Todos os anos, no início do mês do meio, Aiyana pulava três vezes ao acordar e agradecia aos céus por mais um ano de vida.
Da mesma forma que ela dava os pulinhos, ela levantava da cama mais cedo, se arrumava, pegava algo na cozinha e saia em direção a vila. Olhava tudo ao redor, analisava o céu e sua coloração laranja do nascer do sol. Sentia o vento no rosto e a terra abaixo dos sapatos.
Enquanto ela passa as pessoas dão bom dia, ela educadamente responde. Pergunta se pode fazer algo para ajudar, e quando tem ela ajuda sem sombra de dúvidas. Apesar da cara fechada, o coração de Aiyana é só amor. Tá tô amor que transborda de seus olhos castanhos brilhantes.
A vila em que ela mora é uma das mais pobres, apesar de viverem em um reino rico, não são beneficiadas. As doenças afetam a maioria, muitos outros não têm qualquer tipo de comida em casa. A pior parte disso tudo, segundo Aiyana, é ver os ricos terem tudo que é produzido aqui.
E neste dia, um dia antes do início do invernio - outono-, onde as árvores deixam suas folhas caírem e elas transformam as estradas em tapetes na cor vermelha, laranja, amarela e marrom. Neste dia ela completa 18 anos. Muitos não se importam, mas ela esperou ansiosamente por essa dia, por essa idade.
Os 17 anos anteriores de Aiyana foram banhados por sonhos, aventuras, amor e mistério. Sempre, uma noite antes do seu aniversário, sua mãe lhe conta a história do seu nascimento:
"... Comecei sentir as dores do parto nos primeiros raios de sol. Achei estranho aquelas dores, estava apenas com 9 luas - 9 meses. Seus irmãos completaram 10 luas- 10 meses, mas você sempre foi diferente.
Como eu disse, comecei sentir as dores nos primeiros raios do sol e você só nasceu a noite. Enquanto você chegava ao mundo o vento, a chuva, trovões e raios quebravam o céu. Seu choro parecia um canto para o vento.Quando peguei você no colo reparei logo nos seus olhos. Tão castanhos e redondos. Depois olhei seu cabelo, suas orelhas, suas boca...Olhei você por completo, mas na sua mão tinha uma marca em cada. Eram parecidas com círculos e linhas. Como se fossem marcas de nascença e sua mãozinha era forte. Você fechou as mãos e quando abriu novamente, as marcas não estavam mais lá. Acho que estava delirando.Depois disso seus irmãos entraram parecendo cachorrinhos quando bagunça tudo...."Como é o dia de seu aniversário, ela tem total direito de escolher um local para passar ir. Deixar os afazeres de casa e se aventurar no que quiser. Esse ano a escolha dela é diferente, escolheu algo que nem em mil ventos sua mãe e seus irmãos imaginariam.
- Querida família da aniversariante mais linda de todo o reino.- disse ela - Desejo visitar a biblioteca real.
Seu irmão Ariel parou de descascar as pequenas batatas e olhou diretamente nos olhos redondos e castanhos da sua irmã.
- O que você disse, Aiyana?- sua voz grave saiu horrorizada - Não é você que odeia com todas as forças o povo rico?
- Odeio o povo rico e não seus livros. - disse ela enquanto caminhava em direção a sua mãe - Mãe, você permite essa minha aventura e desbravamento?
- O que posso fazer? Sei que vai com ou sem meu consentimento.- sua mãe pegou-lhe as mãos e olhos em seus olhos.
- A mamãe, a senhora é uma benção em meio a esse caos em que vivemos. - Aiyana começou rodopiar no meio de sua cozinha pequena.
- Você deve levar um de seus irmãos.- disse sua mãe, Morana.
Quando sua mãe soltou essa frase, o rodopio dela parou.
- Quando o santo é demais a gente desconfia. A senhora tem certeza que é realmente necessário?- disse Aiyana.- Creio que seus filhos mais velhos sejam um tanto feios.
- Irmã, se não queres que eu descasque sua língua, contenha ela. - Adriel disse enquanto retornava ao trabalho com as batatas.
- Aiyana, leve um dos dois. Somente essa minha exigência. - sua mãe disse e retornou ao seu afazer.
A querida aniversariante saiu batendo os pés e pensando em qual dos irmão levaria. Adriel ou Tauriel.
Adriel tem os pensamentos mais calculados, cabelos cacheados e loiros, alto e forte e sabe dominar muito bem a espada que carrega, seria de grande utilidade caso fossem assaltados.
Tauriel tem a mente boba, ri das coisas, faz piadas de tudo, é também alto e forte e com belos cabelos negros e encaracolados como o da sua mãe, usa bem seu machadinho, sabe ser elegante quando quer conquistar. Seu sorriso é avassalador.
Uma decisão difícil, mas Aiyana obviamente escolhe Adriel para ser seu companheiro do dia.
- Mamãe, se possível, desejo que o Adriel vá comigo.- ela grita do quintal que caminhava e escuta Adriel xingando.
Ela caminha suavemente sobre a terra marrom e seca. Pensando em como deve ser a biblioteca, os livros com cheiro de novo, outros com cheiro velho, suas páginas amarelas, suas capas duras e carregadas de história.
- Adriel imbecil, arrume-se, devemos sair agora ou chegaremos lá amanhã.
- Já estou pronto, minha querida, quer que eu te carregue em minhas costas?- ele caminhou em direção a ela e finalmente começam a caminhar até o solo real.
- Se você quiser, subo imediatamente.
Ele mostrou o dedo do meio para ela e iniciaram a caminhada até o palácio. Apesar de achar que a governadora desse belíssimo reino roubava dos mais pobres, ela jamais havia saído desse reino para descobrir se era somente aqui que o assalto acontecia ao meio dia.
O vento beijava o rosto de Aiyana e Adriel. O sol esquentava suas roupas e seus corpos. Ela jamais tinha estado em uma biblioteca, quem dirá em uma biblioteca real. Que as deusas abençoassem ela.
A biblioteca real é tudo aquilo que leitores vorazes sonham. Temperatura confortável, cadeiras confortáveis, bancadas com chá e biscoitos amanteigados, e livros, muitos livros.Cillín nasceu e cresceu nos corredores da biblioteca. Leu tantos livros quanto se pode para um homem de 22 anos.Após voltar da última guerra, travada por bobagem de uma carta não respondida, ele decidiu se aposentar dos campos, do cheiro de ferro, da falta de comida a todos, da morte... Cillín agora dedica sua vida a leitura, a aprender a arte de cozinhar, a cuidar de sua mãe e sua irmã que nasceu a pouco mais de 5 meses.Muitos perguntam sobre seu pai e ele nunca sabe responder. Por qual motivo? Não o conhece.
Aiyana estava encantada com o palácio. Apesar de sua cor azul desbotada, existia alguns detalhes antigos que davam um ar de local histórico. Um local que já passou tanta, tanta, tanta coisa, tantas histórias vividas que foram contadas e outras que não tiverem o privilégio de serem admiradas e contadas.Ela caminhava olhando para cima, para os lados, para o chão e tudo trazia uma vibração. Ela sentiu no fundo da sua alma que de alguma forma era ali que ela devia ter nascido.Aiyana caminhou firme em direção a biblioteca e ao entrar, parou e somente ficou ali parada de boca aberta.A biblioteca exalava inteligência e mistério. A luz das lamparinas iluminava os meses por ali espalhadas, as poltronas
Cillín passou todo horário de visita procurando a moça de cabelos cacheados. Ele ainda podia sentir levemente o cheiro dela. Cheiro de vento com brasas e chuva e terra molhada. Uma mistura que era perfeita. Como poderia existir tal mix de cheiros em uma só pessoa, ele não fazia ideia.Ele caminhou pelos corredores, subiu as escadas, olhou de cima para vê se à achava, e nada. De alguma forma, sem entender, seu sangue e alma clamavam por ela.Até que chegou perto do horário de fechar as portas e ele desistiu de procurá-la. Seguiu caminhando para seu quarto, e por fim se jogou no colchão macio e único. O seu travesseiro tem o cheiro dele, leve cheiro de grãos negros com lenha queimada.Ele tirou toda
Tinha se passado uma semana desde o ocorrido na biblioteca e do sonho.Os abençoados estão tentando se acostumar com o fato de terem sido abençoados e tentando adivinhar como ministram seus poderes.Cillín queria descobrir como usar o fogo que ele tinha em suas veias. Ele conseguia sentir o calor correndo em seu corpo, conseguia sentir nas noites frias que teve a três dias atrás. Ele de alguma forma conseguiu aquecer a casa inteira ao ponto de não precisar usar as lãs para se aquecer.Já a abençoada Aiyana, ainda não conseguia acreditar em seus possíveis dons. Na mesma noite fria em que Cillín conseguiu se aquecer, ela se molhou inteira. A água desligou do copo que estava ao lado de sua cam
A minutos atrás Aiyana havia saído de casa após confirmar que seus dons estavam quietos em seus baús. Os baús internos eram a forma que ela havia achado em um momento de meditação como guardar cada dom.A minutos atrás ela caminhava pela vila tranquilamente. Conversando com as pessoas, dando alguns sábios conselhos, ajudando em algo em casa.A minutos atrás ela caminhava só, até que sentiu alguém chegando perto dela. Tal pessoa caminhava devagar, como se estivesse com medo ou na intenção que ela não percebesse. Mas depois do evento na biblioteca, todos os sentidos de Aiyana tinham se aguçado.Agora ela se via diante um homem, aparentemente bonito, ajoelhado em sua fren
Em algum lugar do mundo existe um lado totalmente brilhante, lindo, sereno e amoroso.Em outro lugar do mundo existe um lado totalmente escuro, maldoso, feio e aterrorizante.Em ambos lugares existe alguém que toma conta.De um lado, alguém tão bom tomava conta daquelas terras boas, que seu corpo brilhava uma luz branca serena, quando andava parecia flutuar sobre os gramados ou pedras que ladrilhavam a passagem. Seu cabelo parecia um raio de sol. Seus olhos azuis são tão calmos quantos os lagos dessa terra . Uma pessoa calma, firme em sua voz mas, ao mesmo tempo, serena. Uma pessoa cuja bondade controla sua vida.Do outro lado, alguém tão mal tomava conta daquelas terras que seu corpo p
O Reino do Vento é um dos mais conhecidos reinos. A existência dos outros reinos não passava batido.O Reino do Mar é o mais banhado pelas águas.O Reino da Brasa é o mais banhado pelo sol.O Reino do Deserto já diz em seu nome o que tem em abundância. As terras banham as cidades em todos os pontos cardeais. As pessoas deste reino tem uma pele tão macia e que parecem sementes de maçãs. Os habitantes deste reino tem os cabelos brancos, de um branco banhado pela lua.Nesse reino, existe um homem que, há um mês, despertou um incrível dom. O dom da água. Durante seu trabalho rotineiro de buscas, ele sentiu sua palma da mão molhar i
O Reino da Brasa é o mais banhado pelo sol. Suas terras são quentes, calorosas e brilhantes. A areia ao redor do reino é quente e relaxante, por muitos é usada para relaxar.Nessas terras quentes e brilhantes como se fosse pura brasa, existe a grande guerreira Azura. Chefe das linhas de frente da unidade Gavião de Guerra. Azura que carrega em seu olhar o desafio de quem tiver a ousadia de a desafiar.Tal pessoa tem o orgulho e a determinação na mesma bandeja.Há um mês atrás ela também foi abençoada. Uma abençoada direta. A sua deusa regente não deixou seu dom em nenhum sangue, disse a todos os deuses: " vou escolher aquela ou aquele que combine comigo. Se vocês acham ruim, se danem."