Gerard se esfregou em Humberto, na pista de dança. Sem dar espaço a saliências, Humberto o empurrou de leve.- A pista é grande, Gerard. Não somos siameses.- Você me atrai.Humberto foi para o bar. Gerard o seguiu. Ele sentou-se ao lado do brasileiro.- Quero uma limonada. Estou sedento.Gerard pegou um limão, na cesta de frutas que decorava o bar.- Água gelada, açúcar e gelo. Agora o limão e é só bater.Gerard colocou o limão na boca e começou a girar. Humberto não aguentou e caiu na gargalhada.- Você é um besta.Gerard pediu duas limonadas ao barman.- É sério isso? Está mesmo a fim de mim?- Não minto. Odeio mentiras. Estou vidrado, desde a primeira vez que o vi, Humberto. Caíque só fala de você, por isso o conheço bem. Nossa, ele fala da sua comida e tempero, das suas brincadeiras, das farras, do seu jeito de dormir que parece que está escalando um prédio igual ao homem aranha.- É, eu durmo assim mesmo. O joelho quase batendo no peito.Humberto tomou o suco.- Uau. Deliciosa,
Gerard estava tomando café, no restaurante do hotel. Caíque veio por trás e o abraçou. O francês acariciou a mão dele e sorriu.- Bom dia, meu lindo.- Bom dia, Caíque. Vamos tomar café juntos?- Com certeza. Esse cheiro de café fresquinho e pão francês é um bálsamo para a alma, imprescindível para começar bem o dia.- Isso se chama fome.- Também mas o café da manhã é a principal refeição do dia. Além do alimento material é fundamental o alimento espiritual, a oração. - Com certeza.Caíque se serviu, na mesa com variedades de pães e bolos. Ele pegou tapioca, mamão papaya, queijo com goiabada e bolo de aipim. - Por quê o espanto?- Alguém aqui acordou com fome de leão. Vai dar conta disso tudo?- Ah, meu filho. Na Europa não tem essa fartura, essa mesa espetacular que me lembrou do Brasil, especialmente dos hotéis de Maragogi, em Alagoas. Já lhe mostrei algumas fotos da minha viagem pra lá, com o Humberto.- Hum, hum. Estava demorando pra você falar nele. Não está curioso?- Muito.
Endrigo estava surpreso.- Vocês dois se conhecem?- Sim. Esse é o Bastian, um velho amigo.Os homens estavam assustados.- Paco. Ela disse o nome verdadeiro do almirante.- Sim. Pelo jeito se conhecem há tempos.Paco guardou a arma.- Você ia nos matar, Bastian?- Não. Seria só um susto, Damiana. Ninguém vem até aqui e pergunta da Carmem. Esse nome é proibido entre meus homens.Um dos homens cutucou Paco.- O rapaz é a cara do capitão.- Realmente é parecido demais. Eles entraram no barco. Bastian pegou uma garrafa de rum.- Aceitam um trago?Endrigo não quis, Damiana idem. Ela o encarou.- Mundo velho gira. Nos encontramos, finalmente.- Você é quem sumiu, rabugenta.Endrigo se levantou.- Não chama a minha mãe de rabugenta, velho. Mais respeito.- Ele não fala mas rosna. Você não lhe deu educação?- Se ao menos tivesse um pai presente?- Eu? Presente? Como, se soube do garoto muito depois. Ele já era barbado.- Você estava noivo daquela mulher.- Ela estava grávida, por isso a esc
A tarde caiu quando Apollo e sua equipe retornaram ao hotel. Um dia produtivo, de ótimas consequências e oportunidades.- Satisfeito. Eu pago o jantar no melhor restaurante da cidade.- De jeito nenhum, meu caro. O melhor restaurante fica no meu hotel e daqui vocês não saem.- Está bem, Gerard. Agora você é parceiro da fundação.- Exatamente, Apollo. Teremos uma noite de shows musicais. Faço que da preencher de vocês.Eles foram aos seus quartos. Caíque bateu a porta do quarto de Humberto.- Entre, Caíque.- Obrigado. Preciso falar contigo a sós.- Não vai me cobrar aquela grana, vai?- Que grana?- Não se lembra, me emprestou três mil reais para visitar minha mãe?- Não lembrava.Humberto abriu a gaveta do criado mudo.- Eu não esqueci. Aqui está, com juros e correções monetárias. Três e quinhentos.- Vou aceitar. Não precisava mas sei que é importante pra você. Ainda mais nessa fase.- Nessa fase? Não entendi.- Nessa fase de superação, de ter objetivos e ser uma pessoa melhor.-
Jheniffer se jogou no sofá, grande e macio, no quatro do hotel.- Missão Haiti cumprida com louvor, meu CEO favorito.Apollo tirou a gravata e os sapatos.- Graças a Deus, ao engenheiro De La Torre, a minha equipe maravilhosa, ao apoio do Gerard e dos funcionários da fundação.- Esqueceu da equipe de empregados da construtora do Johansson.- Deles também. Que Deus abençoe cada um, por cada pequeno gesto, querida.Ela o beijou.- Foi uma grande sacada colocar o nome da Zilda Arns na casa da fundação.- Sim, especialmente aqui, na capital Porto Príncipe, onde ela faleceu por ocasião do furacão devastador de 2010.- Era uma grande mulher.- Sem dúvida. Ela merecia ter ganho o prêmio Nobel da Paz. Pra mim, ela ganharia só pela criação da pastoral da criança, que começou no Brasil e foi para outros países, salvando milhares de crianças. A pesagem, o soro caseiro e outras benesses. Além disso, ela atuou em outras frentes. - Era médica pediatra?- Era sim. Irmã do grande cardeal dom Paulo E
Endrigo e Damiana andavam pela ilha.- Que loucura, mamãe. Em dois dias, eu conheço o meu pai biológico, no outro que Consuelo está viva.- De fato, filho. Duas notícias boas?- As duas? Uma, talvez. A outra é preocupante.- O que o preocupa?- Consuelo e toda essa situação. Tudo está ligado. Bastian foi ajudado por ela. Uniu-se a Velasco e seus homens. Ele explode o iate mas a salva, assim que fica sabendo que ela estava a bordo. Ele foi contra as ordens do Velasco.- Por isso está aqui, escondido. Incrível que a Consuelo não nos reconheceu.- É melhor assim. Queria ver a cara do Apollo quando souber que ela não morreu. Sabe sobre o Velasco e suas atividades criminosas.- Será um choque. Temos que estudar tudo certinho. Se Bastian estiver certo, Velasco é muito perigoso.- Com certeza.Eles se viraram. Bastian estava atrás deles, na trilha.- Agora quer nos matar de susto?- Não mesmo, Damiana. Vi quando se afastaram da casa e resolvi seguir vocês dois. A ilha têm cobras, aranhas e sa
A Van do hotel de Gerard estacionou em frente ao aeroporto de Porto Príncipe. Apollo se despediu de Gerard.- Muito obrigado, amigo. A gente se fala. Desde já, fica a minha admiração por sua pessoa, o obrigado por sua sua colaboração e o meu convite para ser administrador de uma das nossas casas aqui.- Sério, Apollo? Ouviu isso, Caíque?- Sim. E foi indicação minha. Humberto também aprovou.- Eu aceito, Apollo. Espero dar conta dessa missão.Marcela, Nascimento, Estela e Jheniffer se despediram dele. Caíque lhe deu um afetuoso e longo abraço.- Você não ficou uma semana no hotel. Está me devendo.- Sei. Eu voltarei, Gerard.Humberto se despediu. Primeiro com um aperto de mão, depois Humberto quis um abraço.- Você é um sem noção. Me testou a pedido do Caíque.Sussurrou Humberto ao francês.- Caíque o ama. Ele só queria ter certeza da sua mudança pra retornar de onde nunca saiu.- Está desculpado. Fica na paz.- Amei conhecê-lo.- Você tem um grande coração, Gerard. Vai preenchê-lo aj
Marcela e Nascimento saíram do aeroporto, em Tegucigalpa, capital de Honduras. Ganimedes Fonseca, o engenheiro responsável pelas obras das casas da fundação Hermann, os aguardava.- Bem vindos, amigos.- Obrigado, Ganimedes. Apollo pediu que nos aguardasse no aeroporto. Isso nos tranquiliza.Disse Nascimento, após se apresentar ao engenheiro.- Sim. É um prazer recebê-los. Apollo falou que a sua esposa têm ótimas idéias.- Verdade. Estamos ansiosos em conhecer o canteiro de obras.- Os levarei ao hotel, Nascimento. Retornarei em duas horas e iremos até os locais das casas.- Perfeito. Desde já, muito obrigado.- Estamos no mesmo projeto, com os mesmos objetivos.Johansson e Estela já estavam instalados num hotel cinco estrelas, em Kingston, Jamaica.- Seu quarto tem um vista linda, senhora Estela.- Verdade. Apollo e Humberto certamente pesquisaram esse hotel, onde os melhores quartos estão no décimo oitavo andar, perto da cobertura. A visão é magnífica.- Você é privilegiada. Meu qua