(NARRATIVA DE JARED)Meu mundo pareceu se despedaçar naquele instante, enquanto eu olhava para a mão estendida de Dwayne. Mas não era só a mão que eu estava encarando; uma infinidade de pensamentos travava uma guerra na minha cabeça.Meu pai, o homem que eu sempre admirei, reverenciei como sábio, disciplinado e moralmente íntegro, teve um filho com outra mulher antes mesmo de se casar com minha mãe?!Senti o ar escapar dos meus pulmões. Meu peito se apertou. Como isso podia ser real? Como eu sequer começaria a processar essa informação? Meu pai, o homem que deveria ser meu guia moral, tinha um segredo. Isso não fazia sentido. Nada disso fazia.Olhei para Dwayne, buscando respostas nos olhos dele. Mas sua expressão era calma e controlada, sem revelar nada. Instantaneamente, uma onda de raiva e ressentimento tomou conta de mim contra esse estranho, esse intruso que apareceu para bagunçar a dinâmica da família que eu conhecia.Não apertei sua mão, nem reconheci sua saudação. Em vez disso,
(NARRATIVA DE DWAYNE)Minha cabeça foi jogada para trás com o impacto do soco de Arielle. Minha postura calma vacilou por um instante, flertando perigosamente com a perda de controle. Mas me recompus. O impacto do punho dela no meu rosto foi forte, e eu sabia que minha pele tinha ficado vermelha, mas já estive em situações bem piores.Não vacilei, não revidei. Apenas a encarei, com um brilho divertido no olhar.As habilidades de Arielle eram inegáveis. Poucas mulheres da idade dela mantinham um regime de exercícios tão rigoroso, e isso se refletia em seu físico esculpido. Seus braços eram definidos, esguios e fortes, seus punhos cerrados de raiva.Mas eu não era um homem qualquer. Com 1,93m de altura, minha força era igualada apenas pelo meu treinamento profissional, eu era um executor da máfia, um homem acostumado ao controle e ao poder.Enquanto eu a observava, não pude evitar ser atraído pelo fogo nos olhos dela. Sempre tive fascínio por mulheres de espírito forte, e Arielle não era
(NARRATIVA DE DWAYNE)Ela hesitou, e por um momento, temi que fosse me repreender, mas, por fim, assentiu em concordância.Soltei um suspiro discreto de alívio e fiz um pequeno gesto em direção ao banco atrás de nós. O mesmo onde eu a tinha pressionado contra minutos atrás.— Vamos sentar.Nos acomodamos no banco, nossos ombros se roçando ao sentarmos. O silêncio caiu entre nós, e eu sabia que estava esperando que eu o quebrasse. Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos.Por onde eu sequer começo? Lancei um olhar para Arielle e a encontrei me encarando com intensidade, me instigando em silêncio a falar.— É complicado. — Comecei, minha voz lenta e calculada.— Isso é uma das coisas sobre você que estou tentando entender. Você é complicado, e eu quero saber por quê. — Arielle disse, o rosto desenhado em uma linha de curiosidade e determinação.— Justo. — Assenti, deixando escapar um pequeno suspiro cansado. Sempre parecia esmagador demais recontar a história da minha vida.Mu
(NARRATIVA DE ARIELLE)Observei os olhos de Dwayne escurecerem com um ódio que eu não conseguia descrever. Um arrepio percorreu minha pele, subindo pelos braços e pela nuca. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e precisei me conter para não chorar na frente dele.— Deve ter havido uma razão… certo? — Tentei argumentar, obrigando-me a falar apesar do nó apertado na garganta. — Ele deve ter tentado te ajudar, mas simplesmente… não conseguiu…Dwayne soltou uma risada sem humor, fria e cortante, que reverberou dentro de mim.— Quem me dera. — Ele balançou a cabeça. — Quando cheguei aos Estados Unidos, encontrar ele não foi difícil. Velhos hábitos não morrem tão fácil, e ele tinha levado os negócios junto com ele. Naquele ponto, já tinha feito um nome para si mesmo. Mas o pior de tudo? Ver ele vivendo essa… essa vida perfeita com sua esposa e seu filho. Eu vi ele, Arielle. Eu vi Jared.Sua voz baixou, sombria:— Ele estava vivendo a vida que meu pai me negou. Engoli a dor e me convenci
(NARRATIVA DE ARIELLE)O olhar de Dwayne se prendeu ao meu, afiado, mas de alguma forma, também terno, enquanto ele soltava um suspiro medido.— Por um lado, acabei de lidar com uma grande reviravolta na Itália. Precisamos de uma base firme no Brasil, e o momento parecia certo. Por outro lado… — Ele hesitou, como se pesasse a gravidade do que estava prestes a dizer. — Eu vim para reivindicar o que é meu por direito. A herança da Nana.A explicação fazia sentido, alinhava-se com o que Ashley tinha me dito antes, e me peguei assentindo. Ainda assim, uma parte de mim não conseguia deixar de questionar por que essa herança era tão importante para ele.— Mas você já é um lorde da Máfia — Soltei, sem conseguir esconder minha incredulidade. — Você tem riqueza, poder, um império inteiro. Essa herança não é… insignificante em comparação?— Não se trata apenas do dinheiro ou das propriedades — Ele respondeu, balançando a cabeça. — Nana Jean detém uma parte significativa do poder da Máfia. Se eu
(NARRATIVA DE ARIELLE)Depois do que pareceu uma eternidade, o jantar finalmente terminou. Agradeci a Nana Jean e à mãe de Jared com meu melhor sorriso educado, embora por dentro eu estivesse praticamente tremendo de vontade de sair correndo dali.Assim que me levantei da mesa, Jared já estava ao meu lado, como uma sombra esperando seu momento de ação.— Eu te acompanho até a porta — Disse ele.Assenti, sem ânimo para discutir. Tudo o que eu queria era sair daqui o mais rápido possível. Quando chegamos à porta da frente, ele se virou para mim, os olhos cheios de súplica.— Arielle, posso ir para casa com você? — Ele perguntou, os olhos implorando.Pisquei, surpresa. Mas que diabos? Ele ia insistir nisso de novo? Já tínhamos discutido e chegado a um acordo!Endireitei a postura, assumindo uma expressão fria.— Não, Jared. Já falamos sobre isso, e minha decisão é definitiva. — Minha voz era firme, mas meu coração não. Não sei por que senti uma pontada no peito. Argh, coração traidor.O r
(NARRATIVA DE JARED)Eu estava parado com um pé apoiado no primeiro degrau da curta escadaria que levava à varanda da frente de Arielle. Parecia que a porta tinha batido bem na minha cara. E os vasos sanguíneos na minha pele pareciam dispostos a expor minha vergonha visivelmente. E, claro, só podia ser culpa dele.Dwayne.Eu tinha acabado de saber da existência dele há poucas horas, e ele já estava sendo um espinho na minha carne.Virei nos calcanhares, fervendo de raiva, e marchei em direção a ele.— Agora você vê o que fez? Tudo que precisava fazer era sumir das nossas vidas, desaparecer, mas não! Você é tão ciumento que não consegue usar o cérebro! — Gritei, furioso.Mas ele não respondeu. Assim que Arielle saiu de vista, ele caiu num silêncio frio e sem expressão. O terno preto que usava parecia se fundir com a noite, como se ele fosse parte das sombras. A mesma presença fria e intimidadora que senti no jantar voltou, sufocando o ar entre nós.Que diabos há de errado com esse homem
(NARRATIVA DE ARIELLE)Eu estava sentada à mesa de jantar, mexendo no meu laptop, tentando desenvolver uma ideia para um blog de gastronomia. Mas, até agora, nada parecia realmente encaixar. Eu só encarava a tela, onde um chef animado segurava uma bandeja de macarrão. O sorriso dele parecia até irônico, considerando o estado da minha mente naquele momento.— Meus respeitos, minha rainha. Ainda tem ânimo para trabalhar?Ouvi a voz antes mesmo de ver ela, o eco de Ashley descendo as escadas. Não pude evitar um sorriso amargo. Levantei o olhar e lá estava ela, caminhando em minha direção. Ela tinha se oferecido para ajudar com Maverick, e, sinceramente, eu não poderia estar mais grata.— Ele está dormindo profundamente. Ficou um pouco triste porque a mamãe não pôde ler a história favorita dele antes de dormir, mas... — Suspirou com um sorriso cansado e se jogou na cadeira ao meu lado.Soltei um longo suspiro exausto e me afundei no assento.— Obrigada, Ash. De verdade, o que eu faria sem