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CAPÍTULO 2. UMA ADVOGADA BRILHANTE.

- Sou Alfredo Nascimento, advogado e fiscal do concurso. Que Deus lhe dê em dobro o que fez por mim.

Jheniffer estendeu a mão.

- Amém. Prazer, sou Jheniffer Stuart, estudante de Direito e, se passar nessa prova, talvez uma funcionária do INSS.

Nascimento riu. Ela bateu no ombro dele com a palma da mão, uma de suas manias.

- Pode rir. Sei que meu nome remete a personagens de livros de romance americano ou daquelas séries policiais. Acho que foi de onde meus pais tiraram meu nome.

- É um nome forte, diferente. Você se expressa muito bem. Já comprovei que é uma pessoa gentil e bondosa. Trabalha onde?

-Era garçonete mas fiz um acordo. Forneci o traseiro, a empresa forneceu o pé. Fui despedida por me atrasar. Estou desempregada. Preciso de um emprego pra ajudar meus pais a pagarem minha facul.

Nascimento tirou um cartão do bolso.

- Nascimento e Gomes Advocacia. Passe lá, na segunda feira. Temos uma vaga de secretária, se quiser. Poderá também me auxiliar nos processos. 

Ela tremia ao pegar o cartão.

- Legal. Dizem que o universo devolve em dobro todo bem que fazemos aos outros. Eu creio nisso. Perfeito. Estudar direito e trampar num escritório de advocacia. Estarei lá, doutor Nascimento.

Tempo depois, quando Jheniffer concluiu o curso de Direito, Nascimento lhe deu um anel de brilhantes na formatura. Foi preciso contratar outra secretária pois Jheniffer passou a trabalhar como advogada no escritório. Dois anos depois, com a aposentadoria de Gomes, Nascimento lhe propôs uma sociedade. O escritório passou a se chamar Nascimento e Stuart Advocacia. Eles formaram uma bela dupla. Nascimento preparava os processos, Jheniffer analisava-os minuciosamente, encontrando caminhos para a solução desses. 

- Você tem se dedicado muito, Jheniffer. Estou orgulhoso.

Nascimento estava satisfeito com a destreza da jovem advogada. Ela tinha vocação e garra, além de ser muito perspicaz. O número de clientes crescia a olhos vistos. 

- Um amigo está vendendo um apartamento no Morumbi. Quer se mudar para Curitiba e pede uma pechincha pra se desfazer do apê. É um apartamento simples mas está localizado no Morumbi, o que o valoriza sobremaneira. Excelente oportunidade pra você.

Jheniffer se assustou. Ela morava com a amiga Stefany.

- Eu?! É o meu sonho ter um  cantinho pra chamar de meu.  Até consigo pagar as prestações mas não tenho a grana da entrada,  dos documentos do cartório e prefeitura. Essa papelada e burocracia toda. 

- Eu tenho. Eu lhe empresto e você me paga, em suaves prestações. Não podemos deixar escapar essa ótima oportunidade.

Ela pulou no pescoço dele, quase o derrubando.

- Você não existe. Meus pais ficarão felizes ao saber.

- É o mínimo que posso fazer. Triplicamos o número de clientes, graças a você. Eu relutei em aceitar defender aquele jogador de futebol, no processo de divórcio com a cantora mas você me convenceu. Agarrou o caso com unhas e dentes.  Vencemos. O caso saiu na mídia, nos deu projeção e notoriedade. 

- Minhas aulas de retórica e oratória me auxiliaram nas audiências e tribunais. Não basta conhecer a lei e ter uma bela voz, meu caro. Estou louca pra conhecer o meu apê.

E foi assim que nasceu a bela amizade entre eles.

Jheniffer ligou para Stefany.

- Amiga. Vou me atrasar um pouco. Sei que é a despedida da Lorraine, a professora de zumba. Marcela me ligou, aflita. O Nascimento está no hospital Redenção. Teve um princípio de infarto, ao sair do trabalho. Quero passar lá.

- Puxa. É grave, então. Mande um abraço pra juíza Marcela.

Jheniffer chegou ao hospital. Marcela estava na recepção. Jheniffer a abraçou.

- Como ele está?

- Está na UTI, a Unidade de Tratamento Intensivo. O médico disse que foi apenas um susto, um princípio de infarto. Sorte ter sido socorrido a tempo. Nada será como antes.

Jheniffer estava aliviada.

- Vamos pensar no melhor. Ele vai sair dessa. Você o viu? Ah, Stefany lhe mandou um abraço e votos de melhoras para o  Nascimento.

- Stefany é uma fofa. Não cheguei a entrar, só  vi meu esposo pelo vidro. Um médico me disse que faz parte do procedimento. Ele deverá ir para o quarto ainda hoje.

João Carlos e Simone, de doze e quinze anos respectivamente, vieram até elas. Eles  abraçaram a mãe. Estavam na capela do hospital. Eles também abraçaram Jheniffer.

- Tia Jheniffer, o papai terá que obedecer os médicos, cuidar da alimentação e abandonar as extravagâncias. Pra vigiar o gordinho, contamos com você.

- Pode deixar, Simone. Vou levá-lo pra academia também. O Brasil sempre teve ótimos cardiologistas, disso não precisamos nos preocupar. 

- O pior já passou. Nascimento vai passar por uma bateria de exames. Ele sempre foi sedentário, amante do cigarro e uísque. Totalmente relapso quanto a alimentação. Espero que aprenda com esse susto. Terá que mudar a rotina se quiser levar uma vida normal. Preciso de alguém pra ficar de acompanhante dele, hoje a noite.

Jheniffer se prontificou.

- Eu virei, com todo prazer, Marcela. Vou pra academia agora mas voltarei, às dezoito. Vocês precisam descansar.

Marcela concordou.

- Você é um anjo em nossas vidas, Jheniffer.

- Essa frase é minha.

Pouco tempo depois, Jheniffer e Stefany chegaram a academia FitnessUp.

- Não pude ver o Nascimento mas a Marcela garantiu que estava estável, após o apagão. O médico a tranquilizou. Foi um susto, Stefany.

Elas cumprimentaram as atendentes e os instrutores da academia. A música eletrônica alta. O vai e vem de alunos. O barulho dos halteres e aparelhos de ginástica. 

- Uau. Vamos começar nossa rotina ao som de Alok. Sabia que o rapaz,  que canta com ele, é brasileiro?

- Sério? Jurava que era americano, Stefany. Tem um inglês perfeito. Bora trabalhar a panturrilha. Nosso segundo coração, como sempre diz o instrutor Guilherme.

Após uma série de exercícios, elas se admiraram nos grandes espelhos.

- Vou fazer dorsal, bíceps e abdômen, Jheniffer. Tenho que passar no mercado, não tenho abacate pra fazer guacamole. O que resultou o processo da HDM?

Jheniffer estava aérea, com o pensamento em  Nascimento.

- Você está no mundo de Nárnia.  O processo da HDM, lembra?

- Me desculpe. Vencemos em todas as instâncias. Não cabe mais nenhum recurso pois surgiu uma prova conclusiva, de uma testemunha chave. O Almeida abriu o bico.

- Bafo. O Almeida, aquele arrastava um caminhão por você?

- A priori, sim. Saímos duas vezes, pra jantar. Nem sabia que era diretor da HDM. Estava com a corda no pescoço, envolvido em maracutaias e suborno de fiscais. Crime ambiental e mais. Apenas o convenci a me dar as provas. 

- Assim, de graça?

- Claro que não. O Almeida me queria e eu queria as provas. Além do mais, o Nascimento exigiu esforço total no caso pois nossa comissão chegaria perto da casa do  milhão. A HDM contratou ótimos advogados. O Almeida se demitiu e vazou pra  Europa. Exigi que assinasse um contrato de privacidade total. Ninguém pode saber disso, nem o Nascimento.

- Entendi. Sei ler nas entrelinhas. Você é top das tops.

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