(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Entrei em casa, exausta depois de um longo dia na academia. Tudo o que eu queria naquele momento era um almoço leve e uma longa soneca. Mas, ao entrar na cozinha, uma dor repentina atingiu meu abdômen.— Ah! — Gemi, segurando meu estômago.O que foi isso? Pensei, de repente tomada pelo pânico. Era trabalho de parto? Eu sabia que estava no nono mês, mas a data prevista para o parto era só no final do mês, e hoje era apenas o dia 15.A dor voltou, mais intensa dessa vez, e eu me curvei. Oh, Deus, algo está errado.Cambaleei até a sala de estar, peguei minha bolsa e procurei meu celular. Meus dedos tremiam enquanto discava o número de Dwayne.— Por favor, atenda, por favor, atenda. — Murmurei.— Arielle! — exclamei, aliviada quando ele atendeu.— Arielle, o que houve? — Ele perguntou, com urgência na voz.— Eu... Estou com muita dor, não sei o que é, mas dói muito. Meu abdômen, minha cintura...— O quê? Onde você está? — Ele perguntou, visivelmente alarmado.—
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)— Eu não sabia como te contar. — Disse baixinho, minha voz carregada de hesitação. — Não foi algo que eu escondi de propósito. Tinha medo de como a academia poderia reagir se descobrissem que eu estava grávida. Não sabia se ainda me aceitariam, ou se minha carreira estaria arruinada.A expressão de Dwayne ficou sombria, seus olhos misturando compreensão e decepção.— Nem eu? — A voz dele era calma, mas o peso por trás dela era inconfundível. — Arielle, somos amigos. Você realmente achou que eu faria algo contra você? Que eu te deixaria lidar com isso sozinha? Eu jamais faria algo assim, você sabe disso.Olhei para baixo. — Desculpa. — Murmurei, as palavras saindo de forma quase inaudível. — Eu realmente pensei em te contar, mas... não sabia como você reagiria. E, para ser honesta, pensei que talvez não pudesse fazer nada. Você não é médico, e eu não sabia se você entenderia o que eu estava passando.Ele balançou a cabeça levemente, sua voz firme. — Você não
(TRÊS ANOS DEPOIS)— E o melhor aluno geral e vencedor da bolsa de estudos de R$ 500.000 deste ano é... Arielle Meyers!Eu ofeguei ao ouvir o anúncio, incapaz de acreditar nas palavras do apresentador. Foi só depois que o auditório explodiu em aplausos e os olhares se voltaram para mim que percebi que, de fato, era o meu nome que tinham chamado.Levantei-me do meu assento, meu coração disparando de emoção enquanto caminhava pelos corredores entre as cadeiras, rumo ao palco elevado.Quando alcancei o palco, fui recebida com um sorriso caloroso pelo organizador, que me entregou o prêmio e apertou minha mão. — Parabéns, Arielle!Olhei para a plateia, encontrando os olhos da minha mãe e de Ashley, que sorriam amplamente. Elas tinham chegado no dia anterior para assistir à minha formatura. Sorri de volta para elas, desviando o olhar para meu filho de três anos, Maverick, que acenava animado no colo de sua babá.— A mamãe ganhou! — Murmurei, acenando para ele.Quando voltei a atenção para o
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Senti meu rosto corar de vergonha, e quando olhei para Dwayne, ele já estava me observando, um brilho divertido dançando em seus olhos verdes. Seu sorriso foi lento, quase provocante, como se estivesse gostando de me ver tão desconcertada.— Hm... — Murmurei, tentando recuperar um pouco de compostura. — Maverick, meu amor, pode voltar para o seu quarto? Mamãe precisa conversar um pouquinho com o tio Dwayne.— Tá bom, mamãe. — Ele respondeu, saindo do colo de Dwayne antes de correr para o quarto.Virei-me para Dwayne, ainda tentando superar a vergonha. — Não leve a sério o que ele disse. Ele só está sendo uma criança curiosa.Dwayne riu baixo, sua voz rica e suave. — Não me importo. Nem um pouco.Soltei um suspiro de alívio. — Obrigada.Mas então sua expressão mudou, seu olhar ficou firme, quase sério demais para o momento. — Você sabia que isso era só uma questão de tempo, certo?Franzi a testa, confusa. — O quê?— A pergunta de Maverick. — Disse ele, inclin
(PONTO DE VISTA DE JARED)— Anda logo, Sofia, vamos nos atrasar. — Chamei.Era uma noite de domingo, e estávamos nos preparando para ir à casa da minha mãe para o jantar. Desde o retorno dos pais de Sofia, minha mãe tornara isso um ritual: todos jantávamos juntos com a família Gold na casa dela aos domingos.Por mais que eu preferisse estar em qualquer outro lugar, não tinha muita escolha. Minha mãe não aceitava de bom grado a ausência no que ela chamava de "pequena reunião de família".Olhei para o relógio no pulso quando Sofia não apareceu, decidindo dar-lhe mais alguns minutos. Não entendia por que tanto alarde com maquiagem; era só um jantar.Alguns minutos depois, ela subiu as escadas. — Como estou? — Perguntou, fazendo uma pose.Honestamente, ela estava deslumbrante, mas sua aparência já não me impressionava mais. — Você está linda. — Respondi, rapidamente acrescentando, — Podemos ir agora?— Claro. — Ela respondeu.Saímos para o carro, e eu dirigi até a casa da minha mãe. Assim
(NARRATIVA DE ARELLE)— Podemos conversar? — A voz profunda de Dwayne ecoou pelo celular.Parei por um momento antes de responder: — Claro.— Não quero que seja na sua casa. Em um restaurante ou algum lugar ao ar livre.— Tudo bem. — Respondi.— Certo, passo para te buscar em duas horas.— Combinado. — Disse, encerrando a chamada.Suspirei e deixei o celular no sofá ao meu lado. Desde nossa última discussão, minha amizade com Dwayne estava bastante distante. Ele ainda ligava para saber como eu e Maverick estávamos, mas não nos visitava havia uma semana.Agora, eu não estava com raiva dele, pois suas ações eram justificáveis, mas também não podia me culpar. Ele queria mais do que eu estava disposta a oferecer no momento.Apesar disso, eu sentia falta dele e queria resolver as coisas, por isso aceitei sair com ele.— Ei, querido, vou sair um pouco. — Chamei.Maverick, que brincava com seus brinquedos a poucos metros de mim, levantou o olhar: — Para onde você vai, mamãe?— Tenho uma coisa
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Eu estava genuinamente emocionada com suas palavras gentis, e lágrimas brotaram nos meus olhos em gratidão. Antes que pudesse me controlar, levantei-me e o abracei.— Dwayne. — Murmurei, minha voz trêmula.Seus braços me envolveram, segurando-me com firmeza.— Você não precisa me agradecer. É isso que amigos fazem uns pelos outros.Voltei ao meu assento após nos desvencilharmos do abraço.— Quais são seus planos agora? Como pretende organizar sua volta ao país?Respirei fundo, pensando na logística.— Vou ligar para minha mãe e para Ashley para informá-las. Já faz anos, então com certeza vou precisar da ajuda delas para me estabelecer.— Tudo bem, é só me avisar onde eu entro nisso. — Disse Dwayne, com a voz suave. — Farei questão de estar disponível para ajudar no que for possível.— Muito obrigada.Ele assentiu e chamou o garçom para anotar nossos pedidos. E a noite seguiu de forma agradável.Ao terminarmos a refeição, ele olhou para o relógio.— Pronta pa
(NARRATIVA DE JARED)“O amor traz a dor mais aguda na sua perda, e a maior delas é quando perdemos a nós mesmos.”Suspirei e desviei o olhar do trecho de um livro que eu me obrigava a continuar lendo há minutos. Engraçado como isso ressoava tanto com o estado atual da minha vida.Suspirando novamente, olhei pela janela do meu escritório enquanto minha mente fazia o que tem feito de melhor ultimamente – pensar.Pensei no colapso drástico do meu relacionamento com Sofia. O que eu antes acreditava ser uma chama apaixonada eterna havia minguado tão rápido que restava apenas uma fagulha tímida, mal piscando.Sofia estava ficando cada dia mais imprudente, envolvendo-se com algumas mulheres não muito recomendáveis, cuja principal ocupação era festejar, fofocar sobre notícias de celebridades e gastar em compras. Eu, por outro lado, estava me afastando cada vez mais dela.A gota d’água foi o incidente com o cartão de crédito. Contra minha vontade, meus pensamentos retornaram àquele dia fatídico