(PONTO DE VISTA DE JARED)Pisei instantaneamente no freio, dei ré no carro e acelerei em direção ao restaurante. Ao chegar, como o repórter havia relatado, o restaurante realmente havia sofrido um incêndio.Meu coração continuava batendo forte enquanto me aproximava da multidão composta por bombeiros, clientes e funcionários. Usei os olhos para procurar Arielle.A cada momento que se passava sem vê-la, meu coração se apertava no peito, enquanto eu tentava afastar os piores pensamentos. Quando não consegui encontrá-la na multidão, decidi abordar algum funcionário. Quem sabe, talvez ela estivesse ausente do trabalho hoje.Com essa frágil consolação, aproximei-me de Rebecca, que eu havia avistado.— Oi, Rebecca, você está bem? — Perguntei, genuinamente preocupado e não apenas buscando informações.Ela me olhou, surpresa, mas assentiu. — S...sim, estou bem, obrigada.— Sinto muito pelo que aconteceu. — Disse, e então, olhando ao redor, perguntei: — Onde está Arielle?Ela me olhou como quem
(NARRATIVA DE JARED)— O que você acha que sua mãe quer conversar conosco? — Perguntou Sofia, quebrando o silêncio no carro.Estávamos a caminho da casa da minha mãe para jantar no dia seguinte, e Sofia não parava de se preocupar com o motivo do convite.Dei de ombros. — Não sei.— Espero que não seja algo ruim. — Continuou ela.— Eu também.Dirigimos em silêncio por mais alguns momentos, até que Sofia voltou a falar:— Você tem certeza de que está bem? Seu humor não tem sido dos melhores desde que voltou para casa ontem.— Estou bem. — Respondi, mantendo os olhos fixos na estrada. Não havia como dizer a ela que eu estava preocupado com Arielle desde ontem. De jeito nenhum. Isso causaria outro atrito.Sofia assentiu e olhou pela janela.Logo chegamos à casa da minha mãe, e o mordomo já estava esperando na porta para pegar nossos casacos. Minha mãe era fã de ter muitos funcionários com diferentes funções, ao contrário de mim, que preferia meu espaço.— Bem-vindos, senhor, senhora. — Cum
(NARRATIVA DE Arielle)Eu havia chegado na Itália e já estava me acomodando, embora a primeira semana tivesse sido um labirinto de orientações e espera pelos alunos que tiveram atrasos em suas chegadas. A academia oferecia acomodações, mas optei por ficar fora do campus devido à minha gravidez.Consegui um apartamento decente e passei a semana explorando a cidade, registrando-me para o pré-natal em um hospital e mantendo contato com minha mãe e Ashley.Mas nada disso preenchia o vazio que me consumia por dentro. No silêncio da noite, a cidade parecia respirar devagar, mas dentro de mim havia uma tempestade. Pensar em Jared e no filho que perdi fazia o peso do vazio parecer insuportável. Tentava manter ocupada, mergulhando em atividades para não relembrar essas memórias dolorosas.As aulas finalmente começaram, e, durante um intervalo, saí para tomar um pouco de ar fresco. Enquanto caminhava pelo pátio, meu coração disparou.Uma figura familiar chamou minha atenção — ombros largos, port
(PONTO DE VISTA DE JARED)Oito meses—já se passaram oito meses, mas parece uma eternidade. Minha vida desmoronou de formas que eu nunca imaginei, e certamente não para melhor. Sofia e eu... nunca deveríamos ter ficado juntos. Agora eu vejo isso claramente.O que começou como uma fuga—talvez dos meus próprios demônios—se transformou em outra prisão, uma que eu mesmo construí. O arrependimento me consome, mas é tarde demais. Tarde demais para consertar o que destruí.O momento em que Sofia perdeu o bebê mudou tudo. Eu não estava pronto para isso—nem para a vida que ela carregava, nem para a perda. Mas enquanto o peso do luto afundava em mim, percebi que não era apenas o filho dela que eu lamentava.Era o filho que perdi com Arielle.O que eu poderia ter tido. O que não estive lá para proteger.Ainda posso ouvir a voz de Sofia daquele dia—aguda, desesperada. Ela ecoa nos meus ouvidos até agora, me assombrando nos momentos de silêncio.(Flashback)Eu estava mergulhado em papelada, tentando
(NARRATIVA DE JARED)Observei com horror enquanto a mão de Sofia apertava o laptop.— Sofia, por favor. — Implorei, tentando manter minha voz baixa para não agravar a situação. — Não faça isso. Esse laptop contém arquivos e contatos muito importantes.— Arquivos e contatos importantes? — Ela zombou. — Ou apenas contatos importantes?— Sofia, pare com isso. — Avisei, sentindo minha paciência se esgotar.— Eu paro quando você demitir aquela sua secretária. — Ela disparou.Cerrei os dentes, pausando para avaliar minhas opções. Não podia me dar ao luxo de perder aqueles arquivos.— Está bem, vou demiti-la.A expressão de Sofia mudou um pouco, um sorriso malicioso se espalhando pelo rosto.— Faça isso agora.Peguei o interfone, minhas mãos pesadas de relutância.— Brooke, você está demitida, com efeito imediato.A voz de Brooke veio pelo interfone.— Senhor, por favor... o que foi que eu fiz?Mas encerrei a ligação, incapaz de ouvir suas súplicas.— Satisfeita? — Perguntei a Sofia, meus olh
(PONTO DE VISTA DE JARED)Ao fim do expediente, arrumei minhas coisas, pronto para ir embora. Relutava em voltar para casa, mas sabia que, se não fosse, Sofia certamente causaria outra cena. Além disso, não podia continuar fugindo da minha própria casa.Ao chegar em casa, Sofia me recebeu com um abraço. Recuo ao seu toque, como tenho feito ultimamente. É incrível como ela consegue agir normalmente depois do que fez no meu escritório mais cedo.— Oi, como foi o dia? — Perguntou ela, com uma doçura falsa que era fácil de perceber.— Fantástico, tudo graças a você. — Respondi sarcasticamente enquanto subia as escadas.O sorriso dela vacilou, mas ela não disse nada.Entrei no meu quarto, ou melhor, no nosso quarto, porque Sofia insistiu em se mudar para cá desde que ficamos noivos e estávamos prestes a nos casar. Nesse momento, meu celular tocou. Era minha mãe.— Alô, mãe. — Atendi.— Meu querido, como você está? — A voz familiar e reconfortante dela ecoou.— Estou bem, mãe. Acabei de cheg
(PONTO DE VISTA DE JARED)O nome dela, escrito com sua caligrafia. Um diário? Isso é tão antiquado, algo que só Arielle faria. Como nunca percebi que ela tinha esse hábito? Meu coração disparou enquanto eu passava os olhos pelas próximas páginas, buscando qualquer coisa—qualquer pista que pudesse me levar a entender o que eu tinha perdido.Deparei-me com uma anotação, e as palavras na página pareciam saltar aos meus olhos."Descobri que estou grávida hoje. Tenho sentido os sintomas, então fui ao médico. Está confirmado, vou ser mãe! Mal posso esperar para contar ao Jared… ele vai ficar tão feliz."A empolgação em suas palavras me atingiu como um soco no estômago. Quase podia ouvir sua voz na minha cabeça, como ela costumava me olhar com aquele sorriso esperançoso. Minhas mãos apertaram o diário enquanto meu peito se contraía dolorosamente. Nosso filho.Virei para a próxima página, meus olhos percorrendo a próxima entrada."Eu ia dar a notícia ao Jared hoje à noite, no jantar de anivers
(NARRATIVA DE JARED)Minhas mãos tremiam ao fechar o diário, mal processando as palavras que ainda ecoavam na minha mente. Então, ouvi passos do lado de fora da porta, me arrancando do meu transe.A porta rangeu ao abrir, e Sofia entrou, com a expressão já habitual de desagrado. Ela parou ao me ver, os olhos se estreitando com suspeita.— Sofia. — Murmurei, com a garganta apertada. — Precisamos conversar.Ela hesitou, as sobrancelhas se arqueando. — Sobre o quê?Não respondi imediatamente. Em vez disso, levantei o diário. — Você reconhece isso?Os olhos dela vacilaram—reconhecimento, talvez medo—mas ela rapidamente disfarçou com indiferença. — Não. Porque eu reconheceria?— Acho que você reconhece. — Falei, minha voz baixa, mas firme. — Olhe mais de perto.Ela hesitou, pegando o diário das minhas mãos, os dedos passando pela capa desgastada. — É só um diário, Jared. — Ela empurrou-o de volta para mim, com desdém. — Onde você encontrou isso?Ignorei sua pergunta. — Você o escondeu?Os o