(NARRATIVA DE ARIELLE)Observei os olhos de Dwayne escurecerem com um ódio que eu não conseguia descrever. Um arrepio percorreu minha pele, subindo pelos braços e pela nuca. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e precisei me conter para não chorar na frente dele.— Deve ter havido uma razão… certo? — Tentei argumentar, obrigando-me a falar apesar do nó apertado na garganta. — Ele deve ter tentado te ajudar, mas simplesmente… não conseguiu…Dwayne soltou uma risada sem humor, fria e cortante, que reverberou dentro de mim.— Quem me dera. — Ele balançou a cabeça. — Quando cheguei aos Estados Unidos, encontrar ele não foi difícil. Velhos hábitos não morrem tão fácil, e ele tinha levado os negócios junto com ele. Naquele ponto, já tinha feito um nome para si mesmo. Mas o pior de tudo? Ver ele vivendo essa… essa vida perfeita com sua esposa e seu filho. Eu vi ele, Arielle. Eu vi Jared.Sua voz baixou, sombria:— Ele estava vivendo a vida que meu pai me negou. Engoli a dor e me convenci
(NARRATIVA DE ARIELLE)O olhar de Dwayne se prendeu ao meu, afiado, mas de alguma forma, também terno, enquanto ele soltava um suspiro medido.— Por um lado, acabei de lidar com uma grande reviravolta na Itália. Precisamos de uma base firme no Brasil, e o momento parecia certo. Por outro lado… — Ele hesitou, como se pesasse a gravidade do que estava prestes a dizer. — Eu vim para reivindicar o que é meu por direito. A herança da Nana.A explicação fazia sentido, alinhava-se com o que Ashley tinha me dito antes, e me peguei assentindo. Ainda assim, uma parte de mim não conseguia deixar de questionar por que essa herança era tão importante para ele.— Mas você já é um lorde da Máfia — Soltei, sem conseguir esconder minha incredulidade. — Você tem riqueza, poder, um império inteiro. Essa herança não é… insignificante em comparação?— Não se trata apenas do dinheiro ou das propriedades — Ele respondeu, balançando a cabeça. — Nana Jean detém uma parte significativa do poder da Máfia. Se eu
(NARRATIVA DE ARIELLE)Depois do que pareceu uma eternidade, o jantar finalmente terminou. Agradeci a Nana Jean e à mãe de Jared com meu melhor sorriso educado, embora por dentro eu estivesse praticamente tremendo de vontade de sair correndo dali.Assim que me levantei da mesa, Jared já estava ao meu lado, como uma sombra esperando seu momento de ação.— Eu te acompanho até a porta — Disse ele.Assenti, sem ânimo para discutir. Tudo o que eu queria era sair daqui o mais rápido possível. Quando chegamos à porta da frente, ele se virou para mim, os olhos cheios de súplica.— Arielle, posso ir para casa com você? — Ele perguntou, os olhos implorando.Pisquei, surpresa. Mas que diabos? Ele ia insistir nisso de novo? Já tínhamos discutido e chegado a um acordo!Endireitei a postura, assumindo uma expressão fria.— Não, Jared. Já falamos sobre isso, e minha decisão é definitiva. — Minha voz era firme, mas meu coração não. Não sei por que senti uma pontada no peito. Argh, coração traidor.O r
(NARRATIVA DE JARED)Eu estava parado com um pé apoiado no primeiro degrau da curta escadaria que levava à varanda da frente de Arielle. Parecia que a porta tinha batido bem na minha cara. E os vasos sanguíneos na minha pele pareciam dispostos a expor minha vergonha visivelmente. E, claro, só podia ser culpa dele.Dwayne.Eu tinha acabado de saber da existência dele há poucas horas, e ele já estava sendo um espinho na minha carne.Virei nos calcanhares, fervendo de raiva, e marchei em direção a ele.— Agora você vê o que fez? Tudo que precisava fazer era sumir das nossas vidas, desaparecer, mas não! Você é tão ciumento que não consegue usar o cérebro! — Gritei, furioso.Mas ele não respondeu. Assim que Arielle saiu de vista, ele caiu num silêncio frio e sem expressão. O terno preto que usava parecia se fundir com a noite, como se ele fosse parte das sombras. A mesma presença fria e intimidadora que senti no jantar voltou, sufocando o ar entre nós.Que diabos há de errado com esse homem
(NARRATIVA DE ARIELLE)Eu estava sentada à mesa de jantar, mexendo no meu laptop, tentando desenvolver uma ideia para um blog de gastronomia. Mas, até agora, nada parecia realmente encaixar. Eu só encarava a tela, onde um chef animado segurava uma bandeja de macarrão. O sorriso dele parecia até irônico, considerando o estado da minha mente naquele momento.— Meus respeitos, minha rainha. Ainda tem ânimo para trabalhar?Ouvi a voz antes mesmo de ver ela, o eco de Ashley descendo as escadas. Não pude evitar um sorriso amargo. Levantei o olhar e lá estava ela, caminhando em minha direção. Ela tinha se oferecido para ajudar com Maverick, e, sinceramente, eu não poderia estar mais grata.— Ele está dormindo profundamente. Ficou um pouco triste porque a mamãe não pôde ler a história favorita dele antes de dormir, mas... — Suspirou com um sorriso cansado e se jogou na cadeira ao meu lado.Soltei um longo suspiro exausto e me afundei no assento.— Obrigada, Ash. De verdade, o que eu faria sem
(NARRATIVA DE ARIELLE)Depois de trocar algumas frases piegas, ficamos envergonhadas, como se tivéssemos nos exposto emocionalmente demais. Então, Ashley, sempre aproveitadora, abriu um sorriso animado.— Tenho o remédio perfeito para o drama de hoje, uma noite de cinema! — Declarou, praticamente radiante.— Não dá, Ash. Preciso terminar esse projeto. — Indiquei a tela do meu laptop com um aceno.Mas ela me ignorou solenemente, estendeu a mão e fechou o laptop com um estalo.— Ah, sério? Depois de um dia tão cansativo? Trabalho pode esperar! Trabalho demais e nenhuma diversão… — Ela girou o pulso de forma dramática, esperando que eu completasse a frase.Revirei os olhos e suspirei.— …deixa o Jack mais duro do que estava ontem.— Errado, sua tonta! — Ela me deu um tapinha brincalhão no ombro. — Agora levanta! — Cantou, totalmente fora do tom, enquanto me puxava para ficar de pé.— Ah, Ash, sério? Preciso mesmo? Só quero me esgotar de tanto trabalhar e desmaiar na cama — resmunguei enqu
(NARRATIVA DE ARIELLE)Fiquei paralisada, fixando o olhar na figura que se aproximava de nós.Era Dwayne, impecavelmente casual em preto, destacando sua silhueta esguia e atlética.Na mão, segurava uma guia presa a um pastor alemão grande, que caminhava tranquilamente ao seu lado. No rosto, um sorriso despreocupado, como se nada tivesse acontecido na noite anterior. Um incômodo crescente tomou conta de mim.Big Joe pigarreou, rompendo o silêncio.— Estou indo agora.Com uma leve reverência, virou-se e partiu.Ao passar por Dwayne, fez mais uma reverência antes de seguir seu caminho.Cruzei os braços, observando Dwayne se aproximar.— Oi. — Saudou, com seu sorriso característico.Senti um misto de expectativa e irritação ao ver ele, me perguntando por que ele estava ali.— Oi. — respondi, com uma certa hesitação na voz. Não sabia como agir após ter fechado a porta na cara dele ontem à noite. Bem, não só na dele—mas na de Jared também.— O que você está fazendo no meu bairro tão cedo? —
(NARRATIVA DE ARIELLE)Senti meu rosto esquentar. Antes que Dwayne pudesse notar, rapidamente falei, mais alto do que o necessário:— Ok, chega disso. Preciso ir agora, senão Maverick e eu vamos nos atrasar. — Dei um passo à frente, pronta para escapar.Dwayne assentiu, tão calmo como sempre.— Claro.Assenti de volta e comecei a me afastar, mas antes que pudesse dar outro passo, duas figuras surgiram, vindo diretamente em nossa direção.Fiquei paralisada, lançando um olhar questionador para Dwayne. Eu não os reconhecia, mas estava claro que eles estavam focados nele.Dwayne já havia interpretado meu olhar.— Eles não representam perigo, Arielle. São meus funcionários.Ele se virou para os dois indivíduos, que já tinham chegado até nós.— Este é Rodrigo, e esta é Claire. Eles fazem parte da minha equipe e se mudaram comigo.Aproveitei o momento para observar os recém-chegados sem demonstrar demais. Claire era uma mulher alta e imponente, com um corte de cabelo curto e reto, olhos cinze