Aiyana estava encantada com o palácio. Apesar de sua cor azul desbotada, existia alguns detalhes antigos que davam um ar de local histórico. Um local que já passou tanta, tanta, tanta coisa, tantas histórias vividas que foram contadas e outras que não tiverem o privilégio de serem admiradas e contadas.
Ela caminhava olhando para cima, para os lados, para o chão e tudo trazia uma vibração. Ela sentiu no fundo da sua alma que de alguma forma era ali que ela devia ter nascido.
Aiyana caminhou firme em direção a biblioteca e ao entrar, parou e somente ficou ali parada de boca aberta.
A biblioteca exalava inteligência e mistério. A luz das lamparinas iluminava os meses por ali espalhadas, as poltronas pareciam tão confortáveis. O cheiro de chá fresco era um dos mais fortes ali, tirando somente o cheiro dos livros que também habitavam fortemente ali.
Tinha prateleiras cobertas de livros por todo salão. As paredes tinham tantos livros que as escadas já estavam postas ali para que as pessoas pudessem alcançar e se deliciar ou dedicar à leitura.
E ela caminhou para uma das prateleiras, passou o dedo por cada lombada de livro ali presente. Seus olhos arderam de emoção.
– Em todos meus 17 anos, nunca tinha visto tal beleza. - disse ela ao vento, mas seu irmão acompanha cada passo dela. Também estava encantado com a imensidão da biblioteca, mas não tanto quanto ela.
– Realmente, é um local magnífico. - Adriel respondeu enquanto caminhava na outra direção deixando Aiyana flutuando sozinha entre os livros.
Ela examinou os títulos, as cores, pegou um o abriu e inalou profundamente o cheiro do livro.
Se eu pudesse fazer uma fragrância, seria cheiro de livro com chá. - sua mente estava borbulhando com ideias de coisas um tanto impossíveis.
Ela encontrou um livro de capa na cor azul e um título atraente: "A magnífica forma de esconder um corpo." Imediatamente ela procurou uma mesa disponível na loucura de pessoas entrando, saindo, sentando-se, lendo seus livros escolhidos.
A única mesa disponível foi uma escondida das outras. Quase no fundo da biblioteca. Ela agradeceu os deuses por ter uma mesa disponível. Caminhou até o local, se sentou, abriu o livro e começou a desfrutar do livro.
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Aiyana fica totalmente entregue ao livro quando está lendo. Talvez tenha se passado minutos, horas, ela não sabia, mas ao levantar os olhos não viu ninguém na biblioteca.
– Oiii - gritou em busca de alguma alma– Alguém?
Ela levantou, e foi guardar o livro que estava lendo. Olhou ao redor e não tinha ninguém. Que os deuses a conduzissem. Aiyana continuou caminhando, procurando até que ouviu uma voz. Voz fina, tranquila, mas cheia de medo, angústia.
– Estou aqui Aiyana.
Aiyana sentiu os pelos da sua nuca se arrepiarem e sua mente protestou pedindo para se afastar, mas sua alma pedia para se aproximar, ver quem era, dar ajuda se necessário.
E ela foi.
A voz continuava dizendo seu nome. Algumas vezes de voz melosa. Outra de forma assustada. Outra chorando.
E ela foi.
Andou tateando as estantes para a parte mais escura da biblioteca. Chegando mais fundo, e mais escuro.
– Aiyana, estou aqui. - a voz a chamou de forma tranquila, como se fosse uma mãe chamando sua filha para que pudesse pentear seu cabelo.
E ela foi.
Caminhou segurando as estantes, o breu a atingiu e ela seguiu firme. Ela passou o pé pelo chão para ver se tinha por onde pisar e continuou caminhando.
E ela foi mais fundo, mais escuro.
– Venha Aiyana, venha.- a voz a chamou de forma como se pedisse ajuda de uma causa que seria impossível da voz responder.
Aiyana sentiu novamente o chão e estava na ponta, como se fosse um precipício.
– Alguém aqui? - ela falou baixo, mas a sua voz foi ampliada com ecos por todos os lados.
– Aiyana, estou em sua frente. Toque-me.
E ela fez.
Estendeu seus dedos e tocou algo como um livro liso e ao mesmo tempo velho. Era frio e quente ao mesmo tempo. Algo que trazia alívio e pressão.
Ela tocou firme e uma luz azul brilhante acendeu em seus dedos ou no local onde ela tocava. Um livro começou a flutuar em sua frente, e um vento forte a tocou balançando seu cabelo, beijando seu corpo. Como se analisasse todos seu corpo, sua alma, sua mente.
O livro passava páginas, páginas e páginas. Outros livros começaram a flutuar em sua frente e a voz apareceu novamente.
– É você Aiyana, a que foi abençoada, escolhida, desenhada para tirar toda maldição que foi banhada há 250 anos atrás. - a voz era antiga, como se tivesse sido tirada de um poço fundo e escuro. A voz fez os pelos do corpo de Aiyana se arrepiarem.
Ela começou a se afastar e o livro parou na sua frente, exatamente na página a muito tempo escrita onde dizia sobre a maldição que foi estendida na terra.
Aiyana começou a ler e seu corpo formigava.
A escolhida virá e vocês terão que reconhecer.
Ela será a abençoada. O vento, a água, o fogo e a terra cantarão para ela.
Ela caminhará por essas terras e trará alegria e tudo aquilo que nos foi cortado a anos.
Foram 250 anos para pensar no que estávamos errado.
E ela virá. Talvez ela já tenha vindo e vocês não viram.
Mas, ela virá.
Aiyana estava se sentindo tonta.
– Não sei o que é isso, eu...eu.- ela começou dar passos para fora, querendo sair daquela confusão de folhas e lembranças e daquela voz.
– É você Aiyana, sempre foi.
Aiyana não queria ouvir nada mais daquilo, queria correr. Mas algo a prendia no lugar, a fazendo ouvir toda aquela história, versos e lendas.
– Não sou a que vocês procuram. - ela começou a se afastar. – Procurem outra pessoa, não sou eu.
Os livros começaram a se mover de forma rápida. Procurando naquelas páginas a imagem. E acharam.
Eram 7 livros flutuando, banhados com uma luz azul. Os 7 livros lhe mostraram sua imagem.
Sua imagem. Seu rosto. Corpo. Cor dos olhos. Ela por inteiro estava refletida naqueles livros. Era como se sua vida tivesse sido vivida a 250 anos atrás.
– Não, isso só pode ser brincadeira.
Ela continuou se afastando, se forçando a sair dali.
– Não sou eu, existem muitas pessoas em outros reinos. Existe outra.
Aiyana sentiu novamente o seus pelos se arrepiarem e o vento beijou seu corpo, levantou seu cabelo. A voz antiga sorriu das profundezas.
– Não existe outra. - enquanto a voz dizia isso algo parou Aiyana.
Ela se forçou a sair daquilo que a prendeu, mas ela não sabia o que era, que forças eram.
– É você e sempre será você, Aiyana.
Todo seu corpo parou. Aiyana sentiu seu corpo formigar como se estivesse alterando algo em sua essência.
Algo estava sendo acrescentado, moldado, aprimorado. Algo em seu interior foi quebrado e reforçado. Algo forte e eterno foi colocado em seu peito. Ela sentiu em suas veias o ar, a água, o fogo, a terra e algo antigo se mexendo.
Suas mãos começaram a formigar e Aiyana levantou a mão na frente de seu rosto e viu duas marcas ali. Marcas brancas e brilhantes.
– Aiyana Ventlina Galaxys, a abençoada que foi prometida, a abençoada pela deusa Iana do vento, pela deusa Fride do fogo, pela deusa Aqüila da água, pela deusa Teres da terra e pela deusa Amirah da luz e trevas. - a voz antiga de forma suave e firme.– É você Aiyana.
Após ouvir isso as mãos de Aiyana brilharam fortemente, seu cabelo mudou de cor para um branco antigo e forte, seus olhos ficaram brancos e brilhantes.
E ela sentiu que ela deveria, de alguma maneira, mudar o mundo. Ajustar as formas, realinhar as linhas, encaixar as coisas que estavam fora do lugar. Toda sua essência clamava para que se aventurasse e ousasse, e se os deuses lhe permitissem, assim ela faria.
Cillín passou todo horário de visita procurando a moça de cabelos cacheados. Ele ainda podia sentir levemente o cheiro dela. Cheiro de vento com brasas e chuva e terra molhada. Uma mistura que era perfeita. Como poderia existir tal mix de cheiros em uma só pessoa, ele não fazia ideia.Ele caminhou pelos corredores, subiu as escadas, olhou de cima para vê se à achava, e nada. De alguma forma, sem entender, seu sangue e alma clamavam por ela.Até que chegou perto do horário de fechar as portas e ele desistiu de procurá-la. Seguiu caminhando para seu quarto, e por fim se jogou no colchão macio e único. O seu travesseiro tem o cheiro dele, leve cheiro de grãos negros com lenha queimada.Ele tirou toda
Tinha se passado uma semana desde o ocorrido na biblioteca e do sonho.Os abençoados estão tentando se acostumar com o fato de terem sido abençoados e tentando adivinhar como ministram seus poderes.Cillín queria descobrir como usar o fogo que ele tinha em suas veias. Ele conseguia sentir o calor correndo em seu corpo, conseguia sentir nas noites frias que teve a três dias atrás. Ele de alguma forma conseguiu aquecer a casa inteira ao ponto de não precisar usar as lãs para se aquecer.Já a abençoada Aiyana, ainda não conseguia acreditar em seus possíveis dons. Na mesma noite fria em que Cillín conseguiu se aquecer, ela se molhou inteira. A água desligou do copo que estava ao lado de sua cam
A minutos atrás Aiyana havia saído de casa após confirmar que seus dons estavam quietos em seus baús. Os baús internos eram a forma que ela havia achado em um momento de meditação como guardar cada dom.A minutos atrás ela caminhava pela vila tranquilamente. Conversando com as pessoas, dando alguns sábios conselhos, ajudando em algo em casa.A minutos atrás ela caminhava só, até que sentiu alguém chegando perto dela. Tal pessoa caminhava devagar, como se estivesse com medo ou na intenção que ela não percebesse. Mas depois do evento na biblioteca, todos os sentidos de Aiyana tinham se aguçado.Agora ela se via diante um homem, aparentemente bonito, ajoelhado em sua fren
Em algum lugar do mundo existe um lado totalmente brilhante, lindo, sereno e amoroso.Em outro lugar do mundo existe um lado totalmente escuro, maldoso, feio e aterrorizante.Em ambos lugares existe alguém que toma conta.De um lado, alguém tão bom tomava conta daquelas terras boas, que seu corpo brilhava uma luz branca serena, quando andava parecia flutuar sobre os gramados ou pedras que ladrilhavam a passagem. Seu cabelo parecia um raio de sol. Seus olhos azuis são tão calmos quantos os lagos dessa terra . Uma pessoa calma, firme em sua voz mas, ao mesmo tempo, serena. Uma pessoa cuja bondade controla sua vida.Do outro lado, alguém tão mal tomava conta daquelas terras que seu corpo p
O Reino do Vento é um dos mais conhecidos reinos. A existência dos outros reinos não passava batido.O Reino do Mar é o mais banhado pelas águas.O Reino da Brasa é o mais banhado pelo sol.O Reino do Deserto já diz em seu nome o que tem em abundância. As terras banham as cidades em todos os pontos cardeais. As pessoas deste reino tem uma pele tão macia e que parecem sementes de maçãs. Os habitantes deste reino tem os cabelos brancos, de um branco banhado pela lua.Nesse reino, existe um homem que, há um mês, despertou um incrível dom. O dom da água. Durante seu trabalho rotineiro de buscas, ele sentiu sua palma da mão molhar i
O Reino da Brasa é o mais banhado pelo sol. Suas terras são quentes, calorosas e brilhantes. A areia ao redor do reino é quente e relaxante, por muitos é usada para relaxar.Nessas terras quentes e brilhantes como se fosse pura brasa, existe a grande guerreira Azura. Chefe das linhas de frente da unidade Gavião de Guerra. Azura que carrega em seu olhar o desafio de quem tiver a ousadia de a desafiar.Tal pessoa tem o orgulho e a determinação na mesma bandeja.Há um mês atrás ela também foi abençoada. Uma abençoada direta. A sua deusa regente não deixou seu dom em nenhum sangue, disse a todos os deuses: " vou escolher aquela ou aquele que combine comigo. Se vocês acham ruim, se danem."
Todos os moradores dos reinos sabem de seu difícil acesso à água. Que deve ser conservada e usada com muita cautela.O Reino do Mar é o que menos se preocupa com isso. É o Reino que mais tem correntes de água, onde existem correntes de água doce e salgada. É um mistério para todos a existência de sal na água. Os governantes desse reino já viajaram aos outros reinos para saber se existe a mesma água salina em suas terras, e a resposta foinão, só temos correntes doces.Nesse reino, na cidade de Vecla, existe uma menina mulher fascinada por essa água salgada. Sua inteligência e criatividade são usadas a favor dessa água. Ela passa dias, e mais dias, pesquisando, conhecendo, analisando cada part&i
Havia se passado um mês dos acontecimentos. Todos os abençoados agora estavam na benção de suas respectivas deusas. Todos os elementos tinham seus hospedeiros, assim dizendo.Aqueles que saíram de seus reinos em busca de Aiyana, tinham chegado ao destino. Caminharam durante um mês inteiro.O primeiro a chegar foi Tyr.Ele usou seu dom a seu favor. A água que ele pode produzir, manipular, ministrar ele usou para saciar sua sede em tantos momentos que seria difícil calcular cada um.Assim que Tyr encontrou Aiyana, seu dom fez festa. Era como um tsunami interno. Gotas de água começaram a flutuar ao seu redor, e ao redor de Aiyana a água rodava seu corpo.