempregado. Eu tive que entregar a minha filha para adoção. Surgiu um casal querendo adotar. 

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