(PONTO DE VISTA DE ANABELA)Caminhava ao lado de Aline, meu corpo presente, mas minha mente vagando. Estávamos saindo do hospital, e eu ainda me sentia atordoada. A médica havia pedido que eu retornasse em alguns dias para iniciar meu pré-natal, mas até aquele momento, apesar de ter visto meu filho no ultrassom, ouvido os batimentos cardíacos e segurado suas fotos, eu ainda me sentia em um sonho.Um sonho no qual o destino me havia lançado, mas que, mais cedo ou mais tarde, cruelmente me arrancaria. Aline, abençoada seja, entendeu o estado em que eu me encontrava e segurou firmemente meu braço. Um gesto pelo qual eu estava grata, porque eu não confiava em minhas pernas para não cederem debaixo de mim.Continuamos caminhando, perdidas em nossos pensamentos, quando, de repente, o aperto de Aline no meu braço se intensificou. — Anabela, olhe. — Ela sussurrou.Segui seu olhar, e meu coração afundou. — Vindo de um canto do corredor à nossa frente estavam Joaquim e Sofia. Pelo olhar em seus
(PONTO DE VISTA DE ANABELA)— Ir embora? O que você quer dizer? — Perguntou Aline, parecendo chocada.— Eu... Eu não posso mais ficar aqui. Preciso me afastar de tudo. De Joaquim, de Sofia, de tudo isso. — Respondi.Observei o rosto de Aline cair, e meu coração se partiu ainda mais. Sabia que ela não receberia bem a notícia, mas horas atrás, depois de chorar e acordar, pensei profundamente e decidi que partir era o melhor. Duvido que algum dia eu consiga a cura que mereço se continuar em um lugar que só me lembra minha dor e perda.— Para onde você vai? — Perguntou Aline, com a voz surpreendentemente calma. Sabia que era uma fachada, mas estava grata por ela tentar ser mais forte que eu, que já tinha lágrimas ameaçando escorrer pelo rosto.— Sinceramente, ainda não sei. Só sei que preciso ir. Não posso ficar aqui fingindo que tudo está bem quando não está. Quero começar uma nova vida e me curar mais rápido. Eu mereço paz e felicidade, e meu filho também.— Hum... Não sei, mas acho que
(PONTO DE VISTA DE ANABELA)Já se passaram alguns dias, e meu humor melhorou significativamente. Finalmente estava me adaptando à realidade de que estava, de fato, grávida, e era o melhor sentimento que tive em muito tempo. Visitei o hospital para mais exames, suplementos para a gravidez e retomei minhas sessões de pré-natal.Embora minha decisão de partir não tivesse mudado, ela estava em suspenso, pois não consegui abordar o assunto novamente com Aline. Toda vez que eu tentava, ela desviava do tema, mas eu entendia. Eu faria o mesmo se estivéssemos em papéis trocados.Mas sabia que precisaríamos ter essa conversa de qualquer forma. Decidi que seria durante o jantar de hoje à noite. Era hora de parar de adiar. Dediquei meu tempo para preparar o almoço antes que Aline voltasse do trabalho, certificando-me de que tudo estivesse perfeito.Eu estava colocando a mesa quando ela entrou e jogou a bolsa no sofá. — Nossa, algo está cheirando muito bem! — Exclamou ela.— Sim, fiz o seu prato fa
(PONTO DE VISTA DE ANABELA)— Itália? — Aline repetiu, os olhos arregalados de surpresa.— Sim, os fundadores da bolsa têm a academia deles na Itália — respondi, sentindo a empolgação crescer dentro de mim.— Que bolsa? — Aline perguntou, as sobrancelhas franzidas de confusão.— Aquela que o Sr. Souza, meu gerente, mencionou para mim. — Expliquei. — Eu tinha recusado, mas acho que é a solução perfeita para minha decisão de me mudar agora.— Me conta mais. — Aline começou a dizer, mas eu já estava saindo da cadeira apressadamente. Corri para a sala de estar e peguei meu celular do sofá, tocando na tela do calendário. Meu coração disparou ao perceber que faltavam menos de duas semanas para o prazo da bolsa expirar.— O que está acontecendo? — Aline gritou da cozinha.— Preciso ligar para o Sr. Souza. — Respondi, já discando o número dele.— Alô? — A voz do Sr. Souza soou na linha.— Oi, Sr. Souza. Estou ligando sobre a bolsa de estudos culinária. Sei que recusei inicialmente, mas estou i
(PONTO DE VISTA DE ANABELA)O período de espera antes da minha partida parecia uma bomba-relógio, marcando cada minuto que passava. Alguns dias antes de ir embora, decidi visitar minha mãe para contar sobre a viagem. Após uma cuidadosa reflexão, percebi que seria uma grande injustiça deixá-la no escuro.Encontrei-a no jardim, cuidando das flores.— Oi, mãe. — Chamei por trás dela.Ela se virou rapidamente, assustada. — Ah, sua terrível. — Exclamou, com um sorriso surgindo nos lábios. — Você me assustou.— Eu sei. Era essa a ideia. — Respondi, mostrando um sorriso travesso.— O que faz aqui? Não deveria estar no trabalho? — Perguntou, tirando as luvas.— Vim porque quero conversar com você.— Sério? Algo está errado? — Perguntou, olhando-me com preocupação.— Não exatamente. Podemos conversar lá dentro?— Claro, claro. Vamos entrar. — Murmurou, liderando o caminho.— Ganhei uma bolsa de estudos de gastronomia. — Anunciei assim que estávamos sentadas na sala de estar.— Sério? — Responde
(PONTO DE VISTA DE JOAQUIM)Era um sábado, e eu saía da ginásio após um treino exaustivo. Fiquei surpreso ao ver Sofia jogada no sofá, mudando de canal na televisão. Espere, ela não deveria estar se preparando para o evento beneficente?— Ei, você não deveria estar saindo para o evento beneficente em breve? — Perguntei, aproximando-me dela.Ela virou-se para mim com um encolher de ombros indiferente. — Não vou.— Porque não? — Não me sinto bem. — Disse, colocando a mão no estômago. — O bebê não quer que eu vá.Levantei uma sobrancelha. — Então, o dinheiro que te dei foi para nada?— Ah, eu comprei o vestido, mas não vou mais fazer doação nenhuma.Minha raiva explodiu como se estivesse na superfície esperando por esse momento. — O que está acontecendo com você, Sofia? Porque exigiu uma quantia tão grande de dinheiro e agora nem vai usá-lo para o evento beneficente?A raiva dela também surgiu, combinando com a minha. — Não grite comigo por causa de uma quantia tão pequena, Joaquim.Resp
(PONTO DE VISTA DE JOAQUIM)Pisei instantaneamente no freio, dei ré no carro e acelerei em direção ao restaurante. Ao chegar, como o repórter havia relatado, o restaurante realmente havia sofrido um incêndio.Meu coração continuava batendo forte enquanto me aproximava da multidão composta por bombeiros, clientes e funcionários. Usei os olhos para procurar Anabela.A cada momento que se passava sem vê-la, meu coração se apertava no peito, enquanto eu tentava afastar os piores pensamentos. Quando não consegui encontrá-la na multidão, decidi abordar algum funcionário. Quem sabe, talvez ela estivesse ausente do trabalho hoje.Com essa frágil consolação, aproximei-me de Renata, que eu havia avistado.— Oi, Renata, você está bem? — Perguntei, genuinamente preocupado e não apenas buscando informações.Ela me olhou, surpresa, mas assentiu. — S...sim, estou bem, obrigada.— Sinto muito pelo que aconteceu. — Disse, e então, olhando ao redor, perguntei: — Onde está Anabela?Ela me olhou como quem
(Do ponto de vista de Arielle)O aroma do jantar espalhava-se pelo ambiente, enquanto eu mantinha meus olhos fixos em meu marido, Jared. Seu cabelo escuro caía perfeitamente, emoldurando o nariz reto e a mandíbula marcada. Mesmo em roupas casuais, ele tinha uma presença inegável —ombros largos, um peito esculpido. Parecia ter saído de uma revista, mas ali estava ele, comigo.Era nosso aniversário, e, para comemorar, eu havia sugerido um jantar em casa, apenas nós dois.Apesar de seu habitual comportamento reservado, Jared tinha reservado um tempo em sua agenda de trabalho sempre cheia, algo que considerei adorável. Especialmente quando ele me olhava com aqueles olhos intensos, era difícil continuar irritada.Escolhi sentar-me de frente para ele, em vez da posição habitual ao seu lado, porque queria observar todas as suas reações quando finalmente lhe contasse a grande notícia.Veja bem, descobri ontem, no consultório do médico da família, que estou grávida. Guardei a notícia para