Gerard estava tomando café, no restaurante do hotel. Caíque veio por trás e o abraçou. O francês acariciou a mão dele e sorriu.- Bom dia, meu lindo.- Bom dia, Caíque. Vamos tomar café juntos?- Com certeza. Esse cheiro de café fresquinho e pão francês é um bálsamo para a alma, imprescindível para começar bem o dia.- Isso se chama fome.- Também mas o café da manhã é a principal refeição do dia. Além do alimento material é fundamental o alimento espiritual, a oração. - Com certeza.Caíque se serviu, na mesa com variedades de pães e bolos. Ele pegou tapioca, mamão papaya, queijo com goiabada e bolo de aipim. - Por quê o espanto?- Alguém aqui acordou com fome de leão. Vai dar conta disso tudo?- Ah, meu filho. Na Europa não tem essa fartura, essa mesa espetacular que me lembrou do Brasil, especialmente dos hotéis de Maragogi, em Alagoas. Já lhe mostrei algumas fotos da minha viagem pra lá, com o Humberto.- Hum, hum. Estava demorando pra você falar nele. Não está curioso?- Muito.
Endrigo estava surpreso.- Vocês dois se conhecem?- Sim. Esse é o Bastian, um velho amigo.Os homens estavam assustados.- Paco. Ela disse o nome verdadeiro do almirante.- Sim. Pelo jeito se conhecem há tempos.Paco guardou a arma.- Você ia nos matar, Bastian?- Não. Seria só um susto, Damiana. Ninguém vem até aqui e pergunta da Carmem. Esse nome é proibido entre meus homens.Um dos homens cutucou Paco.- O rapaz é a cara do capitão.- Realmente é parecido demais. Eles entraram no barco. Bastian pegou uma garrafa de rum.- Aceitam um trago?Endrigo não quis, Damiana idem. Ela o encarou.- Mundo velho gira. Nos encontramos, finalmente.- Você é quem sumiu, rabugenta.Endrigo se levantou.- Não chama a minha mãe de rabugenta, velho. Mais respeito.- Ele não fala mas rosna. Você não lhe deu educação?- Se ao menos tivesse um pai presente?- Eu? Presente? Como, se soube do garoto muito depois. Ele já era barbado.- Você estava noivo daquela mulher.- Ela estava grávida, por isso a esc
A tarde caiu quando Apollo e sua equipe retornaram ao hotel. Um dia produtivo, de ótimas consequências e oportunidades.- Satisfeito. Eu pago o jantar no melhor restaurante da cidade.- De jeito nenhum, meu caro. O melhor restaurante fica no meu hotel e daqui vocês não saem.- Está bem, Gerard. Agora você é parceiro da fundação.- Exatamente, Apollo. Teremos uma noite de shows musicais. Faço que da preencher de vocês.Eles foram aos seus quartos. Caíque bateu a porta do quarto de Humberto.- Entre, Caíque.- Obrigado. Preciso falar contigo a sós.- Não vai me cobrar aquela grana, vai?- Que grana?- Não se lembra, me emprestou três mil reais para visitar minha mãe?- Não lembrava.Humberto abriu a gaveta do criado mudo.- Eu não esqueci. Aqui está, com juros e correções monetárias. Três e quinhentos.- Vou aceitar. Não precisava mas sei que é importante pra você. Ainda mais nessa fase.- Nessa fase? Não entendi.- Nessa fase de superação, de ter objetivos e ser uma pessoa melhor.-
Jheniffer se jogou no sofá, grande e macio, no quatro do hotel.- Missão Haiti cumprida com louvor, meu CEO favorito.Apollo tirou a gravata e os sapatos.- Graças a Deus, ao engenheiro De La Torre, a minha equipe maravilhosa, ao apoio do Gerard e dos funcionários da fundação.- Esqueceu da equipe de empregados da construtora do Johansson.- Deles também. Que Deus abençoe cada um, por cada pequeno gesto, querida.Ela o beijou.- Foi uma grande sacada colocar o nome da Zilda Arns na casa da fundação.- Sim, especialmente aqui, na capital Porto Príncipe, onde ela faleceu por ocasião do furacão devastador de 2010.- Era uma grande mulher.- Sem dúvida. Ela merecia ter ganho o prêmio Nobel da Paz. Pra mim, ela ganharia só pela criação da pastoral da criança, que começou no Brasil e foi para outros países, salvando milhares de crianças. A pesagem, o soro caseiro e outras benesses. Além disso, ela atuou em outras frentes. - Era médica pediatra?- Era sim. Irmã do grande cardeal dom Paulo E
Velasco e Damiana andavam pela ilha.- Que loucura, mamãe. Em dois dias, eu conheço o meu pai biológico, no outro que Consuelo está viva.- De fato, filho. Duas notícias boas?- As duas? Uma, talvez. A outra é preocupante.- O que o preocupa?- Consuelo e toda essa situação. Tudo está ligado. Bastian foi ajudado por ela. Uniu-se a Velasco e seus homens. Ele explode o iate mas a salva, assim que fica sabendo que ela estava a bordo. Ele foi contra as ordens do Velasco.- Por isso está aqui, escondido. Incrível que a Consuelo não nos reconheceu.- É melhor assim. Queria ver a cara do Apollo quando souber que ela não morreu. Sabe sobre o Velasco e suas atividades criminosas.- Será um choque. Temos que estudar tudo certinho. Se Bastian estiver certo, Velasco é muito perigoso.- Com certeza.Eles se viraram. Bastian estava atrás deles, na trilha.- Agora quer nos matar de susto?- Não mesmo, Damiana. Vi quando se afastaram da casa e resolvi seguir vocês dois. A ilha têm cobras, aranhas e s
São Paulo, inverno brasileiro.- Hora de voltar a realidade, bebê.Jheniffer saiu da cama, dando as costas para Bruno, o rapaz de ombros largos e abdômen trincado, esparramado na cama. Ele admirou o corpo dela. Uma perfeição. Uma grande tatuagem se destacava nas costas da moça. - Linda essa tattoo. O que significa?Ela se virou.- É um nó celta, um amuleto. Significa trindade, unidade e eternidade.- Que profundo.Ele abraçou o travesseiro.- Quero fazer um mantra no braço direito, Bruninho.Jheniffer esvaziou a taça de champanhe. Em seguida, vestiu a lingerie preta.-Seria capaz de ficar a vida inteira aqui, Jheniffer.Ela sorriu.- A vida não é só prazer e glamour.- Seus treinos têm dado resultado. Você está com um corpo incrível.- Sei disso. Você não é o único que repara. Tenho que voltar ao trabalho. Vou passar no fórum pra recolher uns documentos.Ela sentou-se na cama pra calçar as sandálias. Bruno a abraçou.- Foi mara. Teremos um replay?Ela colocou o relógio, a pulseira e
- Sou Alfredo Nascimento, advogado e fiscal do concurso. Que Deus lhe dê em dobro o que fez por mim.Jheniffer estendeu a mão.- Amém. Prazer, sou Jheniffer Stuart, estudante de Direito e, se passar nessa prova, talvez uma funcionária do INSS.Nascimento riu. Ela bateu no ombro dele com a palma da mão, uma de suas manias.- Pode rir. Sei que meu nome remete a personagens de livros de romance americano ou daquelas séries policiais. Acho que foi de onde meus pais tiraram meu nome.- É um nome forte, diferente. Você se expressa muito bem. Já comprovei que é uma pessoa gentil e bondosa. Trabalha onde?-Era garçonete mas fiz um acordo. Forneci o traseiro, a empresa forneceu o pé. Fui despedida por me atrasar. Estou desempregada. Preciso de um emprego pra ajudar meus pais a pagarem minha facul.Nascimento tirou um cartão do bolso.- Nascimento e Gomes Advocacia. Passe lá, na segunda feira. Temos uma vaga de secretária, se quiser. Poderá também me auxiliar nos processos. Ela tremia ao pegar
- Terminei minha rotina, Stefany. Faria uma aula de pilates, se não tivesse que pousar no hospital, como acompanhante do Nascimento.Como de praxe, o movimento da academia aumentou no fim da tarde. Jheniffer e Stefany foram até a área das bicicletas ergométricas.- Vamos pedalar um pouco. Apreciar o movimento e a música.- Você quer dizer paquerar.- Isso, Stefany. Ver se tem carne nova no açougue. Um boy magia ou um novinho.- Esse é o horário dos bombados. Disfarça, Stefany. Tem três deles nos secando, na prancha abdominal. Melhor olhar para a recepção. O próximo que entrar, é seu. Se for um gato, é meu.Stefany lidava bem com o fato dos rapazes terem mais olhos pra Jheniffer, que realmente era linda e chamava muito a atenção.- Jheniffer, você é terrível. Passa o rodo geral. Tirando os instrutores, que são gays por imposição do Michel, todos pagam pau pra você.- Esqueceu das mulheres. Não é minha praia mas respeito. Por enquanto, não.- Olha. Novidade isso. Ficaria com outra mul