Início / Romance / A APOSTA DE JHENIFFER. / CAPÍTULO 3. A APOSTA.
CAPÍTULO 3. A APOSTA.

- Terminei minha rotina, Stefany. Faria uma aula de pilates, se não tivesse que pousar no hospital, como  acompanhante do Nascimento.

Como de praxe, o movimento da academia aumentou no fim da tarde. Jheniffer e Stefany foram até a área das bicicletas ergométricas.

- Vamos pedalar um pouco.  Apreciar o movimento e a música.

- Você quer dizer paquerar.

- Isso, Stefany. Ver se tem carne nova no açougue. Um boy magia ou um novinho.

- Esse é o horário dos bombados. Disfarça, Stefany. Tem três deles nos secando, na prancha abdominal. Melhor olhar para a recepção. O próximo que entrar, é seu. Se for um gato, é meu.

Stefany lidava bem com o fato dos rapazes terem mais olhos pra Jheniffer, que realmente era linda e chamava muito a atenção.

- Jheniffer, você é terrível. Passa o rodo geral. Tirando os instrutores, que são gays por imposição do Michel, todos pagam pau pra você.

- Esqueceu das mulheres. Não é minha praia mas respeito. Por enquanto, não.

- Olha. Novidade isso. Ficaria com outra mulher, de boa?

- Com certeza. A espécie homem de verdade está em extinção, sabia? Homem perfeito, esquece. Não existe. É ficção.

- Concordo. Quando o cara é lindo,  é chato. Odeio aqueles que nos corrigem quando falamos errado.  Se é malhado, é pavão. Se é bom de cama, é galinha. Se é gentil e sabe cozinhar, é pobre. Se é rico, é um  grosso. Se é tudo isso num cara só, é gay.

As risadas delas  chamaram a atenção. Guilherme passou por elas.

- Estavam falando de mim, moçoilas? Já terminaram suas rotinas?

Stefany ficou séria.

- Já. Que tal  uma aposta, Jheniffer?

- Lá vem. Você sempre perde, Stefany.

- Que acha de você seduzir e sair com o primeiro que entrar na FitnessUp, nos próximos dez minutos?

- Não é assim que funciona, garota. Tem  que ter um prazo. Uma semana no mínimo. O bofe pode vir treinar dia sim, dia não.

- Verdade. Uma semana de prazo, então. Fechou?

- Não vale instrutores e funcionários da academia. Marca o tempo no cronômetro do seu celular.

Elas deram as mãos.

- Vai valer o que? Cem dólares? Três potes de sorvete de pistache? Uma semana de açaí grátis, na lanchonete da academia? Um pote gigante de Whey?

- Não, Stefany. Cansei de ganhar tudo isso de você , embora ame sorvete de pistache. Vamos apostar alto dessa vez.  Se você ganhar,  leva de mim cinquenta mil reais.

Stefany vibrou.

- Legal. E se você ganhar?

Jheniffer pensou, depois disse.

- Já ganhei. O seu escritório na avenida Paulista será nossa filial. Você trabalhará conosco.

- Gostei. Tomara que entre, nesse exato momento, o senhor Ambrósio,  que vende suplementos e halteres.

- Engraçadinha. Perder não faz parte do meu dicionário, Stefany. Vamos chamar o Gui, pra selar a aposta.

Elas gritaram ao mesmo tempo, chamando o instrutor. Deram as mãos e se encararam, como duas lutadoras de MMA.

- Corta aqui, Gui. É uma aposta.

Disse Jheniffer, com raiva.

- Corto, sim. Me poupem dos detalhes mas que vença a melhor. Amo as duas.

Ele selou a aposta, desfazendo o cumprimento. Jheniffer e Stefany se abraçaram. A porta da academia aberta, iluminada pela luz do sol. O tempo passando e nada. Nenhuma alma viva entrava na academia. As duas amigas com a adrenalina e ansiedade lá em cima. 

- Vai entrar um gato. Sarado, lindo e gostoso. Um sósia daquele ator que faz o Thor.

Jheniffer juntou as mãos. Uma espera angustiante. 

- Tempo se esgotando, torcida brasileira. Faltam dois minutos. Se não entrar ninguém, aposta cancelada e  sem efeito.

Jheniffer a interrompeu e deu um tapa no ombro da amiga.

- Olha. Entrou alguém.

Um vulto estava na entrada da academia, frequentada por pessoas da classe média alta da capital. Um rapaz foi até o balcão da recepção. Estava de calção preto , tênis branco e regata lilás. A toalhinha nos ombros. 

- Tirou os óculos escuros. Quem é?

- Nunca vi mais gordo, Jheniffer. É alto e esbelto. Parece que você se deu bem, amiga 

Guilherme atendeu o rapaz, dando-lhe as boas vindas. A atendente lhe entregou a ficha de inscrição. Jheniffer e Stefany se aproximaram da recepção.

- Bem vindo a FitnessUp, Apollo. Estamos no mês de aniversário da academia. Você ganhou um squizze, com nosso logotipo. Preencha o cupom, por favor. Vou torcer pra você ganhar a promoção de um mês de treinos gratuitos.

Apollo sorriu. Jheniffer e Stefany repararam nos seus olhos verdes. Apollo tinha a barba por fazer e um sorriso perfeito, de propaganda de creme dental. 

- Seria ótimo, Guilherme. Vou escolher a garrafinha preta.

- Você pode tudo, Apollo. Que voz de locutor de rádio. Nossa, que letra  linda. Vou lhe mostrar a academia.

Guilherme e Apollo passaram por elas. Guilherme sorriu. Apollo olhou para elas de relance. Falava com Guilherme sobre os aparelhos. Jheniffer sentiu o perfume dele. Ela beliscou Stefany.

- Perfume francês, amiga. Homem cheiroso é outro nível. Apollo, nome de deus grego.

Elas seguiram o rapaz com os olhos. Apollo foi cercado pelos instrutores.

- Comparado a ele, Bruno é um ogro. Se eu não ganhar essa aposta, pode me internar num hospício. Esse homem já é meu, Stefany.

Guilherme veio até o balcão. Jheniffer se apoiou em seus ombros.

- Diva, aqui não é lugar para alunos.

- Mas é lugar para melhores amigas. Quero a ficha daquele super homem, Apollo.

- Está bem, empoderada. Mandarei a foto da ficha dele, por W******p. Ele deixou os instrutores assanhados. Até eu, estava ovulando perto daquele pedaço de bom caminho. Ele está atraindo a atenção, como você, quando entrou aqui. Uma pulguinha me contou que Apollo tem a ver com a aposta que fizeram. Acertei?

- Sim. Que fique em segredo, Gui.

- Hum. Viu que olhos verdes? Vocês dois formariam um lindo casal. Teriam filhos belíssimos, como a Angelina Jolie e aquele ator loiro. Não posso falar o nome senão me arrepio.

Stefany se aproximou.

- Vamos, amiga.  Eu a deixarei na sua casa.

Durante o trajeto, Jheniffer estava quieta.

- Tudo bem. Vai querer desistir da aposta?

- Não. Nem pensava na aposta, sua louca. Estou preocupada com Nascimento. Odeio hospitais, Stefany. Se ele quiser ir ao banheiro, como faço? Não vou jantar lá, nem que a vaca tussa. Aquela comida sem sal e tempero.  Lá pras dez horas da noite eu saio e procuro um treiller de lanches. Farei isso por ele, meu amigo.

- Leve cobertor, hospitais são frios de madrugada.  Um livro pra passar o tempo. Há excelentes livros nas plataformas digitais. Vou pedir pra minha mãe colocar o Nascimento nas suas orações. 

Stefany a beijou no rosto.

- Te amo, Jheniffer. Mande notícias sobre o Nascimento, se tiver novidades.

- Está bem. Também te amo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo