(NARRATIVA DE ARIELLE)Depois de trocar algumas frases piegas, ficamos envergonhadas, como se tivéssemos nos exposto emocionalmente demais. Então, Ashley, sempre aproveitadora, abriu um sorriso animado.— Tenho o remédio perfeito para o drama de hoje, uma noite de cinema! — Declarou, praticamente radiante.— Não dá, Ash. Preciso terminar esse projeto. — Indiquei a tela do meu laptop com um aceno.Mas ela me ignorou solenemente, estendeu a mão e fechou o laptop com um estalo.— Ah, sério? Depois de um dia tão cansativo? Trabalho pode esperar! Trabalho demais e nenhuma diversão… — Ela girou o pulso de forma dramática, esperando que eu completasse a frase.Revirei os olhos e suspirei.— …deixa o Jack mais duro do que estava ontem.— Errado, sua tonta! — Ela me deu um tapinha brincalhão no ombro. — Agora levanta! — Cantou, totalmente fora do tom, enquanto me puxava para ficar de pé.— Ah, Ash, sério? Preciso mesmo? Só quero me esgotar de tanto trabalhar e desmaiar na cama — resmunguei enqu
(NARRATIVA DE ARIELLE)Fiquei paralisada, fixando o olhar na figura que se aproximava de nós.Era Dwayne, impecavelmente casual em preto, destacando sua silhueta esguia e atlética.Na mão, segurava uma guia presa a um pastor alemão grande, que caminhava tranquilamente ao seu lado. No rosto, um sorriso despreocupado, como se nada tivesse acontecido na noite anterior. Um incômodo crescente tomou conta de mim.Big Joe pigarreou, rompendo o silêncio.— Estou indo agora.Com uma leve reverência, virou-se e partiu.Ao passar por Dwayne, fez mais uma reverência antes de seguir seu caminho.Cruzei os braços, observando Dwayne se aproximar.— Oi. — Saudou, com seu sorriso característico.Senti um misto de expectativa e irritação ao ver ele, me perguntando por que ele estava ali.— Oi. — respondi, com uma certa hesitação na voz. Não sabia como agir após ter fechado a porta na cara dele ontem à noite. Bem, não só na dele—mas na de Jared também.— O que você está fazendo no meu bairro tão cedo? —
(NARRATIVA DE ARIELLE)Senti meu rosto esquentar. Antes que Dwayne pudesse notar, rapidamente falei, mais alto do que o necessário:— Ok, chega disso. Preciso ir agora, senão Maverick e eu vamos nos atrasar. — Dei um passo à frente, pronta para escapar.Dwayne assentiu, tão calmo como sempre.— Claro.Assenti de volta e comecei a me afastar, mas antes que pudesse dar outro passo, duas figuras surgiram, vindo diretamente em nossa direção.Fiquei paralisada, lançando um olhar questionador para Dwayne. Eu não os reconhecia, mas estava claro que eles estavam focados nele.Dwayne já havia interpretado meu olhar.— Eles não representam perigo, Arielle. São meus funcionários.Ele se virou para os dois indivíduos, que já tinham chegado até nós.— Este é Rodrigo, e esta é Claire. Eles fazem parte da minha equipe e se mudaram comigo.Aproveitei o momento para observar os recém-chegados sem demonstrar demais. Claire era uma mulher alta e imponente, com um corte de cabelo curto e reto, olhos cinze
(NARRATIVA DE ARIELLE)O carro logo parou no estacionamento do restaurante, e Ashley desligou o motor. O som do motor se apagando foi um sinal claro de que havíamos chegado. Levantei os olhos do meu iPad, absorvendo a visão familiar do meu estabelecimento.O estacionamento já estava cheio de carros, e dava para perceber que os negócios estavam a todo o vapor.— Tudo bem? — Ashley perguntou, virando-se para mim com um olhar questionador.Assenti, os meus olhos voltando para o iPad enquanto deslizava pelas minhas anotações. — Ah, sim, tenho uma reunião com um fornecedor em alguns minutos, então estou revisando alguns detalhes.Ashley assentiu e deu um tapinha no meu ombro. — Boa sorte com isso. Eu preciso ir agora para não me atrasar para o trabalho.Assenti e nos abraçamos de lado. — Vou sentir sua falta — Disse, sentindo um pequeno aperto no peito.— Eu também — Ela respondeu com um sorriso. — Mas nos vemos mais tarde, tá?— Certo. Tchau, tenha um ótimo dia — Falei, pegando minha bolsa
(NARRATIVA DE ARIELLE)Recuei em choque, pois ele era a última pessoa que eu esperava ver ali, mas, ao mesmo tempo, fui grata pela interrupção. Pouco importava o motivo de sua presença ou como ele havia entrado na minha sala de reuniões, tudo o que importava era que eu teria um respiro do pervertido sentado a poucos metros de mim.— J... Jared — Chamei novamente, enquanto analisava sua aparência. Ele parecia um pouco desleixado, com pequenos machucados na testa e na sobrancelha... e o que era aquilo? Franzi a testa ao sentir um leve cheiro de álcool vindo dele.O que está acontecendo? Perguntei, prestes a questionar, quando ele avançou em direção ao Sr. Zeke, seus passos carregados de uma ameaça silenciosa.— Ah, Sr. Jared, suponho? Reconheço você das notícias de negócios. — Disse o Sr. Zeke, visivelmente nervoso. Era evidente que a presença de Jared o intimidava.— Eu estava apenas discutindo um acordo comercial com a Srta. Smith aqui. — Ele continuou, tentando fingir inocência.Os ol
(NARRATIVA DE ARIELLE)Jared parecia uma fera selvagem que havia perdido a sanidade. Seus beijos não seguiam padrão algum, movidos apenas por puro instinto animal.— Ja... Jared... — Ofeguei, mal conseguindo respirar.Empurrei ele com toda a força que tinha, mas foi inútil. Em vez disso, acabei rasgando o paletó do seu terno. O fogo em seus olhos só se intensificou e, num movimento rápido, ele me jogou no sofá, me prendendo sob seu corpo.Já havíamos nos beijado antes, já havíamos compartilhado a mesma cama, mas eu nunca o tinha visto assim. Louco. Selvagem. Como um animal mostrando os dentes. Sempre o vi como alguém poderoso, mas inofensivo. Agora, no entanto, um calafrio percorreu minha espinha.Seus beijos desceram, sua boca quente pressionando minha pele. Uma dor aguda e ardente atravessou minha clavícula.Instantaneamente, minha mente clareou, e encontrei minha voz novamente. Minhas mãos voaram até seu peito e empurrei com toda minha força, criando espaço o suficiente para o afast
(NARRATIVA DE JARED)Depois que Arielle foi embora, enterrei o rosto nas mãos, sentindo uma maré de frustração e culpa me dominar. Não podia ir atrás dela. Pelo menos… sabia que não deveria.Ela precisava de espaço, e, por uma vez na vida, a deixar sozinha parecia o mínimo que eu podia fazer depois de tudo que havia dito.Soltei um suspiro forte, tentando controlar minha respiração, mas não adiantou. O confronto se repetia na minha cabeça, cada detalhe me lembrando o quanto eu tinha estragado tudo.Como pude deixar minhas emoções fugirem do controle desse jeito? Deixei minha raiva me consumir, e agora só restava um desastre que eu mesmo causei.Não conseguia me livrar da sensação de que tinha arruinado tudo—de novo. Por mais que me frustrasse com a relutância dela em me perdoar, no fundo, eu sabia que não era sobre isso. Ela estava machucada. Eu a machuquei, e nunca deveria ter descontado minha raiva dessa forma.Eu deveria ter sido mais paciente, mais compreensivo.Quero dizer, como p
(NARRATIVA DE JARED)Senti algo se estilhaçar e se retorcer dentro de mim. A notícia me atingiu mais forte do que eu esperava, e por um momento, minha raiva por ela evaporou.Sofia continuou falando, sua voz pequena, carregada de culpa.— Jared... Eu não deveria estar te interrompendo com isso, mas é minha mãe, ela me pediu para...Mas ela foi silenciada pelo olhar gélido da Sra. Gold. Observei quando a mão dela apertou o pulso da filha, quase com força suficiente para o esmagar, como se pudesse a silenciar à força.Meus olhos voltaram para Sofia, havia algo nela agora tão vulnerável que me atingiu como um soco no estômago.Fiquei a encarando mais tempo do que deveria, incapaz de desviar o olhar da dor e da impotência refletidas em seus olhos.A Sra. Gold quebrou o silêncio com um tom afiado e acusador, sua voz cortante como um chicote.— Veja bem, Jared, temos tentado conseguir a ajuda da sua família. Afinal, eu salvei a vida da sua mãe anos atrás...Senti meu olho tremer com a irrita